Enquanto conversavam, o telefone do homem tocou. Ele franziu a testa ao olhar o visor, sua expressão ficando tensa de repente. Sem dizer nada, levou o aparelho ao ouvido e ouviu por alguns segundos, seu rosto assumindo um ar sério. — Sim… entendi — murmurou ele, lançando um olhar rápido para Olivia. — Estou a caminho. Ele desligou rapidamente, deixando o café pela metade e levantando-se de súbito. Olivia franziu a testa, sentindo sua confusão aumentar. — O que foi? O que está acontecendo? O homem hesitou por um segundo, como se estivesse prestes a dizer algo importante, então apenas suspirou e tirou um cartão do bolso interno do paletó, estendendo-o para ela. — Meu cartão — disse ele, sua voz carregada de algo que Olivia não conseguiu decifrar. — Se precisar de mim, não hesite em ligar. Você me ajudou no passado… Só quero retribuir. Olivia pegou o cartão, olhando para o nome impresso ali. O nome não lhe dizia nada. Nenhuma lembrança. — Mas… Antes que pudesse fazer qualquer out
O silêncio que se seguiu pareceu pesar no ar. O jovem apenas sorriu mais uma vez, mas dessa vez seu olhar carregava algo diferente—algo que a fez estremecer. — Isso importa? — perguntou ele, cruzando os braços e observando-a com curiosidade. O jovem observava Olivia atentamente, o sorriso confiante nunca deixando seu rosto. Aquele silêncio a incomodava. Ela sentia que ele se divertia com a situação, como se soubesse mais do que estava disposto a revelar. — E então? — Olivia cruzou os braços, encarando-o. — Vai me dizer quem é você ou prefere continuar jogando charadas? Ele riu baixo, inclinando-se contra o batente da porta, como se estivesse completamente à vontade naquele apartamento. — Me chamo Gustavo — disse por fim, e um brilho malicioso passou por seu olhar. — Mas você sempre me chamou de Gustavinho. Olivia piscou, surpresa. A forma como ele falava sugeria intimidade, como se fossem amigos próximos… Ou algo mais. — Eu te chamava assim? — murmurou, tentando puxar qualquer
Sozinha no apartamento, Olivia começou a explorar cada canto, tentando memorizar tudo ao seu redor. Passou as mãos sobre os móveis, observou os quadros, sentiu o cheiro do ambiente. Ela caminhou até o quarto e encontrou um enorme closet repleto de roupas elegantes e sofisticadas. Vestidos luxuosos, sapatos de grife, joias delicadas… Ela pegou um vestido vermelho e deslizou os dedos pelo tecido macio. Aquela era sua vida? Com o coração acelerado, caminhou até um grande espelho e parou diante de seu reflexo. Seu rosto estava marcado pelas queimaduras, lembranças vivas do acidente. Ela tocou as cicatrizes, sentindo um misto de frustração e desespero. — Eu preciso de uma transformação urgente — sussurrou para si. — E começarei pelo meu rosto. Ela virou-se decidida, sentindo uma energia diferente crescer dentro dela. Não importava quem ela havia sido antes. Agora, ela teria que se reconstruir do zero. Depois de um banho quente, Olivia se deitou na cama imensa. O colchão macio a envolveu
Olivia dormia profundamente, envolta pelo cansaço das emoções daquele dia. Pequenos flashes de memória ainda passavam por sua mente, como se sua consciência tentasse montar o quebra-cabeça de sua vida antes do acidente. Ela se via rindo em uma boate luxuosa, brindando com taças de champanhe ao lado de homens bem-vestidos. Depois, via-se sentada em um carro esportivo, o som alto e a cidade de Milão passando rapidamente ao seu redor. E então, outra imagem surgiu. Olhos intensos. Voz firme. Mãos fortes segurando seu rosto. — Você é minha, Olivia. Minha e de mais ninguém. Seu coração acelerou no meio do sonho, seu corpo se mexeu inquieto sobre os lençóis. Ela tentou ver mais, lembrar mais… Mas o sono profundo não permitia. Enquanto isso, do outro lado da cidade, um homem de feições duras e um olhar predador apagava o cigarro com raiva no cinzeiro de vidro. Enzo Moretti, conhecido no mundo dos negócios como: Russo. A notícia de que Olivia estava viva o pegara de surpresa. Ele passou
Longe das Indústrias Parker, Olivia estava sentada em um consultório médico moderno, rodeada por catálogos de procedimentos estéticos. Seu olhar percorria as imagens de antes e depois de pacientes que haviam passado por cirurgias reconstrutivas, e a cada página folheada, seu desejo de mudar ficava mais forte. Ela não aceitava aquela nova aparência. As cicatrizes no rosto e no braço esquerdo eram uma lembrança constante do acidente que quase a matou. Olivia não suportava ver seu reflexo no espelho e sentir que estava irreconhecível até para si mesma. O médico à sua frente, um homem de cabelos grisalhos e olhar atento, observava sua expressão e decidiu intervir. — Senhorita, seu caso é delicado, mas nada impossível de ser tratado. Há algumas opções de cirurgia plástica e enxerto de pele que podem melhorar consideravelmente as cicatrizes. Olivia respirou fundo e cruzou as pernas, mantendo a postura confiante que sempre teve, mesmo que sua mente ainda estivesse envolta em sombras. — E
O ambiente luxuoso e impecável das Indústrias Parker refletia poder e elegância. No corredor principal, Aline caminhava com confiança em direção ao escritório do marido. Seus saltos ecoavam suavemente no piso de mármore polido enquanto sua mente estava ocupada com a sensação incômoda que a acompanhava desde cedo. Assim que se aproximou da recepção, foi recebida por Lessa, a assistente de Clark. A jovem estava atenta à tela do computador, organizando compromissos quando notou a presença de Aline. — Bom dia, Lessa! Onde está o Clark? — Aline perguntou educadamente, mantendo o tom sereno, mas com um leve toque de impaciência. Lessa ergueu os olhos e sorriu levemente. — Bom dia, senhora Johnson! O senhor Johnson saiu há pouco com o senhor Gusman, mas não deve demorar. Aline assentiu. — Obrigada. Vou esperar por ele na sala. Lessa apenas confirmou com um aceno, e Aline seguiu pelo corredor até o escritório de Clark. Ao entrar, acomodou-se no pequeno sofá de couro que ficava próximo à
As horas se passaram rapidamente, o tempo mudou trazendo nuvens acinzentadas, escurecendo a cidade de Nova Iorque, formando-se um temporal, quando Clark tomou uma decisão definitiva. Olivia estava viva, e isso significava apenas uma coisa: perigo. Ele não podia permitir que ela se aproximasse de sua família novamente. Naquele mesmo dia, Clark reuniu um grupo de homens de sua confiança e os enviou para vigiar o apartamento de Olivia. Se ela ainda estava na cidade, não demoraria muito para aparecer. Eles receberam ordens claras: descobrir seus passos, entender seus movimentos e, se necessário, agir antes que ela pudesse causar algum estrago.O que Clark não imaginava era que Olivia já estava um passo à frente. Em um apartamento alugado em outra parte da cidade, Olivia observava o reflexo no espelho. Seu rosto, mesmo após o tratamento inicial, ainda carregava marcas das queimaduras. Mas aquilo não importava agora. Seus olhos refletiam algo muito mais intenso do que vaidade. Ódio.Ela d
A cidade de Nova Iorque seguia seu ritmo frenético, mas para Clark Johnson, o tempo parecia ter parado. O telefone em sua mesa vibrou, e ele, sem muito interesse, atendeu distraidamente. No entanto, assim que ouviu a voz aflita do motorista de Dominic do outro lado da linha, seu corpo inteiro ficou tenso. — Senhor Johnson! Seu pai… Ele foi baleado! — a voz do motorista tremia. Era evidente que o homem estava em pânico. — Dois tiros! Ele está sendo levado para o hospital agora! Clark sentiu o sangue gelar. Um choque percorreu sua espinha, deixando-o sem ar por um instante. — O quê?! — Ele se levantou bruscamente da cadeira, quase derrubando alguns papéis da mesa. — Onde ele está? — Hospital Presbiteriano! A ambulância acabou de sair! Clark não precisou ouvir mais nada. Desligou o telefone e saiu da sala em disparada. A assistente, Lessa, que estava do lado de fora, o viu sair e percebeu o pânico em seu rosto. — Senhor Johnson, está tudo bem? — Não! Ligue para a Aline e avise qu