**Maria Silva**Eu estava ofegante enquanto percorria os corredores do hospital. Meus pés batiam ritmadamente no chão frio, mas o som parecia abafado, distante. Eu só conseguia pensar em uma coisa: Benício. Aquele garoto lindo, meu filho, estava prestes a ser tirado de mim. Eles tinham poder, influência e, acima de tudo, o sangue de Matheus corria nas veias dele. Como eu poderia competir com isso?Encontrei refúgio na pequena capela do hospital. O lugar estava silencioso, com bancos de madeira alinhados e luzes suaves refletindo nas imagens religiosas. Me sentei no primeiro banco, tentando esconder minha angústia, mas sentindo a urgência de conversar com Deus. Fechei os olhos, respirei fundo e soltei as palavras que estavam me sufocando."Meu Deus, o que eu fiz de tão errado?" sussurrei, com a voz embargada pelas lágrimas que eu mal conseguia conter. "Eu sei que me envolvi com Matheus, que talvez foi um erro desde o início, que fui tola em acreditar em tudo que ele dizia, acredito que
**Maria Silva**Leila olhou para mim como se procurasse uma resposta, mas não soubesse o que dizer. Eu não sabia o que esperar, mas aquela incerteza só aumentava meu nervosismo."Você é a mãe do Benício," ela disse suavemente, como se aquilo fosse uma constatação óbvia, mas para mim, soava quase como uma pergunta, como se quisesse confirmar a realidade da situação."Tenho medo," admiti, as palavras saindo hesitantes. "Vocês são ricos, influentes. E eu... sou apenas uma mulher pobre que luta todos os dias para cuidar do meu filho."Ela me observou com uma expressão que misturava compreensão e algo que não consegui decifrar. Sabia que ela tinha razão em estar surpresa. Minha vida era completamente diferente da deles, afinal eu trabalhava em uma boate. Eles podiam jogar isso contra mim. E eu temia perder meu filho para essa nova realidade."Eu vou conversar com meu marido," ela continuou, decidida. "Ele precisa saber que temos um neto e também de toda a situação do transplante."Eu me en
**Maria Silva** Quando Valquíria entrou naquela sala com a postura ereta, o ar pareceu mudar. Ela olhou para mim como se eu fosse um pedaço de sujeira trazido da rua. E a cada palavra que ela dizia, eu me sentia afundar mais naquele lugar que não era o meu. "Ninguém vai me dizer quem é essa mulher? Estão fazendo caridade e trazendo os desabrigados para casa?" Eu me encolhi internamente, mas mantive minha postura, tentando não demonstrar fraqueza diante de tantas pessoas que claramente me viam como uma intrusa. "Valquíria, isso não é jeito de falar com as minhas visitas," disse Leila, tentando manter a calma, mas visivelmente incomodada. "Sogra querida, eu não falei mentiras." Sogra? A palavra ecoou na minha cabeça. Quem era essa mulher? O jeito que ela falava, como se tivesse o direito de julgar tudo e todos, era insuportável. Ela lançou um olhar rápido para Benício e então se voltou para Bruno. Foi aí que o ambiente congelou. "Ele é seu filho? Você é estéril, como pode
**Maria Silva**Eu estava encurralada. Sentada naquela bancada com Bruno em minha frente, naquele pequeno quartinho, sentia meu coração bater forte contra o peito, não só pelo que acabara de acontecer, mas também pela confusão que invadia minha mente. Eu precisava de ar. "Me deixe sair daqui," implorei, tentando recuperar algum controle sobre a situação. “Quero ir embora, aqui não é meu lugar.”Bruno se aproximou devagar, os olhos brilhando de um desejo que me fazia estremecer. "É isso mesmo que você quer, Maria? Sair daqui e ir embora?" Ele murmurou, sua mão escorregando por entre minhas pernas, tocando minha pele com tanta familiaridade que me deixou sem fôlego. Eu queria empurrá-lo, gritar, afastá-lo de mim. Mas meu corpo, traiçoeiro, respondia ao toque dele como se estivesse hipnotizado."Tire suas mãos de mim, Bruno," murmurei, tentando soar firme, mas minha voz tremeu.Ele sorriu com o canto da boca. "Você está molhada para mim.""Isso são apenas reações involuntárias," menti, d
**Maria Silva** “Vamos ficar, mamãe,” os olhos piedosos de Benício me fez pensar se o tiraria dali ou não. Eu nunca pensei que estaria aqui, na casa da família de Matheus, lidando com pessoas que não eram minhas, mas que, ao que tudo indicava, eram agora a família do meu filho. Aquele ambiente me sufocava, mas Benício estava tão feliz, tão à vontade no colo de Leila, que minhas palavras saíram como um sussurro forçado. “Tudo bem, filho... vamos ficar, mas não se acostume.” “Obrigado, mamãe.” Benício sorriu, radiante. Antes que eu pudesse completar meus pensamentos, Bruno, sentado do outro lado da sala, falou: “Eu também vou ficar, mãe.” Eu olhei para ele, surpresa, tentando ignorar a lembrança incômoda ou não do que acabara de acontecer entre nós no quartinho dos fundos da mansão. Leila sorriu, como se tudo estivesse perfeitamente bem, como se não soubesse da tensão que pairava no ar. “Depois de tanto tempo você vai dormir aqui em casa, filho. Estou tão feliz,” disse Leila, ra
**Maria Silva**Quando dei por mim, já estava na casa dos Alcântara e Leão havia dois dias. O tempo parecia correr de uma forma estranha ali, como se cada momento fosse um convite para que eu ficasse e no outro que fosse enxotada de lá. Sentada na beira da piscina, observava Bruno e Benício brincando, as risadas ecoando enquanto espirravam água para todos os lados. Leila, radiante, também interagia com eles, como se fosse uma adolescente. Ao fundo, senhor Antônio nos observava com um olhar calculista, mas menos severo do que no dia anterior. Sentir aquilo era estranho, talvez estivesse tramando algo. Mas o sorriso dos três me fez feliz, como se, pela primeira vez em minha vida, eu realmente pertencesse a um lugar. A uma família.Foi essa sensação que me envolveu, sutil e avassaladora. Era difícil acreditar que eu estava ali, observando Bruno carregar Benício nos ombros, o pequeno sorrindo como nunca. E eu, como se fosse uma peça daquela família… mesmo que por um breve instante.“Mamãe
**Maria Silva** As mãos dela apertaram meu braço com uma força inesperada. Débora me encarava com aqueles olhos ferozes, como se tentasse me expulsar de sua vida pela força do olhar. Era um confronto direto, uma batalha silenciosa entre o que eu representava e o que ela queria para si mesma. Eu sabia que ela era a noiva de Bruno, mas não seria ela a me fazer desistir de lutar pela vida do meu filho. "Você não vai me dar ordens," minha voz saiu mais firme do que eu esperava, sem um traço de hesitação. Débora sorriu, mas era um sorriso gelado. "Não? Posso não te dar ordens, mas posso fazer da sua vida um inferno." "Eu já vivi no inferno, Débora. Não me assusto fácil." E então, antes que ela pudesse responder, me afastei. Ela não era meu problema – Bruno era. E eu sabia que ele estava por perto, sempre vigiando. Peguei Benício no colo e segui para dentro da casa. O pequeno ainda queria brincar, mas eu não tinha forças para sorrir. Ele se mexeu, inquieto, e me deu aquele olhar pidão
**Maria Silva** Bruno estava tão perto de mim, tão próximo que meu coração se acelerava com a simples percepção de sua presença. Cada movimento dele fazia meus sentidos gritarem, e, apesar de saber que deveria resistir, era como se nossos corpos fossem ímãs irresistivelmente atraídos um pelo outro. Nossas respirações se misturavam, e eu tentava manter o controle, mas a intensidade do olhar dele me desarmava. Ele segurou minha nuca com firmeza, forçando-me a encará-lo, e foi impossível não me perder naqueles olhos verdes, carregados de desejo e mistério. Sem uma palavra, ele inclinou-se lentamente, os lábios dele se encontraram com os meus em um beijo quente, intenso e profundo. Aquele beijo carregava promessas e pecados, e eu podia sentir a tensão em cada toque, cada segundo que nossas bocas se exploravam. Bruno tinha um jeito de me beijar que me deixava sem ar, perdida em uma dança que não pedia licença. O mundo ao nosso redor deixou de existir, e eu sabia que havia cruzado uma li