**Maria Silva**Não pude deixar de sentir uma onda de angústia tomar conta de mim quando Bruno segurou meu rosto e seus lábios tocaram os meus. Era um beijo cheio de desejo, mas também de algo que eu não conseguia decifrar. Talvez fosse o peso do que estávamos vivendo, ou o medo do que poderia acontecer. Minhas mãos tremiam, mas não era de frio ou de insegurança. Era a mistura de sentimentos conflitantes que me corroíam por dentro. Eu queria estar ali, mas, ao mesmo tempo, sentia que tudo aquilo era errado.O frescor da brisa noturna tocou minha pele nua como um lembrete da liberdade que eu tanto desejava, mas que parecia distante. Seus braços me envolveram, e, de alguma forma, toda a tensão foi substituída por uma vontade irracional de me perder nele. Eu deveria dizer não, mas naquele momento, tudo o que importava era me entregar aquele homem.“Fique comigo, Maria.” Sua voz era um sussurro contra o vento, uma súplica que me desarmava. Eu tentei dizer algo, qualquer coisa que justific
**Maria Silva**“Não eu não ia dizer nada, Maria,” ele foi um tanto seco.Eu não queria pressioná-lo a dizer algo que ambos pudéssemos nos arrepender. A noite estava esfriando, e tudo o que eu precisava naquele momento era me afastar, recolher-me para tentar entender o que estava acontecendo. Bruno insistiu, mas eu não tinha mais forças para prolongar aquela conversa. O nó que se formava em minha garganta parecia me sufocar. Não podia me apaixonar por ele e nem ter esperanças."Vamos entrar", falei, tentando manter a calma. “Estou com frio.”Ele me olhou profundamente, como se buscasse entender algo em mim, mas simplesmente me seguiu até a casa. Assim que a porta se fechou atrás de nós, a pressão dentro do meu peito aumentou.“Eu vou subir.”“Eu vou conversar com os seguranças e logo vou subir.”Assim que cheguei ao quarto, tranquei a porta. Fui direto para o banho, sentindo as lágrimas ameaçarem cair, mas me contive. Não podia chorar. Não na frente dele. Entrei debaixo do chuveiro, a
**Maria Silva**Eu me sentia atordoada, incapaz de processar tudo o que acontecia ao meu redor. Quando Dr. Leila entrou no quarto, eu vi Bruno se transformar. O homem confiante e seguro de si agora estava visivelmente vulnerável, e isso me deixou ainda mais confusa.“Bruno?” A voz da doutora soou cheia de surpresa. “O que está fazendo aqui no hospital?”Ele olhou para ela como se não soubesse o que dizer, como se toda a sua eloquência tivesse sido tirada num instante.“Eu…” Ele hesitou, pela primeira vez, sem uma resposta pronta.“Vocês se conhecem?” Minha voz saiu mais fraca do que eu esperava, o coração acelerado. Eu estava perdida, e cada palavra eu parecia cavar um buraco mais fundo.Ela olhou para mim, depois para Bruno, e respondeu sem tirar os olhos dele. “Claro que o conheço. Conheço desde o dia em que ele nasceu.” Eu senti o mundo girar. O quarto parecia pequeno demais para a tensão que crescia no ar. “Mamãe?” Ouvi a palavra sair da boca de Bruno, e meus pensamentos ficara
**Maria Silva**Eu estava ofegante enquanto percorria os corredores do hospital. Meus pés batiam ritmadamente no chão frio, mas o som parecia abafado, distante. Eu só conseguia pensar em uma coisa: Benício. Aquele garoto lindo, meu filho, estava prestes a ser tirado de mim. Eles tinham poder, influência e, acima de tudo, o sangue de Matheus corria nas veias dele. Como eu poderia competir com isso?Encontrei refúgio na pequena capela do hospital. O lugar estava silencioso, com bancos de madeira alinhados e luzes suaves refletindo nas imagens religiosas. Me sentei no primeiro banco, tentando esconder minha angústia, mas sentindo a urgência de conversar com Deus. Fechei os olhos, respirei fundo e soltei as palavras que estavam me sufocando."Meu Deus, o que eu fiz de tão errado?" sussurrei, com a voz embargada pelas lágrimas que eu mal conseguia conter. "Eu sei que me envolvi com Matheus, que talvez foi um erro desde o início, que fui tola em acreditar em tudo que ele dizia, acredito que
**Maria Silva**Leila olhou para mim como se procurasse uma resposta, mas não soubesse o que dizer. Eu não sabia o que esperar, mas aquela incerteza só aumentava meu nervosismo."Você é a mãe do Benício," ela disse suavemente, como se aquilo fosse uma constatação óbvia, mas para mim, soava quase como uma pergunta, como se quisesse confirmar a realidade da situação."Tenho medo," admiti, as palavras saindo hesitantes. "Vocês são ricos, influentes. E eu... sou apenas uma mulher pobre que luta todos os dias para cuidar do meu filho."Ela me observou com uma expressão que misturava compreensão e algo que não consegui decifrar. Sabia que ela tinha razão em estar surpresa. Minha vida era completamente diferente da deles, afinal eu trabalhava em uma boate. Eles podiam jogar isso contra mim. E eu temia perder meu filho para essa nova realidade."Eu vou conversar com meu marido," ela continuou, decidida. "Ele precisa saber que temos um neto e também de toda a situação do transplante."Eu me en
**Maria Silva** Quando Valquíria entrou naquela sala com a postura ereta, o ar pareceu mudar. Ela olhou para mim como se eu fosse um pedaço de sujeira trazido da rua. E a cada palavra que ela dizia, eu me sentia afundar mais naquele lugar que não era o meu. "Ninguém vai me dizer quem é essa mulher? Estão fazendo caridade e trazendo os desabrigados para casa?" Eu me encolhi internamente, mas mantive minha postura, tentando não demonstrar fraqueza diante de tantas pessoas que claramente me viam como uma intrusa. "Valquíria, isso não é jeito de falar com as minhas visitas," disse Leila, tentando manter a calma, mas visivelmente incomodada. "Sogra querida, eu não falei mentiras." Sogra? A palavra ecoou na minha cabeça. Quem era essa mulher? O jeito que ela falava, como se tivesse o direito de julgar tudo e todos, era insuportável. Ela lançou um olhar rápido para Benício e então se voltou para Bruno. Foi aí que o ambiente congelou. "Ele é seu filho? Você é estéril, como pode
**Maria Silva**Eu estava encurralada. Sentada naquela bancada com Bruno em minha frente, naquele pequeno quartinho, sentia meu coração bater forte contra o peito, não só pelo que acabara de acontecer, mas também pela confusão que invadia minha mente. Eu precisava de ar. "Me deixe sair daqui," implorei, tentando recuperar algum controle sobre a situação. “Quero ir embora, aqui não é meu lugar.”Bruno se aproximou devagar, os olhos brilhando de um desejo que me fazia estremecer. "É isso mesmo que você quer, Maria? Sair daqui e ir embora?" Ele murmurou, sua mão escorregando por entre minhas pernas, tocando minha pele com tanta familiaridade que me deixou sem fôlego. Eu queria empurrá-lo, gritar, afastá-lo de mim. Mas meu corpo, traiçoeiro, respondia ao toque dele como se estivesse hipnotizado."Tire suas mãos de mim, Bruno," murmurei, tentando soar firme, mas minha voz tremeu.Ele sorriu com o canto da boca. "Você está molhada para mim.""Isso são apenas reações involuntárias," menti, d
**Maria Silva** “Vamos ficar, mamãe,” os olhos piedosos de Benício me fez pensar se o tiraria dali ou não. Eu nunca pensei que estaria aqui, na casa da família de Matheus, lidando com pessoas que não eram minhas, mas que, ao que tudo indicava, eram agora a família do meu filho. Aquele ambiente me sufocava, mas Benício estava tão feliz, tão à vontade no colo de Leila, que minhas palavras saíram como um sussurro forçado. “Tudo bem, filho... vamos ficar, mas não se acostume.” “Obrigado, mamãe.” Benício sorriu, radiante. Antes que eu pudesse completar meus pensamentos, Bruno, sentado do outro lado da sala, falou: “Eu também vou ficar, mãe.” Eu olhei para ele, surpresa, tentando ignorar a lembrança incômoda ou não do que acabara de acontecer entre nós no quartinho dos fundos da mansão. Leila sorriu, como se tudo estivesse perfeitamente bem, como se não soubesse da tensão que pairava no ar. “Depois de tanto tempo você vai dormir aqui em casa, filho. Estou tão feliz,” disse Leila, ra