A rainha não deixou seus aposentos nem para o jantar. Embora estivéssemos nós quatro juntos, ninguém estava com apetite. A falta do rei ainda era sentida imensamente em cada ambiente do castelo.Fui para o quarto de Catriel enquanto ele resolvia algumas questões políticas, já que meus pertences foram colocados todos lá. Logo ele entrou, me encontrando deitada na cama, lendo.- Tomei conta do seu quarto sem sequer lhe pedir. – O olhei.- Mesmo com a cobertura da tenda, você está com a pele avermelhada. – Catriel observou.- Como se sente?- Sinceramente? Feliz pela parte de não ter escondido das pessoas que meu pai foi envenenado. E satisfeito por pelo menos tentar conversar com seu povo e alertá-los do quanto estão sendo ridículos.- Amanhã eu volto para casa! – Suspirei, receosa.- Está com medo?- Um pouco. Mas pelo menos me livrarei de uma vez disto tudo.- Par Perfeito! – ele leu a capa do livro.- Um bom romance. – Pisquei.- Acha que existe par perfeito?- Achava que não... Até
Engoli em seco e a abracei, tentando conter as lágrimas. Que porra estavam fazendo com aquela criança? Não era justo! Ela precisava sair daquele quarto, conhecer o mundo, conviver com outras crianças. E rever o pai, caso ainda estivesse vivo.- Você amava muito o seu pai? – Perguntei.- Siena amor do papai e da mamãe. – Sorriu, repetindo.- Siena amor de Cat, Lucca, vovó... E Aimê. – Tentei.- Siena amor de papai e mamãe! – Contestou, cruzando os braços e estreitando os olhos, contrariada.- Meu amor, eu prometo que vou tentar ajudá-la, nem que seja a última coisa que eu faça em País del Mar.- Você voltará, Aimê?- Eu... Espero muito que sim. E se puder ser em breve, melhor ainda! – sorri, mordendo o lábio em seguida, nervosamente – Mas espero que quando isso acontecer, você não esteja mais neste quarto... Que tenha sua liberdade.- Eu gosto do quarto rosa! – Mencionou.- Acontece que o mundo lá fora é colorido.- Eu não gosto dele! Não sem o papai e a mamãe.Que Deus me desse força
Balancei a cabeça, tentando não ficar tão furiosa com tudo que estava acontecendo. Fui até o quarto de Catriel e entrei. Ele estava sentado na cama, lendo o meu livro, completamente concentrado.- Eu sabia que você faria isso. – Mencionei, de forma séria.- O Sasha do seu sonho... É este? – Me encarou, aturdido.- Sim. Este é o Sasha com o qual eu sonhei aquele dia na praia. Ele nunca existiu realmente. Não passa de um personagem de um livro. – Sentei-me na cama, observando-o sem camisa.- E o homem que estava com Donatello... Que você beijou?- Nada mais que um Sasha aleatório... Pura coincidência.- Coincidência? – ele arqueou a sobrancelha – Você é fissurada num personagem de livro de nome Sasha e do nada aparece um homem com o mesmo nome na sua vida?- Aquele Sasha que Donatello me apresentou não significa absolutamente nada para mim.- Você o beijou!- Para causar ciúme em você, que transou com meio mundo antes de mim.- Mas ele era um desconhecido, porra!- Quero saber tudo sobr
- Aimê... Onde você vai? – Catriel perguntou, praticamente correndo atrás de mim enquanto eu andava pelo corredor.- Dormirei no quarto de Siena. Sinceramente, não conseguiria dormir com você sabendo de tudo isto.- Mas... Você vai embora amanhã... E talvez não nos veremos novamente... Ao menos não em pouco tempo.- Precisa desfazer esta mentira toda, Cat. Se ama Siena tanto quanto diz, não pode deixá-la viver trancada num quarto para sempre.- Não é para sempre...- É até quando? Vocês já decidiram quando será a liberdade dela? Ou sua mãe pensa em revelar ao povo que tem uma neta quando ela completar 18 anos? E se quando chegar nos 18 ela achar que a menina não deve sair do quarto, já que é filha de um homem que não é da realeza? Você tem noção de que isto tudo é errado?- Eu tenho! Mas se eu disser a verdade, Olavo levará a menina, porra! E ela é tudo que resta de Ariel.- Se eu fosse ele, depois de toda esta mentira, jamais os deixaria ver a menina novamente. E ainda contaria a tod
- Sim... Catriel me contou ontem. Aliás, depois que conversei com Siena e soube o quanto ela sente a falta do pai.- Siena... Não fala! – Lucca tentou me convencer novamente.- Ela fala comigo! – Insisti.- Por que ela faria isso? Somos a família dela! A amamos. Você a conheceu há pouco tempo atrás... Isso... Não é certo.- E eu não sei como lhe explicar o motivo pelo qual a menina fala comigo e não com vocês. Mas tenho certeza de que mais cedo ou mais tarde, verão que não estou mentindo.- Eu não disse que você estava mentindo!- Mas duvidou dela! – Odette observou.- Acha mesmo que eu e Catriel concordamos com tudo isto? – Ele me olhou seriamente.- Se não concordam, por que não fazem nada a respeito?- Porque nossa mãe nos mataria.- E por medo da rainha ninguém intervirá em favor da menina? – Odette questinou.- É muito mais complicado do que vocês imaginam! – Ele suspirou.- Quando você enfrentará a sua mãe, Lucca? – Odette o pressionou – Para mim já ficou bem claro que ela que t
Estávamos prontos para sair, já com as malas no carro, que nos levaria até o heliponto quando ouvimos gritos vindos do último andar.- O que é isso? – Perguntei, assustada.- Nossa mãe! – Lucca confirmou, preocupado, se dirigindo para as escadas.- Mas... O que houve? Por Deus, Cat... O que ela tem?Fiquei preocupada porque os gritos com pedidos de “socorro” não cessavam. Mas ninguém me respondeu. Os dois príncipes subiram correndo, pulando alguns degraus para chegarem mais rápido ao quarto andar.- Altezas, o motorista pediu para avisar que se não embarcarem agora, corre o risco de se atrasarem. – Uma das criadas falou.- Altezas, a rainha está desmaiada! – Outra gritou, desesperada.Olhei para Odette, incerta sobre o que fazer. Lucca e Catriel correram ao encontro da mãe.- Aimê, você não pode ficar! Já teve uma segunda chance da Corte de Alpemburg.- Eu sei... Não ficarei. Mas o avião não partirá sem nós, já que é fretado. Precisamos ver o que houve com a rainha. Nos atrasaremos al
Catriel me olhou:- Precisa... Embarcar... – Pareceu indeciso.Deus, ele precisava de mim!- É a sua vida! – Odette pegou-me com força pelo braço, puxando-me em direção à porta.Lucca sacudiu Odette pelos ombros, completamente atordoado. Haviam muitas pessoas no quarto e todos falavam ao mesmo tempo, nervosos:- Odette, precisam ir para o cais e atravessarem pelo mar. Vamos colocar minha mãe no helicóptero. Aimê, você precisa embarcar naquele avião.- E se... Ela foi envenenada?- Eu prefiro não pensar nesta possibilidade! – A voz dele soou fraca.- Leve-a, Odette! Agora! – Catriel foi firme, ordenando.Odette retirou-me do quarto e quando percebi, mesmo não querendo, eu estava descendo as escadas e deixando tudo para trás, enquanto as lágrimas invadiam meus olhos, dificultando a visão dos degraus abaixo.Assim que chegamos à porta principal do castelo, havia um carro, certamente o que nos esperava para levar ao heliponto. Assim que o motorista nos viu, abriu a porta:- Precisamos ir
Eu já havia lido sobre aquela situação ao tentar salvar uma pessoa se afogando, sabendo que quanto mais nervosa a garota ficasse, mais teria chances de me fazer engolir água. Com dificuldade, fui puxando-a para mais próximo do barco, que finalmente parou. Uma escada de corda desceu e percebi o motorista da embarcação gritando, fazendo sinal para que eu me agarrasse ali.Eu não era uma ótima nadadora, mas havia feito aulas na infância, coisas da realeza: fazer de tudo um pouco para ocupar o tempo. Embora gostasse de piscina e mar, não tinha o hábito de nadar. Fiquei surpresa com minha habilidade ao conseguir finalmente segurar-me na corda, com a menina ainda agarrada a mim.Por sorte a água estava numa boa temperatura, o que facilitava, já que o corpo não ficava tão estagnado pelo frio. Pus as mãos da garotinha na escada feita de cordas, que foi puxada pelo motorista, com ajuda das mulheres. Logo ela foi acolhida, em segurança e salva.A escada foi jogada novamente na minha direção e a