Eu vinha adiando a minha própria decisão de procurar meus pais por muito tempo, os dias foram passando e se transformando em semanas, então acabei esquecendo por um tempo. O que foi até bom, porque o momento em que estamos vivendo é muito especial para caber qualquer tipo de decepção ou tristeza. — Então, vocês querem saber o sexo? — a médica que estava fazendo minha ultrassom perguntou. Joshua olhava para a tela totalmente sério, ele suspirou, me encarou e disse: — Vamos ter uma menina. — Ué, como você sabe? Você consegue entender a imagem? — perguntei curiosa e confusa. — Não, eu só... sinto. — ele passou a mão na nuca, em sinal de nervosismo. — E então? — a médica sorriu. — Queremos saber. — afirmei ansiosa. — É isso mesmo, papais, vocês vão ter uma menina. — ela afirmou. Olhei para Joshua sem saber o que dizer, eu sorri completamente animada em meio as lágrimas, sorri de felicidade e chorei de emoção, eu teria uma menina, nós teríamos uma menininha para acompanhar
Ainda não estou acreditando que vou ter uma menininha. Claro que estamos muito felizes, Olívia nem mesmo consegue se conter, mas eu estou... preocupado, essa seria a palavra correta, eu sempre imaginei como eu seria com uma garotinha e agora eu vou tirar a prova. — Papa — Kaili reclamou porque eu prendi seu carrinho na estrada e ele não conseguia passar. — Ok, ok, desculpa o papai. — sorri. Estávamos brincando, só nós três, enquanto minha esposa terminava de se vestir para um passeio que nós dois vamos fazer. Ela acha que vai ser rápido, mas vamos passar a noite inteira lá. — Uau, você é muito bom nisso, filho. — admirei. Keanu estava ao meu lado esquerdo, mas preferia brincar de construir uma torre, para sua idade, ele tem uma ótima coordenação, pois a torre estava em perfeito estado. — Parabéns, filho, bom trabalho. — passei a mão na cabeça dele. Enquanto eles brincavam concentrados, fiquei observando os dois, tão pequenos e tão inocentes ainda, gostaria de guardar essa inocê
— Eu acho que não entendi. — falei confusa. — Olívia, você é filha da sua mãe, mas o seu pai biológico é outro. — ele afirmou. — Você entende? Não. Isso não faz o menor sentido para mim. Eu me lembro da minha infância, lembro da parte boa, até o momento que eu fui levada, eu lembro que eles cuidavam de mim, tudo mudou depois que eu voltei, essa informação parece um pouco... errada. — Isso deve estar errado, eu sou filha deles sim... — Alexander enviou os exames e você não é filha dele. Querida, por enquanto nós só temos essa informação, mas Alex está investigando mais a fundo. — Meu Deus, Joshua... — uma lágrima começou a cair pelo canto do meu olho. É uma sensação estranha, não digo que seja alívio, mas isso explica tanto, na verdade é uma mistura de sentimentos, tristeza, engano, abandono, mas também me sinto clara, longe daquela escuridão sem saber dos motivos que me fizeram crescer em um lar de pessoas que pareciam mais me odiar. — Vou continuar atrás das respost
Há um silêncio tenso desde que Alexander passou pela porta e sentou na cadeira, no escritório do meu marido. Joshua pigarreou e quebrou o clima tenso. — Então, Alexander... — Bom, eu tenho algo em mãos, minha equipe cavou mais a fundo nessa história, mas primeiro eu devo perguntar, você quer saber da verdade? — ele me encarou. — Sim, quero. — respondi convicta. Mesmo que eu saia destruída, preciso saber sobre a minha vida, preciso entender quem eu sou e o que eu perdi em todo esse tempo. Alexander afirmou com a cabeça e jogou a pasta em cima da mesa, eu peguei com rapidez e abri, logo na primeira página havia uma ficha, uma foto de um senhor estava lá, eu franzi a testa e encarei Alex. — Eu não sei os motivos, mas bem, esse aí é o seu pai biológico. — afirmou. Desci o olhar novamente para a foto, tentei encontrar semelhança ou algo assim, mas meu coração batia tão rápido que eu não conseguia focar em um único pensamento coerente. — Ele... o que você sabe sobre ele?
— Você lembra. — a mulher afirmou. Havia uma certa nostalgia em seu olhar, como se ela estivesse feliz por eu ter me lembrado. — Desculpe vir assim, mas eu fiquei sabendo por um site de fofoca sobre você e... — Espera, o que está fazendo aqui? É... Amélia? — indaguei. — Sim, eu mesma. — riu parecendo alegre. — Eu preciso conversar com você sobre o seu pai. — afirmou um pouco cautelosa. — Ivan Hawkins? — Sim, você... você sabe sobre ele? — ela perguntou de olhos arregalados. — Descobri há pouco tempo. — respondi. — Você é algo dele? — Irmã. — ela prontamente respondeu. Apenas acenei, Joshua tocou em minhas costas e me fez sentar em uma cadeira de frente para ela, ele logo sentou ao meu lado e segurou em minha mão. — A última vez que eu falei com ele, ele mencionou seu nome, disse que se arrependia e que estava disposto a te procurar, para recuperar o tempo perdido, mas então ele sumiu e eu não estou conseguindo contato, eu queria saber se você por acaso não o viu.
Como eu havia planejado, não demorou muito, meus pais interfonaram logo depois do jantar, achei até que havia demorado demais. Joshua autorizou a subida deles e nós aguardamos a chegada dos dois. — Deixem os dois no quarto, por favor, não saiam até que eu peça. — avisei as babás que logo saíram com meus filhos. Joshua estava sentado comigo, sua mão apertou minha coxa e ele sorriu, tentando me deixar mais calma. Ele era assim, um marido atencioso e cuidadoso quando eu mais precisava dele, eu amava esse homem com toda a minha vida. Primeiro eu vi minha mãe... depois o homem que me criou. Pareciam tristes e irritados ao mesmo tempo, um semblante desesperado no rosto. — Joshua, não fomos autorizados a trabalhar e recebemos o aviso de demissão, o que está acontecendo? — meu pai perguntou primeiro. Joshua me encarou e me encorajou a falar. Encarei os dois e perguntei com a voz firme: — Vocês tem algo haver com o sumiço do meu pai? Os dois franziram a testa, como se estiv
— Você não seria bem cuidada se continuasse conosco, minha filha... — ela tentou explicar. — Não sou filha de vocês. — Olívia afirmou. Eu tinha um orgulho tremendo dessa mulher, ela permanecia calma, mesmo que eu sou esse que por dentro ela estaria completamente magoada e triste. E tudo o que ela me pedir eu farei. Se for da vontade dele, vou fazer seus pais viverem mendigando em cada esquina dessa cidade para o resto da vida. — Depois que eu voltei, foi por isso que vocês passaram a me tratar com negligência. Eu preferia ter vivido em um orfanato do que naquela m*****a casa com vocês e sua filhinha perfeita. — ela falou com desdém. — Vocês tem ou não haver com o sumiço do meu pai verdadeiro? — Olívia, eu sou o seu pai, posso ter errado no momento de raiva, mas.... — Vocês me mandaram para conviver com uma estranha, porque não tiveram a coragem de colocar em um orfanato. Mas até que agradeço por isso, Amélia me tratou bem enquanto eu estive com ela. — Não. — a mãe dela re
Quando eu acordei, estava com uma dor de cabeça enorme, meus olhos pareciam não querer abrir, o quarto estava vazio, mas dava para ouvir vozes acaloradas vindo da sala. Imaginei que pudessem ser meus pais novamente, mas reconheci a voz da minha cunhada no meio das outras. Levantei com dificuldade e fui até lá. Meus cunhados, Alexander e minha sogra estavam sentados, olhando para Joshua, que estava com os meninos no tapete. — Olá — falei baixinho. — Olívia, querida. — Morg veio até mim e me abraçou. — Você está bem? Balancei a cabeça em negação, mas dei um pequeno sorriso. — Não muito, mas vou ficar bem. E você? — toquei em sua barriga. — Eu estava indo para o hospital, o bebê vai nascer a qualquer momento, mas quando eu fiquei sabendo do que aconteceu aqui ontem... — O quê? Não, eu estou bem, por favor, Morgana, volte ao hospital, você está bem? — Calma, o parto foi agendado, eu estava indo apenas para garantir que tudo daria certo, ainda tenho hoje e amanhã, talvez el