Anne se agachou e acariciou as cabeças dos bebês, sem saber como poderia explicar o que havia acontecido porque queria que seus filhos vivessem suas vidas livres de preocupações. ― Não vamos sair para brincar. Só vim aqui para ver vocês. Tenho trabalho hoje à noite e a vovó não pode vir também... ― Os trigêmeos fizeram beicinho, em resignação e, oprimida pela culpa, Anne acrescentou:― Assim que terminar tudo, vou levar vocês para brincar. ― Um menino se aproximou de Anne e perguntou:― Senhorita, eles vão passar a noite na escola comigo? ― Os trigêmeos hesitaram, olhando para a mãe, em expectativa. ― Vocês três querem ficar? ― Ela perguntou, com um sorriso no rosto. ― Quero! ― Eles responderam, em uníssono. Anne achou que era uma boa ideia. Afinal, era melhor que seus filhos passassem mais tempo com seus amiguinhos. Ela informou a professora e se virou para sair. Em frente à creche e desesperada, Anne tentou, mais uma vez, ligara para o celular da mãe, sem sucesso. E
― Senhor Newman? ― O policial ficou um pouco surpreso ao ver Lucas no necrotério. Afinal, Lucas era um profissional conhecido da área educacional e, como o policial tinha crianças em idade escolar, naturalmente o conhecia. Lucas assentiu:― A Senhora Cheyenne trabalhava em nossa escola e não podemos escapar da culpa, quando ela encontrou o trágico destino em seu caminho de volta da escola. ― ― Se a escola do Senhor Lucas estiver disposta a compensar a perda, você pode discutir isso com a Senhorita Vallois, está bem? ― Disse o oficial. Mas, Anne imediatamente se opôs à ideia:― Está tudo bem. Isso não tem nada a ver com a creche. Minha mãe saiu do trabalho como sempre e foi levada pela minha tia. Como a escola pode ser culpada de alguma forma? ― Ela se virou e olhou para Lucas, com olhos vermelhos e cheios de lágrimas ― Muito obrigada pela carona, Senhor Newman. Não vou tomar mais do seu tempo. ― ― Sinto muito pela sua perda. ― O homem acenou com a cabeça, mostrando pesar
Havia marcas de lágrimas em seu rosto e, ao olhar para Anthony, Anne sentiu tanta fúria que percebeu que além do álcool, havia outra ferramenta capaz de tornar as pessoas corajosas e ela se chamava ‘luto’.― O que você quer? ― ― Você vai jantar comigo. ― ― Você poderia ter procurado qualquer mulher. Tenho certeza que Michelle adoraria. Por que eu? Por que hoje? Você realmente me odeia tanto assim? ― ― Você está triste? ― Ele questionou friamente, deixando-a sem palavras ― Ela é a sua família? Para ser honesto, não consigo ter empatia nenhuma. ― ― Isso é porque você é frio e cruel... Não apenas com os estranhos, mas também com sua própria família. Estou curiosa, mas há alguém neste mundo que se preocupa com você, apenas por quem você é? Ou as pessoas só tem medo da sua influência ou querem se favorecer com o seu poder? ― ― Diga isso de novo! ― O homem rugiu, sombriamente. Anne tremeu, com medo. Mas o homem virou o corpo, passando o braço por cima dela e a apertando, e
A dor surgiu no pulso de Lennon e, antes que ele percebesse, subiu até o ombro, como se seu braço estivesse sendo arrancado. A força se esvaiu e o homem foi obrigado a soltar Anne. Mas, Anthony continuou o movimento de torsão até ouvir o som de ossos estalando. Então empurrou Lennon contra o chão e falou: ― Dê o fora! ― O homem não esperava encontrar Anthony, mais uma vez, e imediatamente se arrastou para longe. Então, se virou para olhar o pulso de Anne, mas ela se afastou de seu toque:― Eu não preciso da sua preocupação! Tudo isso é por sua causa, não é? Você deve estar feliz agora que todos pensam que eu sou uma prostituta e tentam me humilhar sempre que podem! ― A expressão de Anne se tornou sombria ― Bem, deve ser meu destino... ― Ela murmurou sarcasticamente, antes de entrar no banheiro feminino. Então, olhou para seu reflexo no espelho, lágrimas ameaçavam cair mais uma vez, então ela olhou para cima para tentar controlar suas emoções. Quando saíram do restaur
Anne não conseguia se divertir. Parecia que ela estava presa em um universo paralelo tão distante de sua realidade que era incapaz de se encaixar. ‘Anthony me trouxe aqui só para vê-los beber? Ele não parece ser o tipo de cara que participa dessas reuniões sociais leves’. Ela pensou. Lucas, por outro lado, estava como sempre, bem-educado, casual, mas carismático. ― Por que você não está bebendo? ― Anthony se virou para encará-la. Seus olhos eram do tom mais escuro de preto, o que causou arrepios na espinha dela. Ela desviou o olhar e sussurrou:― Posso ir para casa? Não estou interessada nesse tipo de evento, eu realmente estou me sentindo muito triste, não estou no clima. ― Obviamente, ela precisava ter um momento de luto. ― Não há pressa. A diversão está prestes a começar. ― A jovem se contorceu de medo. Mas, antes que ela pudesse perguntar o que ele queria dizer com isso, a porta da sala privada foi aberta e o segurança entrou. Ele fez uma reverência respeitosa e
Nenhum dos homens no grupo convidado por Anthony conseguiu continuar bebendo. Eles não tinham certeza se deveriam agir com naturalidade, já que percebiam que o evento era uma grande demonstração de força e um aviso. Mas, comparado com o resto, Lucas estava comparativamente mais calmo e, não tinha feito nada além de franzir a testa em desgosto.Incapaz de aguentar mais, Anne gritou:― Já chega! ― Ela havia pensado que aquele era mais um plano para humilhá-la, mas nunca imaginara ver algo tão violento, com o objetivo distorcido de punir quem tinha abusado dela. Era violência demais e a jovem não aguentou. A expressão de Anthony permaneceu fria:― Não há necessidade de pedir misericórdia, eles não merecem. Continue! ― Outro urro se ouviu e o Senhor Moore caiu no chão segurando sua mão quase decepada, enquanto o Pat tinha uma adaga enterrada profundamente em sua mão, prendendo-o ao chão de madeira. A sala privativa parecia mais um matadouro.O chão ficou manchado de carmesim e
― Vamos cuidar da mamãe! ―― Agora somos adultos! Somos fortes! ― Disse Chris.Anne queria sorrir, mas suas lágrimas não paravam de cair:― Sim. Vocês são todos adultos agora. Mamãe está feliz enquanto eu tiver vocês por perto... Daqui uns dias, vamos encontrar um lugar para vovó descansar. ―― Sim! ― Os três seguraram Anne, recusando-se a soltá-la.Ela passou os braços ao redor deles, soluçando. A jovem não conseguia se conformar com o fato de ter reencontrado a mãe, só para perdê-la de vez, alguns dias depois. No final, a história continuava a mesma de sempre, ela e os três filhos contra o mundo.Havia comida na geladeira e Anne começou a cozinhar para as crianças, enquanto elas brincavam. Fritando ovos, olhou o celular, para verificar a localização de Anthony, descobrindo que ele estava Grupo Arquiduque.Ela mordeu o lábio pensativamente. Quando a mãe dela ainda era viva, Anthony não entrava no apartamento de Cheyenne, mas era óbvio que ele não precisaria mais se conter. E o
Essa sensação de ser uma contrabandista era consequência de ter que, o tempo todo, ficar olhando para trás e procurando em todos os cantos, para ver se havia algum segurança de Anthony, um fotógrafo de Michelle, ou outra pessoa qualquer, com o interesse de segui-la. Mas, para alívio de Anne, não tinha visto ninguém e estava segura, em casa. ― O que vocês querem comer esta noite? Mamãe vai fazer! ― Disse Anne. ― Eu quero sorvete! ― Charlie respondeu, imediatamente. ― Eu também! ― Chris e Chloe concordaram em uníssono. Ela sorriu com resignação:― Eu perguntei do jantar, não da sobremesa! ― ― Sorvete de jantar! ― Chloe insistiu, sorrindo. Anne não concordou, não importa o quanto ela quisesse que seus filhos se divertissem, a alimentação era importante. Nesse momento, o telefone tocou. Então, a jovem deu um tapinha na cabeça das crianças, dizendo:― Vão brincar. Preciso atender uma ligação... ― E, com o celular na orelha disse: ― Alô? ― ― Anne, sou eu. Estou bem