Aléssio Romano,
Entramos no carro e pegamos a estrada, o silêncio confortável de sempre entre nós, com Bianca ao meu lado, a cabeça apoiada no banco e os olhos distraídos, ainda pensando em tudo o que tinha acontecido na noite anterior. Eu queria lhe trazer um pouco de leveza, algo que a ajudasse a sentir-se especial e valorizada, mesmo em meio ao caos das últimas horas.Dirigi por alguns minutos, e então, sem desviar o olhar da estrada, puxei assunto:— Tenho uma surpresa para você. Está no porta-luvas.Ela me lançou um olhar curioso e imediatamente se animou, um sorriso brincalhão surgindo em seu rosto.— Surpresa? Adoro.Ela abriu o porta-luvas e encontrou duas pequenas caixas de veludo. Eu a observei de relance enquanto ela pegava as caixas, e seu rosto iluminado ao abrir cada uma delas me trouxe uma sensação de paz. Dentro da primeira, uma aliança que eu tinha escolhido com cuidado, simples, mas elegante, com uma pequenAléssio Romano,Assim que entrei no carro, fechei a porta com um baque forte e puxei meu celular, ativando o rastreador que havia instalado no colar que dei a Bianca. Localizei o carro deles em segundos. Eles não estavam longe, mas cada segundo contava. Não havia margem para erro, e eu sabia que a única chance de salvar Bianca dependia da minha rapidez. Enviei a localização para Vito e imediatamente pisei no acelerador, sem hesitar. Mesmo ferido, eu queria salvar ela.O carro rugiu quando ultrapassei o primeiro sinal vermelho, mas nada disso importava. A dor latejante no meu ombro, o sangue que escorria pela camisa aos poucos, era tudo insignificante perto do que eu estava sentindo. A raiva e a fúria me cegavam, mas me mantinham focado. Lembrava das palavras que prometi a Bianca inúmeras vezes: que sempre estaria ao lado dela, que nunca permitiria que alguém a machucasse. E, naquele momento, cada uma dessas promessas queimava como fogo em mim. Enquanto dirigia, recebi uma mensagem d
Bianca Santoro, Assim que vi o sangue escorrendo pelo ombro de Aléssio, meu coração disparou. Nunca senti tanto medo na minha vida. Tudo o que tínhamos acabado de passar, todos os momentos de pavor durante o sequestro, nada parecia tão assustador quanto ver Aléssio ferido, ali, diante de mim. Tentei me manter firme enquanto ele insistia em dirigir, mas logo percebi que o ferimento era muito mais grave do que eu imaginava. Tomada pelo instinto, não hesitei em trocar de lugar com ele e conduzi-lo o mais rápido que pude ao hospital. Agora, enquanto ele estava na mesa de cirurgia, eu caminhava pelos corredores frios do hospital, de um lado para o outro, sentindo como se cada minuto fosse uma eternidade. A imagem do sangue encharcando a camisa dele não saía da minha mente. Ele tentou me proteger a todo custo, mesmo que isso significasse colocar a própria vida em risco. Ver a dor em seu rosto enquanto dirigíamos até aqui, ver o modo como ele tentou disfarçar a gravidade do ferimento para
Bianca Santoro, Sem perceber, acabei adormecendo, agarrada ao braço de Aléssio. Mesmo com o sedativo que o mantinha adormecido, seu calor era reconfortante e me trazia um pouco de paz. Estava exausta, mas a certeza de que ele estava ao meu lado me deu forças para resistir a noite e à espera. Enquanto dormíamos, seu celular começou a vibrar em silêncio sobre a mesinha ao lado da cama, trazendo-me de volta à consciência.A vibração insistente foi o suficiente para me despertar. Olhei para o visor e vi várias mensagens e chamadas não atendidas. A maioria delas era de um contato salvo como “Mãe.” O relógio marcava 2 da manhã, e percebi que as ligações começaram havia algumas horas. Por um momento, considerei responder para tranquilizá-la, mas o celular de Aléssio estava bloqueado por senha, e não me parecia certo tentar mexer sem sua permissão.“Ela deve estar preocupada,” pensei, imaginando o que eu poderia dizer para tranquilizar alguém que, talvez, nem mesmo soubesse que Aléssio estav
Bianca Santoro,Acordei com o toque suave de Aléssio nos meus cabelos. Ainda sonolenta, demorei alguns segundos para entender onde estava, mas logo senti a textura da cama de hospital sob mim, e tudo voltou como uma onda. Pisquei algumas vezes, me ajeitando na cadeira ao lado da cama, e levantei o rosto até que meus olhos encontrassem os dele, aqueles olhos azuis tão vivos e intensos, que sempre me davam uma sensação boa de arrepios. Ele estava encostado confortavelmente na cama, e, ao perceber que eu tinha acordado, me lançou um sorriso sereno.— Você acordou? Está bem? Está sentindo alguma coisa? — As perguntas saíram da minha boca sem pausa, uma enxurrada de preocupações que eu não podia evitar.Ele riu suavemente, o som da risada dele soando como um alívio, e de alguma forma me tranquilizou.— Sim, acordei. Estou bem — respondeu ele, com aquele tom calmo que sempre me acalmava também. — Não estou sentindo nada, pelo menos nada de ruim. Na verdade, estou mais do que bem, especialm
Aléssio Romano, Algumas semanas depois…..Observei Bianca dormindo serenamente em meus braços. O leve movimento de sua respiração era quase hipnótico, e, por um instante, apenas a admirei, agradecendo por termos passado por tudo e estarmos aqui juntos. Ela parecia tão frágil, e o simples fato de vê-la assim, tranquila, depois de todo o caos, me trazia uma sensação boa de quietude. Depois de alguns minutos, ela começou a se mexer, bocejando levemente, e então abriu os olhos, encontrando os meus.— Dormiu bem? — perguntei, mantendo a voz suave para não assustá-la. — Você tem dormido bastante nos últimos dias. Está se sentindo bem?Ela bocejou novamente, um leve sorriso aparecendo no canto dos lábios.— Acho que sim… mas, ao mesmo tempo, sinto como se, quanto mais eu dormisse, mais cansada eu ficasse — confessou, com um tom de confusão. — Não entendo por que estou assim.Eu me endireitei um pouco na cama, observando-a com mais atenção.— Bianca, isso não é normal. Talvez seja melhor fa
Bianca Santoro,Estar de volta em casa era uma sensação maravilhosa. O hospital já estava nos sufocando, e poder sentir o conforto do lar nos trazia uma paz que tanto precisávamos. Após servir Aléssio, fui até a cozinha preparar algo para mim. Fiz um suco fresco e montei um sanduíche simples, mas apetitoso. Estava com muita vontade de comer, e minha fome parecia ter se multiplicado nas últimas horas. Assim que terminei, voltei à sala e me sentei ao lado de Aléssio no sofá, aproveitando o calor reconfortante da nossa casa na cidade. Aléssio me observava em silêncio, com um olhar que conhecia bem. Ele parecia apreensivo, tenso. Aléssio esperou eu me ajeitar no sofá, e logo percebi que ele queria conversar sobre algo.— Precisamos conversar, Boneca — disse ele, com a voz baixa.Meu coração deu um leve salto. Não era comum Aléssio começar uma conversa assim, com um tom tão direto e firme. Ele parecia estar reunindo forças para o que diria, e senti que não seria uma conversa fácil.— Hu
Aléssio Romano,Uma semana depois …..Uma semana passou como uma folha seca levada ao vento. Durante esses dias, minha recuperação correu bem, especialmente com os cuidados incansáveis de Bianca. No entanto, agora era ela quem começava a precisar de cuidados. Cada dia que passava, ela parecia mais enjoada, reclamando de náuseas constantes e vomitando tudo o que comia. O olhar dela, normalmente brilhante e alegre, andava cansado.Inquieto, chamei o médico para uma consulta. Ele veio até nossa casa e a examinou cuidadosamente, recomendando uma bateria de exames. Bianca e eu não perdemos tempo e, em poucas horas, ela já havia feito todos os testes. O resultado veio rápido, e a confirmação a pegou de surpresa: Bianca realmente estava grávida.Desde então, tudo mudou para mim. A ideia de ser pai era algo que nunca tinha se tornado realidade em minha mente até aquele momento, mas agora, cada detalhe, cada pensamento, parecia girar em torno dessa nova vida que estava para chegar. Sabia que t
Bianca Santoro,O sol já estava alto quando acordei, preenchendo o quarto com uma luz suave e agradável. Ainda sentia um pouco de sono, algo que vinha acontecendo com frequência ultimamente, e ao me espreguiçar na cama, percebi que Aléssio não estava ali. Virei-me para o travesseiro ao lado, inalando o perfume dele, que ainda impregnava o quarto, e sorri, imaginando onde ele poderia estar.Ultimamente, ele vinha cuidando de mim com uma atenção constante e carinhosa. Desde que descobrimos sobre o bebê, Aléssio praticamente não me deixava sozinha, sempre atento às minhas necessidades, especialmente nos dias em que os enjoos estavam mais fortes. Apesar disso, ele não me sufocava; pelo contrário, seu cuidado me fazia sentir amada e protegida, como se estivesse envolta em um mundo só nosso. Por outro lado, ele também sabia quando eu precisava de um tempo para relaxar sozinha, e hoje, aparentemente, era um desses dias. E claro, ele também tinha suas coisas e preocupações para resolver.Saí