~VITOR~
Eu e Daniel estávamos sentados no bar de sempre, um lugar discreto e aconchegante, após um longo dia de trabalho. O ambiente era familiar: iluminação suave, o som de conversas tranquilas e o tilintar dos copos compondo a trilha sonora do lugar. O aroma de uísque e madeira polida impregnava o ar. O barman, já nosso conhecido, preparava nossos drinques com habilidade enquanto Daniel puxava conversa sobre o evento de gala que Otto e Kara Milani estavam organizando no Hotel Milani.
— Você soube da gala beneficente do Otto? — perguntou Daniel, girando o copo de uísque nas mãos, observando o líquido âmbar com interesse. — Parece que vai ser um grande evento. Ele e Kara estão se empenhando bastante.
— Sim, ouvi falar — respondi, tomando um gole do meu uísque. O calor do álcool desceu suavemente pela minha garganta, proporci
Naquela sexta-feira, coloquei meu melhor vestido longo. Era de um azul profundo, que contrastava com minha pele, moldando meu corpo de maneira elegante e deixando meus ombros à mostra. O tecido leve e fluido balançava suavemente a cada movimento, e a fenda discreta na lateral dava um toque de ousadia sem ser vulgar. Passei um tempo considerável fazendo uma maquiagem caprichada e um penteado que deixava meus cabelos soltos com suaves ondas caindo sobre meus ombros. A cada passo, sentia o nervosismo crescer. Eu não sabia exatamente por que estava tão nervosa, mas talvez fosse a sensação de estar voltando a socializar, a insegurança sobre o que as pessoas pensariam de mim, ou talvez fosse apenas a pressão de parecer estar bem quando, na verdade, meu coração estava em pedaços.Felipe chegou pontualmente, e ao abrir a porta, notei o brilho de admiração em seus olhos. Ele estava impec&
Ainda trancada no banheiro do evento, eu me repreendia por ter sido tão ingênua ao aceitar vir. Julia tinha me garantido que Daniel dissera que Vitor não estaria lá, mas no fundo eu sabia que aquele era exatamente o tipo de ambiente que ele frequentaria. Mesmo sem saber, eu tinha consciência de que as chances de ele estar acompanhado por alguma mulher eram altíssimas. Ele era Vitor Oeri, novamente solteiro, e as mulheres gravitavam ao redor dele como abelhas ao mel. A imagem dele com aquela mulher, rindo e se divertindo, fazia meu estômago revirar. O pior de tudo era o jeito com que ele a tratou, sabendo que eu estava assistindo. Ele tinha feito de propósito, para me machucar, e tinha feito com precisão cirúrgica.Eu sabia exatamente para onde ele a estava levando, possivelmente para um dos quartos do hotel. Talvez até o mesmo quarto onde nós estivemos juntos. Quase podia ver os dois na piscina,
~VITOR~Eu estava parado em frente à entrada do Hotel Milani, refletindo se tinha sido ou não uma boa ideia vir ao evento beneficente. Havia dito a Daniel que não viria, mas o próprio Otto Milani ligou para conversar e insistiu que eu comparecesse. Respirei fundo e entrei sozinho, tentando afastar as dúvidas. Não tinha levado nenhuma acompanhante, então só procuraria logo por um dos meus irmãos lá dentro para ter companhia.O saguão do hotel estava repleto de figuras da alta sociedade, todos vestidos com trajes elegantes e conversando animadamente. As luzes suaves refletiam nos lustres de cristal, criando um ambiente sofisticado. Ao passar pelo setor das peças de leilão, um quadro chamou minha atenção imediatamente. Era uma pintura deslumbrante do Vale do Loire, com a luz do inverno iluminando suavemente a paisagem. As cores eram suaves, mas vibrantes,
— Não... eu... Eu só...Abri a boca para tentar me defender, mas as palavras saíram desconexas e sem sentido. Me calei por um momento, percebendo que não devia satisfações a ele.— Não é da sua conta. — Respondi, tentando manter a compostura. — E você também foi bem rápido para querer me acusar. — Completei, lembrando da mulher que vi com ele. — Lá dentro com aquela mulher no bar...Vitor me olhou com uma mistura de frustração e dor em seus olhos, a mandíbula contraída.— Você não sabe do que está falando, Luna. — Retrucou ele, com um tom afiado. — Aquela era minha irmã!Senti uma onda de vergonha tomar conta de mim. Mas eu tinha certeza de que não estava errada. A mulher que vi com ele hoje podia até ser sua irmã de verdade, mas tenho cer
~VITOR~Os últimos dias foram especialmente difíceis para mim, principalmente após o encontro inesperado com Luna no leilão. O gosto amargo de vê-la com outro homem ainda persistia, e o ciúme brigava constantemente com a certeza que eu tinha de que ela era fria e interesseira. Esse conflito interno se misturava aos sentimentos que eu não conseguia deixar de ter por ela, tornando a situação insuportável. Após o expediente, frequentemente me via nos bares, bebendo e conhecendo mulheres com quem acabava saindo apenas por uma noite. Meu comportamento chegou ao ponto de Rafael, meu advogado, ter que me alertar novamente sobre as consequências públicas de minhas ações.A noite anterior foi um exemplo claro do quanto minha vida havia se desestruturado. Saí do escritório tarde da noite e fui direto para um bar. O ambiente escuro e o som alto servia
~VITOR~Eu estava no quarto do hotel onde tinha combinado com Marina, nervoso pelo que precisava fazer. Arrumei as escutas que tinha pegado com Rafael e servi dois copos de vinho tinto, deixando-os estrategicamente ao lado da garrafa na mesa de centro. O ambiente estava iluminado por uma luz suave, criando uma atmosfera íntima e acolhedora.Quando Marina chegou, ela parecia desconfiada, seus olhos varrendo o quarto antes de se fixarem em mim.— Oi, Mar — disse eu, tentando manter a voz firme. — Aceita um drink? É uma oferta de paz.Ela hesitou por um segundo antes de tirar o casaco e jogá-lo despreocupadamente sobre o sofá. Seus movimentos eram fluidos, e eu não pude deixar de notar como o vestido vermelho justo realçava suas curvas. Peguei os copos de vinho e me aproximei, entregando um a ela enquanto aproveitava a oportunidade para deixar nossos dedos se tocarem.— Vo
~VITOR~Imerso em relatórios e documentos, durante mais um dia de trabalho intenso, eu tentava ignorar o turbilhão de pensamentos que permeavam minha mente me afogando em novo projetos. O silêncio do ambiente era quebrado apenas pelo som suave do ar-condicionado e o ocasional clique do teclado. Precisava manter a concentração, mas sabia que o confronto inevitável com Marina estava próximo. O relógio na parede parecia marcar as horas mais devagar do que o normal, cada tic-tac aumentando a ansiedade que eu tentava conter. Quando a porta se abriu abruptamente, levantei o olhar, vendo-a entrar com passos firmes e expressão furiosa. Ela não se preocupou em bater ou em esperar que fosse anunciada, como tinha o hábito de fazer simplesmente entrou, como se ainda tivesse algum direito sobre aquele espaço.— Como você pôde, Vitor? — Marina disparou, sua voz ca
Julia e eu nos encontramos com Daniel em um pequeno bistrô escondido entre as ruas movimentadas da cidade. O lugar era acolhedor, com mesas de madeira escura e luz suave filtrada por grandes janelas. Sentamo-nos perto de uma delas, aproveitando a vista tranquila do jardim do lado de fora. Eu me sentia inquieta, ansiosa por respostas sobre Clara e Vitor, e sabia que Daniel poderia fornecer algumas pistas.— Daniel, como estão as coisas com Vitor e Clara? — Perguntei, tentando soar casual enquanto mexia na minha salada.Daniel ergueu os olhos do cardápio e me olhou por um momento antes de responder.— Uau, você não é mesmo de rodeios, hein?— Acho que já estamos em um ponto da amizade onde posso ser direta com você.— Bom... Vitor conseguiu a guarda de Clara. — Sua voz era calma, mas percebi um tom de cautela.Meu coração apertou com a