Desde que comecei esta história, quase um ano se passou. Estou me despedindo da Boa Vista, pois aqui descobri que por mais ouro que eu tivesse, não encontraria felicidade.
Este mesmo ouro que representa poder, riqueza e luxo, não pode trazer felicidade, que está nas coisas simples e no amor. Na verdade, permite que a vaidade, o orgulho e a solidão surjam em nós.
Só quando entendemos que a verdadeira felicidade está nas coisas puras, como o amor e, na satisfação de realizar um trabalho construtivo, é que vemos que a ilusão provocada pelo desejo de alcançar o que não temos, mais rapidamente, leva a maior imprudência, colocando em perigo a nossa vida e a de muitos ao nosso redor, outras vezes fazendo-a morrer.
É claro que a posse de riqueza não é uma coisa ruim, especialmente quando vem naturalmente e à custa de muito trabalho e dedicação. Melhor ainda, quando empregado para ajudar os mais necessitados.
Com o tempo, nos tornamos mais sensíveis aos proble
Depois de despachar os empreiteiros, me reuni novamente com os gerentes das dragas, Chico, Geraldo e Felipe, para discutir como proceder em relação aos mortos e feridos e recuperar as dragas destruídas na batalha. Concluímos que precisaria vender pelo menos duas dragas para pagar as perdas e a recuperação das demais. Deixei o Felipe encarregado de vender as dragas e o Geraldo para consertar as outras duas. Foi preciso reduzir o quadro de pessoal para se adaptar à nova situação, então ordenei que disparassem metade dos peões da draga e quase toda a equipe de segurança, pois não precisávamos mais deles devido à destruição das dragas colombianas. Minha maior preocupação, naquele momento, era com as mulheres, que me esperavam sob custódia junto ao Ceará. Liguei para o Chico para me levar de lancha até lá. Em seguida, despachei os dois gestores, que tomaram as providências, para seguirem destinos diferentes, a fim de perder a polícia, cada
Com a ideia fixa de que seria possível encontrar minha esposa, em um lugar já conhecido, me perguntei que opções eu teria que procurar. Cheguei à conclusão que, o local mais provável, seria em frente à aldeia de Araras, do outro lado do rio, naquele campo de aviação, onde apanhei o avião pela primeira vez. O velho chefe havia dito que era uma terra de outra língua, então eu não tinha ido a nenhum outro lugar, exceto lá e na própria Colômbia. Como ele disse que havia muita floresta por perto, era certo que, se o que ouvi fosse real, eu tinha o raciocínio certo. Essa trilha era muito mais coerente do que a alternativa da Colômbia, devido à curta distância da Bolívia. Lembrei-me de ter visto pessoas morando perto daquele campo de aviação e que viviam de atividades agrícolas, independentemente da presença de estranhos. Claro, eles aproveitaram os passageiros, que fizeram do local um verdadeiro depósito de mercadorias contrabandeadas, desviando our
Depois que deixei Chico cuidando dos colombianos, para poder ajudar minha esposa e minha cunhada, pegamos o avião para Porto Velho. Eu estava desesperado pela situação deles, mais particularmente por Paula, que estava inconsciente desde que a resgatamos. Uma vez lá, imediatamente a levamos para o melhor hospital da cidade, internando-a ainda inconsciente. Márcia estava razoavelmente bem, precisando ficar internada apenas um dia, para tomar soro, pois estava muito desidratada e desnutrida. No dia seguinte pudemos conversar melhor e, ela pode contar tudo o que aconteceu, desde o momento do sequestro, até a nossa chegada. Ela disse que eles estavam no rebocador, estacionado nas proximidades da corrutela de Morrinhos, aguardando a notícia do confronto, quando viram uma lancha se aproximando rapidamente, vindo da direção do caldeirão. Eles ficaram muito preocupados, pois já fazia muito tempo que não ouviam nenhuma notícia. As duas,
Assim que o Chico saiu, tive que acertar contas com os chefes das duas dragas que eu havia deixado. Liguei para o Geraldo e o Felipe, para dar um posicionamento em relação ao serviço prestado e as seguintes perspectivas. Janeiro estava terminando e em pouco mais de um mês as atividades recomeçariam. Os dois vieram e me informaram sobre a situação que era muito crítica. O Felipe, que se encarregou de vender as duas dragas e consertar as restantes, trouxe-me um relatório por escrito, dando-me conta da situação. Então disse: - Vendi as duas dragas como você me determinou e com o dinheiro arrecadado paguei o que restou ao pessoal contratado, as despesas hospitalares e o conserto das outras duas dragas. Acontece que estamos em dívida com inúmeros fornecedores de combustíveis, lubrificantes, alimentos, peças e outras despesas gerais, que os credores estão cobrando e que não será possível prorrogar mais. Perguntei quanto eram essas de
Estou terminando este livro, após um ano iniciando as primeiras páginas em Boa Vista. Estou há três meses em Belo Horizonte, onde vim acompanhar o nascimento do filho da Márcia, cumprindo minha promessa feita a ela e a Paula. A gravidez correu bem, nasceu uma linda menina, cujo nome leva o nome de uma pessoa inesquecível para nós; Paula. Ficamos todos felizes com a decisão de Márcia de ficar com a filha, apesar de todas as liminares no caso. Não houve rejeição da parte dela e os avós aceitaram a neta com muito amor, enchendo a vida de novos e belos horizontes. Márcia está se recuperando do parto e está estagiando em um escritório de advocacia, pois em breve completará a faculdade e poderá dar continuidade ao trabalho. Passei os nove meses escrevendo este livro, pensando no que faria depois de terminar este trabalho, e minha maior preocupação era com a vinda desta criança. Agora que tudo está no lugar, tenho uma decisão a tomar.
AAbacaxi O mesmo que escarificadorAço duro Avião monomotor.Amalgamar aglutinar o ouro junto com as impurezas existentes, através do mercúrioApoitar - ancorar a draga ou balsa no rio, geralmente com uma grande pedra furada no meio, por onde passa um cabo de aço.Apurar separar o ouro da terra ou areia, tornando-o livre de impurezas,Apur
Hoje, peguei um recorte de jornal que trouxe de Rondônia, onde havia a descrição de uma tragédia ocorrida no rio Madeira. Foi uma verdadeira batalha naval, entre grupos de garimpeiros fortemente armados, que se enfrentaram numa luta cruel, com saldo de mais de cinquenta vítimas fatais. O mais importante de tudo, é que fui a principal pessoa envolvida na luta, impulsionada pelas circunstâncias a que me refiro neste livro. Lutei contra um homem de mau caráter, um traficante, que não mediu esforços em matar e que me causou muitos prejuízos, tanto materiais como emocionais. Transcrevo aqui a nota do jornal, que trouxe a notícia: TRAGÉDIA NO GARIMPO NA TARDE DE ONTEM, UMA VERDADEIRA TRAGÉDIA NA REGIÃO DO CALDEIRÃO DO INFERNO, ZONA DOMINADA PELOS GARIMPEIROS, DENTRO DO RIO MADEIRA. SEGUNDO AS TESTEMUNHAS QUE APRESENTARAM A CENA, REUNIRAM-SE DUAS AULAS DE DRAGUEIROS, ENVOLVENDO-
Enquanto estive no hospital, recebi vários folhetos, com explicações sobre a malária e como ela evolui, até para saber como cuidar.Na minha recuperação, pude visitar uma biblioteca pública e pesquisar a história e a geografia da região, por saber que poderia aproveitar ao máximo o lugar.Sobre a malária, era uma coisa desconhecida e perigosa para mim, mas depois de conhecer o tratamento e saber que, se seguisse as recomendações médicas, não abuse dos horários e locais mais infestados, foi possível controlar e sobreviver em boas condições.Na mineração, ela é vista como companheira inseparável do garimpeiro e assume várias formas, sendo as mais comuns na região o vívax e o falsíparum.A malária é transmitida pela fêmea do mosquito anofilis, qu