Leonardo mal conseguia se esquivar dos golpes. Não imaginava que Jéssica fosse capaz de uma coisa dessas.
Com muita dificuldade, conseguiu conter as mãos dela. O cabelo desarrumado e o lábio sangrando mostravam que ele levou a pior nessa batalha.
— Chega! Não é assim que se recebe o seu marido. — Ele não perdeu o ar autoritário e imponente.
— Solte-a! — Hugo se aproximou ameaçadoramente, pronto para defender Jéssica como fosse necessário.
— Leonardo, você não é meu marido desde o dia em que me abandonou e me roubou! Você não tem direito nenhum. Saia da minha casa! — Jéssica se livrou do aperto. Sua respiração ofegante não se acalmou com o fim das agressões.
— Sou seu marido, sim. Estamos casados. Tenho todo o direito de estar aqui. Mas não quero confus&atild
Jéssica mal conseguiu se concentrar nesse parto. O que a ajudou foi o fato de que já era o quinto filho dessa mãe e o bebê praticamente saiu sozinho.— Muito bem. Foi bem rápido. — disse ela, amparando o bebê ainda ligado ao cordão umbilical. O professor Paschoal estava monitorando-a naquele dia.Depois do parto, ele foi falar com ela.— Você está distraída hoje, Jéssica. O que houve? — Ele foi direto ao ponto.— Problemas pessoais, professor. Vou me esforçar mais para manter a qualidade no atendimento. Me desculpe. — Ela abaixou a cabeça, esperando uma grande bronca.— Vá fazer atendimentos no consultório. Temos poucos casos hoje. Milena assume as cirurgias.Jéssica estranhou a reação dele. Por mais que parecesse um castigo para os outros, ela entendeu como uma ajuda.&md
Leonardo estava se preparando para sair. Clara estava deitada, coberta até a cabeça.— Estou indo. Não espere por mim. — Ele bateu à porta do hotel sem aguardar resposta.Pelo menos por essa noite, ela sossega o facho. Pensou, seguindo para o carro.No caminho até a casa de Jéssica, sua memória foi inundada por tudo o que viveram juntos. Cada gesto carinhoso, cada momento de intimidade tímida.Jéssica era excepcional. Iluminava seu mundo com tanta luz que ele precisava de mais daquilo.A relação com Clara já não tinha nenhuma utilidade.Ela nunca chegou aos pés de Jéssica, e ele nunca cansou de dizer isso.Na portaria do condomínio, ele imaginou que conseguiria passar sem maiores problemas, como da última vez.— Boa noite, doutor.— Olá. Eu gostaria de ir &agr
Hugo manteve todos em casa por três dias. Nada de idas ao shopping, nada de escola, trabalho em home office.— Pai, é legal ficar em casa, mas eu queria ir pra escola. Sabe, ver meus amigos. Não posso ficar perdendo aula. — Maria reclamou na hora do café.— Não vai durar muito. — Hugo não estava disposto a dar muitas explicações para as crianças naquele momento.— Posso pelo menos chamar uma amiga pra vir aqui em casa? — A menina estava visivelmente irritada.Hugo pensou um pouco, revirou os ovos mexidos no prato, analisando os riscos do pedido.— Pode sim. Mas nada de saídas. — Deu seu veredito final.Jéssica observava a cena com certa desconfiança. Depois que as crianças saíram para convidar os amigos, ela se aproximou de Hugo.— Por que mesmo estamos nesse regime de clausura? — perguntou diretamente.— Para que nosso convidado indesejado não tenha nenhuma possibilidade de nos encontrar. Pensei que estivéssemos de acordo com isso. — Ele pareceu surpreso com a pergunta.— Eu sei, mas
Leonardo deslizou os dedos pelo braço da guitarra enquanto ensaiava. O som dos instrumentos ecoava pelo estádio, preenchendo o ambiente com uma energia vibrante. O produtor se aproximou, trazendo o celular na mão. O pequeno público aplaudia ardentemente.— Fiz a busca que você pediu — disse, olhando para Leonardo com uma expressão de leve frustração. — O perfil da Jéssica é restrito. Quase nada visível para nós. E o Breno... ele não tem redes sociais.No backstage, Leonardo cerrou os dentes e secou o suor com a toalha.— Sério? Nada? Nem uma pista?— Nada relevante. Mas...— Mas? — Leonardo arqueou uma sobrancelha.— Achei o tal do Hugo Novaes. Você disse que ele tem ligação com ela. Não sei qual exatamente, mas parece importante.Leonardo se inclinou para pegar o c
Leonardo estacionou sua moto na frente da imponente sede do Grupo Novaes e retirou o capacete com um movimento ágil. Seus olhos percorreram a fachada moderna do prédio, observando o vai e vem de funcionários bem vestidos."Parece que ele conseguiu se dar bem, afinal", pensou, enquanto descia e se preparava para jogar seu charme e pegar o que queria.Respirou fundo e entrou no saguão. O ambiente era amplo, elegante e profissional. Glória o recebeu com alguma empolgação, mas se esforçou para manter o profissionalismo.— Boa tarde, senhor. Como posso ajudá-lo? — perguntou, educada.— Estou aqui para falar com Hugo Novaes. Diga a ele que Leonardo Faria quer uma conversa — disse com confiança.Glória, preparada, digitou algo rapidamente no computador antes de erguer o olhar novamente.— O senhor tem horário marcado?— N&a
A casa estava animada naquela noite. O jantar estava especialmente delicioso. Desde que viu Leonardo tão disposto a destruir tudo, Célia vinha se esforçando ao máximo para manter a paz e o aconchego para todos.Jéssica, Hugo, Alexandre, Maria, Caio e Breno compartilhavam um momento de descontração, conversando sobre a nova casa.— Olha, é realmente grande. Vocês pretendem alugar quartos? — Alexandre provocou Hugo.— Precisa ver a sala gamer! — Caio se empolgou. De todos, ele era o mais animado com a mudança.As crianças, entretidas com suas brincadeiras, nem perceberam quando Alexandre se inclinou levemente na direção de Hugo, sinalizando que queria falar em particular.— O homem que você mencionou apareceu hoje no grupo — disse Alexandre em tom baixo, sem disfarçar a seriedade no olhar. — El
Breno, mesmo com o apoio dos irmãos, não conseguiu conter o desespero. Sentiu seu mundo ruir.No auge da angústia, entrou no escritório com os olhos cheios de lágrimas:— Eu não sou seu filho? Mas eu… — O menino encarava Hugo diretamente. Amava seu pai mais do que qualquer pessoa no mundo, e aquela descoberta lhe tirava o chão.— Meu filho… vocês… — Hugo ficou sem palavras por um momento. Avançou na direção do garoto.Alexandre, entendendo que se tratava de um drama particular, saiu à francesa. Os irmãos, por outro lado, entraram no escritório.— Não chora, meu menino. — Hugo disse, sem conseguir conter suas próprias lágrimas.— Eu me lembro de você cuidando de mim. Desde sempre… Se você não é meu pai, então quem é? Quem sou eu? Isso só pode estar errado… — Breno falava em desespero.— Meu filho, me escuta. Você nasceu do meu coração. Sempre cuidei de você porque te amei desde o primeiro instante. Desde que te vi tão pequeno e frágil. Quando você estava doente e precisava de mim, eu es
Breno ainda digeria tudo o que ouvira. Ele entendeu que aquele homem era seu “pai”. Foi até a internet buscar informações sobre ele.Leonardo Faria, um cantor de rock, sucesso de vendas.O menino não conseguia processar tudo o que leu, mas sabia de uma coisa: não tinha nada em comum com aquele homem.Tudo o que via lhe parecia brega, forçado e desesperado.Procurava qualquer traço, qualquer detalhe que o fizesse sentir que compartilhava algo com aquele homem. Mas, olhando as fotos, não viu nada.No café da manhã, desceu as escadas mais calado do que nunca.O clima na casa não estava dos melhores. Todos pareciam cansados e tristes.— Filho, mamãe fez seu bolo preferido. Bolo de Quick. — Jéssica se esforçou para que Caio se sentisse bem.— Obrigado, Jéssica, mas eu estou sem fome. — Ele respondeu