Nina— Eu não suporto aquela mulherzinha! — rosno para a minha amiga ao telefone. — Só queria que você a visse. Ela se sente a dona de tudo aqui. Sem falar que ela não larga do pé do Thor, sempre com aquelas mãos cheias de dedos em cima dele e aqueles olhos? Há aqueles malditos olhos só falta dissecar o homem. E isso tudo na minha frente. Ela não tem noção não? O homem é casado COMIGO!— Olha só, está com ciúmes do maridinho? — Solto o ar com força pela boca e me jogo no colchão macio, encarando o teto em seguida.— Não fale bobagens, isso não é ciúmes, é... é... Enfim, o fato é que fui eu quem se casou com ele e não ela. O pior é que eu sei que algo acontece entre eles. — Como assim? — Ela indaga exasperada e eu até consigo ver a mulher dar um pulo de onde estiver.— Eles ficam juntos o tempo todo. Aonde ele vai, ela está sempre colada nele, Júlia. Vivem a maior parte do dia juntos.— Isso não quer dizer nada, amiga. Eles trabalham juntos, não é?— E o jeito que ela o olha? — Rio se
Nina— Você... fazia parte da tribo negra?!— Acredite, eu não sentia gorgulho desse título. Todos os integrantes daquela tribo eram desumanos e matavam se ao menos piscasse um olho. Eu vi muita dor naquele lugar, muita morte e a opressão é o equilíbrio do todo poderoso do tráfico. O que eu quero te dizer, Nina é que eu te entendo. Um lugar diferente, com pessoas desconhecidas nesse mundo tenebroso, não dá para confiar em ninguém, não é? — Desvio os meus olhos dos seus, soltando o ar pela boca.— Eu também vi muita injustiça, pessoas sendo oprimidas e subjugadas. Não é fácil aceitar essas coisas. É como se o tempo da escravidão voltasse, só que de um jeito moderno.— Verdade. Após o nosso casamento eu tive uma conversa com o meu marido e falei pra ele sobre o meu ponto de vista. Alguns ele pôde mudar aqui morro, mas muitas delas ele foi forçado a manter.— Entendo.— Mais chá?— Não, obrigada! — Ela volta a se servir e calmamente adoça a bebida, para bebericar em seguida.— O Thor é u
Nina— Não, obrigada!— Bom, eu preciso de uma dose. — Ela ralha e vai até o bar de canto para se servi. — Como vai a sua vida de casada?— Não que isso seja da sua conta, mas está indo muito bem. Diferente de você, Thor é um ser humano de verdade. — Ele apenas sorri e bebe outra dose do seu uísque.— Sente-se, Nina.— Não, eu estou bem de pé. Por que me trouxe aqui, Darlan?— Porque eu tenho uma proposta para você. — Arqueio as sobrancelhas. Que merda é essa agora? Darlan Guerra tem uma proposta para mim, desde quando? — Preciso que conquiste o coração de Thor, que o tenha em suas mãos. Insinue algumas conversas com o seu marido e descubra algumas coisas para mim.— Ficou maluco?— Ora vamos, Nina, não pensou que esse casamento era para te tirar de casa. Eu tenho os meus objetivos...— Que se foda os seus objetivos. Eu não vou trair o meu marido.— Sim, você vai! — Ele range e dá um passo intimidante na minha direção. — Eu sou o seu irmão e você é uma Guerra como nós.— Não, eu não s
Nina— Ótimo! Beba um pouco d'água e volte para o treino. — Ele me estende a garrafinha e eu a seguro.— Mas já é quase hora do almoço e eu estou faminta! — reclamo após beber um gole da água.— Acerte o alvo e poderá ir para casa comer. — Como é que é? Sorrio zombeteira.— Você está brincando, não é? — retruco. É claro que ele está brincando!— Não, eu não estou. Corvo ficará aqui de olho em você...— Como assim? Para onde você vai?— Trabalhar, Nina. Eu trabalho sabia?— Não pode me deixar aqui no meio de uma mata e sozinha com um estranho!— Não se preocupe, o Corvo não é um estranho, ele é o meu homem de confiança. No mais, ele sabe que se tentar alguma coisa com a minha mulher, arrancarei aquilo que ele chama de pau. — Ele beija rapidamente o meu rosto e sai acompanhado de dois homens. Olho para o tal Corvo sentado na cadeira. O homem abre uma lata estupidamente gelada e a ergue em um brinde mudo para mim. Bufo contrariada e volto a focar no treino. Maldito alvo, por que não cons
ThorA boate está lotada e as luzes coloridas junto a fumaça de gelo seco dificultam a minha visão, embora eu saiba exatamente onde encontrá-lo. Maximus nunca foi um problema para nós, mesmo sendo um oponente muito forte ele sempre manteve a paz entre o morro do Gavião e a comunidade das Três Vias. É difícil acreditar que ele esteja metido nesse roubo, mas eu preciso ter a certeza. Portanto, vou para os fundos da boate onde encontro dois brutamontes guardando uma certa passagem. A boate Lux não é exatamente o ganha pão de Maximus e sim, o local perfeito para a lavagem de dinheiro dos seus negócios sujos. Com uma casa sempre cheia fica fácil manter as aparências e esse círculo. Assim ele guarda a grana limpa no banco sem problema algum.— Não podem passar por aqui, portanto, deem meia volta! — O homem extremamente alto e corpulento diz, baixando o olhar para encarar os meus olhos.— Avise para o Maximus que Thor está aqui e que deseja vê-lo — rosno com um tom autoritário e com um simpl
Thor— Eu não sei se tem algo a ver, mas o rapaz que me trouxe a droga, era um tal Pingo, ele é o sobrinho da sua melhor gerente, parça.— De quem você está falando?— De quem mais? Da Safira.— Merda! — Isis xinga ao meu lado e eu fecho as mãos em punho. Sabia que aquela cadela não tinha sobrevivido à toa.— Não é por nada, Thor, mas acho que é você quem deve ficar de olho nas pessoas que te cercam. Os traidores estão por toda parte e os perigosos são aqueles que caminham ao teu lado dando tapinhas no teu ombro. Vai, pegue a bolsa! — Ele ordena e um dos seus homens sai da sala.***Entro em casa pisando duro e me pergunto por que safira me trairia dessa forma? Ela sabe o que acontece com traidores e mesmo assim agiu em minhas costas.— Thor, o que vai fazer?— Eu preciso de um banho e depois irei ao quartel general. Quero olhar na cara daquela filha da puta e vê-la mentir olhando nos meus olhos. Juro que a farei confessar e cortarei a sua língua logo em seguida.— Querido, deixe que
Thor— Ela fez isso? — Certeza, estou surpreso com essa. A ideia era assustá-la, fazê-la recuar de vez e sentir medo desse submundo, mas porra, ela o enfrentou?! Definitivamente você sabe de me deixar em êxtase, Nina Ferraz.— E ainda teve a audácia de dizer que era a rainha do morro — ralha debochada. Franzo a testa e seguro um sorriso cheio de satisfação.— Ela... — Olho para a escadaria. — Vá para casa, Isis, deixe que eu resolvo isso com ela. - Afasto-me para ir ao encontro da minha esposa, mas Isis segura a minha mão e eu a olho.— Deixa aquela maluca pra lá, vem passar a noite comigo? — Duas coisas. Se eu sair daqui com a minha funcionária com certeza não será para transar. Eu preciso de respostas e a Isis me deve alguns esclarecimentos como; por que a Safira quis vê-lar antes do interrogatório? No entanto, estou ávido para ver a senhora rainha do morro agora.— Vá para casa, Isis! — repito com um tom mais firme, livrando-me do seu agarre e imediatamente vejo a frustração cobrir
NinaImpossível de acreditar! Logo na minha primeira vez isso acontece? Penso quando percebo dois carros da polícia bloqueando a passagem do caminhão de pequeno porte. A pior parte é que estamos em uma estrada estreita de via única e não tem como escapar. Meu coração gela com a possibilidade de entrar em uma delegacia ainda mais com a acusação de contrabando. Agora me diga onde você estava com a cabeça, Nina? Merda, esse não é o momento para arrependimentos, você escolheu esse caminho e agora precisa trilhá-lo.— Pare o caminhão — peço de repente.— O que, ficou maluca?— Para a porra do caminhão e desce. Você precisa avisar para o Thor o que aconteceu.— Mas senhora...— Não discute comigo, merda! Melhor eles pegarem um de nós do que ferrar com os dois. Agora desce e avisa para o Thor.— Está bem. — O garoto franzino desce apressado e se embrenha no meio do mato alto de beira de estrada, enquanto os homens se aproximam com as suas lanternas. O suor frio começa a escorrer pela minha t