Direciono rapidamente meu olhar para trás e vejo Marco, com uma expressão nada boa.
— Moleque insolente! Como ousa me exigir respeito dentro de minha própria casa?!
Fico completamente sem saber o que fazer e como agir, e resolvo dizer a única coisa que me vem em mente.
— Desculpa... -Digo em baixo tom, me virando para ir embora.
Ouço passos rápidos e me viro novamente ao sentir a mão de Marco se juntar a minha.
— Te proíbo de se desculpar com esse... Esse homem! -Ele exclama, ainda com nossas mãos entrelaçadas.
Vejo a expressão raivosa de Dorothy se transformar em uma expressão de surpresa ao ver o tato de nossas mãos. Tento separar o nosso contato físico, porém ele me segura firmemente. Dorothy desce as escadas, pisando como se fosse um soldado, e abraça o velho, ficando contra nós.
— Marco, não deveria falar assim com seu pai! –Ela o repreende.
𝙼𝚊𝚛𝚌𝚘 °°°·.°·..·°¯°·._.·Ao retornar para dentro da casa, vejo Gardênia, parada, me olhando com um olhar de piedade e com suas pernas tremendo.— O Senhor Bastes está te esperando no escritório dele. –Disse ela.— Você sabe o que ele quer? –Questiono.— Deve ser sobre aquela garotinha que vestia uma jardineira, aquela que acabou de sair. Tome cuidado, ele está cuspindo marimbondos.— Certo, valeu, Gardê.Subo as escadas para o lado esquerdo da casa e vou até seu escritório. Ele está andando de um lado para o outro e bate em sua mesa ao me ver entrar.— Moleque imbecil! Como pode fazer amizade com esse tipo de gente?! O que você tem nessa sua cabeça oca?
— Isso tudo é culpa sua! –Afirmo.— Ah, é? Por quê? –Questiona ele.Estamos andando, no escuro, quase no meio do nada, guiando a moto. O que mais poderia dar errado?— Porque é! Olha, e se aparecer algum assassino? Se eu morrer, a culpa é sua!!Ele ri.— Calma, logo vamos achar alguém que vai nos ajudar.— "Ajudar"? Ajudar como? Nos matando? Marco, eu não quero morrer!— Não tem como te ajudar se você não parar de falar na minha cabeça. Parece uma vitrola quebrada. “Marco, Marco, Marco” –Ele imita minha voz– Pelo amor de Deus.— Eu não falo assim!Continuamos andando. E, claro, com meu c@ totalmente trancado. Mamãe me avisou que assassinos geralmente andam soltos por aí, e olha que eu nem trouxe meu pedaço de pau. Como não há nenhum poste de luz, estamos sendo guiados pela lanterna do celular de Marco, que às vezes toca, indicando
Sinto meu corpo esfriar ao perceber que o botão é um acelerador automático. O ronco assustado de GineGeni e Marco totalmente desconjuntado me faz ficar ainda mais nervosa e tremer enquanto seguro o guidão.— M-MARGARIDA, PARA ISSO! –Grita Marco, amedrontado.— SOCORRO, COMO EU PARO ISSO?! AAAAAAAAAA!!Alguns poucos carros passam por ali, o que me faz ficar ainda mais em choque e os motoristas nervosos. O barulho das rodas passando pelo chão me assusta ainda mais, me fazendo ficar arrepiada e tremendo. O nervosismo de saber que Marco pode deixar minha porca cair também me deixa assustada.Como se já não bastasse o estrondoso barulho do motor, os berros de Marco, roncos de choro de GineGeni, ouço um tipo de sirene. Uni, duni, tê, em que fim de mundo fui me meter?— Margarida, não querendo te assustar, mas, A POLÍCIA TÁ LOGO ATRÁS! Eu não poss
Meus olhos se esbugalham. Minha mente vê apenas uma parede branca e todas as minhas palavras desaparecem. Não consigo crer que a mãe de Dorothy esteja me contando todas essas coisas achando que temos sentimentos recíprocos.— Acho que a senhora não me entendeu muito bem... Dorothy e eu somos apenas bons amigos.Entre lágrimas, ela enxuga seu rosto. Ela sorri e segura minhas mãos.— Marco, Dorothy é uma menina única e é muito linda. Você não me ouviu quando disse que ela ganhou vários concursos?— Ouvi. Ouvi sim. Mas, não somos nada além de amigos. Meus sentimentos por ela não são de alguém que esteja apaixonado.Um ar de risada sai por seu nariz.— Não vai me dizer que gosta daquela... Garotinha pobre e vulgar, haha.Com sua última frase, não consigo disfarçar minha expressão de desconforto. Síndrome de gente rica, onde acham que todo pobre é vulgar apenas por nã
Os dois paralisam seus olhares em mim.— Marco, é tudo mentira! –Complemento.Marco parece sem saber do que se trata toda essa situação. Uma pontinha de arrependimento me espeta. Tenho medo de que ele não acredite em mim, tendo em vista que Mercedes já foi alguém importante em sua vida.Mercedes cruza os braços e sorri, me olhando dos pés à cabeça.— Olha só, que coisa feia, ouvindo atrás da porta? Parece que a sua florzinha, Margarida, está colocando as asinhas de fora. –Diz ela, para Marco.— Que asinhas? Eu nem tenho asas.Mercedes debocha.— Como não tem asas? Com essa cara de galinha.Ela me chamou de Galinha? Galinhas são animais fofos.— Obrigada. O ovo da galinha é excelente em proteínas, e elas são capazes de comer até pedras. Fora que elas têm linguagem própria, ou seja, falam seu próprio idioma. E você? Qual as vantagens
Mas, o que diabos é “Marthy”?Com os olhos quase fechando de sono, um flashback toma conta de minha memória, e me recordo de que tenho um assunto pra lá de sério, com Valentina.Ao vestir meu uniforme, vou até o quarto da mesma, ela já está brincando de bonecas.— Preciso falar com você. –Digo.Ela fica com os olhos em mim, esperando que eu diga algo. Ao tentar fechar a porta, uma mão segura a maçaneta. Vejo Dorothy.— Vamos? –Ela pergunta, animada.— Preciso falar com minha irmã.Dorothy olha ao redor do quarto e consente, mas entra também. A observo por poucos segundos.— A sós.Ela fica parada um tempo, até conseguir raciocinar que quero falar apenas com Valentina.— Ah, Marco, não seja modesto. Sua irmã e eu somos boas amigas. Ela não se importaria, não é? –Ela questiona Valentina.Tina está com
Ele abre seus olhos cada vez mais.— Rapadura. Você também gosta? –Questiono.Ele continua sem dizer nada, enquanto a sala é tomada por risadas. Glenda me olha com uma forte expressão, surpresa.O policial pega o doce e logo retorna seu olhar para mim.— Levante-se e venha conosco. –Diz ele.O olho confusa. Por que tenho que acompanhá-los? Eu realmente não faço ideia de quem entrou com drogas na escola.— Mas… Por quê?Ele olha para os outros dois policiais que estão a frente da sala. Eles trocam olhares comunicativos, até um dos policiais que estão na frente, de óculos e boina resolver dizer algo.— Traga ela. –Ele ordena.O policial ao meu lado, segura meu braço, me fazendo levantar da cadeira. Vejo Glen se levantar.— Calma, deve ter um engano! A Margarida não faz esse tipo de coisa!!Meu olhar se
frio na barriga retorna. A sensação é como se me jogassem um balde de água morna. Nem tão quente e nem tão fria.— Está desafinado. Preciso arrumar isso depois. –Diz ele, olhando em volta do pequeno violão.Continuo calada e com o olhar perdido. É como um tombo. Um tombo em uma cama elástica. Não dói, mas assusta.E mais uma vez, o celular do mesmo toca. Ele olha para tela e faz uma expressão nada legal. É uma chamada de Dorothy.—Você não vai atender? –Pergunto.Ele desliga o celular, rejeitando a ligação.— O clima está tão bom, não pretendo estragá-lo.Garotos como Marco normalmente têm namoradas. Garotos como Marco geralmente são populares. Garotos como Marco costumam brincar com garotas. Garotos como Marco costumam brincar com garotas bobas, como eu. &n