A cena poderia até ter deixado Minerva preocupada se fosse em outra época, mas, para ser sincera, ela já tinha visto Vincent em estados piores do que aquele.
Seu irmão caçula havia surgido na sala do castelo minutos antes e foi direto ao chão, desacordado. Estava imundo, o que era uma maneira bastante gentil de descrever. Seus cabelos estavam molhados, as roupas completamente sujas de lama e em seu rosto havia um corte, sangue cobria sua bochecha.
Quando Minerva o subiu para seu quarto e retirou-lhe as roupas para que pudesse limpa-lo e curar as feridas, viu que ele tinha hematomas horríveis nas costas e na região de costelas, tão intensamente roxos que pareciam quase negros. Fora isso, ele possuía um corte no braço, que estava totalmente sujo de sangue, assim como em seu rosto. E suas costelas estavam certamente quebradas, embora Minerva não tivesse avaliado mais a fundo.
Vincent sentia a maior dor de cabeça de toda sua vida. Ele abriu seus olhos e sentiu uma dor profunda por trás deles e uma subida tontura, piorou quando ele tentou se sentar e a sensação de levar um chute voltou com tudo. Ele gemeu e tornou a deitar. – Não se levante, Vince, isso seria idiotice – a voz extremamente severa de Minerva chegou aos seus ouvidos. Ele a olhou e viu o rosto franzido de Minerva, seus olhos negros brilhando feito ônix. – Eu sei o que você vai dizer. – Que você é o mais burro dos feiticeiros? – Minerva cruzou suas pernas. – Eu consegui o livro e estou vivo. Não sei porque você está tão brava. Minerva cutucou as costelas dele e Vince gritou, parte dor e parte perplexidade. – Por que fez isso? – ele questionou, indignado. – Não irei permitir que use nenhum feitiço daquele Grimório, Vincent. Muito lentamente, e não isento de dor, o feiticeiro se sentou na c
Salvatore desviou de dois raios que tentaram atingi-lo, se defendeu de vários espinhos de gelo, pulverizando-os com magia de calor, desfez o fogo que Ellie criou e saiu da frente de outra esfera de energia estrondosa. Ela não precisava fazer feitiço algum, simplesmente manipulava a energia mágica como se sempre a tivesse pertencido. Salvatore não conseguia chegar perto dela, mesmo seus feitiços, não conseguiam atingi-la. Ela era como um forte impenetrável, cujo único objetivo era destruí-lo, ele podia ver no ódio dos olhos da ruiva.Embora o poder de Ellie fosse imenso, apesar de sua resposta mágica ser rápida e de a magia desferida por ela ser forte, não causava dano algum em Salvatore Lex. Ele era, acima de tudo, um guerreiro e, como um guerreiro, sabia muito bem como se defender e desviar de ataques. Ele conjurava feitiços contra ela, mas não estava se esfor&cced
Ellie sentiu sua raiva ferver dentro dela e magia borbulhar em sua superfície, esquentando-a de uma forma perigosa e explosiva.Uma camada de gelo preencheu todo o chão ao redor deles quatro, o vento se intensificou, fazendo com que os cachos ruivos de Ellie chicoteassem seu rosto e neve começou a cair em abundancia do céu tempestuoso. O frio agora era insuportável, ela sentia o ar gelado entrando dolorosamente em seus pulmões, suas mãos pareciam estar congeladas, embora ainda estivessem envoltas por sua energia que se movia de forma instável.Estava ficando sem controle e isso estava influenciando o clima ao seu redor, assim como acontecera quando ela perdera a ligação com Vincent.– Vamos, Ellie. Estou perdendo a paciência – Salvatore falou severamente, em um tom alto e grave para ser ouvido.Quando Ellie deu o primeiro passo, derrotada, de repente, as vinhas q
O feiticeiro observava Ellie nos fundos da casa pela janela de seu quarto. A ruiva estava ajoelhada sobre a terra, do lado oposto de onde estava Flidas, de frente para uma linda muda de árvore com pequenas flores brancas. Ela havia enterrado Bulaklak sozinha e havia feito crescer aquela pequena árvore com a magia dela.Quando Vincent havia se oferecido para ajudá-la, Ellie sequer o olhou nos olhos, simplesmente lhe disse que queria ficar sozinha com ele.June estava deitada em sua cama, ainda desacordada. Dante havia dito que Salvatore a jogara no chão e, enquanto dizia isso, lágrimas rolavam por suas bochechas. Ele parecia se importar realmente com ela, o que fez Vincent pensar que o tinha julgado mal.– O que exatamente aconteceu, Dante? – Minerva perguntou suavemente.Dante olhou para Vincent, mas rapidamente desviou o olhar.– Ellie queria... Ela queria a ligação com
Vincent a apanhou em seus braços e seu calor foi extremamente bem-vindo, mas Ellie lutou para se desvencilhar, porém, o feiticeiro não deixou, mantendo-se firmemente abraçado contra ela. Ellie não queria que ele se manchasse com a aura negra de pesar que parecia envolve-la agora, o sangue de Bulaklak que agora estava inteiramente em suas mãos, banhando-a por completo.– Bulaklak fez isso porque te amava, Ellie – o arfar de Vincent soprou em sua orelha enquanto ele permanecia segurando-a com força contra si, até que ela desistiu de lutar, deixando-se ser vencida. – Ele não gostaria que você pensasse que foi sua culpa. E quem o matou foi Salvatore Lex, a culpa verdadeira é dele, apenas dele. Eu sinto muito, Ellie.Ellie agarrou o casaco de Vincent e afundou seu rosto contra o ombro dele, ainda tremendo muito, incapaz de se conter.– Faz parar, Vincent. E
Maximus estava sentado em uma poltrona próximo a lareira, absorto na leitura de um livro quando ouviu pesados passos no corredor vindo naquela direção.Sabia quem era antes mesmo que a pessoa aparecesse.Salvatore espalmou as mãos na porta e a abriu bruscamente. Pela expressão em seu rosto, poderia supor que alguma coisa havia dado errado.– Por mais que me agrade sua visita – Maximus escarniou, mantendo seus olhos nas páginas amareladas – estou um pouco ocupado no momento.Em resposta, a magia de Salvatore arremessou o livro que o outro segurava contra a lareira e Maximus o viu queimar. Não ficou nenhum pouco surpreso, apenas lamentou a perda de seu livro, era um bom volume. Ficou, na verdade, aliviado por não ser nenhuma parte de seu corpo.– Não estou com saco para seu sarcasmo, Lennox.– Eu não percebi. – Maximus de
Talvez o vampiro estivesse certo e eles simplesmente não pudessem vencer Salvatore em um combate direto, não contra seus feiticeiros do Submundo. Os usuários de magia que possuíam, os membros do Conselho, não eram em sua essência guerreiros, não sabiam como lutar ofensivamente, apenas para se defender, não eram pretores. Pior do que isso, não foram criados como ela, Vince e Max.Vocês precisam saber lidar com a vida, Niara costumava dizer, precisam aprender a lutar e se defender, precisam aprender a se impor quando necessário e, mais importante, a levantar quando tudo ao redor os derruba. Ela dizia isso porque eles três, mais do que todo mundo, sabiam como era ser tratado como lixo apenas pelas diferenças, sabia como eles teriam que brigar para ter um lugar no mundo. Um cego, um albino e uma aleijada. E Niara lhes deu a chance de lutar.Não irei
Ellie havia caído no sono sem querer e o sonho que se desenrolou após sua inconsciência foi extremamente perturbador.Era uma criança novamente, com seus quase três anos de idade, seus cachos ruivos soltos e emaranhados ao redor de seu rostinho rechonchudo, rosado e sardento. Ela se aproximou cautelosamente de uma mulher que estava sentada em uma cama, com colchas pesadas cobrindo suas pernas, fitando a janela ao seu lado com seu perfil delineado pela luz pálida da manhã.A mulher era extremamente parecida com ela, com sardas cobrindo seu rosto e os braços expostos, o cabelo ruivo brilhante estava preso em uma trança lateralizada, que caia por sobre seu ombro. Quando ela notou a presença de Ellie, a encarou com seus olhos castanhos amorosos e um lindíssimo sorriso se espalhou por seu rosto, colorindo sua face com um suave rosado.– Vem aqui, minha pequena – Ela esticou o