Ponto de Vista de MatildeEu toco o peito dele de forma brincalhona, enquanto digo:— Talvez não exatamente com essas palavras...A camisa dele estava tão suja de lama quanto o restante do corpo, com os joelhos e as canelas cobertos de barro. Garotos serão garotos, pensei. Não sabia se já era o momento de contar tudo para Ricardo e Ana. Sempre os protegi durante a infância. Estava pronta para revelar o que aconteceu entre Diogo e eu?Ricardo estava apenas começando a criar uma relação com Diogo, enquanto Ana parecia ter medo dele. Por mais que Diogo agisse de forma diferente comigo, ele ainda era o impiedoso Rei Alfa da Matilha Luar Vermelho. Acostumado a conseguir o que queria, e eu sabia, pelos dois anos de casamento e pelas reuniões de guerra que assisti, que o que ele queria, ele conseguia. Poucos ousavam dizer não a ele.Ele pode não ter sido o responsável pela morte dos meus pais, mas seu comportamento no passado me fazia acreditar que ele seria capaz disso. Talvez essa não foss
— Matilde, onde está o Gabriel? — A voz dele mudou completamente, ficando séria.— Por quê? — Franzi a testa, confusa.— Acho que se soubéssemos onde Gabriel está, Diogo poderia se sentir menos inclinado a ficar. Ele sabe que você está tramando algo, assim como eu.Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Menos inclinado a ficar? O que ele queria dizer com isso? Que, se Gabriel não estivesse em uma missão secreta para mim, Diogo não iria querer voltar? Que o beijo de ontem à noite não foi o laço de companheiros, mas algum tipo de trama para me manipular?— Não, Diogo não é assim. — Pensei. Ele sempre disse as coisas como são. Não diria?Eu não respondi de imediato. As palavras dele me feriram, e senti minhas costas se enrijecerem.— Ele está seguro e em contato regular comigo agora.— Regular? Quão regular? — Insistiu.— Ele está em uma cidade portuária ao norte. Ele descobriu que Rebeca tinha conexões com a cidade antes de se juntar à Matilha do companheiro dela.— Rebeca? Você o mand
Ponto de Vista de DiogoNormalmente, um despertador, uma conexão mental ou meu próprio relógio biológico me acorda… mas nunca fui acordado por dedos cutucando meus olhos e ouvidos. Abri os olhos lentamente e vi Ricardo e Ana rindo na minha frente, me cutucando para me acordar.— Grrrr! — Rosnei de brincadeira, fazendo os dois gritarem e correrem de volta para a cama, se escondendo debaixo do edredom. Será que eu sou o grande lobo mau das histórias infantis?Não planejei adormecer na varanda, planejei voltar para o meu quarto, mas não pude negar ao meu lobo a necessidade de estar perto de Matilde. Com o passar dos dias, ele estava tentando me pressionar a marcá-la, a reivindicá-la. Mas ela não estava pronta para isso, e ele teria que esperar. Não seria fácil para mim, ele tem uma maneira de conseguir o que quer, assim como eu. Mas ela era diferente. Isso era diferente.Eu estava pisando em território novo quando se tratava de Matilde e das crianças. Algo que nunca havia experimentado a
Ela me olhou com os olhos arregalados enquanto rasgava o pacote de chá com os dentes. Porra, ela estava fazendo isso de propósito? Tive uma imagem dela rasgando um pacote de camisinha, completamente nua, em cima de mim. Precisei me afastar para não ficar excitado. Droga! Ela era mesmo uma tentação. E, a julgar pelo sorriso presunçoso que ela me deu, ela sabia disso.— Você saiu da festa cedo, Diogo, e ainda está usando a roupa de ontem à noite? — Pedro não consegue se conter enquanto me sento ao lado dele.A voz dele é baixa e próxima ao meu ouvido, mas Matilde ouviu, eu sei disso pelas bochechas dela ficando de um tom rosado fofo. Ela vira as costas para nós, sem querer nos olhar nos olhos. Ela ainda estava usando o vestido da noite passada, o que a fazia parecer insaciável. Olho para Pedro, que também estava olhando para a bunda dela naquele vestido.— Afaste-se! — Rosnei ameaçadoramente em seu ouvido, o que lhe rendeu uma risada divertida. Ele não conhecia a verdadeira capacidade da
Ele me dá um olhar cúmplice que aquece meu coração, e penso: Espera, será que Maria estava grávida? Isso explicaria a transferência da Matilha para ela e Otávio. Luís estava garantindo o futuro da Matilha com um herdeiro já crescendo no ventre de Maria.— Nós cuidaríamos bem dela. — Sorrio, colocando minha mão calorosamente sobre o braço dele.— Eu não tenho dúvidas, querida. — Ele sorri carinhosamente para mim.Essa é uma ótima Matilha, mas ainda não é tão boa quanto a nossa, ouço a voz de Danilo ecoar na minha mente, me fazendo sorrir. Ele sempre com suas comparações.— O Alfa Luís ofereceu para ficarmos mais alguns dias, o que você acha? — Pergunto a ele através da conexão mental.— Poderíamos ficar mais um ou dois dias, mas depois temos que voltar. Temos alguns dias agitados com nascimentos chegando.— Claro, o que você achar melhor. E Rafaela? — ainda estamos conversando pela conexão mental, mas percebo que Rafaela estava de olho em nós, o que me faz lembrar dela.— O que tem ela?
Ponto de Vista de MatildeEu guardei minhas inseguranças para mim mesma. Não tinha o direito de suspeitar de Diogo por algo. Ele não era meu, era? Ainda não, de qualquer maneira, e eu realmente planejava ficar com ele? Minha mente estava por toda parte, sem mencionar minhas emoções. Mas era muito mais fácil colocar aquela fachada fria de volta, costurar de volta os pontos quebrados do meu coração que começaram a se desfazer. Isso era mais fácil. A frieza me mantinha segura, me mantinha no controle. A montanha-russa de querer Diogo e, ao mesmo tempo, mantê-lo à distância, estava me dando uma chicotada, sem contar os sinais mistos que eu estava passando para ele. Ela era filha de um Alfa, ele o Rei da Aliança de que sua Matilha fazia parte. Não seria diferente de Otávio querer uma palavra privada comigo. Eu apreciaria Diogo voando em um ataque de ciúmes? Não.Danilo havia retornado com Ricardo do passeio, e isso me deu uma oportunidade de finalmente vestir meu menino e deixá-lo apresent
Alfa Pedro me chamou quando eu estava no meio de uma conversa, mas mantive meu gemido interno para não demonstrar irritação.— Alfa Matilde!Eu me virei rapidamente, sem perder a compostura.— Alfa Pedro, boa viagem! — Disse, já empurrando as crianças na direção de Danilo, que estava conversando com Otávio, Maria e Rafaela. Ele rapidamente entendeu o recado e estendeu a mão para Ana, que a segurou. Ricardo se posicionou ao lado dele, protegido pelo seu braço seguro.Havia muitas caras novas no evento, e as crianças se saíram muito bem, considerando que nunca tinham participado de algo assim fora do território da nossa Matilha. Ainda assim, sabia que a conversa com Pedro não seria fácil.— Devo dizer que estou intrigado com essa nova trégua entre a Pedra Preta e a Matilha Luar Vermelho — Ele começou, e eu já esperava algo do tipo.— Oh? — Murmurei, salvando as crianças de uma longa reclamação.— Bem, se você e Alfa Diogo estão conspirando juntos agora, não há mais um resultado imparcial
Ponto de Vista de DiogoEu permaneci na Matilha Lua Crescente por mais um dia, o que me agradou. Eu não gostava de passar muito tempo em outras Matilhas; eu tinha um jeito específico de fazer as coisas e, às vezes, achava difícil não esperar que os outros gerissem sua Matilha da mesma forma. Eu estava começando a entender o relacionamento de Matilde e Danilo... acho. Era mais um amor de irmãos um pelo outro. Não acho que sempre tenha sido assim da parte dele, especialmente quando ela era a Luna do Luar Vermelho, mas tendo encontrado sua companheira, eu diria que isso cimentou as coisas para ele.Não estou dizendo que achar a proximidade deles e o fato de minha filha chamá-lo de papai seja mais fácil, mas eu estava lidando melhor com o ciúme. Isso não quer dizer que eu goste dele tocando Matilde, abraçando-a nas escadas. Mas, se eu consigo manter minha respiração estável perto deles juntos, eu consigo falar algumas palavras tranquilizadoras internamente para o meu lobo. Eles quase não