Não demorou para que Jenna e Richard saíssem novamente, dessa vez, foram ao cinema para assistir a uma animação, que como o esperado, logo ganhou a atenção de Vincent, enquanto os dois adultos trocavam cochichos, olhares e sorrisos. Depois disso, Jenna já não nutria qualquer antipatia por aquele homem.
Num outro dia, se encontraram para almoçarem juntos em um restaurante próximo à floricultura de Richard. No final de semana seguinte, foram ao parque, onde o filho de Jenna se divertiu bastante.
Ao longo de três semanas fizeram outros passeios, pelo menos, era assim que Jenna preferia ver, embora Richard se mostrasse cada vez mais interessado por ela e pelo seu filho. Levou um mês para que ela aceitasse a ideia de que estavam tendo encontros.
Richard era cativante, respeitoso e divertido. Sua companhia era sempre agradável, mas Jenna receava o envolvimento, não se sentia preparada para aquilo, por isso tentou recuar negando os próximos convites do amigo, que imediatamente entendeu o que estava acontecendo.
Ele não podia e não queria perdê-la, sentia que a tinha conquistado. Richard não a amava, mas não podia negar que sentia algo por aquela mulher, adorava a sua companhia e a desejava, não sabia ao certo se estava apaixonado, mas a queria para si. Verdade seja dita, a fortuna de Jenna também era um combustível para que ele se empenhasse pelo amor dela, o que somado à bela mulher que era, Richard só tinha a ganhar.
Até mesmo o pequeno Vincent o cativara e conquistara o seu carinho, podia conviver facilmente com a ideia de ser o seu novo pai, ser sua referência e seu exemplo.
Com tais certezas, Richard decidiu que era hora de se declarar, não o fez antes porque sabia que poderia assustá-la sem ter a chance de conquistá-la, mas agora ela já o conhecia, pelo menos, o lado que ele permitiu que Jenna conhecesse.
Convidou-a para um jantar e ela recusou, mas ele insistiu tanto que Jenna acabou aceitando. Ela estava disposta a pôr um ponto final naquilo, então decidiu que naquela noite iria explicar que não podia continuar a vê-lo. Como a conversa ia ser séria, contratou uma babá para que cuidasse de Vincent, assim, pela primeira vez encontraria Richard sozinha.
Jenna se vestiu rápido, e de forma mais discreta possível, mas elegante como sempre, enquanto Richard caprichou no visual, vestindo seu melhor terno.
Durante o jantar, antes que pudesse tocar no assunto, foi surpreendida por um pedido de namoro. Ficou sem reação, pois apesar de suspeitar dos interesses de Richard, não esperava por aquilo naquele momento. Jenna gaguejou enquanto tentava negar, mas antes mesmo de concluir a frase, ele a beijou e não parou até que faltasse fôlego para ambos.
Assim que se desprenderam daquele beijo, Richard desatou a falar, garantiu que a queria, que estava apaixonado. Ela relutou, falou da perda recente do marido, do filho... Mas a todos os seus pretextos, ele contornou. Os argumentos eram sinceros e válidos, pois ela tinha mesmo o direito de recomeçar, de ter um homem do lado e ser feliz novamente, assim como seu filho, que precisava e merecia ter um pai. Poderia não dar certo, mas também poderia ser que desse, então, por que não tentar?
Jenna aceitou.
Em poucos dias os amigos antigos e os familiares de Jenna já sabiam do seu relacionamento com o dono da floricultura, os vizinhos, há muito já desconfiavam.
Richard também não manteve segredo, contou aos amigos e conhecidos. Os mais próximos, que sabiam o quão promíscuo ele costumava ser, demoraram para acreditar, mas aceitaram que, finalmente, uma mulher tinha fisgado o coração daquele homem, assim, desejavam-no muitas felicidades.
O amigo de Richard, Max, contou para Maria, que não gostou nada daquela novidade, pois fazia mais de um ano que mantinham um relacionamento, embora não fosse nada oficializado, já que ele nunca a pediu em namoro, apenas se encontravam e se amavam, pelo menos, ela o amava.
Ao saber do acontecido, Maria procurou por Richard na floricultura, pois queria explicações, então adentrou o escritório dele sem ser convidada, com expressão enraivecida e descontrolada. Richard não a deixou falar, apressou-se em expulsá-la, prometendo que depois a procuraria para conversarem, esclarecendo que aquele não era o lugar adequado para isso. Em menos de cinco minutos, Maria foi embora sem conseguir segurar o choro.
Desde que conheceu Jenna e planejou ter um relacionamento com ela, Richard não pensou em Maria, nem que a magoaria ou mesmo que ela pudesse ser um problema já que não havia nada sério entre eles, embora ele a tivesse sempre que quisesse, não passava de curtição.
Agora começava a se preocupar, se Jenna descobrisse sobre Maria, com certeza iria terminar. Richard precisava garantir que a amante não se tornasse uma pedra no seu caminho, por isso, conforme prometido a procuraria depois para conversar.
— O que quer dizer, com “não vamos mais nos ver”? — Maria perguntou em pé, encarando-o séria, tentando se controlar para não gritar.
— Exatamente isso! Não vamos mais nos ver, fui bastante claro — respondeu Richard decidido de frente para ela. — Não quero que me procure mais, não te dei o direito de me seguir, de me procurar no meu trabalho!
— Não tive opção, você não me procurou, não me deu satisfações. O que queria que eu fizesse? E agora está terminando comigo...
— Terminando!? — falou Richard rindo e em tom de deboche. — Não há nada para ser terminado, apenas não quero te ver mais — disse lhe dando as costas e se voltando para a porta.
Maria se desesperou com aquelas últimas palavras do amante, sem pensar no que fazia, jogou-se sobre ele, impedindo-o que saísse do seu apartamento.
— Você não pode me deixar assim! Não pode me trocar por uma vagabunda que acabou de conhecer! Como pode fazer isso? — indagou descontrolada, enquanto lágrimas escorriam por sua face.
— Maria, entenda... Estou namorando...
— Não, não entendo! Você mal a conhece, não acredito que ame essa mulher!
— Maria, o que sinto por ela não diz respeito a você — interrompeu-a com frieza, olhando nos seus olhos.
— Como não diz respeito a mim? — perguntou gesticulando com as mãos, descontrolada. — Claro que diz! O que sentimos um pelo outro... Sei que você gosta de mim, não negue!
Richard emudeceu sem saber o que responder. Analisou-a em silêncio, enquanto pensava sobre o que ela acabara de dizer. Ele sabia que ela estava certa, Maria sempre fora sua companhia preferida desde que a conheceu, ela o confortava, fazia-o se sentir bem, era a mulher que saciava todos os seus desejos masculinos. Aquela mulher destemida, engraçada e desinibida fora seu porto seguro no último ano, nunca fez qualquer exigência e sempre esteve ali para ele.
Maria era uma mulher loura linda, cujo corpo bronzeado e de belas curvas não passava despercebido para nenhum homem, mas ela era pobre. Fora isso, Maria tinha uma personalidade descontraída, era baladeira e marcava presença nos bares nova iorquinos, o que garantiu a ela muita má fama, de forma que para Richard, ela não era mulher para casar.
Aquela mulher ali na sua frente, despenteada, chorosa e desiquilibrada não era a Maria que Richard conhecia, a mulher que ele tanto desejava. Aquela mulher à sua frente não era nada.
— Chega, não quero mais ouvir nada, me deixe em paz! — falou se virando.
Maria rapidamente puxou o seu braço.
— Por favor, Rick...
— Largue meu braço! — ordenou com raiva, mas ela não obedeceu, então ele se desvencilhou e a empurrou com força, fazendo-a cair. — Já disse, não quero ver você nunca mais!
Maria o viu sair de seu apartamento deixando a porta bater atrás de si. Ela não podia acreditar que Richard a tinha deixado. Ela o amava tanto, dera-lhe espaço, não fez nenhuma exigência e não o pressionara para nada, mas acreditava que em algum momento ele a assumiria, que ficariam juntos e seriam felizes. Não podia aceitar que Richard apenas a usara, e que agora uma estranha o tinha roubado dela.
Ela permaneceu no chão, seu choro era descontrolado, mesmo com as mãos sobre o seu rosto, as lágrimas escorriam por entre os seus dedos, enquanto seus soluços eram ouvidos até mesmo pelo morador do apartamento ao lado.
Para Jenna, os dois meses seguintes foram os melhores desde que perdera seu marido, pois agora estava apaixonada por um homem, tão bom quanto o pai do seu filho, que inclusive aceitava o menino como se fosse dele.
Richard era carinhoso, sempre que a desagradava em algo, fazia de tudo para ter suas desculpas e agradá-la novamente. Em suas folgas estava sempre com ela e com Vincent, e mesmo em dias de semana, procurava-os para almoçarem e jantarem juntos. Richard já fazia parte de sua vida, não queria perdê-lo, por isso também o agradava no que podia, cozinhava para ele e arrumava-se sempre buscando agradá-lo.
No entanto, antes que chegassem ao terceiro mês de namoro, Richard encontrou a namorada a sós com Alfred em sua sala, embora não tivesse visto nada que justificasse sua irritação, a proximidade daquele homem com sua namorada o irritou profundamente, coisa que não conseguiu disfarçar, sendo indiferente e até mesmo grosseiro com o convidado de Jenna.
Alfred era um amigo antigo de Victor Hughes, há muitos anos era ele quem administrava os bens de Jenna e do falecido marido, sendo ele o advogado da família. Alfred apesar de ter seus quase quarenta anos, era um homem bonito e charmoso, mas que também não ficou nada contente com o novo relacionamento da amiga. Aos seus olhos, Jenna merecia algo melhor do que o namorado que tinha arranjado, mas nada falou.
Após a saída do advogado, Jenna imediatamente questionou o comportamento do namorado, o que o irritou ainda mais. Richard não estava somente enciumado, mas enraivecido.
Jenna se assustou por vê-lo daquela forma, nunca o vira assim. Parecia que ele a tinha pego na cama com outro homem, tamanho era o drama feito por Richard, ainda assim tentou explicar, enquanto ele falava alto a repreendendo. O comportamento de Richard a irritou em demasia, de forma que ela o expulsou da sua casa aos gritos, alegando que não era obrigada a ouvir aqueles absurdos.
Naquele momento Richard percebeu o grande erro que cometera, mas já era tarde para se desculpar, só lhe restava sair. Mais controlado, ele seguia com seu carro para o seu apartamento, mas ainda estava com raiva, tanto de Jenna por ter recebido aquele homem sozinha em casa e ainda tentar se explicar, como também raiva dele mesmo por ter se descontrolado. Richard sabia que o que tinha feito poderia pôr tudo a perder, precisava consertar aquilo.
Enquanto pensava no que poderia fazer, lembrou-se de Maria, aquela mulher nunca o irritara daquela forma e se o fizesse, jamais o trataria como Jenna o tratou, como se ele fosse o errado. Maria com certeza o amava de verdade, enquanto Jenna... Ela ainda ia amar! Mas até lá, apenas os braços de Maria poderiam lhe dar um verdadeiro conforto.
Richard pegou o primeiro retorno que viu e foi direto para o apartamento de Maria, que o recebeu de braços abertos.
Na semana seguinte ao desentendimento do casal, Jenna recusou todas as ligações de Richard, pois ainda não estava pronta para uma conversa.Mesmo quando ele a procurou em casa, ela disse que precisava de tempo para pensar, o que ele prometeu respeitar, mas não antes de garantir que estava arrependido do que fez. Pediu perdão, prometeu que não aconteceria novamente e jurou que a amava.Jenna e Richard ficaram afastados por quase duas semanas. Ela lutava consigo mesma para esquecê-lo, por isso focava toda sua atenção em Vincent, mas o menino insistia em perguntar e chamar por ele, pois sentia sua falta, assim como ela.No entanto, quando lembrava da cena infeliz em sua sala, dizia para si mesma que não poderia arriscar passar por aquilo de novo. Aquele homem se revelou possessivo demais e aquilo a assustara de verdade.Richard, por sua vez, embora tivesse aceitado se manter afastado por um
— Você está linda, amor! — falou Richard ao entrar no quarto e ver a esposa prendendo o cabelo em frente ao espelho. Sem esperar resposta, ele se pôs atrás dela e beijou seu pescoço.Ao sentir o corpo estremecer, ao mesmo tempo em que o cheiro do álcool invadiu suas narinas, Jenna se desvencilhou dele.— Estava bebendo de novo!— Um pouco, amor, apenas para aquecer — respondeu a puxando para o seu corpo. — Esse vestido te deixa tão gostosa, o colocou apenas para eu tirar, não é? — indagou percorrendo com a mão o corpo de Jenna.— Não, Rick, nem te esperava em casa agora à tarde. Devia estar na floricultura! — disse tentando se soltar dos braços dele.— Não preciso ficar lá, querida. Max toma conta direitinho de tudo — disse e puxou-a novamente. — Quero você agora, amor!
Jenna não vira a filha quando ela nasceu e também não a viu no mesmo dia, pois estava bastante cansada e enfraquecida, sem condições de se levantar da cama após a cirurgia, enquanto Katherine, por ser prematura, foi levada para a UTI Neonatal do hospital. Acompanhada do marido, ela foi ver a filha apenas no dia seguinte, assustou-se ao vê-la tão pequena na incubadora, com cateteres em seus pés e mãos e dependente do oxigênio para poder respirar.Enquanto Jenna recebeu alta no terceiro dia, Katherine permaneceu na UTI Neonatal. Foram dias difíceis, em que Katherine enfrentou algumas infecções, fez várias apneias e precisou fazer fototerapia. Nesse período, sua mãe a visitava duas vezes ao dia, de manhã e durante a tarde, assim, contava com a senhora Margareth para cuidar do filho Vincent, pois embora Richard tivesse retornado para casa, passava o dia na f
Uma semana havia se passado após o enterro de Katherine, e Richard não havia aparecido em sua casa. Jenna já não se importava com sua ausência, apenas esperava que ele fosse encontrado para assinar o divórcio.Jenna relutava em acreditar que sua filha, de fato, se fora. A tristeza estava estampada em sua face e enraizada em sua alma, assim, como não se sentia apta para cuidar da casa e do filho Vincent, a senhora Margareth se mudara para o quarto de hóspedes a fim de não os deixar sozinhos.Ainda era cedo quando Jenna esperava pela chegada de Alfred, que ficara de visitá-la, não somente como advogado, mas também como o amigo que sempre fora.Quando ele chegou, Jenna o convidou a ir para o escritório, onde ela há muito não entrava, já que nos últimos anos Richard era quem resolvia tudo.Eles haviam acabado de se acomodar quando ouviram grit
8 Anos depois — Entendo, Linda. Imagino como está sendo difícil para você e para o Mark lidar com isso!—falou equilibrando o celular que trazia preso entre sua orelha e o ombro, usando as mãos para levar à mesa uma jarra de suco e um prato raso com panquecas. — Se fosse com meu filho, eu também não saberia o que fazer. São tão jovens para isso, meu Deus! — respondeu enquanto abria o armário e pegava dois pratos, pondo-os na mesa em seguida.— Pois é, Linda... olha, se achar melhor, adiamos a viagem, não queremos atrapalhar vocês num momento desses...— Jenna se calou ao ver o filho entrar na cozinha já vestido com seu uniforme escolar.— Ok, Linda, vamos conversando então, vou desligar. Manda um beijo para o Mark e para as crianças.— Segurando o celular com uma mão, ela se inclinou para beijar a bochecha de Vincent que acabara de sentar à mesa, ao que ele sorriu em resposta ao carinho da mãe.— Mando sim,
Faltavam apenas duas semanas para a tão esperada férias escolares de Vincent, e a viagem que faziam todos os anos paraMount Vernon ainda não tinha sido confirmada.Jenna se mostrava bastante relutante em viajar para a casa da irmã, pois receava incomodar Linda e Mark em um momento tão delicado, visto que com os últimos acontecimentos que envolveram aquela família, certamente não estavam em clima de festa.Somente depois de muita insistência de Linda é que Jenna se decidiu. Ainda assim, apenas porque a irmã garantiu que a sua visita e a do sobrinho serviria para distraí-los em meio a tantos problemas.Após comunicar Vincent sobre a viagem que agora era certa, ela decidiu prepará-lo para o que viriam a encontrar, de modo que o filho não viesse a se assustar com a situação ou até mesmo não viesse a constranger a tia Linda o
Vincent não vira a festinha particular da prima acabar, mas os amigos da garota foram embora antes dos adultos chegarem, e como todos se mantiveram no quarto dela, o evento passou despercebido para Mark e Linda, mesmo a filha tendo passado o dia seguinte dormindo.Jenna, no entanto, soube do acontecido pelo filho, relutou bastante, mas acabou contando para sua irmã alguns dias depois.Tamara recebeu algumas broncas dos pais, mas como sempre agiu com indiferença, exceto com Vincent, a quem fez questão de se mostrar irritada pela traição do primo. Fora isso, não impactara em nada o dia a dia da garota, que revelou ao primo planejar nova festinha, visto que em duas semanas os adultos iriam a um novo evento festivo, do qual retornariam bem tarde, e mesmo seus pais sabendo dos atos cometidos por ela, não podiam fazer muita coisa, até mesmo contratar uma babá somente para cuidar de Thomas estava difí
Tóquio, Japão— Você é linda, Sachiko! — disse Kioshi entrelaçando sua cintura, puxando-a para perto do seu corpo.— Obrigada, professor... — falou Sachiko, levando as mãos à touca de natação de Kioshi, mas ele segurou suas mãos antes que ela a removesse.— Não, por favor — pediu mantendo a touca firme em sua cabeça. — E pare de me chamar assim, aqui e agora, não sou mais o seu professor de natação! — disse franzindo a testa, ao mesmo tempo em que sorriu malicioso.— Tá bem, Kioshi, mas é que você é tão perfeito, tão diferente de... — Sachiko emudeceu sem saber como continuar, incapaz de esconder os sentimentos que nutria por seu professor.— Diferente dos garotos da sua idade. Pode dizer, não tem proble