— Eu gostaria de…— Sim, uma vez que eles estejam acomodados, eu vou arranjar algo com você. Agora que ele sabe da existência deles, ele vai querer vê-los mais. Eu não poderia negar isso a eles e, desde que estivesse sob meu olhar atento, poderíamos resolver algo… para eles.— Sinto muito pelo que aconteceu — Diogo disse, inclinando-se sobre mim e colocando as duas mãos em meus braços superiores.Desculpe por qual parte? Desculpe por não ter visto na hora ou desculpe por agora saber a verdade tarde demais?— Eu preciso que você saiba…— Eu não vou fazer isso, Diogo. Não aqui! — Interrompi, empurrando-o para passar por ele e buscar meus filhos na casa.— Pelo amor de Deus, Matilde! Eu pedi desculpas, estou disposto a fazer as pazes. Eu não sabia, tá? Eu não sabia o quão manipuladora e insensível ela é… — Diogo rugiu, a raiva tomando conta dele na frente de seus guerreiros.— Então o que é? Hã? — Ele deu um passo predatório em minha direção. Mas eu não sou algum animal acuado; eu lutarei
Ponto de Vista de Diogo“VOCÊ MATOU MEUS PAIS.” Ela grita na minha cara, com pura raiva. Cada palavra é como uma facada no meu peito enquanto percebo a acusação que ela faz.— Meu… meu pai estava em pedaços, eu nem pude enterrá-lo. Você os matou. Você matou membros inocentes da Matilha e jogou seus corpos de lado como se fossem nada mais do que roedores na beira da estrada. Você me destruiu, você conseguiu a vingança que tanto precisava. Você… você quebrou minha alma. — Sua voz é agora mal mais do que um sussurro, ainda assim ela consegue manter o veneno dentro dela.Como se fosse quente demais para tocar, eu solto seus pulsos e dou um passo para trás dela. Eu não percebi que estava sustentando seu peso. Sem meu apoio, ela desaba no chão, curvada, suas mãos apenas impedindo que sua cabeça tocasse o chão molhado.— Gabriel, pegue as crianças, estamos indo embora agora! — Ouço Danilo ordenar ao chefe guerreiro, mas o barulho parece estar mais distante.Danilo a pega do chão e a colo
Destinado a mim pela Deusa da Lua, mas eu já estraguei tudo antes mesmo de ter uma chance com ela. A negligenciei durante os primeiros dois anos, completamente envolvido em mim mesmo e em ser o Rei Alfa mais forte que já existiu. Meu avô foi o primeiro a iniciar a aliança, alguns anos antes do meu pai assumir... depois eu. Décadas a minha família trabalhou para construir a Aliança, então merda! Ela só leva quatro anos... quatro anos para iniciar a própria e começar a desgastar a Aliança do Luar Vermelho. Ela nem sequer precisou mostrar seu rosto. Nem precisou visitar as Matilhas para pressionar. Ela fez tudo isso escondida, se escondendo de mim, escondendo nossos filhos. Ainda assim, ela fez uma impressão tão grande nessas Matilhas que estavam dispostas a abandonar uma Aliança há muito estabelecida e ir contra mim. Quão poderosa era Matilde? O que havia no caminho à sua frente? É por isso que Rebeca queria que ela morresse, queria que ela sumisse. Será que ela sabia na época o quanto e
Ponto de Vista de DiogoEstou caindo por um penhasco, caindo e não consigo me segurar em nenhuma rocha ao lado do penhasco. É constante, como se a gravidade estivesse me puxando para baixo.Estou morto? Estou caindo no inferno?Meu estômago dói com a queda contínua antes que minha mão consiga se agarrar a uma margem de grama. Esse penhasco nunca parecia ter fim.Com um impulso na minha nova posição, paro de cair e olho para meus pés pendurados. Esse penhasco não tinha fim nem começo, era apenas constante. Não havia céu, nem chão… apenas penhasco.Eu me puxo para cima, o que dói. Sinto as feridas de bala ainda nas minhas costas.Uso toda a minha força para me levantar totalmente na pequena lateral do penhasco, deitando meu corpo. Tentando deixar a sensação de vertigem passar. Tentando recuperar meus sentidos.Ouço um barulho acima de mim e levanto a cabeça para ver um corvo preto circulando acima de mim. Assim que o noto, ele mergulha e pousa ao meu lado.Ele me observa por um momento
Ele não estava lá, ele matou o outro guarda. Fico chocado ao ouvir isso, como diabos ela conseguiu fazer com que ele fosse contra minha aura de Alfa e a conexão da Matilha? E onde diabos eles estão? Guilherme me oferece a cadeira, mas eu não consigo sentar, preciso me mover. Rebeca tinha uma vantagem inicial e eu sabia que ela não pararia até conseguir o que queria. Ela estaria repensando seu plano, ainda queria poder e eu estava cada vez mais preocupado com as tentativas que ela faria para obter esse poder.— Ainda estamos procurando por eles, mas com alguns dos guerreiros seguindo o comboio de Matilde, perdemos aquela janela de segurança total e eles aproveitaram. — Guilherme me atualiza.— Ela está bem? Matilde e as crianças... eles conseguiram voltar para a Matilha? — Minha voz sai quase como a de um cachorro derrotado, mas eu precisava saber que eles estavam seguros. Eu não sabia quanto tempo tinha ficado inconsciente, e não estava lá para colocar medidas em prática para protegê
Ponto de Vista de MatildeEu me joguei nas tarefas do clã, mantendo-me ocupada para não pensar demais. Era só trabalho, trabalho, trabalho. Certifiquei-me de terminar os assuntos principais do clã antes do horário do almoço e então passei a tarde com Ricardo e Ana. Fazíamos bolos de banana, pintávamos, brincávamos de piratas, esconde-esconde… qualquer coisa para ocupar o tempo. Os eventos recentes me mostraram que eu precisava passar o máximo de tempo possível com eles. As coisas podem mudar tão rapidamente.Já se passaram cinco dias desde nossa dramática evacuação da Matilha Luar Vermelho. Nem gosto de lembrar como foi nossa partida. Que patética eu devo ter parecido sendo carregada para o carro por Danilo, desabando na frente de Diogo. Só de pensar nisso, sinto náuseas, então tento me manter ocupada, não dando espaço para minha mente vagar.Danilo estava ainda mais ocupado do que eu. No dia seguinte ao nosso retorno, uma mãe expectante chegou já em trabalho de parto, jogando Danilo
Eu havia passado quatro anos construindo uma aliança como um ato de vingança, determinada a machucar Diogo e Rebeca onde mais doeria: a Aliança deles. Mas as coisas estavam tão diferentes agora. Ela estava nas celas, ele sabia que era o pai dos meus filhos… As coisas simplesmente estavam diferentes agora. Ele também havia pulado na frente de uma bala por mim. Eu simplesmente não conseguia mais encontrar no meu coração a motivação para perseguir a vingança como fiz antes. Eu era diferente. Ele era diferente.— Vou mandar um e-mail para avisá-los. Você quer que eu fique de olho nos gêmeos? — Ele pergunta, olhando pela janela e vendo Ana segurando a mão de Rafael.— O que ela está fazendo segurando a mão dele? — Ele resmunga, e eu não consigo evitar de dar uma risadinha.— Eu ia levá-los para uma caminhada depois que eu terminasse aqui. Você quer se juntar a nós?— Soa bem. Me avise pela conexão mental quando terminar e eu verei em que estágio de trabalho de parto minha paciente está.
Sou puxada para fora do meu escritório e para o pátio frontal da casa do Alfa. Ele tem que ser o último a sair do carro, não é? O carro esportivo vermelho que combina completamente com ele. Parece que ele adora, parece que cuida dele. Eu quero dirigir aquele carro contra uma parede de tijolos só para irritá-lo, só para fazê-lo sentir um pouco do que eu sinto. Não acho que ele já se importou com alguém, então o carro esportivo seria minha melhor aposta.Assim que Diogo sai do carro, Ricardo solta minha mão e corre até ele. Ana permanece um pouco atrás da minha perna, mas ainda segurando a mão de Rafael. Pobre Rafael.— Alfa Diogo. — Ricardo corre até Diogo, colidindo com sua coxa.— Uou, cuidado aí, Ricardo, você está ficando forte. — Diogo finge brincando que, com o impacto de Ricardo, perdeu o equilíbrio e tropeçou contra o carro antes de colocar a mão no ombro de Ricardo.— Desculpa. — Ouço Ricardo sussurrar enquanto seu rosto fica subitamente corado de vergonha.— De jeito nenhum, e