É fim de manhã na sede do Grupo Schneider, e Jonathan está com a gravata meio solta, as mangas da camisa dobradas até os cotovelos e uma cara nada amistosa. O problema na área de carregamento envolve um caminhão que deveria ter sido descarregado há duas horas, mas está atravessado na pista de circulação.— Onde está o motorista? — ele pergunta a um dos operadores, bufando, com Eduardo ao lado tão impaciente quanto.— Foi tomar café, senhor Schneider... já chamamos — o homem responde, encolhendo-se um pouco.— Que maravilha. — Jonathan rosna. — Ele quer café? Vai beber café por sonda, se eu pegar.Lá dentro, na recepção, Monica quase derruba o copo de suco quando vê quem entra:— Senhorita Maia?! — arregala os olhos, sorrindo. — Veio visitar o caos?— Vim marcar território. — Marta responde com um brilho travesso nos olhos, usando uma calça jeans que parece feita sob medida, uma blusa de linho branca com botões dourados e um salto discreto, mas poderoso. A maquiagem está leve, só o b
O barulho dos motores ecoa imponente pela entrada principal da mansão Schneider. Duas RAMs 3500, lado a lado, adentram a propriedade como uma cena de filme de ação. A branca perolada de Islanne brilha sob o sol do fim da tarde, enquanto a preta imponente de Marta parece devorar o caminho como se fizesse parte da paisagem.Os funcionários da mansão param o que estão fazendo. Uns com a boca aberta, outros rindo e trocando olhares cúmplices. Todos perceberam: quando Marta e Islanne estão juntas, o caos vem com elas, e em grande estilo.As caminhonetes estacionam lado a lado. As portas se abrem e saem as duas rainhas, óculos escuros, cabelo solto, salto alto e um sorrisinho vitorioso nos lábios. Marta joga a chave para o chefe da segurança e pisca.— Cuida bem dela, é minha primeira filha — diz com falsa seriedade.— Primeira? — Islanne provoca. — Tu vai fazer uma frota, não é?As duas riem enquanto caminham em direção à entrada principal.— E então? — Islanne pergunta, já mais tranquila,
Jonathan sabe que o melhor a fazer agora é respirar fundo e desligar completamente do mundo lá fora, todas as suas responsabilidades necessitam de perfeição e para isso a mente tem que trabalhar em sintonia com o corpo.Ele fecha os olhos, o som do tatame rangendo sob os pés, a respiração pesada, e o impacto seco de corpos se chocando. É assim que Jonathan tenta calar a tempestade dentro de si, lutando. Eduardo o acompanha, tão concentrado quanto ele, como se os dois buscassem no jiu-jitsu a única forma de continuar de pé num mundo que insiste em desmontá-los. Cada golpe, cada queda, cada estrangulamento parece um grito preso sendo expurgado do corpo. Eles não dizem nada, não precisam. A luta fala por eles.— Cotovelo mais colado, Schneider! — grita o sensei do outro lado da academia, observando os dois com atenção de falcão. — Você tá abrindo demais e facilitando a raspagem.Jonathan assente com a cabeça e ajusta a postura. O suor escorre pela testa, os músculos estão no limite, ma
Jonathan está na presidência do Grupo Schneider, rodeado por relatórios e previsões de mercado. Mas a verdade? O único número que importa naquele momento é a distância entre ele e Marta.Ele suspira, incomodado com o silêncio. Pega o celular e liga.— Marta, almoça comigo hoje? Vem até aqui... tô precisando de você.A voz dele tem um toque rouco, carente. Marta, que estava se arrumando para sair, sorri do outro lado.— Já está com saudade, senhor Schneider?— Sempre. Vem logo, vai.Na sede do Grupo, Mônica não consegue esconder o sorriso quando a vê entrar.— E não é que a senhora Schneider chegou? — ela brinca.— Ainda não sou, mas a intenção é boa — Marta responde com um brilho nos olhos.— Islanne está em reunião com o jurídico, mas o senhor Jonathan já está te esperando.Marta segue com Mônica até o escritório. Quando Jonathan a vê, seu rosto se ilumina. Ele a recebe com um beijo demorado, daqueles que fazem o mundo sumir por um instante.— Agora sim, o meu dia melhorou.Marta ret
A casa ainda ferve em pura tensão, eles se encaram em um silêncio denso, como aquele não são apenas ausência de som, são gritos contidos, promessas despedaçadas flutuando no ar. Jonathan segura o encosto da poltrona com tanta força que seus nós dos dedos embranquecem. Ao lado o mundo segue seu fluxo natural, indiferente ao caos emocional que o domina. Ele perdeu o controle, e agora a única coisa que realmente importa parece escorregar pelos dedos como areia fina.— Ela não vai embora, Eduardo. Ela é tudo que eu tenho. Tudo! — a voz de Jonathan ecoa entre as paredes altas da mansão, carregada de desespero.— Eu sei, mano. — Eduardo se mantém firme, apesar do caos à sua frente. — E é por isso que você vai respirar, se acalmar… e não transformar isso aqui num campo de guerra.Marta, encolhida no canto da cama, ainda trêmula, tenta manter a dignidade. Mas os olhos marejados a traem. Ela já chorou mais do que gostaria, mas a dor não cessa. O medo também não. A decepção, menos ainda.Eduard
A sede do Grupo Schneider pulsa sob o peso de decisões milionárias, estratégias industriais e negociações internacionais. Mas no coração do império, o imperador está ruindo. Jonathan Schneider, o CEO temido e admirado, está largado na própria cadeira como se fosse apenas mais um homem qualquer... e talvez, pela primeira vez, ele se sinta exatamente assim. Derrotado. Quebrado. O olhar fixo no nada, as mãos sobre a mesa, e um silêncio que grita mais do que qualquer ordem já dada. O café ao lado esfria, como a relação que ele teme ter destruído.A porta se abre com violência. — O que diabos aconteceu, Jonathan?! — a voz de Islanne explode pelo escritório, seus saltos ditando um ritmo de guerra.Jonathan nem reage de imediato. Levanta o olhar como se estivesse emergindo de um naufrágio. — Aconteceu o que sempre acontece quando eu ajo feito um idiota. Merrda, Islanne. Merrda das grandes. E por causa da Cassandra. Aquela cobra do RH se jogou pra cima de mim no elevador, se insinuando na c
A mansão Schneider parece suspensa no tempo. A noite cai com a delicadeza de um véu sobre os jardins bem cuidados, e dentro da suíte principal, um universo inteiro pulsa entre os dois corpos, dois corações que quase se perderam.Marta está sentada na beira da cama, com os olhos fixos em Jonathan e no pequeno anel que brilha na palma da mão dele. Há um turbilhão por trás daquele olhar, uma guerra travada entre orgulho ferido, amor profundo e a insegurança que ficou após a feridas mal cicatrizada.— É sério? — ela pergunta, a voz embargada, quase como se quisesse acreditar, mas temesse ser enganada por ele.Jonathan dá um passo à frente, os olhos mergulhados nos dela, a respiração presa.— Mais do que tudo que já foi importante para mim na vida, Marta. Eu tô apostando meu mundo nisso. Apostando em nós dois.Ela fecha os olhos por um segundo. Duas lágrimas escorrem, silenciosas, e ela sorri. Um sorriso pequeno, vulnerável, mas sincero.— Então coloca logo esse anel no meu dedo, antes que
O elevador abre as portas no andar da presidência do Grupo Schneider. Marta entra de cabeça erguida, vestida com um blazer branco, uma calça social elegante e o cabelo preso em um coque impecável. Sua maquiagem é leve, mas clássica. Poderosa. Confiante.Na recepção, Monica arregala os olhos com um sorriso.— Uau! Se era pra chegar dominando, você acertou em cheio! — ela brinca, levantando e estendendo a mão. — Bem vinda oficialmente ao Grupo Schneider, senhorita Maia.— Obrigada, Monica — Marta responde com um sorrisinho divertido. — E hoje eu prometo que não vou pilotar caminhões… só uma mesa mesmo.Ambas riem.A movimentação pelo andar começa a desacelerar enquanto os funcionários percebem Marta sendo conduzida por Mônica até a sala presidencial. Alguns olhares curiosos, cochichos discretos… afinal, todo mundo ali já sabe quem é ela. Mas agora… ela está ali como funcionária.— Posso entrar? — Marta pergunta, parando na porta da sala.Jonathan ergue os olhos das papeladas e abre um