Dani
Acabei cochilando no colo da Ge e quando acordei já havíamos chegado no morro. Desci do carro peguei a chave que ficava sempre embaixo do capacho. Ao abrir a porta senti um vazio imenso dentro do meu peito e meus olhos marejados. Ge me abraçou pela cintura e subimos para os quartos para tomar um banho e trocar de roupa. BN subiu em seguida e ficou ajudando a Ge no quarto dela.Entrei no quarto do Danilo, fechei a porta e fui até o banheiro tomar um banho para tentar tirar toda aquela sujeira do meu corpo. Ao tirar a roupa sinto cair no chão o envelope que minha mãe havia me entregado e que nem ao menos pude ler. Coloquei em cima do armário do banheiro, terminei de tirar a roupa e entrei no box. Abri a ducha e fiquei alguns minutos deixando a água quente escorrer pelas minhas costas com a intenção de aliviar um pouco a tensão que estava sentindo. Lavei os cabelos, fiz minhas higienes e sai enrolada no roupão do DG. Fui até o armário, coloquei um shortinho e peguei uma camisa do DG e vesti. Vestir uma roupa dele e sentir seu cheiro me davam a sensação de tê-lo perto de mim. Isso me fazia muito bem naquele momento.Fui até o quarto da Joana e coloquei objetos pessoais e algumas peças de roupa numa pequena valise para levar ao hospital. O mesmo fiz com a roupa do DG, pois tinha certeza que logo ele estaria no quarto e precisaria de roupa para usar. Pois, eu sei muito bem como são medonhas essas roupas de hospital.Fui até o banheiro e peguei meu celular que estava no bolso da minha calça e liguei pra Joana. Queria saber como estavam as coisas por lá e principalmente se aquele tal de Tony tinha evaporado do hospital com aqueles policiais. Liguei e Joana atendeu no terceiro toque.Joana: — Oi meu anjo, chegaram bem?— Sim. Chegamos faz um tempo. E como estão as coisas por aí?Joana: — Está tudo bem. Ele está sedado e provavelmente será tudo como o doutor nos passou. Teremos que aguardar 48h para termos alguma novidade.— Daqui a pouco eu vou para o hospital pra você poder descansar um pouco. Separei algumas roupas para você tomar um banho e trocar. Fiz o mesmo com as do Danilo.Joana: — Muito obrigada pelos cuidados com a gente. Mas descanse um pouco e deixa pra vir quando amanhecer. Já são 3h da madrugada e você precisa descansar um pouco por conta do bebê.— Não Joana, eu vou só me arrumar e logo vou pra aí. Não consigo ficar aqui sem vocês.Joana: — Tudo bem então. Mas tenta comer alguma coisa antes. Ficar de estômago vazio não fez bem no seu estado.— Tudo bem. Vou tentar comer alguma coisa. Mas, me conta uma coisa, esse tal de Tony ainda está aí?Joana: — Não. Já foram embora. O único que ficou foi o seu pai. Ficamos conversando um pouco e agora ele foi até a lanchonete tomar um café. Mas por quê?— Não gostei nada desse sujeito. Aconteceram algumas coisas durante esses últimos dias, mas te conto melhor quando tudo isso passar. Mas por hora não confie nesse cara. Mantenha o máximo de distância possível dele. Sei que vai ser difícil porque ele parece estar interessadissimo em você.Joana: — Ele está interessado em me fazer de trouxa, só se for isso. Pois, se quer outra coisa ele que lute sozinho. Porque tô nem aí pra ele. Tô fora de ser lanchinho de marmanjo.— Ti dedico minha sogrinha! Tu é demais. - disse sorrindoJoana: — Chega de problemas na nossa vida. Assim que tudo melhorar vou viajar novamente. E aconselho vocês dois a fazerem o mesmo. Sair desse morro e viverem um pouco. Quem sabe nessa viagem o Danilo toma juízo e larga essa vida de vez. Amém Senhor!— Já havia pensado nessa viagem mesmo. Eu ia falar com ele e tudo mas, aconteceu essas coisas aí nem deu tempo. - disse num tom tristeJoana: — Mas logo ele sairá dessa situação meu anjo e vocês poderão curtir bastante a união de vocês.— Amém! Não vejo a hora disso acontecer. Tenho que ir a igreja para orar, faz muito tempo que não vou.Joana: — Podemos ir amanhã a noite, aqui perto tem uma sala de oração e amanhã é dia de culto. O que acha?— Combinado. Vamos sim se Deus quiser. Agora vou lá ver se a Ge já está pronta para irmos.Joana: — Tá bom meu amor, se cuida aí. Fica com Deus.— Amém! Fica com Deus também! Beijos!Joana: Amém! Beijos!Enviei uma mensagem pra Ge e nada dela responder. Estava um pouco sem jeito de ir até o quarto dela porque o BN estava junto. Mas fui bem devagar na ponta dos pés caso ouvisse algum barulho eu voltava no mesmo momento. Encostei o ouvido na porta, mas estava um silêncio total. Abri uma brechinha e eles estavam dormindo. Também pudera com tudo o que houve era impossível que o corpo aguentasse por tanto tempo. Fechei a porta e desci pra tentar comer alguma coisa. Peguei um copo de leite com algumas torradas e sentei no sofá para comer. Peguei o controle da TV e quando ia ligar ouvi um barulho vindo da parte da frente da casa."Era só o que me faltava algum fdp vir aqui para aprontar uma hora dessas."Fui até a cozinha e peguei uma faca. Apaguei todas as luzes da casa para tentar ouvir mais alguma coisa. E novamente ouço outro barulho dessa vez mais próximo ainda. Quando abro a porta e saio com a faca na mão pronta para enfiar no desgraçado eu levo um baita susto e caio sentada no chão e sinto várias lambidas no meu rosto. Olho e era um cachorrinho muito fofo. Com certeza deve estar perdido. Me levanto, pego a faca e volto para dentro da casa. Fecho a porta, mas ele fica arranhando e choramingando querendo entrar. Abro e coloco um pouco de leite pra ele beber com algumas migalhas de pão. Ele estava faminto e detona tudo muito rápido. Ficando com uma barriga enorme. Termino de comer e limpo tudo. Arrumei um cantinho para ele dormir na varanda, deve ter vindo de muito longe, pois rapidamente dormiu. Fiquei olhando pra ele tentando adivinhar quem seria o seu dono ou talvez dona. Mas isso eu resolveria ao amanhecer. Apaguei as luzes e subi para tentar descansar um pouco.Deitei na cama e cai no sono abraçada ao travesseiro do Danilo. Olhei pro relógio e já eram 8h da manhã, tentei abrir os olhos, mas foi inútil, pois o cansaço me consumia e sentia que a minha cabeça pesava uns cem quilos. Daí apaguei novamente. Após, algum tempo sinto cócegas no meu rosto. Penso ser um inseto e viro para o outro lado. Mas novamente sinto o mesmo e dessa vez meu rosto está todo molhado. Quando enfim consigo abrir os olhos vejo o filhotinho sob a cama e com as patinhas em cima da minha cintura com os olhos mais fofos que já vi na vida. Meus olhos marejam ao ver aquela fofura, acredito que por conta da gravidez eu esteja mais sensível. Coloquei ele no meu colo e logo pensei."Acho que já estou apaixonada por você lindinho!"(...)PANTERACom o DG fora de combate tudo fica mais fácil agora. Há não ser pelo bosta do BN. O fdp é osso duro de roer. Todo certinho e nunca vai querer se aliar a mim pra destruir o amigo. Se é que ele vai ter salvação dessa vez. Porque depois dos tiros que ele levou dificilmente vai sair dessa ileso. E se conseguir com certeza vai ter alguma sequela. O plano dessa vez foi bem arquitetado e dificilmente ele vai descobrir quem atirou nele. Pois, dessa vez não sujei minhas mãos. Mas teve outro que fez todo o serviço sujo por mim. E não posso negar que o fdp trabalhou bonito e mereceu a grana alta que pediu. Doeu um pouco no meu bolso mas, nada melhor do que ver meu maior rival no chinelo. Como não sou trouxa nem nada vou marcar presença no hospital. Pra todos os efeitos sou um amigo e querido pela família. Se eu não der as caras por lá podem desconfiar de alguma coisa e isso não seria nada bom para os meus planos.Já bastava o fdp do Yuri, que sismou de me enfrentar. Tá se achado o fodão
▪︎Dani▪︎Deus realmente sabe o que faz, em meio a tristeza que estou sentindo me envia uma lindeza dessas para me alegrar. Sempre quis ter um cachorrinho como animal de estimação mas, como sempre moramos em apartamento nunca pude ter. Fiquei olhando pro rostinho dele e pensando em qual seria o seu possível nome. Pois, com certeza ele tinha um dono e consequentemente teria um nome. Então eu não poderia me apegar à ele, já que muito em breve iria embora daqui.— Mas, como eu não poderia me apaixonar por uma gracinha como você? De onde você é coisinha fofa? Você com certeza fugiu de algum lugar, está muito bem cuidado para ser cachorrinho de rua. Olhei em seu pescoço mas, tinha apenas a coleira antipulgas sem nenhuma informação para localizar o dono. Coloquei ele de frente pra mim.— Vamos fazer o seguinte? Você fica por aqui alguns dias, se ninguém aparecer dizendo que perdeu um cachorrinho você fica aqui pra sempre comigo. O que você acha?Assim que eu terminei de fazer a pergunta ele
DaniSaímos do morro e dentro de poucos minutos chegamos no hospital. BN parou o carro bem em frente. Peguei as sacolas e desci. A Ge estava toda emburrada e permaneceu dentro do carro discutindo com o BN, só porque ele estava sem camisa. Pra ser bem sincera não estava com um pingo de paciência para acompanhar ou me envolver nesse tipo de discussões. Eles que são casados que se entendam. Minha vida estava de ponta a cabeça para eu ainda ter que me preocupar com as infantilidades da Ge. E ela que tratasse de entrar na linha, pois pensa que não reparei o jeitinho meloso dela pra cima do camundongo. "Puta que pariu! Ô sina da Geovana de só cair em problema e arrastar confusão por onde passa."Entrei no hospital e logo avistei Joana sentada numa poltrona na recepção. Fui até ela e lhe dei um abraço apertado.— Trouxe algumas roupas para você. Com certeza vai se sentir bem melhor depois que tirar essa fantasia.Joana: — Vamos comigo no banheiro, lá tem um espaço para tomar banho.Acompanh
Recebi uma proposta irrecusável por parte do meu coroa. Depois de muito tempo sem olhar direito na minha cara, enfim ele confia em mim novamente e dessa vez não posso desaponta-lo. Além da polícia civil ele era envolvido com o narcotráfico e a milícia. Era muita coisa para um homem só, por isso, vou ter que ir ao Rio de Janeiro para ficar a frente de alguns negócios, entre eles venda e compra de armar e drogas. Isso mesmo, drogas. Como um ex viciado poderia ficar em contato direto com o seu maior rival, ou seja, o seu psicológico?Meu pai com certeza pensou nisso e sei que ele só havia me colocado a frente nesses negócios para poder me testar definitivamente. Essa seria a minha prova de fogo e eu não poderia vacilar de jeito nenhum. Já faziam quase um ano que sai daquela clínica de reabilitação e estava limpo até o dia de hoje. Pois, o nosso lema é sempre dizer: Consegui ficar limpo por mais um dia.Lá eu aprendi que devemos viver um dia de cada vez. Devemos fazer planos futuros, ma
DaniJoana e eu saímos, e fomos até a recepção para tentar saber alguma noticia sobre o estado de saúde do Danilo. A enfermeira que estava se aproximando ouviu e nos deu a informação de que o médico do setor viria em breve nos dar novas informações. Pediu para que aguardassemos um pouco. Então nos afastamos e sentamos um pouco na sala de espera. Estavamos conversando e de repente eu olho e avisto o tal do Tony entrando. E bem atrás dele o desgraçado do Pantera. Eu sabia que esse cara não era flor que se cheire, agora então, o que era apenas uma desconfiança tornou-se uma confirmação. Joana e eu nos entreolhamos ao mesmo tempo com um ar de surpresa. Ficamos em silêncio até que o tal Tony se aproxima cumprimentando a Joana com um beijo no rosto e estende rapidamente a mão para cumprimenta-la.Tony: — Bom Dia! — ele diz me encarando, mas não dou confiança — Alguma novidade sobre o estado do seu filho Joana?Joana: — Nada ainda. Estamos aguardando. O que vocês fazem aqui? Estão juntos?
BNFiquei sentado na recepção esperando alguma notícia do meu irmão. As mulheres foram comer e fofocar como sempre. Eu já tive muito estresse por conta do ciúme sem sentido da Geovana e não tava afim de mais problemas pra encher a minha mente. Por isso decidi ficar aqui de boa aguardando alguma novidade e de olho em tudo. Até que ouvi o médico chamar pelos familiares do Danilo Gomes. Fui até o doutor e avisei que iria chamar a tia Joana para vir conversar diretamente com ele. O doutor disse que iria aguardar no consultório 8 e que assim que encontrasse os familiares que os levassem direto para sala dele, pois o assunto era de extrema importância. Fui crente que iria fazer uma puta surpresa pra elas, mas quando cheguei na lanchonete o surpreendido fui eu. Ouvi a tia perguntando se a Geovana estava sentindo algo pelo Clayton, e ela titubeou na hora. Caralho meu sangue ferveu na mesma hora que vi a reação dela. A minha vontade era segurar a Geovana pelo braço e arrastar ela pela rua até
GEOVANATentei fazer tudo o que pude para BN me ouvir, mas ele estava transtornado e só conseguia enxergar o fato de ter sido traído. Nem me deu ao menos a oportunidade de explicar que tudo não passava de um engano e que nunca tive nada com aquele cara. Simplesmente me empurrou e saiu arrancando o carro em alta velocidade. Tinha muito medo da atitude que ele poderia ter. O DG não estava aqui para segurar a onda dele e fazê-lo enxergar o que realmente estava acontecendo. Quando ele me afastou do carro perdi as forças, senti minhas pernas fraquejarem e acabei caindo sentada no chão. Comecei a chorar desesperadamente e fui amparada pela Joana e a Dani. Elas me abraçaram e entrei no hospital com meu coração em mil pedaços. Estava tremendo por completo. Me deram um copo com água e fui atendida na emergência. Minha pressão subiu de repente e tive que ser atendida as pressas. Aplicaram uma medicação direto na veia e me colocaram no soro. Dani ficou ao meu lado todo o tempo segurando a minha
BNSai do hospital furioso e com sangue nos olhos. A minha única vontade e pensamento naquele momento eram um só: "Encontrar o filho da puta do Clayton." Entrei no carro e fui direto pro morro. Coloquei o carro a mais de 150 km/h. Quase coloquei fogo no asfalto de tanto ódio que eu estava. Apesar de tudo o que a Geovana me fez fiquei malzão quando a vi caída no chão chorando. Se tinha uma coisa que eu nunca imaginaria passar com a Geovana seria um troço desses. Ela era o meu tudo, o meu chão, a minha base... com isso tudo se foi, meu mundo caiu e meu chão de abriu diante de mim. Até agora não consigo entender porque ela fez essa merda. Por que me traiu com aquele filho da puta? Ela tentou falar, explicar, mas pra que eu ia ouvir? Pra ter certeza que fui enganado bem debaixo do meu nariz? Por isso que o povo sempre diz, que o corno é sempre o último a saber. Ela fodeu com a minha vida, mas agora eu vou foder com a vida de muita gente. Incluindo a dela. Cheguei no morro e o Kito t