~VITOR~
Eu estava no quarto do hotel onde tinha combinado com Marina, nervoso pelo que precisava fazer. Arrumei as escutas que tinha pegado com Rafael e servi dois copos de vinho tinto, deixando-os estrategicamente ao lado da garrafa na mesa de centro. O ambiente estava iluminado por uma luz suave, criando uma atmosfera íntima e acolhedora.
Quando Marina chegou, ela parecia desconfiada, seus olhos varrendo o quarto antes de se fixarem em mim.
— Oi, Mar — disse eu, tentando manter a voz firme. — Aceita um drink? É uma oferta de paz.
Ela hesitou por um segundo antes de tirar o casaco e jogá-lo despreocupadamente sobre o sofá. Seus movimentos eram fluidos, e eu não pude deixar de notar como o vestido vermelho justo realçava suas curvas. Peguei os copos de vinho e me aproximei, entregando um a ela enquanto aproveitava a oportunidade para deixar nossos dedos se tocarem.
— Vo
~VITOR~Imerso em relatórios e documentos, durante mais um dia de trabalho intenso, eu tentava ignorar o turbilhão de pensamentos que permeavam minha mente me afogando em novo projetos. O silêncio do ambiente era quebrado apenas pelo som suave do ar-condicionado e o ocasional clique do teclado. Precisava manter a concentração, mas sabia que o confronto inevitável com Marina estava próximo. O relógio na parede parecia marcar as horas mais devagar do que o normal, cada tic-tac aumentando a ansiedade que eu tentava conter. Quando a porta se abriu abruptamente, levantei o olhar, vendo-a entrar com passos firmes e expressão furiosa. Ela não se preocupou em bater ou em esperar que fosse anunciada, como tinha o hábito de fazer simplesmente entrou, como se ainda tivesse algum direito sobre aquele espaço.— Como você pôde, Vitor? — Marina disparou, sua voz ca
Julia e eu nos encontramos com Daniel em um pequeno bistrô escondido entre as ruas movimentadas da cidade. O lugar era acolhedor, com mesas de madeira escura e luz suave filtrada por grandes janelas. Sentamo-nos perto de uma delas, aproveitando a vista tranquila do jardim do lado de fora. Eu me sentia inquieta, ansiosa por respostas sobre Clara e Vitor, e sabia que Daniel poderia fornecer algumas pistas.— Daniel, como estão as coisas com Vitor e Clara? — Perguntei, tentando soar casual enquanto mexia na minha salada.Daniel ergueu os olhos do cardápio e me olhou por um momento antes de responder.— Uau, você não é mesmo de rodeios, hein?— Acho que já estamos em um ponto da amizade onde posso ser direta com você.— Bom... Vitor conseguiu a guarda de Clara. — Sua voz era calma, mas percebi um tom de cautela.Meu coração apertou com a
A balada em questão era um verdadeiro caos de luzes e sons. A fachada discreta escondia o ambiente vibrante e lotado do interior. Mas os carrões estacionados ao redor me mostravam que não era qualquer um que era permitido frequentar: era um ambiente selecionado. Do lado de fora, uma fila de mulheres aguardava ansiosamente a chance de entrar, vestidas com roupas elegantes e maquiagens impecáveis. O som da música eletrônica pulsava pelas paredes, e eu hesitei, pensando que minha ideia tinha sido completamente idiota.Respirei fundo, sentindo o nervosismo crescer. Aquele não era meu ambiente habitual, e a visão da fila interminável me fazia questionar minha sanidade. Eu não era nem de perto tão bonita quanto aquelas mulheres! E se elas estavam do lado de fora, imagina as que estavam do lado de dentro!Mas então, uma voz familiar soou ao meu lado:— Ela está comigo!<
Virei-me. Vitor estava parado ali, seu olhar fixo em Guilherme, cheio de determinação e posse. Meu coração deu um salto, e por um momento, não soube como reagir.Guilherme levantou as mãos, dando um passo para trás.— Ela disse que estava sozinha.— É, mas agora ela não está mais! — Vitor respondeu com irritação.— Tudo bem, cara. Não queria causar problemas.Vitor se aproximou, ignorando completamente Guilherme, e olhou para mim com uma intensidade que me deixou sem fôlego.— Vamos embora, Luna.Eu hesitei, ainda processando tudo o que estava acontecendo. A intensidade no olhar de Vitor misturava-se com uma raiva contida, e eu senti meu coração acelerar. Guilherme me olhou, buscando uma resposta, mas eu não conseguia pensar com clareza.— Vitor, você não pode sim
Abracei minha bolsa contra o peito enquanto caminhava em direção ao escritório de Felipe. O prédio moderno tinha uma fachada imponente, com paredes de vidro refletindo a luz do sol. Eu me senti levemente nauseada, provavelmente devido ao nervosismo. Desde o beijo que Felipe me dera, as coisas tinham ficado bagunçadas entre nós. Foi por isso que pedi para vê-lo em seu escritório, talvez isso deixasse as coisas tão profissionais quanto nós precisávamos que fosse para que aquilo não se tornasse desconfortável.Ao entrar na recepção, a secretária de Felipe, uma mulher elegante de cabelos curtos e óculos discretos, me cumprimentou com um sorriso profissional.— Tenho uma reunião marcada com o Fel... Doutor Ferrarezi — disse, tentando soar confiante.Ela assentiu e me pediu para esperar um momento antes de me conduzir até a po
~VITOR~A notificação dos advogados de Luna ainda estava sobre a minha mesa do escritório, intocada, como uma lembrança silenciosa do passado que eu tentava esquecer. Desde que Clara havia se mudado definitivamente para o meu apartamento, minha vida girava em torno dela. O pedido de Luna para retomar contato com Clara era uma constante sombra sobre meus dias, mas decidi ignorá-lo. Eu não podia permitir que ela voltasse a me desestabilizar.O tempo passava lentamente, marcado pelas risadas e pelos momentos difíceis. Clara e eu começamos a criar uma rotina juntos. As manhãs eram preenchidas com corridas para não perder a hora da escola, seguida de um café da manhã rápido que sempre incluía uma xícara de café para mim e leite com chocolate para ela. Eu a levava até a escola, aproveitando cada minuto do trajeto para conversar e ouvir suas his
“Preciso te ver. É sobre a Clara”. A mensagem de Vitor ainda piscava na tela do meu celular.Meu primeiro impulso foi de raiva. Ele havia ignorado completamente a notificação extrajudicial que Felipe enviou, me impedindo de ver Clara. Mas se era sobre minha filha, eu não podia recusar. No melhor dos casos talvez ele até estivesse mudando de ideia sobre eu voltar a ter contato com ela. Respondi rapidamente, digitando o endereço de um café próximo ao meu prédio e sugerindo um horário para mais tarde.Passei o resto da tarde me preparando para o encontro, tentando acalmar meus nervos. Enquanto escolhia uma roupa, percebi que muitas das minhas peças estavam apertadas. "Droga, Luna, você está comendo demais por causa da ansiedade," murmurei para mim mesma, tentando puxar a blusa sobre os quadris sem sucesso. Acabei escolhendo um vestido mais solto, mas mesmo assim, sentia-m
Vitor soltou uma risada amarga, cheia de incredulidade, enquanto as pessoas ao nosso redor continuavam suas conversas sem perceber o drama que se desenrolava. Tentando demostrar uma falsa tranquilidade, tomei um gole da minha bebida, enquanto esperava por sua resposta.— Você só pode estar louca, Luna.— Não estou — respondi firmemente, tentando manter a calma. — Essa é a única garantia que posso ter de que ficarei segura ao lado da minha filha.Ele balançou a cabeça, ainda incrédulo, enquanto se inclinava para a frente, apoiando os cotovelos na mesa.— Como pode pensar que o casamento a deixaria em uma posição de segurança? — Perguntou ele, ainda descrente. — Especialmente depois de ter acompanhado de perto meu divórcio com Marina.Ele tinha razão. Vitor tinha sido implacável na briga judicial com Marina e, sin