CAPÍTULO 5 – QUEM É VOCÊ?

Naquela noite em seu aniversário de 15 anos. A festa luxuosa ocorria na mansão Petrova, uma construção imponente de arquitetura neoclássica, cercada por um vasto jardim.

Foi ali, sobre a sombra das árvores frondosas do jardim, que Viktor se aproximou pela primeira vez. Malú sentiu o cheiro amadeirado de seu perfume que se misturava ao aroma floral ao redor, e tal cheiro associado ao medo que sentiu dele, lhe causou náuseas. Ele tomou sua mão com firmeza e a puxou para mais perto.

— Você é minha Malú — sussurrou ele, seus lábios quase roçando seu ouvido. — E não importa onde vá, jamais fugirá de mim.

Ela sentiu um calafrio na espinha e tentou se afastar, mas ele apertou a sua cintura com força, imobilizando-a contra o seu corpo. Nesse momento os olhos dele de um azul profundo e gélido brilhavam como uma ameaça silenciosa.

— Já te deixo de sobreaviso Malú. — continuou ele, baixando a voz. — se deixar que algum idiota te toque, acabarei com ele, e o matarem lentamente. E você assistir à sua morte.

O medo a paralisou. Seu estômago revirou, e sua mente ficou em branco. Depois daquele momento, sua festa perdeu qualquer vestígio de felicidade.

Ela quis contar aos seus pais. Quis gritar. Mas, temia muito por eles. E o pior é que eles nunca perceberam a verdadeira face de Viktor. No entanto, depois daquela noite, a vida de Malú se tornou um verdadeiro pesadelo.

Ela lembrou que a casa onde cresceu era completamente diferente da casa dos Petrova. Uma mansão ampla também, porém acolhedora.

Era rodeada por um jardim vibrante onde variedades de flores exalavam fragrâncias suaves. E dentro da casa os móveis de madeira nobre traziam uma sensação de lar. Ali que ela se sentia segura, ou pelo menos deveria se sentir, mas até lá, foi manchado pela presença de Viktor.

Uma noite quando ela tinha apenas 16 anos, ele apareceu de surpresa na saída do colégio. Ele a arrastou para um beco escuro lhe roubou o seu primeiro beijo de forma dura, para castigá-la a beijando-a à força. Seus lábios eram impiedosos e a dor espalhou pelo rosto de Malú

— Você gosta dos meus beijos, ou dos dele Malú? — sussurrou Viktor, com os olhos faiscando de ciúme doentio.

— Dele?! Dele quem? — perguntou ela desesperada tocando nos lábios doloridos.

— Do garoto que teve a audácia de segurar as suas mãos hoje, na entrada do colégio. E não adianta negar meus homens estão de olho.

O pânico a tomou. Quando descobriu que Viktor mandava seus homens vigia-la, chorando ela implorou:

— Por favor, Viktor não! Não faça mal a Yuri, por favor eu te imploro, eu juro Viktor que não tenho nada com ele, ele é apenas meu amigo!

Ele sorriu com um sorriso cruel e vazio.

— Então ouça, e grave muito bem isso na sua mente, você é minha. E se não quiser que o seu jovem admirador, ou qualquer outro sofra fique longe dos homens. Está me ouvindo?

Ela assentiu, as lágrimas escorrendo pelo rosto. E então ele a pressionou contra o muro, segurando seu rosto com os dedos frios. Ela sentiu que, por algum motivo, ele respirava com dificuldades. Por sorte, ouviu alguém se aproximar. Ele praguejou, pegou no seu queixo e disse:

— Vá minha menina antes… Antes que eu esqueça que eu prometi a mim mesmo. E não consiga esperar para fazê-la minha!

Ela correu. Fugiu como se o inferno inteiro estivesse atrás dela. Seu coração martelava em seu peito, e o ar parecia faltar em seus pulmões….

Malú despertou em um sobressalto, sentindo o seu corpo pesado, como se estivesse envolta numa névoa densa. Sua cabeça latejava, e uma leve sensação de torpor dominava seus sentidos. O colchão macio sob seu corpo era diferente de tudo que estava acostumada ultimamente — tinha um toque aveludado, confortável demais para ser um lugar familiar. Um perfume floral e amadeirado pairava no ar misturando-se ao cheiro fresco de lençóis recém-lavados.

Com esforço, ela abriu os olhos e piscou algumas vezes para se acostumar à claridade difusa do quarto. O ambiente a sua volta era sofisticado e moderno, como se tivesse saído diretamente de um filme. As paredes eram pintadas em um tom creme elegante, e detalhes dourados refletiam a luz suave que entrava pela grande janela de vidro. O lustre pendurado no teto irradiava um brilho delicado, conferindo ao local uma área de requinte.

Por um breve momento, Malú sentiu-se perdida, como se estivesse vivendo um sonho irreal. Mas então, o pânico atingiu em cheio. Seu peito se apertou quando a lembrança da noite anterior surgiu em sua mente, e seu coração disparou descontroladamente.

— O que aconteceu? Onde estou? Meu Deus, será que estou nas mãos de Viktor novamente?

Então, percebeu que May não estava ao seu lado, e ficou ainda mais aterrorizada. Seu corpo reagiu antes mesmo de sua mente processar a situação. Tentou se erguer abruptamente, mas sua cabeça girou violentamente, e uma tontura esmagadora a obrigou a se apoiar nos travesseiros. Sua respiração estava acelerada, e um frio intenso percorreu sua espinha.

Foi então que sua visão se voltou para a janela, e o que viu fez seu sangue gelar.

A pequena May dormia plácidamente no colo de um homem desconhecido. Ele estava sentado em um sofá próximo à janela, sua cabeça apoiada no encosto, e seu peito subia e descia em uma respiração tranquila. Os traços bem definidos do seu rosto foram iluminados por um feixe de luz dourada que atravessava a cortina entreaberta. Seu cabelo escuro estava levemente bagunçado, e sua expressão serena contrastava com a tempestade de medo que se formava no peito de Malú.

Ela levou as mãos à boca, abafando o soluço. Seus olhos arregalados se fixaram nele, e, aos poucos, as memórias voltaram como flashes desordenados. O homem se aproximou dela, seu corpo cedendo a exaustão, e a inconsciência engolindo.

Um arrepio percorreu sua pele quando percebeu que estranho também estava acordando. Ele abriu os olhos devagar, piscando algumas vezes antes de focar nela. Um sorriso suave curvou seus lábios, e, ao contrário do que esperava, sua expressão não demonstrava ameaça, apenas um misto de curiosidade e gentileza.

— Bom dia, senhorita! Por favor, não precisa ter medo. Está segura aqui. Está se sentindo melhor? — perguntou Ravi, a sua voz estava ainda rouca pelo sono, mas ainda assim firme e acolhedora.

Malú engoliu em seco, porém a sua garganta seca dificultava a sua fala naquele momento. O medo ainda pulsava em suas veias, principalmente ao lembrar-se da ameaça anterior dele de chamar a polícia, ela inicialmente ficou sem saber o que

responder.

Não entendia por que ele estava sendo tão gentil agora. Mas a preocupação com May era maior, por isso respondeu:

— Bom dia si... sim estou! — murmurou ela hesitante.

Seus olhos não desgrudavam da pequena que estava nos braços dele, seu instinto gritava para protegê-la a qualquer custo

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