Vincet sentiu–se muito estúpido, ou foi essa a sensação que teve ao ser visto pelo seu secretário e pelo guarda, por se ter simplesmente esquecido que a rapariga vivia agora com ele. Não que fosse fácil habituar–se, até o próprio Lukas estava surpreendido por o amigo deixar uma mulher viver com ele, quando mal as deixava ficar quando faziam sexo e, na manhã seguinte, já as expulsava da sua propriedade.O diretor–geral terminou as formalidades, pediu o telemóvel de Alicia e, depois de verificar que ela podia aceder a ele a partir do átrio do hotel, que a sua impressão digital estava registada na fechadura do apartamento e que ela tinha o seu número para o contactar e vice–versa, sentiu–se um pouco... menos imbecil.Tinha deixado a rapariga todas aquelas horas, literalmente, estendida na rua. Não sabia porquê, mas tinha o peito apertado, e o pior é que não tinha recebido nenhuma queixa, que ele usaria como desculpa para responder, mas não, ela estava simplesmente parada na sala como se
–Vincet deixou que a brisa da noite lhe soprasse o cabelo para trás.Os dois tinham–se mudado para a varanda enquanto Alicia preparava o jantar. O diretor executivo encostou o corpo ao corrimão, de costas para ela, enquanto Lukas se colocou ao lado dele, ao contrário.Quando disse que esta rapariga era interessante, não foi em vão– sorriu, –fiz–lhe muitas perguntas para tentar analisá–la, pelo menos os meus estudos de psicologia servem–me bem para isso.–E a que conclusão chegaste? Ela é uma ameaça? Tenho de a tirar de casa?O rosto de Lukas era um dilema.–A verdade é que... a primeira coisa que me disseste sobre ela foi que era atrasada mental, mas eu gostaria de saber um pouco mais sobre isso, porque não encontrei nenhum sintoma– viu Vincet franzir as sobrancelhas.–O que é que quer dizer?Lukas apertou a boca e baixou a voz.–Acho que ela é muito introvertida, mas a forma como reagiu a certas perguntas, é como se... algo dentro da sua cabeça lhe estivesse a dizer que não podia diz
Aquela imagem... era chocante para Vincet. Mesmo que as cicatrizes se perdessem nitidamente na pele da jovem mulher, isso não tirava o facto de que estavam lá, que tinham sido feitas vezes sem conta, fechando–se de forma irregular, como se não tivessem cicatrizado corretamente. Ela sentiu–se perder o fôlego.Que tipo de pessoa faria isso a alguém vezes sem conta?Um gemido de Alicia trouxe–o de volta aos seus sentidos e, embora as marcas nas costas dela despertassem tanto o seu espanto como a sua curiosidade, havia agora outras coisas que precisavam da sua atenção. Ele aproximou–se dela, pegou num dos roupões de pelúcia da prateleira e colocou–o sobre ela para cobrir a sua nudez. Não sem antes lhe dar um vislumbre involuntário de todo o seu corpo.Aparentemente, Alice não se tinha apercebido de que ele tinha entrado por causa do atordoamento da queda, estava tão assustada e queria afastar–se dele, mas a dor no joelho impedia–a de se mexer muito.Fica quieta– Vincet não estava com disp
Vincet não podia acreditar que estava mesmo a fazer aquilo, especialmente pela razão pela qual tinha acabado assim... com as calças a meio das coxas, a boca entreaberta enquanto os gemidos saíam dela e a mão à volta do seu membro se movia para cima e para baixo, que estava escorregadio com o seu próprio fluido pré–seminal.Ele, a ter de se masturbar para apaziguar o seu desejo sexual?Não sabia bem se estava irritado ou demasiado excitado, pois os pensamentos não lhe saíam bem da cabeça. Tinha tentado ignorar a ereção, mas tinha sido inútil. Não tinha diminuído e só lhe doía mais e mais cada vez que pensava na rapariga e nos seus pequenos seios.–Outro gemido saiu–lhe da boca e ele apertou a glande, impedindo–o de se vir completamente, e depois arrependeu–se. Tinha de ter um orgasmo rápido para tirar aquela comichão do seu corpo, mas ao mesmo tempo queria prolongá–lo um pouco mais, pois enquanto deixava a sua imaginação fugir com ele, algo o percorria e dava–lhe um estremecimento que
Alicia abriu bem os olhos e negou rapidamente.–Não é necessário. Posso ir buscar o meu...– fechou a boca quando viu a expressão dele, e lembrou–se de que Lukas lhe tinha dito que Vincet detestava que as pessoas lhe respondessem, –Obrigada.–Com uma perna assim, não vais muito longe e a lesão vai ser pior. Achas que os hospitais são baratos?Ela franziu os lábios ao ouvir o tom de voz dele.–Não são, por isso é que estou a ser cuidadoso.–Vincet deu meia volta e foi sentar–se para tomar o pequeno–almoço.Quando a cozinha ficou vazia, Alice soltou um suspiro profundo. A atmosfera era densa, especialmente naquele dia. Olhou para baixo e verificou o joelho. Não estava muito mau depois da compressa fria, mas mesmo assim, se pudessem dar–lhe uma ajuda, seria útil. Ainda lhe doía, embora fosse tolerável, ele já tinha suportado pior, só estava preocupado com o facto de, se a pancada piorasse, acabar no hospital, não queria isso, não era altura de pagar uma conta dessas.Enquanto Vincet acaba
Alicia ficou parada dentro do luxuoso carro. Tinha um aspeto elegante por fora, mas por dentro via–se que tinham sido investidos uns bons trocos para o equipar. Os bancos forrados a pele macia eram muito confortáveis, o banco da frente até tinha um ecrã. Os vidros não deixavam ver nada do exterior para o interior e vice–versa. A temperatura e o cheiro também eram agradáveis.A mãe tinha algum dinheiro, do qual ela nunca tinha visto muito, mas nunca tinha tido um carro daquele estilo... e duvidava que, se tivesse, a deixasse andar nele.A voz de Vicet chegou–lhe e ela apercebeu–se de que estava a franzir o sobrolho.Alice reagiu e sorriu ligeiramente.Não, é um carro muito confortável. É que... lembrei–me de uma coisa.Vincet não disse nada e voltou a concentrar–se no seu tablet, onde parecia estar a trabalhar.–Olha, pombo, a tua universidade é aquela que fica a cinco quarteirões de distância, certo?–Sim, o da língua– respondeu ela, com o semblante descontraído.É preciso ser muito i
Alicia estava contente por não ter sido vista a sair do carro ou estaria rapidamente na boca de toda a gente. Já tinha inveja suficiente de si própria por causa das suas notas. Não era idiota, já tinha ouvido os professores comentarem que a recomendariam para sítios diferentes... sítios que muitas pessoas queriam mas que não preenchiam todos os requisitos necessários. Isso tinha feito dela um ponto de atenção e ela sabia que quem se aproximava dela não era com boas intenções.Coxeou um pouco até ao primeiro corredor. O joelho ainda lhe doía, mas era suportável.–O seu nome soou nas suas costas e ele olhou por cima do ombro.–Bom dia, Professor.Cristian aproximou–se dela com uma ligeira careta.–Pode vir comigo por um momento?Ela baixou a cabeça. Ainda faltava meia hora para as aulas começarem e ela não podia recusar a chamada de um superior. Ela respirou fundo e seguiu–o até chegarem ao apartamento dele. Ele fechou a porta depois de ela ter entrado e viu–a ficar tensa.Não tens de r
Alicia estava a terminar a aula e a recolher as suas coisas quando o seu telemóvel começou a tocar no bolso. Tirou–o do bolso e não reconheceu o número. Não era pessoa de atender números desconhecidos, nem tinha de o fazer, uma vez que não dava o seu número, por isso não atendeu, desconfiada de quem poderia ser. Principalmente... porque não queria que se repetisse uma certa história do seu passado, mas o número insistia e ela bloqueava–o.Depois voltaram a ligar, só que desta vez não era um número que aparecia no ecrã, mas o nome Ceo Vincet. Ela olhou para ele, perguntando–se porque é que ele lhe estava a ligar, e atendeu.–Estás na universidade?– foi a sua pergunta direta.–Sim.–Já acabaste?–Sim, ele estava a caminho de casa– pestanejou ela, ainda em dúvida perante o pequeno interrogatório.–Perfeito, vai para o mesmo ponto onde...Porque é que me bloqueaste?– a voz do outro lado do telefone mudou e desta vez era Lukas: –Desbloqueia–me!–Vamos buscar–te dentro de alguns minutos, pr