―E agora? O que vou fazer?Como vamos pagar as dívidas? Vamos perder a casa,vamos ficar na rua,
―Você nos colocou nessa Joseph, quando se enfiou no vício do jogo, arriscando o futuro dos nossos filhos. Já não temos mais nada, você perdeu quase tudo que tínhamos,você nos levou a ruína.
―Como ousa falar assim comigo, Norma?
―Ouso da mesma forma que você ousou jogar e perder quase todo nosso patrimônio, nossas terras, nosso apartamento, tudo que lutamos tanto para conseguir,anos de luta,de trabalho e você em algumas noites perdeu tudo.
―Chegaaaaa!!! Não quero mais ouvir seus sermões. Tenho que pensar em algo..._ Já sei, é isso,a única forma de nos livrarmos dessas dívidas é apressando o casamento da Lyz,
―Como? Eu ouvi bem? Pai, você acha que eu sou uma moeda de troca ?
―Não minha querida, não é isso
―Pois foi o que eu entendi.
―Você não é isso minha filha, mas sim meu anjo, seu casamento com Oliver será vantajoso para todos nós.
―Mãe? Você está ouvindo o mesmo que eu?
―Sim querida, eu ouvi, e eu sinto muito por você estar ouvindo esse absurdo do seu próprio pai.
―Ah Norma, não seja hipócrita. Todos nós sabemos que esse casamento será vantajoso. O Óliver é rico, poderoso e apaixonado, fará tudo o que ela pedir..Lyz como esposa pode usar isso ao nosso favor,ajudar seus pais e sua família.
―Meu Deus...Como o senhor pode falar isso pai de mim?Eu estou sem palavras, nunca pensei em escutar isso do senhor. Eu preciso sair daqui, eu estou sem condições, suas palavras me causam náuseas.
―Lyz, espere minha filha...
―Eu vou ficar bem mãe, só preciso caminhar um pouco,respirar, sair desse ambiente,eu preciso ficar sozinha ...
...
Elizabeth
Preciso caminhar e arejar minhas idéias, me doeu muito ouvir meu pai falar daquela forma.Ele sempre foi um pai duro, com firmeza mas nunca pensei que pensasse assim, com intenções de praticamente vender a filha. É horrível pensar nisso, pensar no que meu pai seria capaz de fazer por dinheiro,não estou o reconhecendo. Talvez seja por causa da competição ou devido as dívidas que ele possui, mas nada justifica ele falar dessa forma...
...
"Lyz subiu em sua bicicleta,amarrou o cabelo em um pequeno laço de cetim e seguiu seu caminho. Andar de bicicleta a acalmava,a fazia refletir. Sentir o vento refrescar seu rosto suado a fazia bem, ela sentia uma sensação de liberdade e paz, como se nada mais a sua volta importasse.Enquanto pedalava pelas ruas de Ametyville, ela percebia alguns olhares curiosos a seguindo, afinal é uma cidade pequena, difícil as pessoas não saberem o que acontecia com os Wilhans, uma família que outrora era influente, poderosa. Todos ali se conheciam desde sempre, é natural, mas Lyz não se importava com os comentários, nunca se importou ,não seria agora que ela iria se importar. Pedalou sem olhar para os lados,sem ouvir ou pensar em nada, apenas seguia sem rumo, até se deparar com o limite da cidade. Um rio enorme dividia a cidade vizinha, com uma extensa ponte de ferro que devia possuir uns 15 metros de comprimento que auxiliava os moradores na travessia para o outro lado. O sol estava quente sobre sua cabeça mas ao mesmo tempo havia um vento que refrescava seu rosto. Ao lado esquerdo antes do limite da cidade, possuía uma grande plantação de Girassóis, suas flores preferidas. Ela olhou admirada a cor amarela naquele campo, derrubou sua bicicleta no chão próximo a estrada e entrou no meio da plantação.Observou um espaço no meio da plantação, era sinal de que haviam cortado alguns girassóis a pouco tempo.Ela se sentou no chão onde havia alguns capins brotando e girassóis secos caídos. Apanhou um punhado de semente que estava no chão e sorriu admirada.Ficou ali por alguns instantes observando a paz do céu azul. Algum tempo depois ela ouviu passos se aproximando e em um pulo, ela já estava de pé. Levou a mão até o peito, seu coração disparava furiosamente, sentiu seu rosto aquecer e suas veias pulsarem em seu corpo. O vento forte fez com que seus cabelos ficassem esvoaçados e a pequena fita vermelha de cetim que o segurava, foi lançada para longe. Ela ficou imóvel,então uma silhueta masculina surgiu no meio da plantação vindo da mesma direção que ela havia vindo".
―Mocinha, você está em uma propriedade particular, sabia disso?
Ela hesitou e sem saber o que responder, ficou extasiada e muito, muito assustada. Sentiu suas pernas petrificarem,sua voz não saía, se fosse preciso ela correr ou gritar, jamais o conseguiria fazê-lo.
―O gato comeu sua língua? O homem perguntou
―Senhor eu...eu, _ sua voz saiu trêmula em volume baixo―Me desculpe,eu não queria invadir, completou
Ela observou que o olhar dele era frio mas ao mesmo tempo sedutor. Ele se aproximou dela lentamente e com o bastão que ele segurava levantou erguendo em sua direção.
Ela fechou os olhos...
―Deveria olhar onde se senta na próxima vez moça. Sorte sua eu estar por perto ou você já era, ele fala bem próximo a ela, que abre os olhos, então ele mostra uma víbora ao qual estava próxima de onde Lyz estava sentada. Seu coração parecia sair pela boca ao ver e imaginar o que poderia ter acontecido,
―Obrigado,obrigado, se o senhor não estivesse aqui não sei o que podia ter acontecido, ela o agradeceu
Os dois estavam tão próximos que Lyz conseguia ver bem seus olhos negros e cinzentos a olhar fixamente,o que a fez estremecer, fazendo com que um calafrio passasse por sua espinha, percorrendo seu corpo se instalando em seu estômago. Ela sentiu seu perfume intenso e forte invadirem suas narinas a deixando quase que hipnotizada.
―Me chame de Eduardo eu não sou tão velho assim, disse ele um pouco irritado
―Como quiser senhor, digo Eduardo, ela respondeu,_ A propósito, parabéns pela sua vitória no festival,
―Obrigado, me empenhei muito para isso, ele respondeu
Eduardo tinha um mistério em seu olhar, uma voz firme e forte que a deixava abalada, algo nele chamava sua atenção.
_"Acorda Elizabeth"! Ela dizia em pensamento!
―Então eu vou indo,me desculpe novamente por invadir sua propriedade,
Ele assenta com a cabeça em silêncio. Quando Lyz pensou em dar um passo,tropeçou em uma palha seca, pois uma tirinha de sua sandália ficou enroscada. Rapidamente, ela é amparada por suas mãos fortes e grandes que a fazem tremer ao sentir seu toque firme em seus braços. O mundo pareceu parar por alguns segundos. Seus olhares se encontraram e por um momentos ela conseguiu enxergar doçura nos olhos de Eduardo, pouco antes frio.
...
―Elizabeth!!!
O clima foi quebrado por Óliver que a chama aos berros
―O que está acontecendo aqui? Era nítido sua fúria
―Óliver! Ela disse assustada,
então o homem imediatamente soltou seu braço e seu semblante ficou escuro novamente
―Óliver esse senhor,digo,esse é Eduardo, ele salvou minha vida agorinha, Lyz tenta acalmar o noivo, que a olha furioso sem acreditar no que ela diz―Eu comecei a pedalar e cheguei nessa plantação,havia uma cobra aqui e eu não havia percebido e ele a matou, mas eu já estava indo embora, ela disse tentando acalmá-lo.
Eduardo os observava em silêncio,
―Você invadiu essa propriedade, Lyz? Oliver perguntou
―Sim, sim já me desculpei com ele, respondeu
―Meu nome é Oliver, "noivo" dela,
Oliver fala erguendo a mão a Eduardo, frisando bem a palavra noivo. O homem demora um pouco a estender a mão mas assim o faz,
―Eduardo Gonçalez!
―Obrigado e desculpe pelo inconveniente que minha noiva causou,justifica Oliver,
―Okay, mas peço que saiam de minha propriedade.
―Sim sim, já estamos indo. Obrigado novamente e não vamos voltar a importuná-lo.
Oliver pega a mão de Lyz e quase que a arrastando dali, partem do local. Lyz não se contém e olha para trás pela última vez. Ela vê aquele homem cheio de mistério os observando ir embora com um olhar penetrante, que parece os devorar. Ele assente com a cabeça como sinal de até mais, vira as costas e segue seu caminho...
Pov Eduardo Cheguei em casa perto do horário do almoço. Minha mãe estava na varanda da frente da casa arrumando alguns vasos de plantas. Subi a grande escada larga que dá entrada à mansão e a comprimentei com um beijo em sua testa. Depositei o troféu e o cheque do concurso em sua mão e entrei. Subo as escada lentamente indo direto ao meu escritório, abri as cortinas da grande janela do escritório que dá vista contra as plantações de flores e girassóis da minha fazenda, abri o uísque e coloquei um pouco da bebida no copo e me sentei de frente para contemplar a paisagem de flores. Ao fechar meus olhos em um pequeno cochilo, seu rosto veio à minha mente.Seu olhar meigo, sua pele delicada e bronzeada,sua boca bem desenhada e seus cabelos que ainda parecem estar impregnado em minhas narinas. Tudo tão vívido em minha mente. Acordei ofegante, indignado com tal situação pois tudo foi tudo tão real que quase senti sua respiração próximo a mim ―O que foi isso? Eu devo odiá-la! Não posso pe
Pov Elizabeth "Não, não Catarina!Catarina,Elizabeth?Me dê sua mão, vem, respira, respira Pov Elizabeth Pov Eduardo "Um dia após Eduardo encontrar o jovem John acidentado, ele então acorda. Sentou-se na cama um pouco atordoado sem entender muito bem como veio parar naquele lugar. Olhou o quarto ao redor tudo bem limpo e arejado. Uma cama grande de casal em madeira rústica assim como todos os móveis ao seu redor.Roupas de cama azul escuro com detalhes em amarelo, assim como as cortinas.As duas pequenas janelas e a porta da sacada levemente abertas deixando o ar da manhã e leves feixes de luz solar entrar. Observou em seu corpo alguns curativos muito bem feitos e recentes.Sentiu uma leve dor de cabeça e dores pelo corpo que o fizeram gemer. Lembrou-se da briga com seu pai e logo em seguida pensa na mãe, Eduardo entra em seu escritório um pouco desconcertado.―Como você pode ser tão miserável Joseph? tratar seu filho com tanta maldade. Eu pensei que ao menos "os seus" você tratasse bem,mas pelo visto não.―Com licença seu Eduardo,―Para de me chamar de "Seu Eduardo" Lya, poxa vida eu já pedi,―Eu não consigo,me desculpe,é hábito,ela responde―Então, eu vim lhe dizer que John já deve estar tomando banho,o Joaquim está com ele―Ah é, já está com intimidade assim?"O John " ,Eduardo questionou arqueando a sobrancelha,―Ué? mas não é o nome dele?―Lya, Lya não se faça de boba comigo!Fica longe dele.―E laiá , não falei nada de mais, ela fala sentando em uma poltrona em frente a mesa de Eduardo.―Eu sei querida,eu sei. Só não quero que se machuque . Essa gente corre sangue ruim em suas veias. São pessoas ruins, algo bom não pode sair dali.―O senhor está julgando uma pessoa sem ao menos conhecê-la. Não foi isso que você sempO caminho até você
Desconfianças
Um inimigo amigo
Surpresas da vida
Quando menos se espera
Pov Lyz
Último capítulo