Aléssio Romano,Estacionei o carro na garagem da casa, deixando o motor morrer lentamente. A casa de praia estava completamente isolada, longe de qualquer olhar curioso, e a brisa do mar batia suavemente nas árvores ao redor. Bianca e eu não dissemos uma palavra durante todo o caminho. O silêncio entre nós era tão espesso que parecia ocupar o carro inteiro. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas algo tinha mudado naquela noite. E, por mais que eu tentasse ignorar, meus pensamentos não paravam de girar em torno do que aconteceu no clube.Olhei de relance para Bianca. Ela ainda estava sentada no banco ao lado, de cabeça baixa, como se estivesse imersa nos próprios pensamentos. Sua postura indicava tensão, e suas mãos estavam entrelaçadas no colo, como se segurasse algo invisível com força. Eu não conseguia ler sua expressão, e isso me irritava. Eu precisava entender o que diabos estava acontecendo.— O que foi aquilo? — perguntei finalmente, quebrando o silêncio que parecia intermin
Bianca Santoro,Entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim com força suficiente para ecoar o som pelo corredor. Senti o peso da noite nos meus ombros, como se tudo aquilo tivesse sido mais intenso do que eu era capaz de aguentar. Sem pensar muito, comecei a tirar as roupas, jogando o vestido no chão como se ele carregasse o fardo dos eventos daquela noite. Minhas pernas estavam cansadas, o corpo ainda formigava com o toque de Aléssio, e minha mente estava uma bagunça completa.Caminhei até o banheiro, abrindo o chuveiro com pressa, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. A água parecia aliviar um pouco da tensão, mas minha cabeça continuava girando com tudo o que aconteceu. A voz de Aléssio ainda ressoava nos meus ouvidos, me pedindo para focar no que era importante, para esquecer o que tinha acontecido entre nós como se fosse um erro passageiro. Mas como esquecer algo que parecia tão real?— Foi só um erro, certo? — murmurei para mim mesma, enquanto esfregava o rosto deb
Bianca Santoro,Um mês depois…..Passou-se um mês desde que voltamos daquela viagem. O tempo parece ter se arrastado de uma forma lenta, mas também trouxe mudanças. Durante esses dias, eu me vi mergulhada em uma rotina diferente, algo que nunca pensei ser possível para mim. As aulas de etiqueta continuaram, assim como as idas diárias à escola. Aos poucos, eu fui me adaptando a esse novo estilo de vida, uma transformação que não esperava vivenciar.O mais estranho de tudo é que, nesse último mês, não vi Aléssio uma única vez. Ele simplesmente sumiu, como se tivesse evaporado da mansão. Talvez estivesse viajando, como fazia frequentemente, ou talvez ele soubesse exatamente os horários em que eu estava em casa e se certificasse de estar ausente. Era difícil de dizer, mas a verdade é que sua ausência era perceptível.No início, isso me incomodou. Havia tanto a dizer, tanto a esclarecer sobre aquela noite, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que talvez fosse melhor assim. Aléssio sempre deixou c
Aléssio Romano,Eu estava de volta há alguns dias à mansão, mas preferi manter distância. Havia muitas questões pendentes, e parte de mim sabia que retomar o contato com Bianca sem antes resolver meus próprios conflitos internos seria um erro. Mas eu estava de olho nela, observando de longe como se fosse um estranho em minha própria casa.Na varanda, com um uísque para relaxar após mais um dia de negociações tensas e decisões arriscadas, eu me escondia na luz fraca que projetava sombras distorcidas. A brisa fria trazia um toque de tranquilidade. De longe, eu a vi atravessando o jardim em direção à saída, provavelmente indo para a casa da colega Helen. Ela estava diferente, mais confiante, mais focada. Era como se eu estivesse olhando para outra pessoa.Durante este mês, escolhi ficar ausente. Precisava organizar meus pensamentos e refletir sobre a noite em que tudo mudou entre nós. Bianca estava aprendendo, crescendo de uma maneira que eu jamais imaginei. Mas, ao mesmo tempo, sentia c
Bianca Santoro,O tempo parecia passar rápido. E algumas semanas já tinha se passado apressadamente, sem que eu me desse conta. Enzo estava cada vez mais presente em minha vida, e eu não sabia bem como lidar com isso. Ele se aproximava de forma natural, como se fosse apenas um amigo curioso e preocupado, mas eu sentia que havia algo mais em seus gestos e palavras.Numa tarde de sábado, estávamos na casa de Helen, terminando mais um trabalho em grupo. Helen tinha saído para resolver algo com a mãe, e eu e Enzo acabamos ficando sozinhos na sala de estar. Era um ambiente confortável, com móveis simples e toques de decoração que deixavam tudo com uma sensação de acolhimento. Nada naquela casa parecia feito para impressionar, diferente da mansão de Aléssio, onde cada detalhe parecia uma declaração de poder.Enzo estava sentado no sofá, um pouco inclinado para frente, folheando um caderno com notas. Eu o observava de relance, tentando disfarçar o interesse crescente. Havia algo nele que me
Aléssio Romano,A escola era o último lugar onde eu esperava estar, mas ali estava eu, sentado dentro do carro, observando o movimento na entrada. Vito estava no banco da frente, mexendo em seu celular enquanto aguardava minhas ordens. Eu raramente me envolvia em questões triviais, mas aquela situação estava começando a me irritar de uma forma que não conseguia ignorar.— Ela vai sair daqui a pouco — Vito comentou sem levantar a cabeça do celular.Assenti em silêncio, sem tirar os olhos da entrada. Eu sabia que estava agindo de forma irracional, mas algo em mim estava fora de controle. Desde o momento em que Bianca começou a se aproximar de pessoas novas, algo mudou. Eu estava acostumado a ser o centro da vida dela, a ter o controle, e vê-la encontrar um novo círculo me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. Estou sendo incoerente, sim. Mas não consigo controlar esse sentimento.Minutos depois, lá estava ela. Bianca saía da escola, acompanhada de outros estudantes. Ela ria de
Aléssio Romano,O caminho de volta para a mansão parecia interminável. O silêncio dentro do carro era sufocante, e por mais que eu tentasse me distrair com qualquer coisa, meus pensamentos voltavam sempre para o mesmo ponto: Bianca. Ela estava mudando, e cada vez mais parecia seguir um caminho que eu não conseguia controlar.Vito dirigia calmamente, com a expressão séria e concentrada, como sempre. Eu sabia que ele notava as mudanças em mim, a irritação que vinha crescendo, mas ele era o tipo de homem que não fazia perguntas a menos que fosse necessário. Era uma das qualidades que eu mais apreciava nele. Lealdade e silêncio quando necessário.Mas, naquele momento, Vito decidiu quebrar o silêncio.— Sei que o sentimento com o qual está lutando é difícil, senhor — começou, sua voz baixa, mas firme. — Parece que não consegue ter o controle.Olhei para ele, sem entender muito bem aonde ele queria chegar.— Seja claro, Vito — respondi, tentando esconder minha irritação.Ele me olhou pelo r
Bianca Santoro,Eu estava furiosa. Andava apressada, as palavras de Aléssio ainda ecoando em minha mente. "Só estou preocupado", ele disse, como se fosse uma justificativa para aparecer na escola e me encarar como se eu tivesse feito algo errado. Eu esperava outra coisa dele, talvez um pedido de desculpas, uma explicação. Mas tudo o que recebi foi aquela frase patética.— Só pode ser brincadeira, aquele filho da mãe vir aqui só para dizer que está preocupado? — murmurei para mim mesma, enquanto apressava o passo. — Eu estava esperando ele me pedir, no mínimo, desculpas por me levar até o inferno com a boca dele, as pegadas e o que ele vem me dizer? É que está querendo me proteger? Dane-se proteção.Caminhei rapidamente até o carro, onde o segurança que Aléssio havia colocado para me seguir estava à espera. Entrei no banco de trás sem dizer uma palavra, meus pensamentos girando em círculos enquanto o carro nos levava de volta para a mansão.As