Fábio estava diante de mim, com a arrogância de sempre.— Droga, Diogo, você deixou eles chamarem outro homem de pai?Eu sabia que ele não esperaria para atacar com veneno nas palavras.— O que te faz pensar que eles são do Diogo? — Retruquei, irritada. Meus filhos não eram troféus para serem reivindicados pela linhagem Alves.Minha resposta o incomodou. Ele se levantou lentamente, impondo sua presença, apoiando-se na mesa. A madeira rangeu sob seu peso.— Não insulte minha inteligência. O garoto, em particular, tem um lobo forte à espreita... mais cedo do que o normal. — Ele disse, desviando o olhar para a porta por onde nossos filhos tinham acabado de sair.Eu podia sentir a tensão no ar. Diogo deu um passo à frente, a voz grave e cheia de raiva.— Você precisa ir embora antes que meus homens o escoltem para fora das minhas terras. Eu sou o Rei Alfa, não você. Esse foi o acordo... — Ele sibilou entre os dentes, claramente irritado. Ele era mais forte, mais jovem. Seu lobo mataria
Ponto de Vista de MatildeNão consigo pensar rápido o suficiente no momento. Aos meus olhos, Diogo não quebrou nenhum contrato, tecnicamente ainda estamos casados e, se algo, a Matilha Luar Vermelho estava em seu auge, agora conectada à Matilha Pedra Preta.— Diogo, se ele voltar, eu vou ficar e te ajudar a se manter firme. Ele não vai conseguir te derrotar, especialmente quando você tem outro Alfa te apoiando. — Tomo um momento para acariciar seu cabelo que havia caído um pouco sobre os olhos. Ele costumava usar o cabelo mais comprido quando criança, mas o cortou na idade adulta, embora ainda fosse longo no topo.Ele era um adolescente tão bonito, todas as garotas tinham uma queda por ele, eu inclusive. Mas agora sei que ele escondia muita coisa por trás daquela fachada de garoto durão.— Se chegar a isso, eu vou lutar com ele. Não tenho mais medo dele como quando era criança. Mas tenho medo do que ele pode fazer se vencer, do que isso significaria para Ricardo. Então, por favor,
Eu a levanto de cima de mim levemente e a coloco ao meu lado no sofá. Ela ainda não ouviu a chegada deles, seus olhos segurando lágrimas que ainda não caíram. Eu me amaldiçoo internamente por ser o responsável por essas lágrimas, mas é para o bem dela. Para mantê-la segura.— Mãe? — Ricardo chega primeiro, sem deixar sua irmã vencer a corrida dessa vez.— Mãe, por que aquele homem disse que vocês dois eram casados? — Ele insiste, querendo saber.— Desculpa, Alfas, eu tentei evitar que eles invadissem. — Danilo entra logo atrás de Ana, que continua segurando seu coelhinho de pelúcia. Matilde vai responder, mas eu coloco minha mão em sua coxa e respondo primeiro.— Porque nós somos. Nos casamos há quatro anos, mas eu decepcionei sua mãe na época. Agora, vou compensar isso, compensar para os dois.— Diogo... — Ela continua tentando protestar, tentando me fazer mudar de ideia, mas minha decisão está tomada.— Eu preciso deixá-los ir por enquanto...Ricardo dá um passo em minha direção, s
Ponto de vista de MatildeInspira, expira.Era o que eu continuava repetindo para mim mesma para parecer calma, tranquila por fora. Mas, na verdade, por dentro, meu coração estava se partindo.Minha loba, se pudesse, estaria arrancando os cabelos. Ela passou a última hora implorando para que voltássemos, para que fôssemos buscar nosso companheiro e o trouxéssemos conosco.Por que eu não fiz isso?Se Fábio não pode nos tocar nas terras da Matilha Pedra Preta... por que eu não sugeri isso? Diogo estava com tanta pressa de nos colocar na estrada que minha mente não conseguiu pensar rápido o suficiente.Era como ir contra a gravidade, mas eu não estava voando, ainda estava caindo... como se para trás. Não conseguia explicar.A cada quilômetro que nos distanciávamos da Matilha Luar Vermelho, meu coração se partia ainda mais. Eu podia sentir, sentir meu coração apenas se mantendo inteiro, unido por alguns fios. Esses fios me mantinham em movimento.Eu não conseguia olhar para o lado, para D
— Danilo, só entra na próxima estrada. Vai ter arbustos ou algo assim, vamos ser rápidos — Rafaela exige, apontando para a próxima curva à direita.— Por favor, papai, está doendo.Ele faz a curva conforme instruído e para ao lado da estrada, perto de alguns arbustos.— Sejam rápidas! — Ele exige de Rafaela, que leva Ana para mim enquanto eu entro em uma conexão mental com os guerreiros atrás de nós.— O que está acontecendo, Alfa?— Ana só precisa de uma rápida parada para o banheiro.Elas foram rápidas e Ana, aliviada, volta para o carro e é colocada no cinto graças a Rafaela.Começamos a nos mover novamente, tentando voltar à rota principal, quando um guerreiro se conecta mentalmente comigo do carro atrás de nós.— Alfa, estamos sendo seguidos.— O quê? — Respondo, abrindo a conexão mental para incluir Danilo.— Tem certeza? — Pergunto.— Absoluta, Alfa.— Vamos ver se conseguimos despistá-los. — Danilo rosna, pegando outra curva, tentando voltar para a rodovia. Pego meu telefone
Ponto de vista de DiogoFomos direto ao trabalho, não importava que fosse de noite, não tínhamos tempo a perder. Guilherme e eu não paramos, estamos trabalhando com a minha equipe de TI para hackear todos os negócios conhecidos com os quais meu pai está ligado. Também estamos encontrando aqueles com os quais ele mantém alguma afiliação. São muitos, ele tem estado muito ocupado para alguém que deveria estar em uma aposentadoria pacífica.Como já disse antes, meus homens são os melhores, e a chance de se vingar do antigo Alfa só os motivou ainda mais.Mantivemos a equipe pequena, eu não queria que os membros da Matilha soubessem o que estávamos fazendo, e também não queria causar pânico.Estamos congelando dinheiro online e retendo dados das empresas. Quando a bolsa de valores abrir de manhã, as empresas serão inúteis, incapazes de negociar, e os preços das ações vão cair como resultado. Preciso atingi-lo onde dói...Dinheiro e poder. Isso é tudo que ele valoriza, e é aí que vou machucá
Ponto de vista de Diogo— Preciso criar um plano para garantir que, se algo acontecer comigo, a Matilha, a Aliança e todos os negócios sejam transferidos para Matilde… até que Ricardo tenha idade suficiente.— Diogo... — Guilherme suspira, não apenas com a ideia de algo me acontecer, mas com o fato de eu colocar esse fardo em Matilde. Ela é forte o suficiente para lidar com isso, ela já mostrou isso.Ela teria Danilo ao lado dela, assim como Pierce, Milo e Candice. Ela teria apoio suficiente para superar isso.— É isso ou meu pai e Rebeca. Eu confio minha vida a Matilde, ela cuidaria da Matilha Luar Vermelho…...Um pouco mais tarde, assinei muitos documentos legais que transfeririam a posse da Matilha, da Aliança e de todos os negócios para Matilde, caso eu morra.Pelo menos assim estou ajudando ela e as crianças, e impedindo que meu pai ou Rebeca coloquem as mãos no poder que eu detenho.Eles comandariam a Aliança embriagados de poder e destruiriam qualquer Matilha que se recusasse
Ponto de vista de DiogoMeu lobo estava inquieto, pressionando logo abaixo da superfície, nervoso porque também não conseguíamos falar com Danilo. Se você não consegue falar com o Alfa, deveria ao menos conseguir falar com o Beta.— Isso não é bom o suficiente! — Ele rosna para mim na minha cabeça.— Eu sei que não é bom o suficiente — Retruco para ele, maldito lobisomem!Tento o número dela pela segunda vez, mas vai direto para a caixa postal, de novo. Tento o número da casa da Matilha Pedra Preta, na remota chance de que eles tenham perdido os celulares ou as baterias tenham acabado. Sei que é um tiro no escuro, mas preciso de alguma esperança aqui.Disco o número da casa, rezando para a Deusa da Lua que Matilde esteja segura e atenda, mas claro que isso não vai acontecer, vai?O telefone toca algumas vezes, e eu tenho que discar de novo. São as primeiras horas da manhã, afinal, e ninguém esperaria uma ligação a essa hora.— Alô? — A voz rouca da Sra. Bianca atende minha ligação.