**Maria Silva**Quando olhei para Bruno de Alcântara e Leão, sentado ali em uma das mesas, meu coração disparou. Em que momento ele chegou à boate, eu não tinha ideia. O maior medo que sentia era que me reconhecesse. Antes de levantar, fiz uma posep e joguei a cabeça para trás. Logo engatinhei no palco como uma gata faminta, olhando para o juiz que estava à minha frente.Levantei-me e rebolei. Os gritos dos homens ecoaram pelo ambiente. Quem era aquela Maria dançando naquele palco? Talvez eu soubesse quem era, mas naquele momento eu era apenas uma mãe desesperada que precisava de dinheiro. Bruno ficou atento a cada movimento meu, e eu me perguntei se juízes iam a boates como aquela. Bobagem minha, afinal, ele era homem e todos eles estavam ali.Escolhi uma cadeira para minha performance, arrastando-a para o centro do palco. As luzes se apagaram, e a escuridão envolveu o espaço. Então, uma luz azul neon começou a brilhar sobre mim. Era a minha vez de dançar. Havia muitos clientes ali,
**Maria Silva**O médico me levou até um jardim do hospital. Andamos em silêncio, eu o acompanhava sem dizer uma palavra sequer, o coração apertado, cada passo parecendo mais pesado que o outro. Aquele lugar era bonito, calmo demais para o turbilhão que se passava dentro de mim. Era difícil acreditar que estávamos dentro de um hospital. As árvores balançavam levemente com a brisa, as flores ao redor exalavam um perfume suave, mas nada disso conseguia acalmar meu peito, que estava prestes a explodir.“Sente-se, Maria. Quero conversar com você”, ele disse, apontando para um banco de cimento à sombra de uma árvore.Me sentei com um nó na garganta. O banco frio parecia refletir o que eu sentia por dentro. “É sobre a cirurgia de transplante, não é?”, perguntei, tentando manter a calma, mesmo que estivesse à beira de um colapso.“Sim, Maria, tenho algumas coisas importantes para te dizer.”“Diz logo, doutor, por favor”, implorei, sentindo o desespero subir. “Eu vou acabar enlouquecendo.”“I
**Maria Silva**Os sapatos italianos, a calça preta moldada em seu corpo, o terno bem cortado e o rosto fixo em meu filho. Bruno de Alcântara e Leão estava ali na minha frente, parado na porta do quarto e olhando, não para mim, mas sim para o meu filho.“Quem é essa criança?” Foi a primeira vez que vi Bruno abalado com algo.“O que você está fazendo aqui? Saia daqui ou vou chamar a segurança.”O pavor tomava conta de mim. Bruno olhava para meu filho com um olhar que me fez congelar. E, como se Benício soubesse que ele estava ali, meu filho acordou, olhando diretamente para o homem. Os mesmos olhos. Um observava o outro, e o silêncio no quarto se tornou sufocante. Bruno deu um passo para trás, e por um instante, pensei que ele fosse cair.“Esse menino…”, sua voz falhou por um momento. “Ele é… Ele é igual a mim.”E, de fato, era. Não havia como negar. Benício e Bruno eram cópias um do outro. A mesma cor de cabelo, os mesmos olhos, até a pele tinha o mesmo tom. Eles eram idênticos, como
**Bruno de Alcântara e Leão**Eu nunca imaginei que minha vida desmoronaria dessa maneira. Assistir Maria dançando naquele palco, rebolando para aqueles homens desprezíveis, me causou um enjoo profundo. O mundo em que eu, Bruno, sempre transitei – entre julgamentos, decisões legais e a busca pela verdade – parecia tão distante daquela boate. Mas lá estava eu, prestes a me envolver em algo que jamais poderia ser explicado.Claro que eu sabia que Matheus, meu irmão, sempre gostou de festas, mulheres ricas, e também de prostitutas. Ele nunca teve muita distinção, desde que sua vaidade fosse alimentada. Mas descobrir que Maria, aquela mulher que me despertava sentimentos que eu evitava explorar, fazia parte desse mundo... Isso me derrubou. Eu não conseguia aceitar. E o pior de tudo era o desejo que eu sentia por aquela vadia.O jantar na casa dos meus pais naquela noite foi a gota d'água. Valquíria, a viúva de Matheus, parecia cada vez mais insuportável.“Precisamos abrir o testamento do
** Maria Silva**Eu estava no quarto com meu filho e minha madrinha. Ben brincava com seus carrinhos, sua energia parecia inabalável, apesar de tudo o que estávamos passando. De repente, uma equipe de enfermagem entrou no quarto."Benício Silva?" perguntou a enfermeira, segurando uma prancheta."Sim, é o meu filho," respondi, me levantando. “Aconteceu alguma coisa?”"Ele será transferido de quarto, senhora," continuou a enfermeira, enquanto outros dois membros da equipe se aproximavam para começar a movimentar os equipamentos de Ben.Meu coração gelou por um instante. "Por quê? O que está acontecendo? Meu filho piorou?" Eu me aproximei, tentando entender."Não, senhora, não se preocupe. O seu filho só vai ser transferido de quarto, foram as ordens que recebemos."Suspirei aliviada, mas uma pontada de ansiedade ainda persistia. Será que Bruno tinha feito isso? Ele me disse que ia ajudar, só penso no que terei que fazer para pagar a ajuda dele. Seguimos até o elevador, e o ambiente ao n
**Maria Silva**Eu tentei abrir a porta com todas as forças, mas ela estava trancada, e o homem à minha frente não falava nada. O medo crescia em mim como uma onda prestes a me engolir. Pensei em bater nele, talvez isso funcionasse, mas será que adiantaria? Ele era maior, mais forte, e eu estava completamente vulnerável. Andamos por um bom tempo em silêncio absoluto. Meu coração disparava, e eu olhava em volta, tentando achar algo que pudesse me ajudar a me defender. Na minha bolsa, só havia coisas inúteis: meu celular, um batom velho, um absorvente e uma calcinha. Nenhuma daquelas coisas me ajudaria a sair dessa situação. Talvez meu tênis, se eu o tirasse e tentasse usar como arma. Mas será que teria tempo?O pavor crescia conforme o carro seguia pelas estradas desertas. Já estávamos fora da cidade, nos embrenhando pelo mato. O silêncio do motorista só aumentava meu desespero. Ele ia me matar, eu sabia disso. Me levaria para algum lugar isolado, acabaria comigo e jogaria meu corpo n
**Maria Silva**Eu me levantei da poltrona com o coração acelerado, meus pés mal tocando o chão. Andei de um lado para o outro, como se o movimento pudesse organizar o turbilhão de pensamentos que passava pela minha cabeça. Nem sei quantas vezes passei as mãos no cabelo. A proposta de Bruno ecoava na minha mente. Aquilo era absurdo, ultrajante. Eu não era uma prostituta, nunca fui. Ele já tinha sugerido algo assim antes, e eu tinha recusado. Como ele podia fazer esse tipo de proposta para a mãe do sobrinho dele?Eu não sabia o que fazer. Meu corpo parecia fora de controle, movendo-se por conta própria enquanto eu tentava encontrar uma solução, uma saída para aquela situação desesperadora. Olhei para ele, sentado naquela poltrona como se fosse um rei, com aquela expressão de superioridade, como se tivesse total controle sobre tudo e todos. Ele era o tipo de homem que estava acostumado a ter tudo o que queria. Mas o que ele não sabia era que eu não me dobrava fácil. Eu ia lutar.Meu olh
Maria Silva**O carro de Bruno sumiu na escuridão, e uma sensação de desespero tomou conta de mim. Eu era, de fato, uma prisioneira dentro daquela casa. Embora o sentimento de alívio por saber que meu filho, Benício, iria finalmente realizar o tão aguardado transplante me desse uma pequena chama de esperança, a tristeza era esmagadora. Estava nas mãos de um homem frio e cruel, que parecia estar decidido a fazer da minha vida um verdadeiro inferno. A casa, luxuosa e imponente, era cercada por seguranças. Eles estavam por todos os lados, vigiando cada movimento. A liberdade era uma ilusão distante, e a cada segundo que passava, eu me sentia mais e mais sufocada. Saí para a varanda, buscando ar, uma tentativa desesperada de fugir do caos na minha mente. Lá fora, a escuridão parecia ainda mais densa. Ao longe, conseguia ver o contorno de algumas árvores e um lago que brilhava suavemente sob o luar.Desci os degraus e caminhei até o gramado. A grama estava úmida sob os meus pés descalços,