Leonardo deslizou os dedos pelo braço da guitarra enquanto ensaiava. O som dos instrumentos ecoava pelo estádio, preenchendo o ambiente com uma energia vibrante. O produtor se aproximou, trazendo o celular na mão. O pequeno público aplaudia ardentemente.
— Fiz a busca que você pediu — disse, olhando para Leonardo com uma expressão de leve frustração. — O perfil da Jéssica é restrito. Quase nada visível para nós. E o Breno... ele não tem redes sociais.
No backstage, Leonardo cerrou os dentes e secou o suor com a toalha.
— Sério? Nada? Nem uma pista?
— Nada relevante. Mas...
— Mas? — Leonardo arqueou uma sobrancelha.
— Achei o tal do Hugo Novaes. Você disse que ele tem ligação com ela. Não sei qual exatamente, mas parece importante.
Leonardo se inclinou para pegar o c
Leonardo estacionou sua moto na frente da imponente sede do Grupo Novaes e retirou o capacete com um movimento ágil. Seus olhos percorreram a fachada moderna do prédio, observando o vai e vem de funcionários bem vestidos."Parece que ele conseguiu se dar bem, afinal", pensou, enquanto descia e se preparava para jogar seu charme e pegar o que queria.Respirou fundo e entrou no saguão. O ambiente era amplo, elegante e profissional. Glória o recebeu com alguma empolgação, mas se esforçou para manter o profissionalismo.— Boa tarde, senhor. Como posso ajudá-lo? — perguntou, educada.— Estou aqui para falar com Hugo Novaes. Diga a ele que Leonardo Faria quer uma conversa — disse com confiança.Glória, preparada, digitou algo rapidamente no computador antes de erguer o olhar novamente.— O senhor tem horário marcado?— N&a
A casa estava animada naquela noite. O jantar estava especialmente delicioso. Desde que viu Leonardo tão disposto a destruir tudo, Célia vinha se esforçando ao máximo para manter a paz e o aconchego para todos.Jéssica, Hugo, Alexandre, Maria, Caio e Breno compartilhavam um momento de descontração, conversando sobre a nova casa.— Olha, é realmente grande. Vocês pretendem alugar quartos? — Alexandre provocou Hugo.— Precisa ver a sala gamer! — Caio se empolgou. De todos, ele era o mais animado com a mudança.As crianças, entretidas com suas brincadeiras, nem perceberam quando Alexandre se inclinou levemente na direção de Hugo, sinalizando que queria falar em particular.— O homem que você mencionou apareceu hoje no grupo — disse Alexandre em tom baixo, sem disfarçar a seriedade no olhar. — El
Breno, mesmo com o apoio dos irmãos, não conseguiu conter o desespero. Sentiu seu mundo ruir.No auge da angústia, entrou no escritório com os olhos cheios de lágrimas:— Eu não sou seu filho? Mas eu… — O menino encarava Hugo diretamente. Amava seu pai mais do que qualquer pessoa no mundo, e aquela descoberta lhe tirava o chão.— Meu filho… vocês… — Hugo ficou sem palavras por um momento. Avançou na direção do garoto.Alexandre, entendendo que se tratava de um drama particular, saiu à francesa. Os irmãos, por outro lado, entraram no escritório.— Não chora, meu menino. — Hugo disse, sem conseguir conter suas próprias lágrimas.— Eu me lembro de você cuidando de mim. Desde sempre… Se você não é meu pai, então quem é? Quem sou eu? Isso só pode estar errado… — Breno falava em desespero.— Meu filho, me escuta. Você nasceu do meu coração. Sempre cuidei de você porque te amei desde o primeiro instante. Desde que te vi tão pequeno e frágil. Quando você estava doente e precisava de mim, eu es
Breno ainda digeria tudo o que ouvira. Ele entendeu que aquele homem era seu “pai”. Foi até a internet buscar informações sobre ele.Leonardo Faria, um cantor de rock, sucesso de vendas.O menino não conseguia processar tudo o que leu, mas sabia de uma coisa: não tinha nada em comum com aquele homem.Tudo o que via lhe parecia brega, forçado e desesperado.Procurava qualquer traço, qualquer detalhe que o fizesse sentir que compartilhava algo com aquele homem. Mas, olhando as fotos, não viu nada.No café da manhã, desceu as escadas mais calado do que nunca.O clima na casa não estava dos melhores. Todos pareciam cansados e tristes.— Filho, mamãe fez seu bolo preferido. Bolo de Quick. — Jéssica se esforçou para que Caio se sentisse bem.— Obrigado, Jéssica, mas eu estou sem fome. — Ele respondeu
Leonardo saiu do palco com uma certeza bem fundamentada: não ia embora de Campinas.— Amanda, preciso ver como está a agenda de shows.— Temos uma folga essa semana, Léo, e depois começamos a temporada no Rio Grande do Sul.— Então veja só: decidi que vou me instalar aqui em Campinas. Marque uma reunião com o pessoal de estratégia, precisamos discutir isso.— Claro — respondeu Amanda, um tanto surpresa, mas já pegando o celular para providenciar.Saíram às pressas do estádio direto para o hotel. Clara estava dormindo profundamente, e Leonardo escolheu dormir em outro quarto para não perturbá-la. Sentia
Jéssica sentiu o olhar de Clara e não se escondeu. Pensou por um momento, decidindo que não tinha nada a esconder.— Sua cirurgia foi muito bem-sucedida, Clara. A retirada das lesões foi limpa e não houve intercorrências. Você deve estar completamente reestabelecida, contanto que siga as orientações. — Paschoal dava as boas notícias para Clara.— Certo, e quem realizou o procedimento? — Clara perguntou, sua voz cortante, como se já soubesse a resposta, mas não queria admitir.— Foi nossa melhor residente. Jéssica Silva. — Paschoal não sabia qual o relacionamento entre elas, mas preferiu revelar tudo de uma vez, imaginando que seria mais fácil control
Leonardo entrou um pouco depois que Jéssica saiu. Tinha um ar indiferente e preocupado mais com o externo do que com Clara adoentada à sua frente.— Oi. Desculpe a demora, estava providenciando tudo para a nossa mudança.— Mudança? Pra onde? — Clara quase teve um mini surto. Seu rosto se contorceu de confusão e raiva, como se o mundo estivesse desmoronando ao seu redor.— Pra Campinas. Gostei da cidade e vamos ficar aqui.— Não. Nossa vida é em São Paulo. Minha fã base está lá. Não posso simplesmente largar tudo e vir pra Campinas. E nem você! Temos contratos, patrocinadores... o mundo não funciona assim. — Clara usou de toda a racionalidade que tinha. Era como uma resposta automática à iminente perda de controle.— Já verifiquei isso. A estrutura aqui seria tão boa quanto a de lá, na verdade. E a fã base não sentiria tanta diferença. Campinas é uma cidade mais tranquila, sem paparazzi. Seria até mais conveniente.— Leonardo. Sabe o que estou fazendo aqui? — Clara mudou de assunto de
Leonardo ajustou a gola da camisa, disfarçando o incômodo com o calor abafado daquela tarde.Ele sentia o suor escorrendo pela testa, mas estava determinado a resolver a questão da casa o mais rápido possível.Não queria mais saber de hotéis, olhares curiosos ou pessoas tirando fotos escondidas.Precisava de discrição e tranquilidade. Tinha a sensação de que esse passo, essa mudança, era o que faltava para finalmente conseguir manter Clara longe das questões de sua carreira e da pressão da mídia.Um passo certeiro na direção da sua liberdade. — Essa aqui é uma das últimas da lista, senhor Leonardo — informou a corretora com um sorriso simpático. — A casa é de uma médica muito respeitada aqui na cidade. Inclusive, ela deixou algumas diretrizes bem específicas sobre a locação.Leonardo arqueou uma sobrancelha, intrigado.— Diretrizes? Que tipo?— Ela não quer que seja alugada para festas, nem para pessoas que possam atrair a atenção da imprensa. É bem reservada. Uma mulher... intensa —