Tommy vestia um terno reto e mantinha uma postura casual e indiferente, enquanto olhava para Anne com uma expressão estranha no rosto. Sem querer estabelecer nenhum tipo de relação com o rapaz, Anne voltou seu olhar para outro lugar. Aquele não era mais o gentil Tommy que ela conhecia e o desconforto de revê-lo foi tão grande que a jovem pensou que provavelmente iria embora, depois de entregar o presente e desejar felicidades para Elder Marwood. Claro que, além do vestido, Sarah também havia preparado o presente para ela, afinal, Anne com a renda oriunda da clínica, não conseguiria comprar um presente valioso que pudesse caber na família Marwood. Ela não foi criada em uma família rica, então não sabia quais presentes eram apropriados e quais não eram. Durante o horário do chá e do café, os convidados riam e conversavam. Apesar de serem próximos, alguns deles quase não se viam por conta da rotina do cotidiano. Até mesmo Sarah conversava alegremente com outros convidados s
Esse sentimento ruim, mas tão comum na vida de Anne, fez a expressão da jovem mudar, se contorcendo em raiva. Quando Tommy levantou os olhos e olhou para ela, esperando submissão, Anne firmou os pés no chão e esticando os dois braços, empurrou Tommy para longe:― Vá embora! ― Tommy cambaleou vários passos para trás e, quando recuperou o equilíbrio, olhando para Anne, encontrou uma máscara de ódio.― Eu não vou deixar Luton. Esta é a minha casa. Por que você quer que eu vá embora? Por favor, fique longe de mim! ― Anne disse e se virou. Mas, estacou, de repente, em pânico como se ela tivesse acabado de descobrir algo. Emergindo da mata da propriedade, como uma besta saindo da floresta escura, cercando a presa, Anthony caminhou na direção da dupla. Anne estremeceu, como se estivesse sido pega fazendo algo errado. Tommy também se surpreendeu, mas rapidamente recuperou a compostura e avançou, parando ao lado de Anne, enquanto dizia:― Primo, pensei que você não viria!
Com os olhos arregalados e a boca aberta, Anne olhou para Anthony e depois para os outros. ‘Por que eles estavam conversando sobre isso? É dever de minha tia e não deles decidir sobre isso.’ A mente de Anne passou por alguns cenários. Elder Marwood olhou para Anthony com olhos nublados, mas astutos, e perguntou a Ron:― O que está acontecendo, aqui? ― ― Eu acho que Anthony gosta muito de Anne. Mas, sem sua permissão, eles não vão ficar juntos. Além disso, Anthony não é mais um rapaz e é hora de ele começar uma família. ― Ron olhou para Anthony, com insegurança nos olhos, mas ainda disse na frente de todos:― Hoje é o aniversário do vovô. Vamos celebrar com uma união! ― ― O que te faz pensar que pode decidir isso por mim? ― Anthony perguntou, com uma expressão calma e indiferente. ― Já que você está aqui, significa que você pertence à família Marwood. Não negue. O sangue da família flui em seu corpo! ― Ron tentou convencer Anthony. Os olhos escuros de Anthony b
Durante alguns segundos, o ancião olhou para os convidados, com a mesma expressão de desgosto, até que todos ficassem em silêncio e limpassem suas gargantas, constrangidos. Então, ele apertou os olhos e disse:― Eu tenho algo a anunciar ― então, seus olhos cruzaram com os de Ron e Damian ― os dez por cento das ações do grupo da família que estão em minhas mãos serão repassados a Anthony. ― Damian e Tommy possuíam a maior parte das ações, entretanto, suas cotas eram iguais e os dois possuíam o mesmo poder. Os dois esperavam que, com as ações de Elder, um deles assumiria o poder de fato. Entretanto, como as ações tinham sido destinadas a Anthony, eles não teriam poder absoluto nem após o falecimento do ancião.Mesmo com a notícia, não houve nenhuma alteração na expressão de Anthony. Em compensação, Ron e sua esposa ficaram muito surpresos. E Tommy estreitou ligeiramente os olhos olhando com atenção para o rosto do primo, mas, incapaz de ver através de seus pensamentos. ― Pai, v
― Diga isso de novo! ― O homem a desafiou, com uma expressão aterrorizante no rosto. Mas, Anne estava fora de si. Ela tinha perdido toda a cor e seu coração batia forte, quando perguntou, ainda raivosa:― Por que você me empurrou? Você é maluco!? ― A jovem tinha sido humilhada na sala, momentos atrás, e logo depois, empurrada da sacada de um segundo andar. Primeiro quase morreu de vergonha e depois, quase morreu de medo.Com a expressão dura, Anthony deu mais um passo em direção a ela e a jovem entrou em pânico:― O que você está fazendo? Estou certa de ficar brava, não estou? ― Não havia como recuar e, no segundo seguinte, Anthony agarrou seus ombros e a puxou para ele. Quando Anne inclinou a cabeça para cima, o rosto de Anthony apareceu na frente dela e a respiração quente jorrou em seu rosto, enquanto ele dizia:― Você é bem corajosa, não é? ― Apesar da respiração quente que recebia, Anne se sentia gelada até os ossos, mas precisava se justificar:― Essa não era
Um segundo depois de fazer sua ameaça, Anthony saiu andando, com passos rápidos, enquanto Anne olhava suas costas sumir, descendo as escadas. A jovem se sentiu confusa. Por que Anthony pensaria que ela iria querer se aproximar de Tommy em primeiro lugar? Ninguém, em sã consciência, iria querer se casar com Tommy. Depois que Anthony desceu, ele pegou o celular, fez uma ligação e instruiu:― Fique de olho em Damian e seu filho. ― Depois de desligar, ele caminhou em direção ao Rolls Royce. Rapidamente, o motorista apareceu, mesmo sem ter sido chamado, abriu a porta, ocupou seu lugar e o veículo partiu. Quando Anne deixou a construção, não havia mais sinal do magnata, nem de seu carro agourento. Somente quando viu que Tommy ainda estava lá, entendeu o que significava o aviso de Anthony. O demônio não estava mais lá para protegê-la, caso Tommy tentasse alguma coisa.Anne considerou que, na família, deveria existir quem apoiasse Anthony, mas também havia quem apoiasse Damian e
Acompanhando a tia por toda parte, Anne ficou no evento até as sete e foi embora com Ron. Olhando para a jovem, de tempos em tempos, o tio queria saber qual o relacionamento entre ela e Anthony, mas não sabia como perguntar. Ele queria tentar entender o que seu filho estava pensando. Afinal, Anthony não era um homem normal. Ele era poderoso e insondável. Quando finalmente perguntou, Anne apenas disse que não sabia de nada e Ron não insistiu.Anne voltou para casa e finalmente ficou em um ambiente onde estava tudo calmo. Nos últimos dias, sempre era recebida pelo barulho das crianças, que acabavam exigindo atenção constante.Aproveitando o tempo sozinha, Anne tomou um banho demorado e se deitou na cama. Então estremeceu, pegou o celular e olhou a localização de Anthony. Ele estava na empresa, como sempre e essa foi a primeira vez que a jovem se perguntou se havia errado com o GPS.Olhando no relógio e percebendo que ainda era cedo, Anne mandou uma mensagem para Lucas e pergunt
― O quê? Dinheiro? Vai sonhando! ― ― Não vai dar? Então terei que dizer a ela que a tia dela, na real, é sua verdadeira mãe. Se seu marido soubesse que você tem uma filha, ele ainda iria querer você? ― A expressão de Sarah mudou muito e ela ficou assustada. No início, Anne estava acostumada a levar e trazer os filhos para a escola quando não estava no trabalho, então, conforme a situação foi ficando mais difícil, eles começaram a fazer isso sozinhos. Os três pequenos estavam ficando cada vez mais habilidosos em um curto espaço de tempo. Eles já eram capazes, até mesmo, de entrar em casa com a chave e, conforme a vida seguia, sem nenhum imprevisto, Anne se acostumava com isso e agradecia por sua sorte. Afinal, até mesmo Anthony parecia ocupado com outras coisas.Mas, em uma noite, enquanto Anne desenhava e brincava com os trigêmeos, alguém bateu na porta e ela ficou tensa. Imediatamente levando o dedo aos lábios, pedindo que os bebês ficassem em silêncio. Antes de abrir a