Eu mal consigo dormir aquela noite. Primeiro porque não era justo que Matt estivesse deitado no sofá – por mais confortável que ele parecesse ser – e me deixado com aquela enorme e confortável cama toda para mim. Mas principalmente porque eu senti que eu realmente o tinha magoado ao rejeitá-lo. Só que aquilo não era possível, era? No máximo um ego ferido... Ainda assim, Matt sabia melhor do que eu cada tópico delimitado no nosso contrato, afinal, ele havia lido, eu não. Envolver sexo no nosso relacionamento falso, seria andar na corda bamba demais para mim. Não podia me dar a esse luxo. - Bom dia – ouço a voz rouca, de quem acabara de acordar, de Matt vindo do sofá. – Você mal pregou os olhos – ele me acusa. – A cama não estava confortável? Por mais que aquilo pudesse parecer uma alfinetada, não era. A pergunta de Matt soava genuína, como quem realmente se preocupava com meu bem-estar. Ainda que fosse ridículo ele cogitar que aquela cama não pudesse ser confortável. - Como pode sabe
- Isso é constrangedor? – Ouço a voz de Lilly às minhas costas.- Muito – Matt e eu respondemos em coro, sem nem a olhar.- Eu disse para a mamãe – quase posso vê-la revirar os olhos. – Mas tente entendê-la, Matt, ela e Yasmim são muito próximas e é a renovação de votos dos nossos pais. Como ela poderia não a convidar?- Ah, isso... – deixo escapar, finalmente desviando o olhar de Bianca.- Ela disse que você foi um amor conseguindo encaixá-la para uns tratamentos no spa. Acho que vocês podem se dar bem se você der uma chance.- Lilly, você tem noção do quanto isso soa ridículo? – Matt se intromete.- Não soa não – ela se defende. – Existem ex-namorados que convivem muito bem!- Claro que existe. Quando um deles não vive enchendo o saco do outro para voltar mesmo quando este outro está comprometido.- Matt! – Lilly protesta. – Yasmim, não... Ela não...- Não? – Matt a desafia, olhando bem nos olhos da irmã.- Bem, talvez ela tivesse uma certa esperança enquanto você ainda estava solte
~Matt~- Meu Deus, Ella, onde você estava?Faço a menção de dar um passo em sua direção quando ela entra pela porta do quarto, mas algo no seu rosto faz com que eu me contenha. Eu tinha dito que ela era excelente em fingir seus sentimentos, mas tinha uma coisa que Ella não conseguia esconder. Quando se sentia acuada, com um certo medo ou receio, isso ficava muito transparente em sua expressão. E era assim que ela se sentia agora.- Eu... só... por aí...O dia já estava quase amanhecendo e as olheiras querendo surgir embaixo dos seus olhos indicavam que Ella não tinha dormido. Eu tinha tentado segui-la depois que ela saiu do quarto desnorteada, é claro. Mas a forma com que ela pediu para não o fazer tinha sido tão firme, que não tinha como eu não respeitar seu espaço.- Escuta, Ella, sobre ontem à noite...- Não, Matt, para... – ela me interrompe, finalmente escolhendo entrar no quarto e fechar a porta atrás de si. – É ridículo você achar que me deve algum tipo de satisfação.- Se você
- Cadê a Sophie? – Entro gritando na sala de espera. – Sophie!- Calma! – Meu pai me segura pela cintura, me detendo de avançar corredor adentro atrás de um quarto que eu nem ao menos sabia qual era. – O pior já passou.- O que já passou? O que aconteceu?O silêncio cai na sala por alguns instantes. Minha mãe está sentada em um canto, desolada, com Bruno ao seu lado, a abraçando. Breno não está lá, provavelmente foi o responsável por ficar em casa cuidando de Giovanna, nossa irmãzinha de cinco anos. Bianca ainda está parada na soleira da entrada da sala, com Matt um pouco atrás. Meu pai me guia em direção a eles e baixa a voz antes de falar, quase como se não quisesse que minha mãe ouvisse.- Sophia teve uma parada cardiorrespiratória.Sinto minhas pernas cederem ao mesmo tempo em que sou amparada pelos braços de Matt.- Você precisa se sentar... – ele diz, me colocando na cadeira mais próxima. Então, se volta para meu pai. – Como ela está agora?- Sob cuidados intensivos – Miguel con
- Ele parece um bom rapaz.Meu pai vem sentar-se comigo e Breno quando Matt vai buscar café para todos nós na cafeteria do hospital. Já é começo da noite, e nós quatro ainda estamos esperando por qualquer notícia mais concreta sobre Sophia, agora no hospital cardíaco. Apesar do lugar ser bem mais luxuoso – temos uma sala de espera só para a gente, com sofás macios e televisão para nos distrair – ainda é um lugar estressante e cansativo.Permaneço calada, porque não sei como respondê-lo. Matt era um bom rapaz?- Gente boa – Breno concorda.- Mas... Não sei se foi uma boa ideia dele trazer a Sophia para cá. Não podemos pagar por isso, Ella.- Procura Lennox no Google, pai – Breno diz. – O cara é podre de rico. Ella tirou a sorte grande com esse namoro aí.- Como assim? – Miguel olha de Breno para mim e de volta para Breno.- Eu vou apresentá-los melhor em outra ocasião – digo. – Mas Matt não vai precisar pagar por nada disso, eu vou cuidar de tudo. Aqui é o melhor lugar para a Sophia es
O apartamento de Matt é assustador. É tão grande que parece que te engole no exato momento em que você pisa para fora do elevador privativo e sai no hall de entrada. O lugar é impressionante e grandioso, com um pé direito alto e uma escadaria imponente que conduz aos andares superiores do triplex. O piso é feito de mármore branco com veios cinzentos, e as paredes são decoradas com molduras de madeira escura que abrigam pinturas provavelmente caras e exclusivas. Um lustre enorme e deslumbrante pende do teto, iluminando todo o ambiente.Na sala há uma área de estar com sofás e poltronas confortáveis, cobertos por tecidos de alta qualidade, e uma mesa de madeira nobre com tampo de vidro próxima a uma parede de vidro que oferecem uma vista privilegiada do mar, reforçando o sentimento de grandeza do lugar.Ao longo das paredes, há várias esculturas e obras de arte moderna que denotam a sofisticação de Matt. Tudo transpira luxo, elegância e bom gosto.Ainda assim, é desconfortável. É como s
~ MATT ~- Sophia está passando por uma última bateria de exames, e se tudo estiver certo, dentro de uma horinha ela já terá alta. – Ella me abraça, feliz com a notícia que o médico nos está dando. – Mas ela só vai sair hoje porque o senhor Lennox se comprometeu a trazê-la amanhã cedo para a última dosagem do medicamento. E sem atrasos.- O que significa que vocês vão dormir no meu apartamento hoje, novamente. – Ella abre a boca para protestar, mas eu não permito. – E isso não está em negociação, Ella.- Eu vou ver como a garota está – o médico se retira, me deixando com Ella e seus pais na sala de espera.- Escuta, Ella... – A puxo para um cantinho mais afastado. – Eu preciso dar uma passada no escritório para resolver umas coisas, você vai ficar bem aqui com seus pais, certo?- Claro! Eu não quero te atrapalhar, Matt, eu disse que você não precisava nem ter vindo...- Mas eu vim. E vou estar aqui de volta em uma hora para buscar vocês – coloco uma mexa do seu cabelo para atrás da or
- Uauuuu! – Sophia entra correndo no apartamento de Matt, olhando admirada para todo lado, seus olhinhos pequenos estavam bem arregalados.- Não corre, Sophie – alerto.- É tão grande aqui, Ella! Se nossa família morasse aqui eu poderia ter um quarto só meu... – ela foca em Matt. – Você é rico, Matt?- Sophie! – Ela me faz corar.- Er... – Matt parece desconcertado também. – Acho que sim... Mais ou menos. Sei lá. Eu sou? – Ele olha para mim, como se esperando que eu pudesse definir o que podia ou não ser dito a Sophia.- Matt trabalha duro para ter o dinheiro que ele tem – respondo.- Você também trabalha e nossa família é pobre – ela constata, tentando entender a relação das duas coisas.Sophie sai correndo em direção a parede de vidro, o que me deixa livre para sussurrar para Matt:- Ela tá nessa fase de sinceridade desconcertante.- Eu não entendo muito de crianças... – ele olha de mim para Sophia.- É claro que não. A última vez que você interagiu com uma deve ter sido quando você