Ellie percebeu. A sensação de frio era causada pela entidade e o odor repugnante era oriundo do demônio.
– Mas eles não podem entrar, as barreiras podem segurar – Dante afirmou.
– Sim, podem – assegurou Vincent, exibindo um ar cansado – Mas eles vão ficar rondando o castelo, noite e dia, batendo incessantemente contra a barreira. Eles não dormem, então isso não vai ser tão insuportável para eles como vai ser para nós...
Vincent ficou mais pálido do que o normal, embora isso não fosse possível.
– Ah, meu Deus, ele... Eu não acredito. Ele... Salvatore...
– O que foi? – Ellie se aproximou cautelosamente, esticou a mão para toca-lo, mas ele se esquivou, o que abriu um buraco no peito dela.
– Hoje é noite de lua cheia, isso quer dizer que eu... &nd
Vincent cortou seu dedo com uma adaga que conjurara e assistiu enquanto Bash lambia o líquido vermelho de sua pele. Foi um momento bastante estranho de sua vida, considerando que conseguia sentir a todo momento as pancadas que a entidade e o demônio davam contra sua barreira protetiva.– Me explica de novo esse seu plano, Bash, para tentar me convencer de que vai dar certo – pediu Vincent enquanto curava seu dedo cortado.– Agora que eu ingeri seu sangue, quando você se tornar uma besta demoníaca serei capaz de mandar você não nos matar e, ao invés disso, direcionar seu instinto assassino contra o demônio e a entidade – Bash explicou com um ar triunfante – Ah, e se acontecer como da última vez, se você drenar a energia de Ellie por causa da ligação, ela vai cortar a conexão entre vocês.Ellie assentiu com uma confiança de i
Ellie percebeu o que havia acontecido, aquela entidade estava onde antes ela estivera, com suas garras a postos e sua boca de osso aberta, com os dentes afiados a mostra. Ele a teria atingido, de alguma forma, havia entrado na mente dela para trazer à tona os piores momentos de sua vida.– Não olhe nos olhos dessa coisa – Dante alertou – Vai fazer você sentir uma intensa tristeza.– Dante! – Ellie lançou uma esfera de energia contra a entidade que estava vindo na direção deles, mas ela desviou no último segundo e a esfera dela acabou atingindo Bash, que foi arremessado contra uma parede. Ellie tapou a boca, incapaz de acreditar que havia feito aquilo.Quando olhou para o lado, percebeu que fitou novamente aquelas luzinhas opacas no fundo dos buracos negros que eram os olhos da entidade e aconteceu de novo, ela viu Bulaklak morrer bem diante dela, o corpo dele sem vida naque
Minerva viu, durante sua lenta caminhada, quando um feiticeiro foi morto por um demônio cujos braços pareciam enormes lâminas de uma espada, que atravessaram o peito do homem sem misericórdia. No mesmo instante, o demônio urrou e se transformou em uma pilha de cinzas. O que significava que a marca da maldição que ela havia implantado nos feiticeiros havia funcionado.Engraçado como algo tão horrível podia ser tão reconfortante.Se não fosse por suas malditas pernas de madeira, talvez pudesse ser mais rápida.– Não posso ir! Me larga! Já mandei me soltar! – berrou Magnolia, enquanto socava incessantemente o ombro de Beck – Eu tenho que ir atrás dela.Beck perdeu completamente a paciência. Aquele barulho infernal, os gritos, as explosões e o guinchos dos demônios estavam fazendo sua cabeç
O coração de Vincent estava martelando forte contra seu peito, forte, cada vez mais rápido, cada vez mais forte, mais forte, como um soco contra seu esterno.Seu tempo estava acabando e ele podia sentir a marca em seu braço arder.Não queria perder o controle, não podia. Sua magia já estava ficando fraca e instável, por causa da maldição, os ataques eram irrisórios e ineficazes. Ele não conseguia se controlar, só conseguia pensar na transformação, só conseguia pensar que estava cercado de pessoas que o amavam.Como derrotaria aquele demônio ligado à Salvatore desse jeito? Como?Seus músculos se retesaram e uma explosão de dor inundou seu corpo, travando sua musculatura e deformando toda sua estrutura.Estava acontecendo, a transformação, ele podia sentir seus membros se esticando, as presas surgind
A mente de Ellie estava implodindo, esta era a melhor forma de descrever o que estava acontecendo.Era um ciclo infinito de seus piores pesadelos. Primeiro, começara com sua mãe, chamando-a com sua voz doce e, de repente, sangue começava a escorrer de seus olhos, seu nariz, sua boca, suas orelhas, até ela morrer bem ali, na sua frente. Em seguida, via seu pai de novo, bêbado e irritado, com aquela garrafa na mão, rasgando sua perna, ela gritando, sem poder fazer absolutamente nada. Então, estava de novo fugindo de sua casa, na chuva, mas em um determinado trecho do caminho ela caia de Dilon na lama e o cavalo a pisoteava, quebrava os seus ossos com seus cascos. Depois, Lex surgia e matava Bulaklak bem na sua frente, jogava-o no chão como se ele não valesse nada.E de novo, e de novo, e de novo.Sempre acabava com Vincent, segurando seu coração em uma das mãos, manchando sua pele b
Dante subiu de dois em dois os degraus da primeira escadaria, o mesmo ocorreu com a segunda. Resmungou algumas palavras em latim entredentes e, de repente, seus pés eram capazes de fazê-lo saltar até cinco degraus agora, como um coelho.Tão repentinamente, estava no quarto andar e, tão logo chegou, um som de explosão ecoou por entre as paredes e um cheiro de erva doce preencheu o ar. Era uma das poções explosivas que Dante ensinara June a fazer.Uma cauda imensa chicoteou bem em sua direção naquele segundo, felizmente, a magia do salto ainda estava bastante ativa, o que o fez conseguir saltar por sobre o rabo e rolar para longe do golpe.De longe, a cobra não parecia assim tão monstruosamente grande, mas de perto como estava agora, podia ver o corpo dela tomando o espaço de toda a sala, uma parte prensava a cadeira onde Maximus estava preso contra a parede, outra havia esba
Beck só conseguiu assistir, enquanto sangue escorria em abundancia da barriga dela para as coxas. O cheiro de sangue preencheu as narinas de Beck, aguçando seus sentidos e reavivando suas forças.Foi o suficiente para que ele conseguisse mover a pata que perfurava seu peito. Sentia seu sangue fervilhar em suas veias, mesmo que já estivesse morto, agarrou a criatura e a tombou no chão com toda sua força explosiva. Não esperou nenhum segundo, começou a golpear as escamas do peito do demônio com suas garras, uma vez, duas, e mais uma, e de novo e de novo, até que suas mãos estivessem cobertas de sangue negro, até que o sangue do demônio corroesse sua pele e aquele cheiro pútrido invadisse suas narinas, irritando-as cada vez que bufava. Não ligou e nem parou quando sentiu seus braços e pernas sendo cortados pelas garras, nem quando o rabo da criatura chicoteou seu rosto.
O feiticeiro limpou suas lágrimas e comtemplou o vazio que Bash deixara.“Você é meu último mestre. Eu fico feliz que você seja o último”, foram as últimas palavras dele.Ele queria dizer tanta coisa para Bash antes que ele tivesse morrido. Queria dizer que foi o melhor familiar que poderia ter tido, que certamente seria o único. Queria lhe dizer que foi o melhor amigo também e sua família. Queria lhe dizer que o amava. Queria lhe dizer que era um imbecil por ter dado sua vida por Vincent. Queria lhe dizer que ele sempre havia sido um idiota egocêntrico e bem no último segundo decidira ser altruísta. Queria lhe dizer que sentiria tanta saudade que sequer era capaz...Vince fitou o demônio, bem no momento em que este o encarou com seus olhos negros. Sentia tanta raiva que era capaz de explodir e levar seu castelo para os ares consigo. Na verdade, era capaz de