A adoção de HelenaOs dias seguintes foram caóticos. Fraldas, mamadeiras, roupas, remédios! Cada detalhe precisava ser resolvido. Camila e Helena passaram horas organizando tudo, enquanto Vicenzo, eu e Antônio cuidávamos da montagem dos móveis e acessórios.A sensação de perigo ainda rondava, e quando não estavamos Antônio era o responsável pela casa e pela Helena, ela confia muito nele e eu vi a fidelidade que ele tem com ela.Mas algo dentro de mim dizia que estávamos fazendo a coisa certa.Helena se transformou diante dos nossos olhos. Se antes hesitava, agora assumia a maternidade como se tivesse nascido para aquilo. Quando um dos bebês chorava, era ela quem os acalmava. Quando precisavam de algo, ela resolvia sem pensar duas vezes.— Você se apaixonou por eles. Observei certa noite, vendo-a embalar a menina enquanto cantarolava baixinho.Ela sorriu sem desviar o olhar da criança.— Desde o momento em que os vi.As palavras pairaram no ar entre nós. Eu sabia o que aquilo signif
HelenaNaquela noite, enquanto todos dormiam, me peguei olhando para os bebês por um longo tempo.Cada respiração, cada movimento leve deles me fazia sentir uma proteção indescritível.Eu não sabia o que o futuro nos reservava, mas tinha certeza de uma coisa: Nunca deixaria que nada acontecesse a Enzo e Valentina!Com cuidado, peguei Valentina no colo. Sua pele macia, seu cheirinho delicado… Era surreal como um ser tão pequeno podia carregar tanto significado.— Você tem o nome de alguém muito especial. Murmurei. — Alguém que partiu cedo demais, mas que nunca será esquecida.Valentina suspirou no sono, se aconchegando contra meu peito.Camila entrou na sala, silenciosa.— Não consegue dormir? Perguntou baixinho.Balancei a cabeça, olhando para ela.— Eu estava pensando em sua irmã. Em como o nome dela viverá nessa pequena.Camila sorriu, mas seus olhos estavam marejados.— Valentina era minha melhor amiga. A pessoa que eu mais amava nesse mundo. –Perder ela…Sua voz falhou por um mo
Felipe Era estranho, de certa forma, pensar nisso de maneira tão profunda. Mas, conforme os dias passavam, a palavra "filhos" se tornava mais natural, mais sólida. Eu sabia que a partir de agora, nossa responsabilidade não era apenas por suas vidas, mas também pela forma como as construíamos, por como as guiávamos.Uma noite, depois de colocar os bebês para dormir, Helena se sentou ao meu lado no sofá. Ela estava cansada, os olhos um pouco inchados pela falta de sono, mas havia algo sereno em seu olhar. Algo que eu não podia ignorar.— Você já pensou no que isso significa? Ela perguntou, olhando para mim com um olhar profundo e atento.Eu sabia exatamente o que ela queria dizer, mas as palavras não vinham. "O que significa ser pais?" Eu estava me perguntando isso o tempo todo, mas não tinha uma resposta fácil. Como alguém pode saber o que é ser pai ou mãe de verdade? Como alguém pode entender o peso e a alegria disso até viver o momento?— Eu pensei. Respondi com a voz baixa, quas
Felipe O Lar de Verdade O sol estava começando a se pôr quando entrei em casa naquela tarde. A luz dourada da janela iluminava a sala, e havia algo na atmosfera que me fez parar por um momento, apenas para absorver a sensação de que algo havia mudado para sempre. Helena estava ali, como sempre, cuidando de Enzo e Valentina, seus olhos fixos nas crianças enquanto as embalava suavemente. Eu podia vê-la em ação, cada gesto mais natural que o anterior, como se ela tivesse nascido para ser mãe, como se isso sempre tivesse sido o seu destino. Eu me encostei na porta, observando-a por alguns segundos, me permitindo absorver a cena tranquila diante de mim. Enzo estava em seus braços, seu rostinho calmo contra o peito dela, enquanto Valentina dormia no berço, com as mãozinhas pequenas agarradas à coberta. O som suave da música que Helena costumava cantar para eles preenchia a sala, e o mundo lá fora parecia distante, irrelevante. — Está tudo bem? Ela perguntou sem desviar o olhar das cria
Uma Noite de Amor A noite caía suavemente, e a casa estava mergulhada em um silêncio tranquilo. Depois de um dia agitado cuidando dos bebês, finalmente tínhamos um momento só nosso. Helena estava na varanda, olhando para o céu estrelado, um sorriso sereno nos lábios. A luz fraca iluminava seu rosto, e o vento leve bagunçava seus cabelos. Ela estava linda, como sempre. Me aproximei devagar, envolvendo sua cintura com meus braços por trás, puxando-a para perto do meu peito. — Em que está pensando? Sussurrei contra seu ouvido. Ela suspirou e relaxou contra mim. — Em como minha vida mudou em tão pouco tempo. Nos bebês, em nós… Sorri, beijando suavemente seu pescoço. — Mudou para melhor, não é? Ela se virou nos meus braços, seu olhar cheio de ternura. — Sim, Felipe. Nunca me senti tão feliz e completa. Passei os dedos pelo seu rosto, admirando cada detalhe. — Você merece ser feliz, Helena. E eu vou passar o resto da minha vida te fazendo sentir assim. Seus olhos b
Novos Dias, Novos DesafiosPassamos a manhã juntos, brincando com Enzo e Valentina, assistindo seus sorrisos inocentes iluminarem a casa. Helena ria enquanto Enzo tentava agarrar seu cabelo com as mãozinhas pequenas e descoordenadas. Valentina, por outro lado, ainda estava sonolenta, aconchegada contra meu peito, respirando suavemente.Momentos como esse pareciam simples, mas, para mim, eram preciosos. Antes de Helena, antes dos bebês, minha vida era um ciclo interminável de sangue e morte . Agora, eu me pegava desejando que o tempo desacelerasse, que cada amanhecer durasse um pouco mais.— Você percebe como eles já mudaram tudo? Helena pergunta de repente, olhando para mim com ternura.— Sim. Respondo, sem precisar pensar muito. — É engraçado. Quando os vi pela primeira vez, não sabia o que fazer. Agora… não sei o que faria sem eles.Ela sorri, e sei que sente o mesmo. Adotar Enzo e Valentina não foi apenas uma decisão racional. Foi algo que veio do coração. Algo que nos completou
Proteção e DevoçãoFELIPE Os dias passaram a ter um novo significado para mim. Cada manhã, ao abrir os olhos e ver Helena ao meu lado, ao ouvir os risos de Enzo e Valentina ecoando pela casa, eu sentia uma gratidão imensa. Mas, junto com essa felicidade, vinha a responsabilidade de protegê-los.E eu sabia que não estava sozinho nisso.Antônio, o homem que Helena confiava cegamente, também se tornou um guardião para os meus bens mais preciosos. Desde que entendi o peso da promessa que ele havia feito, passei a observá-lo com novos olhos. Ele não era apenas um segurança, era um escudo silencioso que zelava por Helena e, agora, por nossos filhos.Antônio era discreto, mas sua presença era constante. Ele nunca deixava Helena sem vigilância, mesmo que ela não percebesse. Quando íamos ao parque com as crianças, ele se mantinha a uma distância que não interferia em nossa privacidade, mas o olhar atento varria o ambiente a cada segundo.No início, eu achava que ele estava apenas cumprindo s
Parte 1Felipe A noite estava gelada e silenciosa, mas a tensão em meu peito fervia. O homem que, até pouco tempo atrás, parecia ser apenas uma peça insignificante na engrenagem de uma história maior, agora estava em nossas mãos. Vicenzo e Camila haviam se encarregado de trazê-lo até aqui, até este galpão isolado, onde a verdade seria arrancada de suas entranhas. Era a minha vez de assumir o comando da situação, de puxar a linha que separava o que sabíamos do que ainda não entendíamos.Saí da casa com passos firmes, sem querer fazer barulho. Antônio estava na varanda, como sempre. Sua presença era discreta, mas observadora. Ele me lançou um olhar rápido, como se soubesse o peso que eu carregava nos ombros, mas não fez uma única palavra. Sabia que eu precisava lidar com aquilo pessoalmente, e ele confiava em mim para que tudo acontecesse como precisava. Não era só o interrogatório que me incomodava, mas o que ele representava. Cada segundo que se passava sem respostas só alimentav