Eu desci do cavalo para observar toda aquela terra que agora me pertencia. Paguei um preço alto por ela, mas olhando agora, valeu a pena. Arthur amarrou o seu cavalo numa árvore, próximo do meu e veio suspirando. — Eu gosto disso, Nora! Gosto desse ar, aqui eu sinto paz! Eu me virei e ele estava com o braço apoiado nos meus ombros. — Eu sinto que voltei a minha essência! Aqui é o meu lugar!— eu disse. Arthur acariciou o meu rosto, delicadamente e disse olhando nos meus olhos: — Acho que teríamos dado certo, não fosse o homem de pedra! Eu ri, achando graça. — Você também o vê assim? — Todo mundo! Aquela estátua faz jus aquele coração de pedra! Eu fiquei pensativa. Victor era quente e já não me lembrava mais uma pedra. — Está pensando nele?— Arthur me trouxe de volta. — Ah, eu… — Você o ama!— ele deduziu. Eu baixei a cabeça e em seguida a sacudi, batendo a poeira das calças. — Vamos indo, Arthur, ainda tenho que dar uma olhada na contabilidade! Eu passei por Arthur e el
Thomas era muito simpático e galante, mesmo vestido no seu costumeiro jeans surrado. Ele beijou a minha mão e também encostou no aparato de madeira que se apoiava naquele pedaço de cerca. Ficamos os três, contemplando a soja majestosa que se curvava com o vento, à nossa frente. — Está quase boa para colheita!— Thomas disse passando o dorso da mão para tirar o suor da testa. Ele descansou o chapéu na cerca e continuou a prosa: — Preciso conferir o maquinário para quando tiver que usar, está funcionando perfeitamente. Eu olhei para ele, pensando em como era eficiente, podia ser administrador da fazenda, pois tinha iniciativa de ajudar com outros setores importantes, mesmo que não fizesse parte do seu ofício. Eu suspirei pensando em Victor. Com certeza, ele o instruiu para que tocasse a fazenda usando as modernidades, pois o administrador antigo, parecia ter ideias ultrapassadas e estava cansado. Joaquim estava ali por amor à profissão, mas não rendia tanto como no passado. Em p
Quando a porta se abriu, o mundo mudou de cor, eu e ele ali, o meu corpo que parecia adormecido, se acendeu novamente. Victor segurou o meu rosto com as duas mãos, como se suspendesse o meu corpo por inteiro. Eu não sentia o chão debaixo dos meus pés. Ele me beijou com paixão e sua língua invadiu a minha boca, como se quisesse através daquele caminho, explorar o resto do meu corpo. — Nora…que saudade!— a voz dele saía num sopro. As mãos ágeis de Victor deslizaram suavemente pelos meus ombros e a alça do meu vestido arrastou para o chão o tecido delicado. Eu suspirei com os olhos fechados quando senti o ar tomar a minha pele nua. Victor se agachou para tirar a última peça que cobria a minha intimidade. Eu arqueei o meu corpo quando senti o toque da sua língua quente me invadir com a ajuda das suas mãos que afastavam as minhas pernas. Ali, de pé, gemendo, eu me senti vulnerável aquele homem tão irresistível! A minha panturrilha encostou na cama e eu fui me apoiando nela lenta
No dia seguinte, eu cheguei na fazenda pisando fundo. Arthur subiu as escadas atrás de mim. — O que aconteceu, Nora? Por que não me conta? — Já vai saber!— Eu disse olhando rapidamente para trás. O administrador estava no alto esperando preocupado. — Nossa, menina! Que bicho que te mordeu? Por que está nesse alvoroço todo! Eu passei direto para o escritório e os homens me seguiram. Eu sentei atrás da mesa os encarando, afogada. — Onde está o engenheiro agrônomo? Onde está o Thomas? Joaquim cruzou os braços e respondeu gesticulando suavemente com as mãos: — Ele passou aqui cedo para se despedir. Disse que o seu marido dispensou ele. Eu ia interromper para dizer que Victor não era meu marido, mas deixei ele falar, porque isso não fazia diferença alguma diante do assunto. — Mas ele não estava triste não! Até me pareceu alegre, só disse que lamentava não ter conhecido melhor a patroa! — Ousado!— Arthur exclamou. Eu fiz um g
Depois de uma semana, Victor voltou de viagem e a notícia da minha suposta gravidez, caiu como uma bomba. — O quê? Grávida! Ela está escondendo de mim que está grávida? Diana viu todos os objetos da escrivaninha espalhados pelo chão e segurou o peito, nervosa. — Calma, filho! Não pode falar com ela assim! Ela está magra e abatida! — O que quer que eu faça mãe? Quer que eu deixe ela ter esse filho longe de mim? Eu não devia ter ouvido os seus conselhos! Agora ela vai ter outro filho e se eu for mais trouxa, ela vai se casar com o salvador da pátria, para não ter que voltar comigo! — Do que está falando menino?— Diana se queixou impaciente. — Daquele ex noivo dela, mãe! Ele vive rondando a casa, eu vi! Diana ficou sem jeito, vendo que o filho não sabia de tudo. Victor ficou desconfiado. — O que foi? Tem mais alguma coisa para me contar? Diana fechou os olhos e soltou: — Ele está lhe apoiando e vai a fazenda todos os dias com ela! —
Eu pulei no pescoço do meu amigo sorrindo enquanto as lágrimas de felicidade escorriam. — Obrigada Arthur! Você é incrível! De repente eu me lembrei de um detalhe. — E a sua namorada? Ela me odeia! Arthur deu uma risada sonora e respondeu: — Ela também me odeia, Nora! Desde que você voltou não foi como antes! Além do mais, ela disse que não iria morar na fazenda comigo de jeito nenhum! Eu fiquei surpresa. — Qualquer moça desta cidade iria querer casar com um fazendeiro jovem e bonito como você! Arthur encheu o peito orgulhoso e brincou: — Verdade, até já estou recebendo algumas cantadas! Eu lhe dei alguns safanões no ombro, falando brincalhona: — É mesmo? Pois diga para essas oferecidas que você já tem dona, ouviu? Arthur me abraçou sorrindo. — Vamos casar logo então? Eu murchei e os meus braços deslizaram. — Casar logo? Por que a pressa? — Vamos ter um filho, não vamos? Eu ri sem jeito. — Esse
Naquela semana, minha mãe se casou no civil com Joaquim e não teve festa, a pedido dele. Ela fazia tudo para lhe agradar. Depois do almoço em família, voltamos para casa. Eu estava exausta, com os pés inchados. Arthur foi comigo e lá anunciou que nos casaríamos em breve. — Victor sabe disso?— minha mãe ficou incrédula. — Não é da conta dele, mulher!— Senhor Joaquim sempre me defendia, parecia meu pai. Arthur me deixou em casa e ainda fez massagem nos meus pés, antes de ir embora. Depois de um tempo, Júnior já dormia no seu quarto, Maria passava um café, quando Ana entrou correndo, dizendo que dois carros pretos pararam na frente da minha casa. Eu saí correndo, imaginei que fosse o Victor. Quem mais chegaria na cidade com escolta? — Alberto! Ele caminhou na minha direção com a sua elegância e tomou a minha mão para beijar. — Então é aqui que a princesa se esconde?— ele disse brincalhão. Ana mediu o visitante de cima a baixo. Maria
Naquele dia, Arthur me achou estranha. Eu estava quieta, distante. — Está assim porque o casamento está próximo, é perfeitamente normal, Nora!— ele disse preocupado. Eu suspirei entristecida o dia inteiro. Arthur perdeu a paciência. — Eu não me importava que desistisse de se casar comigo, se ele ao menos te amasse, Nora! Voltamos para casa mais cedo e tivemos uma despedida fria na porta da minha casa. Eu não queria magoá-lo, mas também não gostava de me sentir daquele jeito. Confusa, perdida. Uma tinha um vazio no peito que me consumia. Fiquei no meu quarto até ouvir o barulho de carros parando na minha porta e corri para a sacada. Ele desceu do carro. Eu vi o meu amor olhando para cima. Ele entregava o Júnior para Ana. Eu desci as escadas correndo, o coração acelerado gritando desesperado para se jogar naqueles braços e dizer que nada mais importava, que eu o amava e que eu só queria o seu amor, eu não podia mais viver sem o seu cheiro.