Os dias deslizavam em uma rotina cada vez mais familiar. Eu chegava cedo ao escritório, cumprindo minhas tarefas de sempre e trabalhando com dedicação nos pequenos detalhes do projeto do Oasis que Vitor me delegava com o intuito de me treinar. Já ele, estava mais ausente, chegando tarde depois de acompanhar Clara nos exames médicos. Era evidente em sua expressão a frustração de ter que delegar tantos cuidados à babá porque Marina raramente aparecia para essas ocasiões.
— É sempre a babá que leva — Vitor murmurava enquanto revirava os papéis na sua mesa, sua voz repleta de irritação. — Marina mal tem aparecido. Não sei por que isso ainda me surpreende.
Eu ouvia, oferecendo um sorriso simpático sempre que nossos olhares se cruzavam. A cada dia que passava, ficava mais evidente o quanto Vitor se esforçava para estar present
Ao reconhecer Estela, uma onda de desconforto me invadiu. Como ela poderia estar aqui, na garagem do prédio onde eu trabalhava, esperando por mim como se fosse a coisa mais natural do mundo? No fundo, eu sabia que a veria em breve novamente, mas algo em mim torcia para que isso não acontecesse. Eu não reconhecia mais Estela. Ela não era a irmãzinha que fui obrigada a deixar para trás quando fui expulsa de casa. Seus olhares me assustavam.— Como você conseguiu entrar aqui? — Minha voz saiu mais áspera do que pretendia, refletindo o desconforto que eu sentia.Estela deu de ombros, um sorriso travesso se formando em seus lábios.— Vamos dizer que o segurança achou que eu valia a pena deixar passar.Essa insinuação me deixou ainda mais desconfortável. Lembrei-me do que Julia havia mencionado sobre mulheres frequentando exposições de arte
— Não sei do que você está falando, Estela. — Tentei desconversar, minha voz vacilando sob o peso da sua acusação.— Luna, eu era adolescente, não burra. — Estela continuou, seu tom firme e penetrante. — Eu me lembro perfeitamente do nome Oeri. Nossos pais podem ter achado que você estava louca ou pagando seus pecados, mas não eu. Eu pesquisei sobre Vitor Oeri. Vi que ele tem uma filha que é a sua cara quando era criança. Céus, tem fotos dela que poderiam ser você! Não pense que sou tola.Eu me vi sem argumentos, encurralada pelas revelações e pela perspicácia de Estela. Respirei fundo antes de perguntar:— O que você quer com tudo isso, Estela?— Quero dinheiro — ela disse diretamente, seus olhos brilhando com uma determinação fria.Ri amargamente, gesto que trouxe um sil&e
Por mais que só quisesse me encolher na cama em posição fetal, eu precisava avisar Vitor de que estava tudo bem. Ainda que não estivesse. Descendo as escadas rapidamente, a ansiedade pulsava em cada passo que dava em direção à saída do prédio. O ar frio da noite me atingiu de repente, trazendo um breve alívio para a tensão que me consumia. Mas esse alívio desapareceu tão rápido quanto veio quando avistei Vitor e Estela juntos.Vitor estava encostado em seu carro, uma expressão neutra em seu rosto que mudou para surpresa quando seus olhos encontraram os meus. Estela, por outro lado, parecia estar desempenhando o papel de sedutora, com o corpo inclinado de maneira convidativa e os dedos brincando com uma mecha de cabelo. O cenário era um golpe direto no meu estômago, desencadeando uma onda de ciúmes que nunca pensei que pudesse sentir com tanta intensidad
~VITOR~Dirigindo de volta para casa, meus pensamentos estavam presos em Luna, no choro descontrolado dela e na forma como seus ombros tremiam contra meu peito. Aquele momento de vulnerabilidade tinha sido intenso e confuso. Eu sabia que ela estava lidando com muito — o encontro com Estela havia aberto antigas feridas que mexiam demais com ela.Estela... A irmã que Luna nunca mencionara. A tensão entre elas era nítida, e eu não podia deixar de sentir um desconforto ao ver Luna tão perturbada. Era evidente que havia uma história complicada ali, uma história que Luna não queria compartilhar completamente comigo. E agora, com Estela de repente reaparecendo, eu me preocupava com o impacto que isso poderia ter nela.O choro dela não tinha sido apenas sobre ciúmes, tinha algo mais profundo ali, algo que nem ela queria enfrentar. Eu me perguntava se Estela havia dito algo que reac
Era sexta-feira, um dia tipicamente agitado no escritório, mas hoje, curiosamente, as coisas pareciam mais calmas. Eu trouxera uma mala pequena e discreta para o trabalho, preparando-me para passar o fim de semana no apartamento de Vitor. Apesar de estar animada com a perspectiva de um tempo a sós com ele, as ameaças trocadas em minha última conversa com Estela ainda me preocupavam.Julia tinha feito a pesquisa que me prometeu, mas não descobriu muito além do que já desconfiávamos. Estela tinha estado sozinha na exposição de arte e pelas interações que teve naquela noite, claramente estava tentando se dar bem em cima de algum ricaço. O problema é que uma incrível coincidência tinha caído em seu colo e, agora, ela tinha uma fonte de renda bem mais promissora da qual ela não teria escrúpulos ao tentar explorar.Sentada à minha mesa, e
Ao final do expediente, o escritório finalmente se esvazia, deixando apenas Vitor e eu. Ele parece ansioso, uma faísca de entusiasmo brilhando em seus olhos enquanto aguardamos o momento perfeito para deixar o prédio sem sermos notados. É uma sensação estranha, essa mistura de segredo e intimidade.Descemos até a garagem em direção ao carro de Vitor. É quase impossível evitar olhar na direção em que Estela nos esperava, encoberta pelas sombras, duas noites atrás. Mas não havia ninguém lá hoje, o que me faz respirar, momentaneamente, aliviada. Esperava que ela cumprisse nossa promessa e aguardasse até nosso encontro ao invés de fazer visitas ou ligações inesperadas.O trajeto até o apartamento de Vitor é preenchido por uma conversa leve e descontraída. Quando chegamos, o edifício em si já &e
Vitor se aconchegou na banheira e me puxou para seus braços, me deixando confortavelmente deitada por cima dele. A água quente borbulhava ao nosso redor, e os jatos da hidromassagem criavam um suave ruído de fundo, quase como uma melodia relaxante. Nós tínhamos nossas taças de vinho em mãos e trocávamos conversas leves e piadas insinuantes enquanto tentávamos comer alguma coisa.— Esse vinho é como você — Vitor murmurou, segurando o cálice contra a luz.— Como assim? — perguntei, curiosa pela comparação.Se ele fosse fazer uma daquelas piadinhas sobre envelhecer bem, eu ia matá-lo! Eu só tinha vinte e seis e Vitor era sete anos mais velho!— Delicado, mas com um toque de ousadia que surpreende quando menos se espera — ele explicou, seus olhos fixos nos meus com uma intensidade que me fez corar.— E
Toda vez que eu olhava para a minha pequena mala, ainda encostada no mesmo lugar que Vitor deixara, eu senti vontade de rir. Tinha sido ingênua ao achar que eu usaria qualquer coisa além do que uma das camisas de Vitor, o final de semana inteiro. E para ser bem honesta... em grande parte do tempo nem isso eu usava.Mas apesar de estar aproveitando qualquer mínima desculpa que tínhamos para acabar nos tocando e escalando as carícias, não era só sobre sexo. Eu adorava as conversas profundas que Vitor e eu tínhamos durante as refeições, especialmente quando ele me falava de Clara e de seus planos para o futuro. Vez ou outro eu via que ele me incluía nesses planos. Mas eu também adorava nossas conversas bestas, nossas piadinhas provocativas, ou apenas quando passávamos tempo juntos assistindo TV.O domingo tinha começado de maneira preguiçosa e perfeita, com Vitor e eu e