Sofia acordou com um acorde distorcido de guitarra.
- A caixa! – Disse Wulfgar, apontando ainda um tanto assustado para o celular que piscava, tocava e vibrava em cima da mesa.
Sofia respirou, admitiu que havia acordado e estendeu a mão para pegar o celular sem muito ânimo. Era uma mensagem de Gabriel.
Espero que seu dia seja tão bom quanto a noite de ontem foi para mim. Boa volta ao trabalho. Gabriel.
Sofia meneou a cabeça, aquela sensação de ressaca moral pelo que fizera com Gabriel na noite anterior, e que agora fazia com que ele se sentisse no direito de lhe mandar mensagens melosas. Ela não queria mensagens melosas. Talvez um desejo de boa volta ao trabalho sim, mas....
De repente, Sofia se le
Sofia não sabia muito bem o que se passava com ela.Primeiro, foi a sensação de um esvaziamento, como se algo escoasse dela por todos os poros, juntamente com o suor que escorria frio por seu rosto, ao mesmo tempo em que tinha vontade de deixar o peso do corpo levá-la ao chão, enquanto ainda tentava chamar o nome de Wulfgar.Por que sentia aquilo? Não sabia. Da mesma forma que não sabia porque seguiu o som de um cachorro que rosnava para a esquerda, correndo o quanto podia para então, bem adiante, avistar aquela cabeleira loira indo em direção à praia.Tentou mais uma vez se perguntar por que fazia aquilo. Por que corria pela rua cansada, depois de um dia inteiro de trabalho atrás de um fantasma de gênio extremamente difícil que havia menos
E então, como Sofia já desconfiava, e como já era de costume desde que Wulfgar havia chegado, ela sonhou. Mas desta vez, foi diferente. Muito diferente.Estava deitada em uma espécie de cama de pedra. Parecia estar dormindo, mas estranhamente sabia tudo o que acontecia ao seu redor. Havia um fogo azul que circundava o local onde estava, através do qual Wulfgar conseguia passar, como se não houvesse nada ali, aproximando-se dela para então beijá-la.Não era um beijo erótico, daqueles de cinema. Para dizer a verdade, era um beijo bastante sutil, delicado, como o do príncipe na Bela Adormecida ou na Branca de Neve. Sim! Era o tipo de beijo que os príncipes davam para acordar as princesas. E era o que acontecia com ela.Sofia abria os olhos e se levantava. P
Havia muita neblina, apesar de estar claro. Mesmo assim, parecia impossível perceber alguma coisa naquele mar de névoa.Mas o fato é que até aquele instante havia vagado em nuvens brancas e cinzas que agora davam a perceber algumas formas ao longe. Parecia... Não, com certeza, era uma floresta. Podia sentir as folhas debaixo dos seus pés, ouvia o farfalhar delas sob a barra do vestido, longo. Ouvia o piado de uma ave, sentia o cheiro da madeira e principalmente, o frio da neblina.E era só.Não havia mais nada ali. Ou melhor, aquilo parecia o nada, a sensação de que ela mesma havia se convertido em nada, que sua existência não passava de bruma, e principalmente, que estava só. Talvez como nunca havia se sentido em toda a sua vida. E conforme tentav
A lua cheia de duas noites atrás agora já começava a diminuir no céu. Talvez a maioria das pessoas ali presentes não reparasse nisso, mas Wulfgar sim.Na verdade, ele reparava em cada detalhe do local enquanto Milena tagarelava com Sofia, que ainda o olhava com aquele ar um tanto espantado, um tanto enigmático. O que teria acontecido com ela? Não parecia ser o medo de um esbarrão, afinal, ela mesma que havia insistido em tocá-lo antes... Será que a ama havia dito alguma coisa? Ou pior! Será que ela havia percebido a real intenção dele?Naquela hora, Wulfgar abaixou a cabeça, envergonhado, e pensou que uma das poucas coisas boas em se estar morto era que como um bom defunto, não deveria corar. Na verdade, aquela não era exatamente uma ótima qualidade para um
A luz do sol surgia tímida, rompendo o céu de um azul escuro, acinzentado, quando finalmente Sofia dormiu, um sono profundo, após a estranha euforia que parecia ter tomado conta da moça desde que deixou Gabriel falando sozinho e a fez prometer ajuda a Wulfgar. Aquela estranha euforia que vinha sabia-se lá de onde, e que a fazia tremer por dentro, mas não por medo, e sim por qualquer outro motivo que Sofia não sabia qual era, mas tinha algo a ver com a certeza de que a partir do momento em que conheceu Wulfgar, sua vida nunca mais seria a mesma.Não que aquilo fosse algo fácil de lidar. Muito pelo contrário, era um grande peso para ela, mas era impossível negar que por alguma razão ainda desconhecida, estava envolvida naquilo até a raiz dos cabelos. O mais estranho porém é que, por mais que aquela euforia a dei
Enquanto Wulfgar pensava todas essas coisas, Sofia sonhava.Havia uma batalha e Wulfgar estava nela, lutando bravamente contra um homem de quem ela não conseguia ver o rosto. Havia muita gente entre os dois, e até que ela o alcançasse, ele já estava caído, agonizante em seus braços.Um grito de dor saiu da sua boca, a sensação de desespero já conhecida. Mas não àquele ponto...Sofia então, pegou a espada do lado de Wulfgar, ergueu-a e cravou em seu próprio peito.A dor a fez acordar. Estava no sofá de casa, a cabeça recostada no ombro dele.- Shhh... Calma. – Dizia ele enquanto Sofia ainda olhava ao redor, assustada. – Foi apenas mais um sonho.<
Wulfgar e Sofia permaneceram juntos, olhando um para o outro, até Sofia dormir. Não havia mais o que ser dito. Não depois de tudo o que havia acontecido. De alguma forma, ela era responsável por ele, não havia como negar.Ela era uma feiticeira. Uma Valquíria, talvez. Aquilo poderia parecer assustador, especialmente considerando que não sabia o que havia feito para trazer Wulfgar de volta, mas de alguma forma, apesar da agitação inicial e do susto ao descobrir que podia se comunicar com uma deusa, aquilo lhe dava uma tranqüilidade que nunca havia sentido antes na vida. Era com se aquilo explicasse tudo e lhe desse confiança de que, no momento certo, ela faria o que deveria ser feito, ainda que não soubesse exatamente o quê.Nesse ponto, uma certa ansiedade ameaçava cruzar seus pens
Era noite. A lua já ia alta no céu, cheia, cândida, rodeada de estrelas que podiam se entrevistas através da cortina branca esvoaçante do quarto de Sofia. Uma típica noite de verão. Mas estava frio. Um frio incomum que subia pelo corpo de Sofia e a envolvia de uma maneira tão... Agradável.O cetim do lençol escorregava debaixo de seu corpo, enquanto seus dedos deslizavam por uma superfície estranha, como se pudesse se desfazer ao toque de suas mãos, mas ao mesmo tempo dotada de uma forte energia estática e com a forma de costas e braços bastante fortes.Sentia algo fino como gaze tocar seu corpo, subindo até o pescoço, ao mesmo tempo que sentia pontos de uma leve tensão energética, tão suave que não poderia chamar de choque, até po