**Maria Silva**“Você está bem?” A voz grave de um homem me atingiu como um eco distante, misturado à dor que pulsava em minha cabeça. Meus olhos lutaram para se abrir, como se estivessem colados. Quando finalmente consegui, o rosto de um estranho se formou diante de mim. Ele me carregava nos braços, seus passos firmes, enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo. Tudo estava confuso, como se eu estivesse saindo de um sonho ruim.“O que está acontecendo?” Minha voz saiu fraca, e eu levei a mão à minha cabeça, sentindo uma dor aguda. A realidade veio como uma onda: eu tinha sido atropelada. Mas por quê? Como?“Você foi atropelada por um carro. Um senhor estava distraído, e você acabou sendo atingida. Estou te levando para ser atendida,” ele disse, continuando a caminhar com uma firmeza preocupante.“Não, eu estou bem. Não preciso de atendimento,” protestei, tentando me mover nos braços dele. O hospital particular estava a poucos metros, e o pensamento de entrar ali como pacie
** Maria Silva**“Olá, falo com a senhora, Maria Silva?” A voz da mulher surge depois do meu alô.“Sim, sou eu mesma.”“Alguns exames ficaram prontos, e o doutor quer falar com você.”“Claro, eu vou para o hospital agora mesmo.”“Calma, senhora Maria, o doutor vai falar com você amanhã de manhã, por isso estou ligando para marcar.” “Obrigada.”Gabriel estava me olhando, e uma onda de vergonha me atingiu. Eu havia contado minha vida inteira para ele, um completo estranho que me salvou de um atropelamento e depois de outro quase acidente. Quem era ele? Por que se importava tanto comigo? “Maria, vamos voltar para a lanchonete e conversar. Talvez essa angústia que você está sentindo diminua um pouco,” ele sugeriu, com um tom suave.Suspirei, sentindo o peso de tudo que estava acontecendo. “Ah, Gabriel... Eu estou me sentindo tão incapaz, como se o mundo estivesse desabando na minha cabeça.”Ele me olhou com um ar de compreensão, mas também de impotência. “Eu não tenho filhos, mas consig
**Maria Silva**Eu estava em pânico. O hospital era um lugar onde eu jamais imaginei encontrá-lo, ainda mais onde meu filho estava. Mas ali estava Bruno, com seus olhos sombrios fixos em mim, como se pudesse enxergar cada um dos meus segredos.Tentei ser rápida, agir antes que ele se aproximasse. Aproveitei a oportunidade quando vi um paciente sendo levado em uma maca pelos corredores. Me misturei aos enfermeiros, como se fizesse parte daquela cena, tentando desaparecer no caos do hospital. Virei o corredor com eles, fazendo o máximo para parecer invisível. O coração disparado no peito, eu sabia que não tinha muito tempo. Só precisava chegar até o elevador, fugir daquele lugar antes que ele me encontrasse.Quando o elevador apareceu à minha frente, as portas estavam se fechando, e sem pensar, segurei a porta com as mãos trêmulas, forçando a entrada. Entrei na caixa metálica, o coração ainda batendo acelerado, uma pontada de esperança me atravessando – eu estava conseguindo fugir. Mas
**Maria Silva**“Eu vou gritar se você chegar perto de mim,” ele sorriu como se não acreditasse no que estava falando. “Socorro, socorro,” bati na porta como uma louca.Bruno se aproximou de mim, e meu corpo instintivamente tentou se afastar, embora a porta atrás de mim me impedisse de ir para qualquer lugar. Ele me olhava como se estivesse em total controle, e isso me apavorava. Eu precisava sair dali antes que ele me dominasse ainda mais, não só fisicamente, mas mentalmente. Eu já estava vulnerável demais e a última coisa que queria era que ele percebesse isso."Você me deixa tão excitado, Maria. Aceita minha proposta. Não vou deixar você escapar," ele disse, com uma voz que misturava desejo e ameaça. Sua respiração quente estava em meu pescoço, fazendo minha pele arrepiar contra minha própria vontade. Ele segurou minhas mãos contra a porta com firmeza, prendendo-me ali. Eu sentia cada movimento dele, e isso me deixava desesperada."Eu não quero dinheiro! Não quero nada de você" min
**Bruno de Alcântara e Leão**Quem tinha mandado flores para ela no hospital? Isso me deixou irritado. Eu tive vontade de arrancar aquelas flores das mãos dela e jogá-las no chão. A ideia de que outro homem estava tentando se aproximar de Maria me deixava fora de controle. Ela não tinha aceitado minha proposta, e essa resistência dela só me deixava mais fascinado. Quanto mais ela se afastava, mais eu queria tê-la. O que eu havia visto naquela mulher? Também não fazia ideia. Talvez fosse seu jeito, as artimanhas que usava para mentir ou a forma como os olhos dela brilhavam, mesmo quando estava visivelmente assustada. Uma verdadeira golpista. Só sabia que cada vez que a via, meu corpo reagia instantaneamente, meu desejo por ela se tornando insuportável."Por que eu deveria falar para você de quem eu ganhei flores?" A voz dela era firme, desafiadora. Ela me encarava com uma mistura de raiva e desprezo. "Saia de perto de mim, ou serei obrigada a ir até a polícia e fazer um boletim de ocor
**Maria Silva**Eu saí do hospital tão rápido, com medo que eles me seguissem. As flores, que ainda segurava nas mãos, já não tinham o mesmo impacto de antes. Eu tentava caminhar rápido, evitar chamar atenção, mas as vozes idiotas que vinham da rua eram inevitáveis. “Hoje tem!”, “Olha ela toda feliz, vai namorar hoje.” Eu só conseguia pensar no quão patético era ouvir aquelas bobagens quando, na verdade, minha vida estava desmoronando."Bando de idiotas", resmunguei baixinho, acelerando o passo.Dei a volta no quarteirão, olhando para trás, sempre vigilante. Desde que Bruno apareceu, eu sabia que precisava ser cuidadosa. Ele estava tão perto de Ben. Tinha que garantir que ninguém me seguisse, que nada nem ninguém prejudicasse o que eu estava tentando proteger. Meu filho. Meu pequeno Benício. Ele era tudo para mim. Tudo que me restava.As flores ficaram mais pesadas na minha mão conforme me aproximava da entrada lateral do hospital. A recepcionista tinha me dado aquelas coordenadas mai
**Maria Silva**Quando olhei para Bruno de Alcântara e Leão, sentado ali em uma das mesas, meu coração disparou. Em que momento ele chegou à boate, eu não tinha ideia. O maior medo que sentia era que me reconhecesse. Antes de levantar, fiz uma posep e joguei a cabeça para trás. Logo engatinhei no palco como uma gata faminta, olhando para o juiz que estava à minha frente.Levantei-me e rebolei. Os gritos dos homens ecoaram pelo ambiente. Quem era aquela Maria dançando naquele palco? Talvez eu soubesse quem era, mas naquele momento eu era apenas uma mãe desesperada que precisava de dinheiro. Bruno ficou atento a cada movimento meu, e eu me perguntei se juízes iam a boates como aquela. Bobagem minha, afinal, ele era homem e todos eles estavam ali.Escolhi uma cadeira para minha performance, arrastando-a para o centro do palco. As luzes se apagaram, e a escuridão envolveu o espaço. Então, uma luz azul neon começou a brilhar sobre mim. Era a minha vez de dançar. Havia muitos clientes ali,
**Maria Silva**O médico me levou até um jardim do hospital. Andamos em silêncio, eu o acompanhava sem dizer uma palavra sequer, o coração apertado, cada passo parecendo mais pesado que o outro. Aquele lugar era bonito, calmo demais para o turbilhão que se passava dentro de mim. Era difícil acreditar que estávamos dentro de um hospital. As árvores balançavam levemente com a brisa, as flores ao redor exalavam um perfume suave, mas nada disso conseguia acalmar meu peito, que estava prestes a explodir.“Sente-se, Maria. Quero conversar com você”, ele disse, apontando para um banco de cimento à sombra de uma árvore.Me sentei com um nó na garganta. O banco frio parecia refletir o que eu sentia por dentro. “É sobre a cirurgia de transplante, não é?”, perguntei, tentando manter a calma, mesmo que estivesse à beira de um colapso.“Sim, Maria, tenho algumas coisas importantes para te dizer.”“Diz logo, doutor, por favor”, implorei, sentindo o desespero subir. “Eu vou acabar enlouquecendo.”“I