Ponto de Vista de MatildeDanilo se ofereceu para examinar meu ferimento no rosto e me conduziu para fora da cozinha. Ele me levou para a privacidade do escritório de Diogo, onde me apoiei contra a mesa. Não estava realmente querendo ficar em pé, nem sentar. Eu estava dividida entre querer ir para as celas e não querer ir para as celas, não querendo ver o rosto dela novamente. Será que nossas vidas seriam assim agora? Sempre alguém tentando ameaçar meus filhos para chegar até mim. Era esse o legado que criei para eles… Ter que vigiar na frente, mas também atrás. Como ela podia desejar o status de Luna tanto a ponto de colocar uma criança inocente em perigo? Será que a aliança com a Matilha Luar Vermelho valia tanto para ela? E também valia tanto para ele?— Matilde, você precisa se acalmar. — Exigiu Danilo enquanto levantava meu queixo para olhar meu rosto.Por que eu deveria me acalmar? Por que não posso deixar meu lobo ficar tão irritado? Novamente somos vítimas da força assassina d
— Diga-me… — A voz dele permanece suave, convidando-me a contar. Eu observo a intensidade dos seus olhos por um momento, azul brilhante com a promessa de liberar uma tempestade sobre qualquer um que o tenha prejudicado.— Você se lembra da conferência da Lua que eu organizei, quando eu estava ajudando Maria e Bianca a tirar as luzes de fada? — Começo.— Eu lembro.— Eu tive um ataque de vertigem… — Os olhos dele se fixam em meu estômago antes de se concentrarem novamente em meu rosto. Eu ainda me lembro como se fosse ontem. Eu estava em uma escada e ele me pegou quando eu perdi o equilíbrio.— Eu fui ver Danilo. Ele me examinou e me disse que eu estava grávida. Eu estava tão empolgada, fui diretamente até você para te contar… Eu finalmente te dei o que você queria do nosso casamento… um herdeiro. Entrei aqui e te encontrei abraçando ela.— Ela tinha acabado de sobreviver à destruição da sua Matilha, eu estava confortando-a…— Diogo, ela tinha dentes em você desde o começo. Desde aquele
Ponto de Vista de MatildeEu podia sentir uma espécie de eletricidade estranha entre Diogo e eu. Era como um som de zumbido, um vibrar. Essa proximidade não era apenas sufocante, mas eletrizante. Por que ele me afetava tanto? O que havia nele? E em mim…Ele estava usando colônia. Eu estava tão perto que podia sentir sua essência ainda potente enquanto o aroma fazia minhas narinas se dilatarem. Tinha um toque de especiarias, que, quando combinado com seu cheiro adocicado de couro, estava colocando minha loba em alta velocidade. Ela estava me incentivando a colocar meu nariz no canto do pescoço dele e obter uma melhor percepção dos cheiros misturados. Até mesmo lamber sua pele para obter um melhor sabor.Eu não conseguia desviar os olhos dele. Mesmo depois de tudo, ele era o homem mais bonito que eu já conheci, e Ricardo compartilhava dessa beleza. Meu garoto era meu lembrete diário de que eu precisava criá-lo de forma diferente. Que a beleza nem sempre significava bondade. Às vezes, a
Eu fui a primeira pessoa a quem ela procurou por ajuda e eu só precisava que Matilde ficasse quieta por algumas semanas enquanto eu ajudava Rebeca. Mas, tendo admitido que foi responsável pelo sequestro de Ricardo, não consigo acreditar que ela faria algo tão cruel e arriscado. E para quem ela estava dando ordens? Não pode ser para os meus homens, então quem ela tem comandado?Rebeca tinha um histórico de agir antes de pensar e, quando estávamos juntos, eu tive que tirá-la de alguns buracos complicados. Mas pensar que ela me agradeceria prejudicando minha esposa e meu filho… Só a lembrança de Matilde caída no fundo das escadas me faz tremer. Como ela pode ser tão fria? Eu corri para o grito, para Matilde, mas ela já estava inconsciente e Rebeca gritou por minha ajuda. Eu apenas agi no momento para a primeira pessoa que chamou meu nome… mas Matilde interpretou isso como rejeição. Uma rejeição que a forçou a mentir e fugir com meu filho não nascido. Para proteger os gêmeos de mim. Talvez
Ponto de Vista de MatildeEu sabia que precisávamos partir, eu precisava partir. Estar aqui, perto dele, estava me afetando de maneiras que eu estava me odiando por isso. Ricardo estava seguro e não havia necessidade de permanecermos. Diogo estava com Rebeca nas celas da Matilha questionando-a, mas eu não precisava esperar por ele para me dizer o que aconteceu, o que ela dizia que tinha acontecido. Eu estava lá, eu vivi isso. E eu não seria uma vítima. Danilo também tinha mães expectantes se transferindo para nossa Matilha nos próximos dias, e ele queria recebê-las. Eu havia dado minha palavra aos Alfas delas que elas seriam bem cuidadas, uma sendo a filha de um Alfa. Ricardo e Ana também precisavam de seu lar, de normalidade novamente. Precisavam de suas próprias camas. Eu era uma Alfa e precisava voltar para minha Matilha. Precisava de um tempo para resolver algumas coisas… A Deusa da Lua continuava mudando meu caminho à minha frente. No início, pensei que fosse para construir uma a
— Ele não pode não ser o pai deles, especialmente de Ana, mas ele também precisa de você.— Diogo é o pai deles? — Ela pergunta, e eu posso ver o alívio à medida que seus ombros se relaxam.— Eu não estou pronta para que todos saibam, então espero que você possa manter isso para você? — Ela acena com a cabeça, entendendo que estou confiando a ela a minha verdade.— Ele é um bom homem, Rafaela, e se você permitir, ele vai te amar e te valorizar como um companheiro deve fazer. Mas ele vem com bagagem. — Eu rio nervosamente e ela também ri.— Isso é muito para processar agora. Mas você sempre será bem-vinda na Matilha Pedra Preta, se algum dia decidir que quer dar uma chance a ele.Ela me considera por um momento antes de colocar a mão sobre a minha e dar um aperto.— Obrigada, eu vou pensar sobre isso.…Eu deixo Rafaela no andar de cima enquanto vou para o pátio para reunir as tropas, por assim dizer. Mesmo que Rebeca estivesse atualmente em uma cela, eu não queria arriscar que ainda ho
— Eu gostaria de…— Sim, uma vez que eles estejam acomodados, eu vou arranjar algo com você. Agora que ele sabe da existência deles, ele vai querer vê-los mais. Eu não poderia negar isso a eles e, desde que estivesse sob meu olhar atento, poderíamos resolver algo… para eles.— Sinto muito pelo que aconteceu — Diogo disse, inclinando-se sobre mim e colocando as duas mãos em meus braços superiores.Desculpe por qual parte? Desculpe por não ter visto na hora ou desculpe por agora saber a verdade tarde demais?— Eu preciso que você saiba…— Eu não vou fazer isso, Diogo. Não aqui! — Interrompi, empurrando-o para passar por ele e buscar meus filhos na casa.— Pelo amor de Deus, Matilde! Eu pedi desculpas, estou disposto a fazer as pazes. Eu não sabia, tá? Eu não sabia o quão manipuladora e insensível ela é… — Diogo rugiu, a raiva tomando conta dele na frente de seus guerreiros.— Então o que é? Hã? — Ele deu um passo predatório em minha direção. Mas eu não sou algum animal acuado; eu lutarei
Ponto de Vista de Diogo“VOCÊ MATOU MEUS PAIS.” Ela grita na minha cara, com pura raiva. Cada palavra é como uma facada no meu peito enquanto percebo a acusação que ela faz.— Meu… meu pai estava em pedaços, eu nem pude enterrá-lo. Você os matou. Você matou membros inocentes da Matilha e jogou seus corpos de lado como se fossem nada mais do que roedores na beira da estrada. Você me destruiu, você conseguiu a vingança que tanto precisava. Você… você quebrou minha alma. — Sua voz é agora mal mais do que um sussurro, ainda assim ela consegue manter o veneno dentro dela.Como se fosse quente demais para tocar, eu solto seus pulsos e dou um passo para trás dela. Eu não percebi que estava sustentando seu peso. Sem meu apoio, ela desaba no chão, curvada, suas mãos apenas impedindo que sua cabeça tocasse o chão molhado.— Gabriel, pegue as crianças, estamos indo embora agora! — Ouço Danilo ordenar ao chefe guerreiro, mas o barulho parece estar mais distante.Danilo a pega do chão e a colo