Minha mãe bate 3 vezes na porta e me entrega o papel. Enquanto me limpo, constrangida totalmente, consigo ouvir os dois conversando e ela o tratando como se fosse um filho. Ele veio trazer os tênis hoje? Ele deveria ter me avisado! Estúpido! E agora? Com que cara vou olhar para ele? Queria tanto poder voltar no tempo e não comer todos aqueles doces e também para não perder aquela aposta ridícula.
Após lavar minhas mãos, saio do banheiro e vou para o meu quarto, ignorando Marco, que está sentado no sofá, com alguns tênis na mão. Escuto ele dizer algo e seus passos se aproximam. Fecho a porta e seguro a maçaneta, ele tenta girá-la, mas a seguro, tentando não deixá-lo entrar.
—Você não vai entrar, é um pervertido!
— Quem manda usar o banheiro de porta aberta? –Ele diz, do outro lado da porta—Margarida, eu já vi os seus peitos no Zooquático. O que é um pum para quem já está na merda?
Marco·._.·°¯°·..·°.·°°°Ao chegar em “casa”, os portões se abrem automaticamente, provavelmente algum guarda me reconheceu pelas câmeras de segurança. Entro pela porta da frente e me deparo com a safada, Aliziane.— Isso são horas de chegar, moleque?! –Ela exclama.Me sento no sofá e cruzo minhas pernas.— Olha, se eu fosse você, não falava assim com alguém que sabe tanto. –Sorrio.Ela me olha, boquiaberta e pisca algumas vezes seguidamente.— V-você está me ameaçando? –Enquanto fala, aponta seu indicador para si mesma.— Pode ser que sim, pode ser que não. – Respondo.Ela solta um longo suspiro.— O que quer para calar a boca?Meus lábios demonstram um enorme sorriso.— Olha só, agora sim, você está falando a minha língua.Aliziane arqueia uma de suas sobrancelhas.— Vamos, me diga! Quer um carro, uma moto, alguma ja
— É admirável seu pai ter deixado você dormir aqui hoje. –Digo.Glenda olha ao redor e às vezes para seus olhos nos quadros espalhados pela casa.— O que é admirável é minha mãe ainda não ter o matado, se fosse ela, já teria feito isso.Coloco a mão em meu peito.— Credo, odeio assunto de morte e essas coisas. Em Dona Colina, morreu a joaninha que eu guardava dentro de um pote. Chorei como se fosse parente minha.Ouço o riso de Glenda.— Mas, Marga, me diz, por que não podemos dormir no seu quarto? –Ela questiona.— Ah, é que a minha avó dorme lá. O sofá é meu companheiro de todas as noites.Enquanto conversamos, a campainha toca.— Será que é a pizza que pedimos? Vou lá ver! –Glenda diz, se levantando e indo até a porta.– Margarida, você não vai acreditar!Me levanto e vou até a porta, ver o que eu não
Direciono rapidamente meu olhar para trás e vejo Marco, com uma expressão nada boa.— Moleque insolente! Como ousa me exigir respeito dentro de minha própria casa?!Fico completamente sem saber o que fazer e como agir, e resolvo dizer a única coisa que me vem em mente.— Desculpa... -Digo em baixo tom, me virando para ir embora.Ouço passos rápidos e me viro novamente ao sentir a mão de Marco se juntar a minha.— Te proíbo de se desculpar com esse... Esse homem! -Ele exclama, ainda com nossas mãos entrelaçadas.Vejo a expressão raivosa de Dorothy se transformar em uma expressão de surpresa ao ver o tato de nossas mãos. Tento separar o nosso contato físico, porém ele me segura firmemente. Dorothy desce as escadas, pisando como se fosse um soldado, e abraça o velho, ficando contra nós.— Marco, não deveria falar assim com seu pai! –Ela o repreende.
𝙼𝚊𝚛𝚌𝚘 °°°·.°·..·°¯°·._.·Ao retornar para dentro da casa, vejo Gardênia, parada, me olhando com um olhar de piedade e com suas pernas tremendo.— O Senhor Bastes está te esperando no escritório dele. –Disse ela.— Você sabe o que ele quer? –Questiono.— Deve ser sobre aquela garotinha que vestia uma jardineira, aquela que acabou de sair. Tome cuidado, ele está cuspindo marimbondos.— Certo, valeu, Gardê.Subo as escadas para o lado esquerdo da casa e vou até seu escritório. Ele está andando de um lado para o outro e bate em sua mesa ao me ver entrar.— Moleque imbecil! Como pode fazer amizade com esse tipo de gente?! O que você tem nessa sua cabeça oca?
— Isso tudo é culpa sua! –Afirmo.— Ah, é? Por quê? –Questiona ele.Estamos andando, no escuro, quase no meio do nada, guiando a moto. O que mais poderia dar errado?— Porque é! Olha, e se aparecer algum assassino? Se eu morrer, a culpa é sua!!Ele ri.— Calma, logo vamos achar alguém que vai nos ajudar.— "Ajudar"? Ajudar como? Nos matando? Marco, eu não quero morrer!— Não tem como te ajudar se você não parar de falar na minha cabeça. Parece uma vitrola quebrada. “Marco, Marco, Marco” –Ele imita minha voz– Pelo amor de Deus.— Eu não falo assim!Continuamos andando. E, claro, com meu c@ totalmente trancado. Mamãe me avisou que assassinos geralmente andam soltos por aí, e olha que eu nem trouxe meu pedaço de pau. Como não há nenhum poste de luz, estamos sendo guiados pela lanterna do celular de Marco, que às vezes toca, indicando
Sinto meu corpo esfriar ao perceber que o botão é um acelerador automático. O ronco assustado de GineGeni e Marco totalmente desconjuntado me faz ficar ainda mais nervosa e tremer enquanto seguro o guidão.— M-MARGARIDA, PARA ISSO! –Grita Marco, amedrontado.— SOCORRO, COMO EU PARO ISSO?! AAAAAAAAAA!!Alguns poucos carros passam por ali, o que me faz ficar ainda mais em choque e os motoristas nervosos. O barulho das rodas passando pelo chão me assusta ainda mais, me fazendo ficar arrepiada e tremendo. O nervosismo de saber que Marco pode deixar minha porca cair também me deixa assustada.Como se já não bastasse o estrondoso barulho do motor, os berros de Marco, roncos de choro de GineGeni, ouço um tipo de sirene. Uni, duni, tê, em que fim de mundo fui me meter?— Margarida, não querendo te assustar, mas, A POLÍCIA TÁ LOGO ATRÁS! Eu não poss
Meus olhos se esbugalham. Minha mente vê apenas uma parede branca e todas as minhas palavras desaparecem. Não consigo crer que a mãe de Dorothy esteja me contando todas essas coisas achando que temos sentimentos recíprocos.— Acho que a senhora não me entendeu muito bem... Dorothy e eu somos apenas bons amigos.Entre lágrimas, ela enxuga seu rosto. Ela sorri e segura minhas mãos.— Marco, Dorothy é uma menina única e é muito linda. Você não me ouviu quando disse que ela ganhou vários concursos?— Ouvi. Ouvi sim. Mas, não somos nada além de amigos. Meus sentimentos por ela não são de alguém que esteja apaixonado.Um ar de risada sai por seu nariz.— Não vai me dizer que gosta daquela... Garotinha pobre e vulgar, haha.Com sua última frase, não consigo disfarçar minha expressão de desconforto. Síndrome de gente rica, onde acham que todo pobre é vulgar apenas por nã
Os dois paralisam seus olhares em mim.— Marco, é tudo mentira! –Complemento.Marco parece sem saber do que se trata toda essa situação. Uma pontinha de arrependimento me espeta. Tenho medo de que ele não acredite em mim, tendo em vista que Mercedes já foi alguém importante em sua vida.Mercedes cruza os braços e sorri, me olhando dos pés à cabeça.— Olha só, que coisa feia, ouvindo atrás da porta? Parece que a sua florzinha, Margarida, está colocando as asinhas de fora. –Diz ela, para Marco.— Que asinhas? Eu nem tenho asas.Mercedes debocha.— Como não tem asas? Com essa cara de galinha.Ela me chamou de Galinha? Galinhas são animais fofos.— Obrigada. O ovo da galinha é excelente em proteínas, e elas são capazes de comer até pedras. Fora que elas têm linguagem própria, ou seja, falam seu próprio idioma. E você? Qual as vantagens