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Vincet abre os olhos alarmado com a chamada da sua secretária.

O que é que queres?– respondeu ele mal–humorado, depois de quase não ter dormido. Ter outra pessoa em sua casa não era um assunto casual.

–O que foi aquela mensagem que ele me escreveu a meio da noite?– a voz exasperada da sua secretária soou penetrante na cabeça de Vincet.

–O que leste. Conto–lhe os pormenores no carro.

–Mas... mas... mas... mas... como é que ela podia concordar com uma coisa dessas. Ela é uma mulher na sua própria casa. Isso... isso...

Vincet estalou a língua e virou–se na cama.

–Lukas, por favor, ainda é muito cedo. Ainda estou a processar isto. Em vez disso, arranja–lhe um contrato de arrendamento para os próximos seis meses, para eu a deixar em paz.

Alguns segundos de silêncio.

Isso pareceu–me bastante cruel da parte dele, depois de se ter comprometido a tomar conta dela.

Isso fez com que Vincet se sentasse na cama.

–E o que é que queres que eu faça, que deixe a rapariga em minha casa o tempo todo como se fosse a rainha e a senhora? A minha relação com a Liliana foi apenas de alguns meses há 20 anos e agora deixas–me ficar com a tua filha assim sem mais nem menos. Se tens tanta pena dela, podes deixá–la ficar em tua casa.

–Lukas não era apenas o seu secretário, motorista e braço direito, mas também o seu amigo e confidente de longa data. A rapariga não tem culpa que a mãe a tenha deixado consigo, sem mais nem menos. E se me diz que ela é deficiente mental, também deve estar a sofrer, se for deixada sozinha não sabemos o que lhe pode acontecer.

Vincet respirou fundo e conteve uma palavra arrastada. No entanto, Lukas era a pessoa que o ajudava sempre que se encontrava neste tipo de situação complicada. Por isso, é melhor esperar para falar com ele. Foi então que um cheiro delicioso entrou por debaixo da porta. A sua boca começou a salivar.

A casa dela normalmente não cheirava assim, a não ser que... houvesse comida. O que é que aquela rapariga estava a fazer?

Saiu da cama e caminhou na direção da cozinha, de onde tinha vindo, e congelou ao ver o que viu.

Alicia estava em frente ao fogão a cozinhar algo em que ele não reparou. O avental emoldurava–lhe a cintura, o que ele achava um pouco preocupante, sendo ela tão pequena, mas mais do que isso, o cabelo estava preso para trás e o decote baixo da blusa expunha uma nuca branca, esguia e elegante, uma zona do corpo que Vincet achava extremamente tentadora e, sem dar por isso, passou a ponta da língua pelos lábios dela.

Aparentemente sob a pressão de ser vista, Alicia virou–se e ficou assustada ao vê–lo ali parado.

–Bom dia, Ceo– cumprimentou um pouco timidamente, por ter sido descoberta.

–O que é que estás a fazer?– era uma pergunta estúpida da sua parte, mas, para tirar o seu interesse, cruzou os braços sobre o peito.

Estou a preparar o pequeno–almoço. Ele disse que eu podia usar o que havia ali, e não é o melhor, mas...– O seu rosto virou–se para a mesa onde havia alguns pratos simples preparados, mas que pareciam melhores do que Vincet imaginava.

Ele levantou uma sobrancelha e o seu estômago ameaçou roncar. Não se lembrava da última vez que alguém tinha cozinhado para ele. Por isso, virou–se para ela com um olhar de reprovação.

–O que é que quer em troca?

Ela pestanejou em confusão.

–Não percebo a tua pergunta,– coçou a bochecha desconfortavelmente, –Se não gostavas de mim....

–Todos os que vêm ter comigo estão lá por uma razão, e aqueles que fazem coisas por mim querem algo em troca.

Alice franziu os lábios perante as palavras rudes, mas não ficou em silêncio.

–Eu... eu não quero nada de ti. Só fiz o pequeno–almoço. É o mínimo que posso fazer quando me deixa dormir numa cama confortável debaixo de um teto, em vez de me atirar para a rua como uma pessoa racional faria.

Vincet ficou em silêncio. Não havia hesitação nela. Ele empurra o cabelo para trás e vira–se na direção da mesa. Contra o que ela tinha dito... era difícil de refutar. Bem, ele tinha feito o que ela disse, então... estavam quites.

–Acaba de cozinhar e vem tomar o pequeno–almoço. Tenho algumas coisas para vos dizer.

Alicia desligou o fogão, colocou as salsichas cozinhadas num prato e juntou–se a ele à mesa.

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