James parou em frente à porta de casa quando Henry telefonou.— Notícias do Rei Alegre. Ele enviou dois homens para entregar o convite aos Callahan. — — Certo, entendido. — James desligou.Ele bateu na porta apenas para ser saudado por Alyssa Myers, esposa de David: — Seu agregado patético, você não tem a mínima vergonha de aparecer aqui, depois de tudo que aprontou mais cedo? — James passou reto pela mulher, como se nem a tivesse visto. Assim que viu Thea no sofá, um sorriso floresceu em seu rosto. — Thea, já consegui que enviassem o convite para seu avô! —Thea não acreditou e perguntou: — É um evento da Patrulha da Fronteira Ocidental. Como você conseguiu qualquer coisa com esse pessoal? — James riu. — Você esqueceu que eu era um soldado? Tenho algumas conexões com os superiores militares. — — Mas você me contou que serviu lá nas Planícies do Sul. O que o Sul tem a ver com o exército do Oeste, agora? — James explicou: — Não é o mesmo exército, mas meu antigo
— Os Oswald são os melhores. — Alguém comentou.— Isso nem é preciso dizer. O negócio deles, Farmacêutica Grandeur, é um dos maiores em Cansington. O pai de Colson, Stefon, é um dos homens mais influentes da região e conserva muitas conexões. — — Que bom que Colson está conosco, ou nunca receberíamos um convite. — — Megan acertou na escolha de namorado! Um rapaz que ajuda a família! —Os Callahan paparicavam Colson, quase venerando o homem. O mau caráter respondeu, sem qualquer vergonha: — Foi apenas uma pequena contribuição para a família de minha amada. — Justamente quando todos aproveitavam no clima de comemoração pelo recebimento do convite, James e Thea entraram, seguidos pelo resto da família.A presença deles fez a atmosfera despencar.Megan levantou-se, bastante incomodada:— O que você está fazendo aqui? — Thea tentou conversar: — Megan... — Megan repetiu, mais alto: — O que você está fazendo aqui?!— O bom humor de Lex foi estragado ao ver a família de T
Tudo o que James queria era a felicidade de Thea. Ele pediu um convite ao Rei Alegre, mas não esperava que outro levasse crédito e que sua esposa entendesse mal a situação. Assim que terminou a chamada com Henry, foi conversar com a moça.— Thea. — Ele segurou a mão da amada. — Eu não menti para você — tentou explicar. — Mandei entregarem o convite aqui, mas não esperava que alguém levasse o crédito por isso. — — Você vai continuar insistindo nisso? Você não presta! — Gladys escutou e retrucou. — Já não fomos humilhados o suficiente? — — Irmã, esse homem é um veterano sem um tostão. — David alfinetou. — Não teria como ele fazer nada do que está dizendo. Já deu a hora de acabar com isso! — — Chega, James! — Disse Thea, com os olhos marejados — Gosto muito de como você me trata bem e serei eternamente grata por você ter me livrado das minhas cicatrizes, mas você não tem o direito de agir como bem entende! Por favor, saia! — Com as lágrimas correndo copiosamente pelo rosto a
— Sim? — — Use meu dinheiro para comprar aquele centro comercial recém-construído. —— O quê? — Henry olhou sério para James, buscando confirmação.O Centro Comercial Trade City era, como soava, praticamente uma cidade. Com alguns prédios, diversas lojas ocupariam o complexo, que abrigaria um leque de opções de lazer, manteria casas noturnas e movimentaria escritórios de negócios. O lugar era muito maior do que um bairro típico de Cansington. Certamente, seria um investimento que apenas os homens mais ricos da região poderiam manter.A construção, concluída recentemente, era resultado de um grande projeto de investidores imobiliários para fundar um dos maiores centros comerciais do país. James arriscou, então, que poderia, sem dificuldades, comprar toda a instalação.— Não tenho dinheiro para isso? Use nossas conexões, faça o que for possível. Conheço gente grande no setor imobiliário, posso até usar meu título de general. — Henry continuou olhando para James.— O que você e
O banco liquidou a maior parte das posses dos Xavier, mas a família conseguiu manter uma das propriedades principais. A maioria deles, entretanto, vivia em casas comuns à maioria da população. Alguns de aluguel, outros de favor. Este casarão restante era propriedade pessoal de Rowena Xavier. O plano de Trent de aumentar artificialmente os preços de artefatos sem valor e forçar as vendas naquele leilão funcionou. A maioria dos convidados gastou algum dinheiro naquele leilão e comprou algo dos Xavier, apenas por conta da intimidação causada por Trent. Com a morte do militar, o dinheiro caiu nas mãos de Rowena. A mulher se tornou o pilar de esperança dos Xavier, após a morte das duas maiores referências da família. Esperavam que ela recuperasse a riqueza e o esplendor que aquele nome já tivera.No segundo andar do casarão, um velho, com cerca de cinquenta anos, acomodava-se ao lado de Rowena. Ela estava na casa dos quarenta, mas não aparentava mais do que trinta. Estética era uma de
A expressão de Rowena fechou. Agora, ela sabia quem aniquilara sua família.— O que diabos você quer, James? — James começou a rir, mas não havia graça. A risada era demoníaca.— Que pergunta é essa, Rowena? — O homem a encarou, como um caçador prestes a realizar um abate. — Você é a razão pela qual meu avô foi transformado em motivo de chacota por toda a cidade. Você causou um ataque cardíaco no meu pai, depois o empurrou do terceiro andar e disse a todos que foi suicídio. Sua família e o resto dos Quatro Grandes nos prenderam e atearam fogo em nossa casa. Você matou mais de trinta pessoas queimadas vivas e está me perguntando o que eu quero? Eu quero sangue, Rowena! — James era como um dragão sombrio e voraz. A sede de vingança emanava como uma aura. Ele gritou algo incompreensível, bem perto do rosto de Rowena, o que a deixou atordoada. A mulher sentia ainda mais medo agora, como jamais se sentiria. Sabia bem como Warren e Trent morreram. Aquele homem não era o James que con
O ódio de James deixava o ambiente sufocante. Ele gritou de forma ameaçadora, perguntando, novamente. Os ouvidos de Rowena zumbiram, de tão alto.Tudo o que ela podia fazer era chorar, já que não sabia como responder. Forçou-se a se acalmar o suficiente para dizer algo, em meio ao choro de desespero:— Eu não sei... eu realmente não sei... Acho que Trent levou a pintura para a capital, como um presente para alguém... Era o objetivo principal do ataque à mansão...— Disse Rowena atordoada.James, sem esboçar qualquer expressão, pegou o canivete de volta e o enfiou na mão de Rowena, fazendo sangue pingar na cama.Rowena abriu a boca em agonia, mas nenhum som saiu. Sua expressão se contorceu, com a dor excruciante, e seu corpo tremeu muito, mas não tinha o que fazer.James, casualmente, puxou algumas agulhas de prata, similares àquelas que usava em sua arma, e as inseriu ao redor da perfuração feita com a faca. Não deixaria Rowena morrer enquanto não soubesse do paradeiro da pintura.
Não seria prudente desafiar o ódio daquele homem. Aquilo não foi só agressão, foi a pior tortura possível de se imaginar, e ele ainda prometeu que conseguiria fazer pior. Rowena nunca, nem em seus piores pesadelos, pensaria em passar por aquilo alguma vez na vida. Pior ainda, pelas mãos do antigo enteado. Não era de se admirar, a falta de ação do Rei Alegre diante da morte de Trent. A pessoa que matara o Xavier era o próprio Dragão Negro, e ninguém ousaria desafiá-lo.Charles só começou a se acalmar quando James saiu. Seu corpo inteiro estava empapado de suor. Preparou-se para correr, mas voltou a tremer quando avistou Rowena, na cama, coberta de sangue.— Não... Não vá, Charles. Me ajude... Leve-me ao hospital... Eu... Eu tenho dinheiro, eu te pago. — Rowena achava que, a essa altura, já estaria morta. Agora, com a saída de seu algoz, sua vontade de viver voltou. Charles interrompeu a própria fuga quando a escutou mencionar dinheiro e comparou as opções. James, antes de partir,