Capítulo 4

Assim que pisei em casa, precisei contar tudo que aconteceu para o meu dono, já que ficou extremamente curioso.

— Que bom que deu tudo certo e, olha, um iniciante sendo tão bom é um ótimo sinal. Talvez seu corpo reclame, porque vai ficar bem sensível, mas vai valer a pena.

— Eu até concordaria que eu ficaria sensível, mas você já fez pior e não demorou mais do que uma semana.

— É verdade. Agora vai trabalhar para que não tenha nenhum problema na semana que vem.

Tomei banho e fui trabalhar mais, com os materiais novos que ele de certa forma pagou, visto que o dinheiro agora está comigo, mesmo que não fosse um pedido meu.

Durante as ilustrações, comecei a pensar que ele não me cheirava a cis, porque por algum motivo algo me dizia que ele era trans. Não sabia se era verdade ou se era só coisa da minha cabeça, mas perguntaria o quanto antes.

Conforme o tempo foi passando, levantei para manter o acordo com meu mestre e aproveitei para olhar o celular para saber se algum cliente havia pedido alguma alteração ou mesmo se novos pedidos haviam chegado, contudo, tive uma surpresa.

“Ei, eu ando pensando em algo desde que a gente começou a conversar, tipo, você é trans? Eu sou e queria muito viver um relacionamento com uma pessoa trans, já que todas as pessoas cis não foram legais comigo”

Não era coisa da minha cabeça, ou seja, eu sabia bem identificar meus iguais, ainda bem.

“Sou sim. Eu tento não falar muito sobre isso para não receber ataques gratuitos, mas sou, e muito. Também suspeitei que você fosse, então a gente ficou bem alinhado, e isso me deixa bem feliz”

Nós ficamos nesse assunto por um bom tempo e eu lembrei de como eu descobri que meu namorado é trans. Foi um dia bem normal: ele, por algum motivo, comentou sobre isso já esperando o pior de mim, e nós nos aproximamos ainda mais naquele dia.

Assim que eu voltei a desenhar, afinal, dinheiro não cai do céu, comecei a pensar no quão bom era ter relacionamentos só com pessoas trans.

Não era para menos que nos conectamos tão rápido, algo que raramente acontece, principalmente comigo, por eu ser uma pessoa bem mais fechada que as outras.

— Eu queria saber de verdade como acha pessoas boas tão fácil, parece um ímã.

— Se eu soubesse, já tinha vendido e ganhado muito dinheiro com isso. — Nós dois rimos e logo eu enviei mais uma arte, deixando as próximas horas para descansar muito ou eu passaria bem mal.

Comemos o que sobrou de ontem e acabei pensando no quão fofo o CEO foi comigo, nem parecia que mal me conhecia.

— Regra número 1 dessa casa, sempre aceitar carinho. Afeto nunca é demais, principalmente quando você trabalha com algo pesado, ou seja, quase todos os empregos. — Concordei e decidi que não trabalharia na sexta para que pudesse vê-lo mais cedo, tendo dois dias em vez de um só.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo