Em uma pequena cidade do estado de São Merlim, chamada Riópolis, as belezas naturais, como as montanhas, as praias e o mar azul não foram suficientes para fazer com que a maresia escondesse a quantidade de moradores que vivem amedrontados pelo gigantesco poder das facções criminosas que lá vivem. E, como um nevoeiro que avança e cresce a cada anoitecer ainda mais poderoso, a gangue aumenta o seu poder ameaçando e matando a todos que atravessarem seu caminho.
Sendo surpreendido após receber uma ligação, o policial Davi que trabalhava no departamento de polícia da cidade, o qual é chefiado pelo delegado Marcondes, se sentiu tenso quando as suas mãos tocaram o telefone e o tiraram do gancho, atendendo-o.
Enquanto isso, a cidade continuava encarando a sua rotina. Todos saindo de suas casas para trabalhar ao som de tiroteios que soavam mais altos do que o som do canto dos pássaros de espécies locais.
Mas quando finalmente o policial ouviu a voz do outro lado da linha telefônica, ele sentiu a energia proveniente da adrenalina percorrer o seu corpo e disparar o seu coração, pois a ligação era anônima e se tratava de uma denúncia, que informava a respeito de uma nova possível atividade da mais perigosa facção criminosa que domina a cidade de Riópolis.
Sentindo-se tomado pela ansiedade e pela vontade de mostrar a sua competência para o seu chefe em busca de reconhecimento, o policial Davi, o qual é alto, magro, tem a pele clara, além de cabelos curtos e pretos, é um cabo da polícia e foi procurar o delegado Marcondes em sua sala.
– Senhor delegado, recebemos uma denúncia anônima dizendo que uma gangue está prestes a se fortalecer com o recebimento de uma carga. – Disse um policial de pele clara, de cabelos pretos e curtos, que acabou de entrar depressa na sala do delegado dando tal notícia.
– Você tem ideia dos produtos que virão nessa carga? E de quando essa carga está para chegar? – Perguntou o delegado.
– A informante que fez a denúncia disse que não possui esse conhecimento. Disse que só viu esse bilhete escrito sobre um corpo decapitado próximo à rodovia. Mas se vier a descobrir, prometeu entrar em contato novamente. – Respondeu o policial que é um dos mais atentos que trabalha nessa delegacia.
– Temos que tentar descobrir algumas informações a respeito dessa carga. – Disse o delegado passando a mão direita embaixo de seu queixo, preocupado e tentando imaginar quais informações a mais eles deveriam conseguir a fim de impedir que essa carga chegue até as mãos da gangue.
– Quais informações seriam mais pertinentes, senhor delegado? – Perguntou o policial, tendo o mesmo objetivo que o delegado.
Pensando em todos os anos em que atuou brilhantemente em sua profissão, dando soluções para crimes que pareciam não ter suspeitos, ele ficou em silêncio por alguns segundos e depois sugeriu algumas informações que deveriam ser coletadas a fim de dar mais garantia de sucesso ao trabalho da polícia local:
– Vamos precisar saber de onde essa carga está vindo. Precisamos saber também quem irá descer a comunidade para recebê-la e onde ela será recebida.
Sentindo-se em dúvida a respeito de como essas informações chegariam até o conhecimento deles, o cabo Davi percebeu que a profissão que ele havia escolhido para viver tinha a sua parte difícil, a qual estava se aproximando cada vez mais. E deixando escapar o seu receio, disse:
– São informações difíceis de conseguir, senhor.
– Temos que pensar em um plano para conseguirmos essas informações. Se soubermos de tudo isso, o nosso serviço será muito mais fácil. – Disse o delegado.
Tentando deixar o medo de lado, e focando em todas as dificuldades que ele havia enfrentado na época de seu curso e do quanto aquela cidade pacata e violenta precisava de seus esforços, o cabo Davi sentiu o seu coração disparar com a onda de adrenalina que era despejada em sua corrente sanguínea enquanto ele pensava que deveria estar mais presente e mais próximo dessa investigação. Cabo Davi ficou pensativo, tentando ter alguma ideia para que pudesse ajudar o seu chefe, pois se ele conseguisse mostrar pró-atividade, ele teria um bom aumento e um valioso reconhecimento em sua profissão.
– Tive uma ideia, delegado. O que o senhor acha de termos um policial infiltrado na gangue?
– Um policial infiltrado? – Repetiu o delegado se sentindo surpreso com a ideia de seu policial novato.
– Sim. Podemos fingir fazer parte da gangue. Não sei se o chefe conhece a todos que trabalham na comunidade.
– “O chefe” não é um homem, e sim, uma mulher. Ela lidera toda a gangue daquela comunidade.
Tomado pela surpresa de ter uma mulher a frente de uma comunidade que crescia, cada vez mais, tanto em poder quanto em visibilidade, o cabo Davi se sentiu consternado e imaginando que essa mulher deveria ser muito cruel. Então ele questionou:
– A cidade tem outras comunidades além dessa?
– Sim. Mas só tem uma facção criminosa, a qual é a mais implacável de toda a região. E é justamente essa facção que está para receber essas cargas.
O delegado e o cabo Davi ficaram calados por alguns minutos, e por isso toda a sala ficou com uma energia pesada devido ao imenso silêncio que estava naquele lugar. O silêncio era tão amedrontador e tão denso que quase podia ser tocado, fazendo com que os pêlos dos braços do cabo Davi ficassem arrepiados devido às ondas de calafrios que ele estava sentindo. E de repente o delegado Marcondes quebrou o silêncio, dizendo:
– Eu gostei muito dessa sua ideia, mas admito que ela seja um tanto arriscada, pois se descobrirem a farsa, o policial pode até ser morto por esses bandidos.
– Sim, eu tenho uma ideia do risco que correremos.
– Você tem ideia de quem poderia aceitar essa oferta?
Essa pergunta fez o coração do cabo Davi disparar como ele nunca tinha sentido antes. Suas mãos suavam e quando ele tentou responder, a sua voz falhava e saía rouca, como se ele estivesse com uma grave infecção de garganta. E novamente ele tentou responder, mas não conseguiu. Por fim, na terceira vez, ela respirou fundo, e com uma voz grave e firme, tomada pela coragem, ele disse:
– Eu posso ir, senhor.
O delegado ao ouvir essa resposta, ficou com os olhos arregalados de susto e de surpresa, pois jamais imaginou que um policial novato e que tinha acabado de se formar em um curso para cabo aceitaria um desafio tão perigoso.
– Tem certeza de que você arriscaria a sua vida pela cidade de Riópolis?
– Arriscaria. Confesso que tenho medo, que terei de ser muito corajoso, mas eu confio no serviço de inteligência da polícia e vamos conseguir atingir a nossa meta. Vamos conseguir cumprir a nossa missão sem sofrermos consequências graves.
– Você é muito otimista. Vamos fazer uma reunião com todo o setor e vamos discutir a sua ideia. Vamos colher a opinião dos demais e ver se poderemos tocar esse projeto para frente ou se conseguiremos pensar em algo melhor.
Cabo Davi tinha sede de reconhecimento. Não queria ser apenas mais um policial na cidade de Riópolis, por isso, quando ele percebeu que o delegado Marcondes pareceu aceitar a sua ideia, ele se sentindo ainda mais encorajado pela sua força de vontade de se tornar um ícone referente ao setor de segurança daquela cidade, e disse:
– Sim, senhor. Estou à disposição da corporação e da cidade de Riópolis para o que precisar. – Disse o policial Davi, saindo da sala do delegado Marcondes.
Alguns minutos depois, Marcondes utilizou um recurso que permitisse que tudo o que ele falasse em sua sala, fosse transmitido em uma única vez a toda a delegacia. Ele dava preferência a esse recurso quando precisava convocar uma reunião, o que ele estava fazendo nesse momento.
– Aqui é o delegado Marcondes. Aviso a todos que estão de plantão na delegacia hoje para que façamos uma reunião agora a fim de discutirmos como poderá ser feita a interceptação da carga que uma das gangues mais poderosas de Riópolis está para receber.
No instante em que as palavras proferidas pelo delegado alcançaram os ouvidos de cada um dos funcionários da delegacia, eles se sentiram amedrontados, pois quando ele utilizava o alto falante, significava que algo sério estava acontecendo ou estava prestes a acontecer, o que deixou todos com o coração disparado e com a expressão facial mostrando um pouco de receio misturado com surpresa.
Quando todos os funcionários já estavam cientes, eles caminharam em direção à sala de reunião. Cada um se sentou em uma das cadeiras de grande porte e de cor preta, que proporcionavam muito conforto e que contornavam toda a mesa comprida com as extremidades arredondadas. Enquanto a atmosfera de preocupação e de nervosismo inundava aquela sala, eles aguardavam a chegada do delegado Marcondes, o qual abriu a porta e saudou a todos os presentes cerca de cinco minutos depois.
Posicionando-se de pé em uma das extremidades daquela imensa mesa, todos olhavam atentamente para ouvir cada detalhe do que o delegado estava dizendo:
– Boa tarde a todos! Eu convoquei essa reunião para que nós possamos conversar a respeito de uma facção criminosa que está ganhando significativas proporções na cidade de Riópolis através de seu poderio bélico que vem se estendendo, pois hoje recebemos uma denúncia anônima de uma provável moradora de Riópolis, avisando que pela manhã, enquanto ela caminhava, encontrou um corpo decapitado e com muitos tiros de fuzil próximo à rodovia, e que ao lado tinha um bilhete que dizia que uma gangue está para receber uma carga. Entretanto, não temos maiores informações a respeito da chegada dessa carga, nem de quais produtos a compõem. – Disse o delegado, que fez uma pausa, levando a xícara de café até a boca e dando um gole.
Enquanto isso, todos os demais policiais, bem como outros profissionais que compõem a delegacia, estavam ouvindo atentamente o que Marcondes dizia. E enquanto o delegado falava, percebia que a face de alguns apresentava sangue nos olhos, com uma vontade imensa de iniciar uma caçada para prender quem matou o homem, além de decapitá-lo, e deixá-lo próximo à rodovia e quem está sendo o responsável por essa carga.
– Nós, como policiais, temos que tentar impedir que a facção receba essa carga. – Disse um dos policiais que estava ouvindo o delegado.
– Exatamente por isso que eu convoquei essa reunião. O cabo Davi teve uma ideia, a qual é brilhante, mas ao mesmo tempo em que tem a chance de dar muito certo, também pode terminar em uma grande tragédia.
– Que ideia? – Perguntou um dos policiais que estava na reunião.
– Ele propôs que seria interessante que um dos policiais dessa delegacia passasse a participar dessa gangue como um policial infiltrado.
– Nossa! – Disse um dos policiais que já estava se sentindo amedrontado com essa missão que teria mais chances de acabar mal do que de dar certo.
– E qual a intenção dessa infiltração? Apenas pegar essa carga? – Perguntou outro policial que estava sentado atento a cada palavra que o delegado dizia.
O cabo Davi, que era novato na delegacia, se sentia ainda muito tímido para falar em público, mas como foi ele o responsável por aquela ideia, ele respirou fundo para se encorajar e responder aos questionamentos, quando o delegado permitisse.
– A intenção seria ter maiores conhecimentos a respeito dessa facção, e da forma que ela trabalha. Enfim, ser alguém de confiança do chefe deles, ou da chefa, como disse o delegado. – Disse o cabo Davi, o qual teve a ideia.
Para complementar a fala do cabo Davi e dar mais credibilidade ao plano, de modo que os policiais concordassem, o delegado disse:
– É uma excelente ideia, mas eu quero saber: qual a opinião de vocês com relação a isso? Vocês têm algo para acrescentar? Pois juntos somos mais fortes.
Nesse instante, um silêncio tomou conta daquela sala, pois nenhum dos policiais queria estar próximo àquela gangue daquela forma. Queriam apenas fazer o que a lei mandasse a respeito de prendê-los e apreender os produtos que chegassem até a facção de forma que fosse proveniente do tráfico.
– É um plano que, se desse certo, teria um grande potencial, mas eu sou sincero, eu não teria coragem de ser um policial infiltrado naquela comunidade. – Disse um dos policiais. E que por ele ter tido a coragem de expor a sua opinião, começou uma pequena discussão entre os presentes que também não apoiariam a própria presença em tal missão, então eles ganharam coragem que também não gostariam de ir.
– Bom, já que a maioria apóia a ideia, mas não tem ninguém que se prontifique a se arriscar, o que eu não julgo, pois medo é um sentimento comum. E se eu estivesse no lugar de vocês, talvez eu agisse da mesma forma. – E fazendo de repente um silêncio em suas palavras, o delegado olhou ao seu redor até avistar o cabo Davi e disse: – Mas felizmente nós temos um colega que arriscaria a própria vida em prol de uma sociedade mais segura, que é o nosso cabo Davi. – Disse o delegado Marcondes olhando para o cabo e se orgulhando de poder contar com ele.
E com os presentes aplaudindo a coragem que enchia o cabo Davi de orgulho de si mesmo, seus olhos ficaram marejados de emoção e ele disse: – Eu agradeço por me permitir participar desse momento tão importante na cidade de Riópolis.
– Não é apenas um momento importante, mas sim histórico, pois em toda a trajetória da cidade nunca tivemos uma operação de tamanho risco, mas com tamanho potencial de dar certo. Conte conosco para o que precisar, pois você vai precisar de apoio. – Disse o delegado, se sentindo orgulhoso e admirado da tamanha coragem do novo cabo que tinha acabado de chegar na cidade.
– Tenho certeza de que posso contar com a equipe. – Concluiu o cabo Davi.
Cerca de dois dias depois, Marcondes teve a honra de receber em sua delegacia o secretário de segurança Ricardo que, sempre vestido elegantemente com um terno azul marinho, preocupava-se em prestar sempre o melhor serviço ao estado de São Merlim. Ricardo é um homem que tem por volta de quarenta e cinco anos. É alto, magro, de cabelos curtos e na cor castanho escuro, de pele clara e que está sempre de barba feita, pois é a forma o faz se sentir mais elegante.A reunião dos dois maiores nomes do setor de segurança local foi a atração daquele dia na delegacia para discutirem os detalhes de como seria feita essa operação que se referia a um policial infiltrado na comunidade mais perigosa do município de Riópolis.– Boa tarde, delegado Marcondes. O motivo da minha visita foi o seu contato, informando a respeito de uma carga que uma das facções
Alguns dias depois, todos os funcionários que compunham a delegacia já estavam cientes do plano que o cabo Davi estava para começar a executar no dia seguinte. O próprio cabo Davi estava um pouco nervoso, pois seria algo muito novo, mas que seria gratificante a ele, pois ele sempre se preocupou muito com a segurança dos moradores.Então de modo a começar da forma mais correta possível, o cabo Davi se preparou psicologicamente e tentou preparar o seu vocabulário para que ele pudesse ser facilmente passado por um deles e conquistasse a todos imediatamente, para que eles pudessem se identificar e deixar que o mesmo participasse de sua gangue e do seu convívio diário. Depois que o cabo Davi teve a palavra do delegado de que as operações policiais na área seriam suspensas enquanto ele estivesse na comunidade, ele ficou um pouco mais tranquilo, pois um dos principais motivos que origin
Enquanto isso na comunidade que se localiza na zona norte da cidade de Riópolis, a facção dominante é composta por uma gangue que tem um imenso poder bélico e financeiro, cujos componentes atacam toda a região.E nesse momento, essa facção está se preparando para mais uma noite de baile, mas dessa vez para comemorar que a carga encomendada em breve estará sendo enviada e que eles serão abastecidos com tudo o que eles precisam para continuar fornecendo aos clientes e se protegendo de possíveis ataques de outras facções ou de confrontos com a polícia local.A gangue, até o momento, é formada por quatro rapazes, os quais são conhecidos como Alvinho, Brinkim, Haroldo e Luciano.Alvinho é um homem de pele clara, de cabelos platinados e arrepiados no alto da cabeça, com o comprimento indo até os ombros. Além disso, e
Naquela noite, estando tudo pronto para o baile acontecer, Felipa perguntou a Alvinho:– Como estão os preparativos do baile de hoje à noite?– Está tudo em ordem. Se quiser dar uma conferida... – Respondeu o Alvinho, que tem sido o seu braço direito há algum tempo.– Eu vou lá dar uma olhada agora. – Disse ela saindo e caminhando em direção à quadra da comunidade, onde acontecem os bailes de todos os finais de semana.Quando Felipa chegou na quadra, ela viu que aquele grande espaço estava todo montado de uma forma bastante profissional, com diversas luzes coloridas, palco para receber os cantores, além de um grande espaço que seria destinado ao camarote, o qual geralmente é ocupado por ela e pelos rapazes da gangue, além de outras pessoas que eles quisessem convidar. Ali naquele espaço são servidos diversos dri
O dia passou e Felipa ficou sentada na laje observando as bebidas chegarem e abastecerem os freezers do local onde aconteceria mais tarde o baile pelo qual eles tanto esperavam.E depois que já estava tudo pronto, a noite caiu e todos se arrumaram. Felipa vestiu um cropped, o qual foi feito em um tecido brilhoso, como se fosse de plástico e na cor preta. Vestiu uma calça também preta e que também era brilhosa. No cabelo, ela colocou mega hair, o qual mesmo com um rabo de cavalo alcançava o quadril, deixando o comprimento muito maior do que o tamanho do seu cabelo natural.Quanto à maquiagem, ela apostou em um cílio que favoreceu muito o seu rosto, pois eles tinham muito volume, destacando o seu olhar, e deixando-a ainda mais linda do que o normal. Um batom vermelho com efeito matte e um iluminador complementaram a sua maquiagem. E nos pés ela calçou uma sandá
Depois que o baile acabou, os rapazes foram falar com Felipa:– E aí, Fê? Vamos para casa? – Perguntou Alvinho, que não estava gostando da proximidade que Felipa estava tendo com o seu novo conhecido Xande.– Vamos, sim. Preciso cair na cama e dormir muito. – Respondeu Felipa já bêbada de tantos copos de whisky que ela tinha bebido ao longo da noite. – Foi um prazer te conhecer, Xande. Fique à vontade para aparecer outro dia. Todo final de semana tem baile aqui na comunidade.– Obrigado pelo convite. Eu pretendo voltar, sim. – Respondeu Xande.– Que bom. Vou ficar te esperando. Até a próxima. – Disse Felipa se despedindo e descendo as poucas escadas do camarote.Naquele instante, Alvinho chegou perto de Xande e disse:– Eu “tô ligado” que você está arrastando asa para cima da Felipa, mas eu
Enquanto isso, na comunidade, algumas horas mais tarde daquele mesmo dia, Felipa tinha pensado em visitar o parque de diversões da cidade, o qual era o seu lugar favorito. Ela gostava muito de frequentá-lo. Sempre descia as ruas íngremes de sua comunidade em cima de sua moto potente a fim de ir até o deck em frente ao parque, onde ela se sentava e ficava observando o mar, pois o parque de diversões se localizava muito próximo à praia, garantindo uma excelente vista, principalmente no fim da tarde, no horário do pôr do sol.Então todos os dias por volta das cinco horas da tarde, ela dizia ao seu braço direito Alvinho:– Vai precisar de mim para alguma coisa? Os produtos estão todos contados para amanhã?– Está tudo sob controle. Pode ficar tranquila que nenhum cliente vai ficar sem a erva nem sem os entorpecentes que eles tanto gostam. – Res
Chegando até a casa, eles entraram e já procuraram uma televisão a fim de se informar sobre todas as notícias da cidade, principalmente sobre o que estava ocorrendo na comunidade em que eles residiam e onde eles tinham tantos conhecidos. Torcendo para que os outros rapazes não falassem nada sobre o seu esconderijo, eles ficaram assistindo atentamente a toda a cobertura da invasão da gangue inimiga, que já estava sendo transmitida pela imprensa local.Quando eles ficaram sabendo que estava havendo uma troca de tiros em sua comunidade, Felipa começou a ficar preocupada, pois, por mais que os rapazes fossem bandidos criminosos, assim como ela, eles eram os seus amigos e ela não queria que nada de mal acontecesse a eles.