Sophie Narrando Eles acham que eu sou o problema. Que sou a ex louca, a vilã da história. Mas ninguém se pergunta o que me fez ser assim. Ninguém quer saber o que eu suportei enquanto ele ficava indo e vindo, entrando e saindo da minha vida como se eu fosse uma opção. Como se eu fosse descartável.Ver aquela loirinha toda certinha com ele me deu náuseas. Priscila. Até o nome tem cara de mulher boazinha, dessas que fingem que são doces, mas no fundo são frias, calculistas. Ela conseguiu o que eu queria sem nem se esforçar. E ainda quer bancar a superior.Quando descobri onde ela trabalhava, foi quase divertido. Saber que ela é só uma gerente de loja e ainda se acha melhor do que eu... ri sozinha. Claro que eu fui lá. Me montei inteira, como uma cliente rica, poderosa. Pedi pra ser atendida por ela só pra ver de perto o que o Everton tanto viu naquela mulher.E quer saber? Ela ficou desconcertada. Foi delicioso. O olhar dela querendo manter a pose, o medo escondido atrás de uma falsa f
Priscila Narrando Acordei mais tarde do que o normal, e por alguns segundos, fiquei ali deitada, ouvindo o silêncio gostoso da casa. O sol invadia meu quarto pelas frestas da cortina, aquecendo meus pés. Estiquei o corpo devagar, sentindo o alívio de não precisar correr, não precisar vestir a pressa como roupa de trabalho.Levantei, prendi o cabelo em um coque frouxo e fui direto pra cozinha. Ainda de pijama, com os pés descalços no chão frio, comecei a preparar o café da manhã. O cheiro do pão tostando na sanduicheira, o barulhinho do café coando... tudo isso me dava uma sensação de normalidade que eu prezava com todas as forças.Hoje era só eu e o meu filho. Ele ainda dormia, mas sabia que logo apareceria com os cabelos bagunçados, arrastando os pés e com fome de um leãozinho.Enquanto quebrava os ovos na frigideira e mexia distraidamente, pensei em tudo que havia acontecido nos últimos dias. Sophie aparecendo na loja... Everton se reaproximando... Meu coração parecia um campo de b
Luiz Fernando Meu nome é Luiz Fernando, tenho 30 anos e, pra quem não me conhece, sou um cara com os cabelos castanhos e os olhos escuros, que, de tanto tentar ser forte, perdeu um pouco da suavidade no olhar. Meu corpo, sempre em forma, é mais fruto de disciplina do que de vaidade — mas no fundo, sei que me cuido por querer manter a aparência de quem tudo dá certo, até quando as coisas não vão bem.Eu sou aquele tipo de cara que, por fora, parece ter tudo sob controle, mas por dentro… bem, por dentro, a história é outra. E se alguém me perguntasse como eu cheguei até aqui, eu diria que a dor foi o meu guia. Não é fácil aceitar que a vida que você idealizou, o futuro que construiu, simplesmente desmorona. Mas foi exatamente isso que aconteceu.Eu nunca imaginei que um dia veria o fim do meu casamento com Priscila. Ela foi minha parceira, minha companheira, e, por muito tempo, foi a única razão pela qual eu acreditava que tudo valia a pena. A ideia de perder o que tínhamos me consumiu
Priscila Narrando O sábado estava sendo mais tranquilo do que eu imaginava. Após a correria da semana, eu realmente precisava de um momento só meu, mas a ideia de fazer um almoço diferente me animou. Então, mandei mensagem para a Lívia, minha amiga de longa data, convidando-a para almoçar aqui em casa. A gente sempre se diverte quando se encontra, e eu estava precisando de algo leve, sem a pressão do trabalho ou dos problemas. Só um bom papo e comida gostosa.Ela chegou mais tarde, um pouco atrasada como sempre, mas com aquele sorriso grande e contagiante, que já me fazia rir só de olhar. Preparei uma mesa simples, mas acolhedora, com um cardápio que eu sabia que ela adoraria: risoto de camarão e uma salada fresquinha para acompanhar. A gente se sentou à mesa e começou a conversar sobre tudo. Falamos sobre o trabalho, a vida, e até sobre a minha recente separação, algo que, apesar de ser um tópico difícil, parecia mais leve com ela ali.Lívia sabia o que eu passei, o quanto eu lutei
Everton Narrando Quando ela abriu a porta, meu coração deu um pulo no peito.Priscila. Linda, com aquele olhar desconfiado e firme. Sempre tão forte, mesmo quando eu sabia que ela estava tentando esconder o quanto eu ainda a afetava. Ela não disse nada de imediato, só me encarou como se estivesse tentando decifrar se eu era real ou só mais um problema batendo à porta.E, sinceramente? Eu não a culpo. Eu ferrei tudo. De novo.— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, com aquele tom que misturava surpresa, raiva contida e... algo mais. Algo que me deu esperança.Por um segundo, eu congelei. Queria falar tudo, dizer que não parei de pensar nela desde o dia em que a vi de novo. Que aquele lenço antigo que mandei era só a primeira desculpa pra bagunçar tudo nela de novo. Mas eu fiquei em silêncio. Eu não sou bom com sentimentos. Eu ajo, corro atrás, tomo decisões rápidas... mas com ela? Eu travo.— Eu... precisava falar com você, Pri — foi tudo que consegui dizer, e até isso saiu c
Sophie Narrando Eu não vou descansar.Enquanto a Priscilazinha estiver no caminho, eu não vou ter paz. Everton é meu, sempre foi, e ele pode até tentar negar agora… mas eu sei que, no fundo, ainda sente alguma coisa. Sempre sente. Ele só tá confuso, enfeitiçado por essa mulherzinha com cara de santa e ar de coitada.Ela acha que pode aparecer com esse papel de mãe solteira batalhadora e conquistar o homem que eu moldei pra ser o que é hoje? Por favor. Everton cresceu ao meu lado. Quem conhece os fantasmas dele, as ambições, os limites e as fraquezas sou eu. Não essa qualquer aí.Eu vi o jeito que ele me olhou naquela última vez… tentando disfarçar, mas os olhos não mentem. E não importa se ele tá bravo agora. Vai passar. Sempre passa. A raiva dele nunca dura, principalmente quando eu me aproximo do jeito certo.E se eu tiver que sujar minhas mãos pra tirá-la do caminho… que seja.Já descobri o ponto fraco da Priscila. Já vi onde ela mora. Conheço os horários dela. Sei que ela tem um
Priscila Narrando Me chamo Priscila e tenho 27 anos. Sou loira, de cabelos lisos que caem até a metade das costas, olhos verdes que todo mundo sempre diz que chamam atenção e eu confesso que já usei isso a meu favor mais de uma vez. Meus cílios são naturalmente longos, o que me poupa alguns minutos na maquiagem, e minha boca... bom, já ouvi que é bonita demais pra ficar calada. Meu corpo? Sempre cuidei dele. Nada exagerado, mas o suficiente pra me sentir bem quando me olho no espelho e fazer alguns olhares se virarem quando passo. Não sou perfeita, mas tenho meu charme. E aprendi, depois de tudo que vivi, que esse charme vai muito além da aparência.Hoje, além de ser mãe de um menino incrível, sou gerente de uma loja. Uma mulher que já amou, que já se decepcionou, mas que decidiu recomeçar. O que eu não esperava... era que o passado, em forma de um CEO arrogante e sexy, fosse bater na minha porta. Ou melhor, entrar pela porta da loja. E bagunçar tudo outra vez.Lembro como se fosse
Everton Narrando Me chamo Everton, tenho 31 anos e aprendi cedo que nada nesse mundo vem de graça. Cabelos castanhos escuros, olhos da mesma cor intensos, dizem. Minha barba é sempre bem feita, porque eu gosto de manter tudo no controle, até a imagem que passo. Corpo definido, porque disciplina é algo que levo a sério tanto nos negócios quanto na cama. Não nasci em berço de ouro. Conquistei tudo o que tenho com estratégia, suor e, sim, uma boa dose de frieza. Hoje, sou CEO de uma das empresas mais promissoras do setor, com contratos milionários, viagens internacionais, e mais gente querendo minha atenção do que eu consigo contar.Mas nada disso importa quando eu penso nela.Priscila.A mulher que eu deixei pra trás quando ainda era um ninguém tentando se tornar alguém. A mulher que, mesmo depois de anos, ainda habita meus pensamentos nas noites mais silenciosas. Eu construí um império... mas o trono parece vazio sem ela.Voltei não só pelo sucesso. Voltei pra buscar o que realmente