WaoAquilo tinha–o apanhado completamente desprevenido. Na sua cabeça, a ideia de alguém lhe dar uma bofetada a meio de um beijo era absurda, porque, com o seu tamanho e comportamento, as pessoas normalmente ficavam intimidadas, ou excitadas, e não atacadas. Mas talvez houvesse uma primeira vez para tudo.Mesmo assim, reagiu como qualquer homem que é atingido e, com uma careta, virou a cara para dizer uma coisa ou outra, mas parou quando reparou na cara de Alicia. Sim, havia uma expressão de medo nela, como se estivesse aterrorizada com a possibilidade de o golpe ser devolvido, mas, ao mesmo tempo, a forma como mordia o lábio inferior e o brilho nos olhos, juntamente com a carranca, indicavam que estava bastante irritada. Uma mistura de emoções no seu rosto que ela normalmente não mostra.–Por favor...– A sua voz era um pouco trémula, mas ao mesmo tempo firme, –Não brinques comigo.Vincet estreitou os olhos perante estas palavras.–Se havia uma coisa que o homem tinha de reconhecer na
Alicia pestanejou uma e outra vez, completamente surpreendida com tudo o que Vincet lhe tinha dito. Ela não falou durante vários minutos, simplesmente não conseguia fazê–lo. Depois disso, havia poucas respostas para pensar, e todas giravam em torno de uma coisa.Quando ela voltou a olhar para ele, apertou os lábios e colocou as mãos no colo. Ele precisava de confirmação.–Estás a dizer–me que gostas de mim?Um leve sorriso apareceu no rosto de Vincet e Alicia sentiu seu coração bater forte. Se não fosse pelos seus nervos, ela poderia dizer que tinha visto pequenos brilhos ao redor do homem... como se ele estivesse feliz e relaxado por ter tirado o peso de seus ombros. Ele até parecia muito mais atraente do que o habitual, e isso aumentou o rubor no rosto dela.Mas ele não cederia tão facilmente, não quando sabia que, no mundo, os homens podiam adoçar as suas palavras para chamar temporariamente a atenção de uma mulher.–Porque é que ele gosta de mim? Não sou nada como as mulheres com
A mão de Vincet acariciava–lhe as costas para cima e para baixo.Ambos tinham perdido a noção do tempo e já era meio da manhã, mas nenhum deles estava a dormir. Vincet tinha a cabeça apoiada no braço dobrado atrás de si e olhava pensativamente para o teto, ouvindo a respiração da mulher deitada em cima dele. O peso dela era muito bom, e ele podia habituar–se a dormir assim, com ela em cima dele, o que, sem roupa, o pano era mais do que suficiente para ele sentir o seu delicioso calor.Alicia tinha chorado muito e os seus olhos estavam inchados, mas sabia que tinha sido necessário e libertador. Depois disto, muitas coisas começariam a mudar. Agora já não havia volta a dar.No entanto, apesar do bom ambiente que ambos tinham na altura, havia algo que o deixava desconfortável.–Alicia, depois de tudo isto, vais–te embora depois da formatura?Sentiu o corpo por cima de si a ficar tenso e apertou a mão no peito.–E não me minta, ontem respondeu às minhas perguntas e sublinhou essa resposta
Atende o telemóvel– disse Vincet contra o ouvido de Alicia, depois de ela o ter agarrado, mas hesitante em falar com Liliana, –Põe–no em alta–voz, quero saber o que diz, toca.Alicia olhou para ele e franziu os lábios. Vincet sorriu de lado e deu–lhe um beijo de apoio na face. Depois respondeu.–Dime––Finalmente, Alicia, sabes que não gosto quando demoras tanto tempo a responder, como se eu tivesse todo o tempo do mundo– protestou a mulher do outro lado.Alicia conseguia sentir o corpo de Vincet a apertar–se debaixo dela e a sua sobrancelha a franzir–se.–Eu estava na casa de banho– respondeu ele, –O que se passa?–Manda–me dinheiro. Se estás naquela casa há muito tempo, já deves ter dormido com ele, de certeza que ele te dá uma boa mesada. Aquele Vincet está cheio de dinheiro, não pode ser assim tão sovina.Alicia fixou os olhos no diretor executivo, negando e com a vergonha estampada no rosto perante o atrevimento da mãe, mas ele acenou com a cabeça, mexeu os lábios e disse que sim
Horas antesLukas dirige–se para o hospital com um sorriso nos lábios que faz com que as mulheres que passam por ele olhem para ele, e como não o fazer quando a aura de felicidade que o envolve é enorme. Iria reencontrar–se com a pequena cria que não era de todo uma cria. Parecia uma leoa com as garras de fora, querendo arrancar–lhe um pedaço, pois nesse caso ele seria o seu leão. GRRRRR.Entra no hospital e dirige–se diretamente para o átrio. Embora já soubesse onde encontrar o médico, queria verificar se a sua consulta tinha sido marcada corretamente. Tinha–a marcado em nome de Vincet para que ela não fugisse. Ele queria vê–la.–Boa tarde, estou aqui para ver a Dra. Juliana– disse ele, sem conseguir esconder o sorriso. Parecia ter passado uma eternidade desde a última vez que a tinha visto.Uma enfermeira meio arrebatada abanou a cabeça quando Lukas estalou os dedos à sua frente.– Querida, não tenho o dia todo para que me admires, podes ir ver, por favor?– Havia uma ponta de impaci
A veia da têmpora de Juliana estava agora a latejar e a sua mão com a caneta tremia sobre o papel. Arrependeu–se de não o ter expulsado do seu gabinete quando chegou a altura, para não ter de ouvir os seus protestos, que deveria estar a dar ao seu chefe, não a ela, mas pela forma como falava, parecia que já lhe tinha dito.Então... o que é que ela estava a fazer, nada. Só estava a perder o seu tempo.–... e depois o Vincet fez isso, por isso nessa noite saí para uma festa com o meu amigo Roan e envolvi–me com... –...Juliana estreitou os olhos. Ah, agora já percebia onde é que ela queria chegar. Recordando o que tinha acontecido entre eles naquela noite. E não ia mentir, tinha sido o melhor sexo que tinha tido até então, não era burra, tinha sentido que a ligação entre eles tinha sido muito boa, ele também não era mau fisicamente. Era um homem bonito que lhe chamaria a atenção se ela tivesse cabeça para isso, com um bom físico e carisma, mas ao contrário de outros, ela não estava à pr
Lukas conduzia na direção que Juliana lhe tinha indicado, com as mãos a agarrar firmemente o volante do carro e o rosto ligeiramente franzido. Não era pessoa para tirar conclusões precipitadas, mas algo o incomodava.–Tenho algo a considerar– disse ele, quebrando o gelo depois de vários minutos sem falar. Tinha reparado que a mulher tinha as mãos cruzadas no colo.–O quê?– Juliana não percebeu a pergunta. Lukas olhou–a de lado.–Bem, nós vamos ter uma relação em que vamos ter sexo e, embora eu adore a ideia, vamos acabar por nos misturar. Se tivermos algum problema que possa afetar um ao outro, é melhor dizê–lo agora– foi direto ao assunto.Viu as sobrancelhas de Juliana erguerem–se e depois caírem. Ela desviou o olhar.–Não... não há nada.Lukas não ficou satisfeito com a resposta dela e, parando o carro num sinal vermelho, estendeu a mão com um movimento rápido e empurrou a máscara de Juliana para baixo, revelando o que estava por baixo dela. E o que ele viu fez com que os seus olho
Alicia estava a servir o pequeno–almoço para três pessoas à mesa, algo que se estava a tornar um hábito para ela, que costumava cozinhar demais, pois Lukas costumava aparecer do nada a todas as horas. Não que isso a incomodasse de todo. O homem tinha algo que não sabia para animar o ambiente. Ouviu a porta do escritório de Vincet abrir–se e os dois saíram.–Lukas tinha um sorriso enorme no rosto, era isso que ele queria dizer.Alicia endireitou–se e quase caiu para trás quando Lukas se lançou em direção a ela e a abraçou.–Obrigado, mil vezes obrigado– começou a dizer o secretário por cima do ombro, num tom de choro.Alicia olhou para Vincet, que tinha uma careta no rosto e que agarrou no pescoço do amigo e o puxou para o soltar.–Não te agarres a ela como a uma pastilha elástica– rosnou.–Aaaahhh, não me digas isso, seu acumulador de merda. Pensas que por estares com a pomba agora és o único na vida dela. Mesquinho– Lukas rosnou–lhe também.Uma gota de suor escorreu pela têmpora de A