A casa ainda ferve em pura tensão, eles se encaram em um silêncio denso, como aquele não são apenas ausência de som, são gritos contidos, promessas despedaçadas flutuando no ar. Jonathan segura o encosto da poltrona com tanta força que seus nós dos dedos embranquecem. Ao lado o mundo segue seu fluxo natural, indiferente ao caos emocional que o domina. Ele perdeu o controle, e agora a única coisa que realmente importa parece escorregar pelos dedos como areia fina.— Ela não vai embora, Eduardo. Ela é tudo que eu tenho. Tudo! — a voz de Jonathan ecoa entre as paredes altas da mansão, carregada de desespero.— Eu sei, mano. — Eduardo se mantém firme, apesar do caos à sua frente. — E é por isso que você vai respirar, se acalmar… e não transformar isso aqui num campo de guerra.Marta, encolhida no canto da cama, ainda trêmula, tenta manter a dignidade. Mas os olhos marejados a traem. Ela já chorou mais do que gostaria, mas a dor não cessa. O medo também não. A decepção, menos ainda.Eduard
A sede do Grupo Schneider pulsa sob o peso de decisões milionárias, estratégias industriais e negociações internacionais. Mas no coração do império, o imperador está ruindo. Jonathan Schneider, o CEO temido e admirado, está largado na própria cadeira como se fosse apenas mais um homem qualquer... e talvez, pela primeira vez, ele se sinta exatamente assim. Derrotado. Quebrado. O olhar fixo no nada, as mãos sobre a mesa, e um silêncio que grita mais do que qualquer ordem já dada. O café ao lado esfria, como a relação que ele teme ter destruído.A porta se abre com violência. — O que diabos aconteceu, Jonathan?! — a voz de Islanne explode pelo escritório, seus saltos ditando um ritmo de guerra.Jonathan nem reage de imediato. Levanta o olhar como se estivesse emergindo de um naufrágio. — Aconteceu o que sempre acontece quando eu ajo feito um idiota. Merrda, Islanne. Merrda das grandes. E por causa da Cassandra. Aquela cobra do RH se jogou pra cima de mim no elevador, se insinuando na c
A mansão Schneider parece suspensa no tempo. A noite cai com a delicadeza de um véu sobre os jardins bem cuidados, e dentro da suíte principal, um universo inteiro pulsa entre os dois corpos, dois corações que quase se perderam.Marta está sentada na beira da cama, com os olhos fixos em Jonathan e no pequeno anel que brilha na palma da mão dele. Há um turbilhão por trás daquele olhar, uma guerra travada entre orgulho ferido, amor profundo e a insegurança que ficou após a feridas mal cicatrizada.— É sério? — ela pergunta, a voz embargada, quase como se quisesse acreditar, mas temesse ser enganada por ele.Jonathan dá um passo à frente, os olhos mergulhados nos dela, a respiração presa.— Mais do que tudo que já foi importante para mim na vida, Marta. Eu tô apostando meu mundo nisso. Apostando em nós dois.Ela fecha os olhos por um segundo. Duas lágrimas escorrem, silenciosas, e ela sorri. Um sorriso pequeno, vulnerável, mas sincero.— Então coloca logo esse anel no meu dedo, antes que
O elevador abre as portas no andar da presidência do Grupo Schneider. Marta entra de cabeça erguida, vestida com um blazer branco, uma calça social elegante e o cabelo preso em um coque impecável. Sua maquiagem é leve, mas clássica. Poderosa. Confiante.Na recepção, Monica arregala os olhos com um sorriso.— Uau! Se era pra chegar dominando, você acertou em cheio! — ela brinca, levantando e estendendo a mão. — Bem vinda oficialmente ao Grupo Schneider, senhorita Maia.— Obrigada, Monica — Marta responde com um sorrisinho divertido. — E hoje eu prometo que não vou pilotar caminhões… só uma mesa mesmo.Ambas riem.A movimentação pelo andar começa a desacelerar enquanto os funcionários percebem Marta sendo conduzida por Mônica até a sala presidencial. Alguns olhares curiosos, cochichos discretos… afinal, todo mundo ali já sabe quem é ela. Mas agora… ela está ali como funcionária.— Posso entrar? — Marta pergunta, parando na porta da sala.Jonathan ergue os olhos das papeladas e abre um
Ainda naquela tarde, o burburinho percorre os corredores da empresa como um vendaval.No refeitório, nos elevadores, até no grupo interno do setor jurídico, o nome Marta Maia já circula com respeito e admiração. A assistente do presidente, que muitos achavam ser apenas um rostinho bonito ao lado do Senhor Schneider, mostrou que tem mais sangue nos olhos que muito veterano de gravata.Na sala de Islanne,a notícia chega por meio do diretor jurídico.— Vice-presidente, só queria informar que a questão com o fornecedor foi resolvida.— Ah, ótimo. Jonathan conseguiu escapar da encrenca?— Na verdade... não foi o Jonathan.Islanne ergue uma sobrancelha.— Não, senhora. Foi a assistente do presidente. Marta Maia. Ela entrou na reunião, entendeu o contrato, localizou uma falha jurídica e virou o jogo na negociação. Foi... admirável.Islanne levanta devagar, vai até a janela com um sorriso travesso no rosto.— A Rainha do Caos ataca novamente.No final do expediente, Jonathan recebe um convite
O dia começa agitado, como sempre, e o burburinho nos bastidores do Grupo Schneider crescia a cada novo desafio superado por Marta Maia. Mesmo com sua elegância discreta, ela causava impacto por onde passava. Estratégica, rápida e com uma visão afiada, conquistava aliados nos bastidores... e inimigos declarados.O maior deles? Cassandra Reimann, a poderosa chefe do RH.Desde o episódio do elevador, em que tentou constranger Marta e foi colocada em seu devido lugar por Jonathan, Cassandra vinha remoendo o ódio. Não aceitava que uma mulher “qualquer” tomasse tanto espaço em pouco tempo. Mas agora, com o nome de Marta sendo respeitado até mesmo pelos conselheiros, Cassandra sabia que precisava fazer algo.E como toda cobra venenosa... atacaria onde mais doía.Na manhã seguinte, Marta é convocada para uma reunião de alinhamento com lideranças de diversos setores. Ela chega antes da hora, devidamente preparada. Blusa de seda, calça social, salto firme e olhar confiante. No meio da sala, Ca
Jonathan Schneider sai do prédio ao lado de Marta, vestida com um blazer branco impecável, celular em mãos e a agenda mentalmente cronometrada. O carro os espera na porta e em poucos minutos, estão a caminho de um restaurante sofisticado no centro financeiro da cidade, onde um seleto grupo de empresários os aguarda para o almoço.No salão elegante, entre taças tilintando e garçons discretos, tudo flui com maestria. Jonathan está em seu território: firme, articulado, irresistivelmente persuasivo. Ao lado dele, Marta acompanha cada nome, cada gesto, cada palavra com a atenção de quem lê mais do que se diz. Quando um executivo menciona um contrato com prazos apertados, ela já faz uma anotação. Quando outro fala da expansão para o norte do país, ela troca contatos com a assistente dele e anota uma possível visita técnica para a semana seguinte.— Sua assistente é afiada — comenta um dos empresários com um sorriso admirado. Jonathan lança um olhar rápido para Marta, quase orgulhoso. — É
A tarde cai, suave, nas janelas amplas da sala de reuniões executiva do Grupo Schneider. Lá dentro, Marta está sentada à mesa com Jonathan e Islanne, ambos com sorrisos contidos, quase cúmplices, enquanto ela toma um gole de água e os observa com atenção.Jonathan está visivelmente ansioso, os dedos tamborilando na madeira. Islanne, elegante como sempre, segura uma pasta de couro marrom.— Marta... — Jonathan começa, ajeitando-se na cadeira. — Nós temos algo para te propor.Ela arqueia uma sobrancelha, desconfiada.— Se for pra fazer teste de caminhão novo, já aviso que eu topo.Islanne solta uma risadinha, enquanto Jonathan revira os olhos com carinho.— Não dessa vez, Rainha do Caos. Estamos falando de um novo cargo. Diretoria adjunta. Você já provou mais do que o suficiente que tem visão, iniciativa, postura e jogo de cintura. E... sinceramente? Você já manda mais aqui que metade dos diretores.Marta arregala os olhos, chocada.— Diretoria? Gente... — ela engole seco, claramente e