Ponto de Vista de ViviEu quero me trancar, me esconder no santuário do quarto. Para alguém tão ansiosa por liberdade, eu entendo a ironia de agora querer ficar sozinha de novo.Volto para o quarto que estava compartilhando com Pedro, seu cheiro me atingindo no rosto assim que entro. O cheiro dele tem ficado mais forte nos últimos dias, é um aroma rico de canela e café que me lembra das bebidas quentes festivas que mamãe costumava comprar sempre que íamos fazer compras de vitrine nas grandes lojas de departamento da cidade no Natal. A cada ano, elas faziam uma decoração extravagante, e a cada ano nós caminhávamos sem rumo, apenas olhando para as lindas luzes e cores.Só esta manhã acordei me encontrando envolta nos braços de Pedro, e agora ele não conseguia nem olhar para mim.Nenhum deles conseguia. Eu os traí.Não importa o quanto eu argumente, dizendo que pensei que Felipe desapareceria... que eu não estava acostumada com o modo de vida deles... eles nunca vão me aceitar de volta a
Ela estava lutando sem a sua loba. Não é que uma Luna humana não seja possível, mas não apenas Vitória não conhecia a comunidade dos metamorfos, como também foi vítima de manipulação e comportamento coercitivo desde que sua mãe morreu.Ela nem consegue ver isso, e eu sei que, de qualquer forma, se eu tirasse suas escolhas, não seria melhor do que Fábio. Alegar que sei o que é melhor para ela, forçando-a antes de ela estar pronta.Matilde e Diogo ainda não conseguem ver isso, ambos estavam muito irritados com ela, mas eu podia ver que ela não tinha medo de desafiar a autoridade. Mesmo que tenha feito da maneira errada. Ela viu alguém em necessidade, mesmo que ele não estivesse, mas não conseguiu encontrar em seu coração a vontade de deixá-lo morrer. Isso não é material de uma verdadeira Luna? Eu só gostaria que ela tivesse confiado em mim, passei todos os dias e noites com ela, por que ela não me contou?— Reivindique-a! — Meu lobo rosna em minha mente.— Não, ela não está pronta.— El
Ponto de Vista de Diogo Vestido com armadura, eu estava no andar de baixo, no deque, com um grande mapa à minha frente, um mapa de todas as fronteiras das terras da Pedra Preta, e droga, elas eram vastas.Todos estavam em alerta máximo, freneticamente tentando encontrar mapas, imagens de satélite online... qualquer coisa para ajudar a formar uma reunião de guerra. Algo para o qual meu escritório estava preparado, mas não esta pacífica Casa do Lago. Este era um lugar projetado como um refúgio daquilo que agora estávamos fazendo aqui.Matilde estava me mostrando suas terras no mapa, identificando pontos fracos específicos que ofereciam pouca cobertura contra intrusos. Ela já tinha guardas em patrulha, sua conexão mental com a Matilha era próxima o suficiente para acelerar a comunicação. Ela solta um leve gemido enquanto interrompe outra conversa mental no meio.— Rafaela disse que Pedro está descendo, e ele está furioso. — A voz de Matilde entra em minha mente, mas ela continua faland
— Pedro... Diogo... não temos tempo para isso. Resolvem essa briga depois, ou descarreguem sua raiva em Felipe e Rebeca. Tenho certeza de que eles já estão planejando algo. — Matilde nos repreende.Ignoro Pedro, suas ações só me deixaram mais irritado, e eu me sentia como uma bomba prestes a explodir. Eu podia sentir meu olho começando a se curar, o corte desaparecendo e minha visão ficando mais nítida novamente. Desgraçado!Não demorou muito para concordarmos com uma estratégia. Meus homens na Matilha Luar Vermelho ficariam e permaneceriam em alerta máximo, fechando a Matilha o máximo possível. Mas todos sabíamos que Rebeca esperava que Matilde estivesse na Matilha Pedra Preta. É para lá que precisávamos enviar a maioria dos homens, mas não todos.Eu não tinha intenção de deixar Matilde ir comigo para Pedra Preta. Não poderia colocar sua vida em risco assim, sabendo que Rebeca a faria o grande prêmio.— Diogo, acho que você deveria fazer as pazes com Vitória... — A voz conciliadora
Ponto de Vista de MatildeRespire fundo e solte o ar.Eu estava dividida, dividida entre ficar com meu companheiro e os membros da minha Matilha na batalha, e permanecer com meus filhos.Eles precisavam de mim, Diogo estava certo, ele poderia liderar nossos guerreiros até a vitória. Como Alfa, eu sentiria a culpa, sentiria qualquer morte através do vínculo da Matilha, mas eu precisava estar aqui pelas crianças. Um de nós tinha que estar aqui pelas crianças, e ele estava certo, essa pessoa tinha que ser eu.Diogo estava vestido para a guerra, e aquelas malditas espadas estavam de volta à minha casa. Elas eram como um gatilho para mim, toda vez que eu via um brilho de prata… memórias surgiam na minha mente. Memórias que eu não queria que se repetissem esta noite, de todas as noites.Diogo era o melhor guerreiro, o melhor lutador, mas eu não podia deixar de me preocupar com ele. Ele e as crianças agora eram tudo para mim, e eu não podia perdê-lo.Ele estava conversando com Guilherme sobr
— Meus guerreiros estão à sua disposição. Vou manter minha conexão da Matilha aberta... por favor, tenha cuidado. Não seja tolo, não a deixe te provocar. Apenas faça o que precisa ser feito. — Tentei manter minha voz firme. Ele seria capaz de sentir minhas emoções através do vínculo de companheiros. Eu estava lutando para levantar meu bloqueio.— Matilde, querida, você está agindo como se eu não tivesse treinado para isso minha vida inteira. Eu não vou deixá-la vencer, já a deixei escapar do inferno antes. Agora, eu serei o próprio inferno dela. Pedro e seus guerreiros vão vigiar a casa do lago, tente não se preocupar.Ele se vira para ver os guerreiros prontos para partir, esperando seu comando. O pânico começa a me atingir com força, e ele percebe.— Eu te amo, prometo que vou voltar. — Ele promete através da conexão mental, sua testa repousando contra a minha.— Eu também te amo. — Respondo antes de seus lábios colidirem com os meus, fogos de artifício explodindo enquanto sua l
Ponto de Vista de PedroEstava quieto… quieto demais.Os arredores da casa pareciam ter olhos. Era assustador, como se as árvores e o lago tivessem olhos próprios.Vivi finalmente desceu as escadas. Rafaela a tinha convencido a descer, e eu sabia que só porque Diogo havia partido que ela sequer considerou sair do quarto. Não que ela estivesse se comunicando comigo ou com Matilde.Ela estava encolhida em uma posição protetora no sofá, observando Ricardo, Ana, Matilde e Rafaela jogarem cartas.Meus guerreiros estavam lá fora, vasculhando a área em busca de qualquer movimento suspeito. Eu podia vê-los pelas grandes janelas de vidro da casa do lago. Os olhos dos lobos deles só aumentavam a sensação assombrada da linha de árvores ao redor.— Alfa, a batalha começou. Os renegados chegaram. — Marcos empurra a informação pela conexão mental. Eu o havia posicionado para observar a batalha de uma distância segura, onde ele poderia me atualizar pela conexão mental.Se as coisas desandassem, n
…Encontro meus guerreiros posicionados perto de uma pequena cabana na floresta. A Casa do Lago ficava em uma localização remota, raramente visitada por humanos devido à má visibilidade na estrada principal. Acho que muitos nem sabem que ela existe.Ao inspecionar mais de perto a cabana, parecia ser usada como um lugar para armazenar lenha, mantendo-a seca da chuva.Por que alguém estaria aqui se não estivesse associado à batalha acontecendo nas terras da Pedra Preta?Uma sensação de inquietação começa a tomar conta de mim, algo não estava certo. O pavor profundo, surgindo do fundo do meu estômago, estava deixando meus sentidos em alerta máximo.— Alfa. — A voz de um guerreiro sussurra para mim através da conexão mental. Prática comum entre nós: se eu ordeno silêncio, meus guerreiros permanecem em silêncio... até mesmo pela conexão da Matilha.Caminho para a parte de trás da cabana, onde pegadas enlameadas cobrem o chão ao nosso redor. Isso é mais do que o cheiro de duas pessoas...