O Delegado ( Duologia os delegados vol 1)
O Delegado ( Duologia os delegados vol 1)
Por: Betânia Vicente
Capitulo 2

Antonella

Sabe aquele momento em que você se olha no espelho e diz assim: Hoje você está arrasando? Pois é, esse era o meu dia. Nesse exato momento, eu estava me maquiando para ir a um clube de striptease. Eu nunca tinha ido, mas a minha melhor amiga, Raquel, estava louca para ir.

Dizem que a casa de shows vive cheia. Até imagino: um monte de mulheres loucas para dar para os caras. Aí vocês devem me perguntar: O que você vai fazer lá? Simples, eu quero curtir a minha vida. Eu trabalho como escritora de romances. Eu escrevo livros bem picantes, sabe? Daqueles de deixar qualquer um doido.

E foi o que aconteceu quando o meu irmão descobriu que eu estava escrevendo. Era para ser segredo, mas não teve como. Até hoje eu não sei como ele descobriu. Mas, pensando bem agora, eu desconfio que a Raquel tenha contado para o meu irmão. Na verdade, não sei e nem quero saber, porque, se eu descobrir que ela o fez, eu não sei o que sou capaz de fazer. Porém, pensando em outra hipótese, se ela contou, ela deve ter sido coagida. Se bem que eu conheço aqueles dois, acho que tem atração no ar aí. Bom, eles que são grandes que se entendam.

Eu me olhava no espelho e estava muito feliz com o que via, estava usando um vestido preto com decote em V, bem justo no corpo. Quando eu o vi na vitrine de um shopping, me apaixonei, literalmente. Era lindo.

Voltando ao meu assunto favorito, eu era uma pessoa, como se diz, com um corpo avantajado. Eu sempre tive um pouco de complexo, afinal eu era uma criança magrinha, mas depois, na adolescência, comecei a engordar e acabei virando motivo de riso de todos. Aquilo sim era humilhação.

O toque do meu telefone me tirou dos meus devaneios, e, quando fui ver, era a foto da minha amiga que estava aparecendo no visor.

— Oi, Raquel.

— Oi, Nella, está pronta?

— É claro que sim, hoje vamos nos acabar — começamos a rir.

— Com certeza, Nella. Vamos ver aqueles homens todos sem camisa, puta merda, aquilo vai ser muito bom.

— Eu também acho — eu ri.

Raquel era o oposto de mim. Ela era linda, magra, morena de olhos verdes. E eu, bom, como vocês já sabem, era uma mulher bem grande. Ela sempre chamou atenção por sua beleza, sempre ficando com os caras mais gatos. E com certeza ainda vou querer saber se algum dia ela ficou com o toupeira do Davi.

— Nella, estou virando na sua rua, desce já, para a gente curtir.

— Pode deixar — falei, e desliguei o celular.

Verifiquei mais uma vez se estava tudo certo com a minha roupa e, ao ver que estava tudo OK, corri para pegar a minha bolsa, onde coloquei os documentos que achei que seriam necessários caso acontecesse algo de errado lá dentro do local de diversão.

Eu devia estar doida em ficar imaginando essas coisas, mas, como meu trabalho era basicamente imaginar, isso já era normal. Minha imaginação sempre correu solta.

Saí do meu apartamento, fechei a porta e fui direto para o elevador.

Eu adorava a minha casa. Morar sozinha tinha as suas vantagens, porque eu podia fazer o que eu quisesse, quero dizer, mais ou menos, se a besta humana do meu irmão não aparecesse. Ainda não caiu a ficha dele de que eu já era bem crescida e morava sozinha.

Vim morar em São Paulo quando fiz 20 anos, e o meu irmão queria porque queria que eu morasse com ele. É ruim, hein?! Ele já me torrava a paciência morando em casas separadas, imagine morando debaixo do mesmo teto.

Desci do elevador e fui ao encontro de Raquel, que estava belíssima.

— Uau, olha só a autora Antonella, como está linda — ela me falou, fazendo gracejo.

— Olha como está a minha revisora, alguém vai enfartar ao ver como você está vestida! — respondi, e vi os olhos dela brilharem ao perceber a quem eu estava me referindo.

— Sim, mas ele não me quer, não. Ele gosta daquela loira aguada dele — ela disse, em tom triste.

— Bom, não fica assim, não, Raquel, ele não te merece.

— É verdade. Vamos esquecer, afinal vamos lá para fazer laboratório de pesquisa — ela respondeu, piscando o olho, deixando-me com vontade de rir ainda mais da cara dela.

Raquel era doida, e isso era o que eu mais amava nela, essas loucuras. Assim que nos conhecemos, não nos demos muito bem, mas, com o passar do tempo, fomos nos conhecendo melhor e logo sentimos aquela ligação, parecia que nos conhecíamos há um bom tempo, e foi muito bom mesmo. Estamos nessa amizade de irmãs até hoje.

Entrei no carro da Raquel, que era bem confortável, um Fox na cor vermelha. Sei que tem gente que o acha muito visado, mas fazer o quê?! Ele era lindo.

O meu carro estava em manutenção. E não fazia muita diferença, porque eu não o usava muito, só quando precisavam de mim lá na editora. Ah, não falei ainda, eu estou querendo ter a minha própria editora, e, se Deus quiser, ainda vou realizar este sonho.

Fomos conversando, brincando e rindo. Quando chegamos ao local, era top. Sabe aqueles de deixar o queixo caído? O local se chamava Sedution. Não preciso nem dizer como esse nome era justo para o local, né? Bom, Raquel estacionou, saímos do carro, e veio até mesmo manobrista. Aquilo era puro luxo, estava ansiosa para ver se lá dentro era como ali fora.

Para tudo, meninas! O que era aquilo?! Eu quase engasguei com a performance dos caras rebolando.

— Puta que pariu, Raquel, estamos no paraíso — comentei com ela.

— Sim, Nella, bota paraíso nisso — ela respondeu, rindo.

— Obrigada por ter me trazido para cá — agradeci.

No começo, eu não queria ir, mas agora eu estava adorando. Seguimos para nossa mesa, que ficava bem perto do palco, e de lá eu conseguia ver os dançarinos. E tinha cada um que… meu Deus! Papai do Céu foi mais do que generoso com alguns deles.

— Nella, que delícia aqui, não? — Raquel me perguntou, bem assanhada, olhando para os caras. Ela estava certa mesmo, tinha mais é que se divertir.

— Sim, e como! — eu mal acabei de responder e veio aquele garçom bem sexy, sem camisa, mostrando todo o peitoral. Oh, meu Pai!

— Aceitam algo, meninas? — perguntou-nos o tal garçom sexy.

— Sim, aceitamos — respondi, e passei os nossos pedidos.  Enquanto aguardávamos, ficamos lá assistindo, de camarote praticamente, eles dançando ao som de Shania Twain com a música Man! I Feel Like A Woman.

Que da hora ver aqueles caras dançando essas músicas! Adorava ouvir Shania Twain.

Nossas bebidas chegaram e aí sim começamos a nos divertir. Quando demos por nós, estávamos dançando junto com os dançarinos. Eu mesma não sabia como tínhamos chegado lá, só sabia que eu estava dançando com um gostosão. Estava tão distraída e estava quase pegando fogo por aquele homem que estava me segurando com bastante força; estava a ponto de implorar para ser beijada. E isso eu sabia que não podia, era uma das regras da casa, mas estava doida para quebrá-las.

Reparei que Raquel ficou pálida e, de repente, parei de dançar. Foi quando vi o meu irmão entrando. Eu quase briguei com a Raquel — quase mesmo, se não percebesse a palidez no rosto dela — porque ela não tinha comentado nada.

Pedi licença ao cara gostosão com quem eu estava dançando, desci do palco e dei de cara com o cara de pau do meu irmão.

— O que você está fazendo aqui, Davi? — perguntei, com toda a calma que parecia não estar em mim.

— Eu fiquei sabendo que vocês estavam aqui — ele me falou, assim, do nada.

— Davi, já falei, deixa a gente em paz — pedi, como se aquilo fosse adiantar.

— Não, Antonella, vocês vão embora daqui — disse ele, todo calmo.

— Mas eu não vou — respondi, em um tom bem alto.

— Antonella, não me faça te pegar no colo e te jogar sobre os ombros — ele me ameaçou. Coitado, ele não sabia mesmo com quem estava lidando.

— Quero ver você conseguir me pegar, seu idiota. Pode tirar daqui a sua tropa que você fez questão de trazer para cá — falei, olhando para os lados.

— Eu não vou tirar coisíssima nenhuma.

— Como é que é? — respondi, alterada.

— Eu vim aqui por causa do dono, Antonella. Aí, para minha surpresa, encontro você e Raquel dançando como se fossem duas cadelas no cio — ele nos chamou de cadela, e isso não ficaria assim, não.

Fui até mais perto dele, o peguei pelo braço e dei um aperto bem forte, fazendo-o quase gemer de dor. Eu sei os pontos fracos dele, sou agradecida por ele ter me ensinado a lutar, mesmo eu sendo fortinha.

— Caramba, Nella, desculpa — ele me falou.

— Nunca mais repita isso, porque eu não sei do que sou capaz de fazer com você — respondi, em tom mordaz.

— Eu já pedi desculpas, Antonella. Outra coisa, já falei para você que não quero que entre nesses locais — peraí, ele deve ser doido!

— Não começa, Davi, vai embora, vai.

— Eu vou, e vocês vão comigo, pode vir para cá, Dona Raquel — ele falou, olhando para mim e chamando a Raquel.

— A gente não vai — respondi.

— OK, então eu vou fechar o estabelecimento — disse ele, e depois foi embora, deixando nós duas pasmas.

— Nella, seu irmão é um idiota — comentou minha amiga, e eu concordei com ela.

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