Capitulo 6

Ele abriu a porta e me mostrou cada pedacinho, nisso pude ver que teve todo o cuidado de montar um local bem aconchegante.

As paredes eram em um tom de roxo mais azulado, além de possuir uma cama de casal com vários travesseiros e tudo com tons de azul, desde as fronhas, até o lençol. Por fim, e não menos importante, a minha parte para trabalhar com uma mesa digitalizadora enorme em uma escrivaninha tão grande quanto, além de um monitor e um fone branco com orelha de gato.

— Agora, se precisar de algo, é só me chamar, vou ficar no meu quarto enquanto você trabalha para não te atrapalhar. E já sabe, quando pedir a comida, é só pagar no dinheiro, que eu tenho o suficiente para o que você quiser. Não se acanhe.

Eu ainda não estava aguentando ouvir sua voz deliciosa por muito tempo, pois ela me pegava de jeito de tão maravilhosa e isso me deixava incontrolável.

— Pronto, fiz o pedido. E você, o que vai comer hoje?

— Eu? Bem, você? — Nós dois rimos e ele continuou — Brincadeiras à parte, eu tenho uma janta com sobras, então vou comer isso. Inclusive, amanhã preciso cozinhar de novo.

— Você cozinha?!

— Sim, eu adoro cozinhar e confeitar. Se quiser comer minha comida, amanhã vou realmente fazer algo no almoço. Só não sei se vai ser do seu agrado.

— Eu quero muito experimentar! — Uma das coisas boas dessa casa era que ela tinha proteção contra sons, então eu poderia falar bem alto e os vizinhos não me ouviriam, ou seja, o paraíso.

Aproveitei para ligar para meus amigos enquanto eu trabalhava, já que não atrapalharia ninguém ao meu redor, e nesse meio tempo comecei a pensar em como explicar minha atual situação.

Por mais que eu já tenha passado por coisas bem esquisitas, não sabia se meus amigos teriam facilidade para entender que é vida real e não uma ficção inventada por mim durante a minha adolescência.

— Espera aí, você disse mesmo que tem um CEO te bancando, porque ele te viu como a pessoa perfeita?! E que inclusive você está em uma casa incrível?! Tem coisa que se não fosse com você, com certeza ninguém acreditaria.

— E como, né? Mas a minha vida é uma eterna ficção. Desde arranjar um namorado por meio de conversas banais, até chegar nesse ponto como se fosse algo normal. Mas assim, eu vou tentar viver ao máximo esses dias, porque não posso perder essa oportunidade.

— Concordo! Por favor, vai atualizando a gente sobre isso! Precisamos muito saber dos detalhes dessa história maluca que você se envolveu e claro, queremos muito poder ver seu novo namorado.

— Ei! Ele não é meu namorado, é só uma amizade.

— Ainda não é seu namorado, porque sempre que você fala isso vira namoro.

— Agora você me pegou no flagra. — Queria muito poder negar isso, só que era verdade, pois sempre que eu falava que não namoraria de novo, lá estava eu com uma pessoa nova em menos de um mês.

— Agora vai dormir, seu trabalho pode esperar.

— Eu sei. — Desligamos a chamada, e depois que comi, fiquei mais um tempo no trabalho, até cair de sono na minha mesa.

Assim que acordei, notei que estava na cama, com o cobertor e tudo, ou seja, ele percebeu que eu não havia dormido no lugar certo. Eu mal sabia que Saturno podia me levar no colo, então além de ser uma pessoa bonita, gentil e outras coisas mais, também era forte, e isso era ótimo.

Como sempre fui mais fraca que as outras pessoas, acabei invejando muito quem era forte e até hoje sou assim. A única diferença era que, naquela época, eu odiava essas pessoas, mas hoje em dia eu as adorava até demais.

— Bom dia, dormiu bem?

— Sim, não tem como dormir mal quando tem uma cama dessas, muito menos quando a pessoa te leva para a cama.

— Notei que você dormiu no trabalho e achei importante te colocar no lugar certo ou poderia ter problemas futuros. Aliás, você precisa de algo nessa manhã?

— Então, eu esqueci do meu antidepressivo, mas não queria voltar só por um comprimido. De resto, eu estou bem, só preciso comer ou minha saúde não vai ficar boa. — No mesmo instante ele perguntou tudo que eu comia para fazer o melhor café da manhã do mundo, ou quase isso.

Enfim, podia odiar minha condição de saúde, pois era horrível depender dos outros sempre, mas, pelo menos, ela me dava momentos como esses.

De qualquer forma, os minutos foram passando, e não demorou muito para Tera ligar e perguntar sobre mim, e depois de conversarmos por um tempo, minha comida chegou e tive que desligar para não comer frio.

— Obrigada. Eu fico feliz que alguém faça isso por mim.

— Que nada. Aliás, notei que estava bem avoada quando eu cheguei no quarto na primeira vez, tinha acontecido alguma coisa?

— Não. Eu só estava lembrando de quando eu era mais nova e precisava ser ajudada por todo mundo. — Saturno me olhou curioso com essa história e acabei contando tudo. — Sabe, desde criança eu não conseguia levantar algo que fosse um pouco mais pesado ou mesmo fazer movimentos vistos como difíceis, porque doía muito. E na adolescência não foi fácil.

— Espera um pouco, você sempre teve isso e não quis me contar por medo? Se eu soubesse disso, teria tomado cuidado com os meus pedidos.

— Sem problemas. Eu acabei me encontrando no BDSM, por isso sempre quero tentar coisas novas que não envolvam força física. Inclusive, sou masoquista, mas não posso levar t***s, mordidas e coisas assim, então fico só com a outra parte, que é tão boa quanto. Por isso eu não contei, não achei necessário, por saber meus limites e entender que você jamais passaria deles.

Ele me olhou bem feliz e me lembrou sobre o contrato, afinal, meu dono pediu para manter a minha segurança em dia, e o mínimo que eu poderia fazer era aceitar a ordem.

Nós abrimos o editor de texto e começamos a pensar em formas de fazer com que os três pudessem entender os nossos desejos e os nossos limites, deixando o texto o mais simples possível e, ao mesmo tempo, muito seguro.

Assim que tivemos ideias, fomos colocando e depois fizemos de tudo para que ficasse com a cara de um contrato.

Com tudo pronto, colocamos em um local que todos pudessem editar, caso notassem algo ruim nele ou mesmo para colocar comentários, se necessário.

— Então é para não fazer nada que possa te machucar, assim você mantém sua segurança e também devemos manter um dia fixo para as sessões, dessa forma não atrapalha no seu trabalho e na sua faculdade. Além disso, seu dono pode aparecer e intervir sempre que achar necessário, caso aconteça na casa de vocês.

— Isso! Além disso, nossas palavras de segurança são: amarelo para parar, laranja para diminuir a intensidade e rosa para continuar. Nossos gestos de segurança são: apertar a mão do outro e dar um leve chute em qualquer parte do corpo que não doa demais.

— Perfeito. E nós não faremos nenhuma prática que envolva coisas que devem acontecer só no banheiro, além de outras que possam ser bem perigosas sem alguém experiente por perto. Acho que é isso.

— É, sim. Mandaremos para o meu dono e poderemos descansar nesse dia cheio, se bem que você nem tem muito o que descansar. — Nós dois rimos e ele decidiu me beijar um pouco para que eu pudesse ficar bem relaxada nessa casa diferente.

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