As semanas seguintes foram um turbilhão de emoções e tensões crescentes. O comportamento de Bernardo continuava a oscilar entre momentos de aparente tranquilidade e surtos de possessividade. Minha família começou a notar a mudança em meu comportamento, especialmente minha irmã Evilyn e minha amiga Karen.Numa tarde de sábado, estávamos na sala, conversando sobre os preparativos para a chegada da bebê, quando Karen, sempre direta, tocou no assunto que eu estava evitando.— Emily, precisamos falar sobre o Bernardo — disse ela, a preocupação evidente em sua voz.Eu suspirei, sentindo o peso da realidade que eu estava tentando ignorar. — O que tem ele?— Você parece tensa e ansiosa quando ele está por perto — comentou Evilyn, colocando a mão no meu ombro. — Estamos preocupadas com você.— É verdade — continuou Karen, com um tom sério. — Bernardo não tem sido tão gentil com você nos últimos dias. Ele parece impaciente, e claramente não gosta de falar sobre a bebê e a proximidade do nascim
Um ano e nove meses depois…— Você entendeu o que eu disse, Emily? — Ele gritou, sua voz ecoando pelas paredes do quarto. Em seguida, ele me empurrou com força, fazendo-me tropeçar e bater contra a parede. Respirei fundo, tentando me manter firme e não demonstrar o medo que me consumia.— Sim! — Respondi, minha voz trêmula enquanto ele me pressionava ainda mais contra a parede.Bernardo segurou meu rosto com uma força descomunal, apertando minhas bochechas de maneira dolorosa. Seus olhos estavam cheios de uma fúria que me fez querer desaparecer.— Se quiser continuar no seu emprego, é melhor se comportar. Já aguentei muito de você. Não me faça perder a paciência — disse ele, a irritação transparecendo em cada palavra. Em seguida, seus lábios atacaram os meus com uma possessividade brutal, quase me sufocando.— Você me entendeu? — Ele rosnou, os olhos fixos nos meus. Eu engoli em seco, sentindo meu coração acelerar descontroladamente.— Responde! — Esbravejou, os olhos queimando de rai
— Pense no que irá dizer a essa vadia, não comece a choramingar — Bernardo disse, olhando com desdém para Karen, que esperava por mim na porta do restaurante.Mantenho meu olhar baixo e assinto, concordando sem emoção. Não digo nada, só quero ter paz nesse momento para trabalhar tranquila e retrucar seria motivo para mais uma discussão.— Estou falando com você, responda quando falo com você! — Ele se irritou, mas não me tocou, provavelmente por estarmos em frente ao meu local de trabalho.— Eu não choramingo para ninguém, Bernardo — afirmei, minha voz tentando transmitir uma firmeza que eu não sentia.— Melhor assim. Agora vamos, desça — ordenou.Abri a porta do carro e saí, ele fez o mesmo e caminhou até mim. Como sempre, ele era muito gentil em público, segurando minha mão e caminhando ao meu lado até a entrada do restaurante. Sua mão, que me machucara tantas vezes, agora parecia suave, um contraste perturbador. Ele beijou minha testa e, em seguida, meus lábios.Juro que ultimament
Após mais um dia agitado, meu expediente chegou ao fim. Eu e Karen seguimos até o nosso armário, trocando as últimas palavras do dia. Guardamos nossas coisas e, em seguida, ela me acompanhou até o estacionamento, onde Bernardo já me esperava. O ar estava fresco e o estacionamento começava a se esvaziar, com poucas pessoas ainda circulando por ali.— Tenta descansar, amiga — disse Karen, me abraçando com firmeza. — E qualquer coisa, me liga.— Obrigada, Karen. Eu vou tentar — respondi, tentando sorrir. Nos despedimos, e eu caminhei lentamente até o carro de Bernardo. Assim que entrei, senti a tensão no ar.— O que conversou com aquela vadia? — Bernardo questionou, sem nem me dar tempo de fechar a porta direito.— Não fala assim, estava apenas me despedindo — respondi, tentando manter a calma. Ele apertou meu braço com força, me fazendo contorcer de dor.— Você está mentindo para mim! — Puxei meu braço e passei a mão onde ele havia apertado, sentindo a dor pulsante.— Eu não estou ment
Entrei em casa e fui recebida pelo calor acolhedor do lar. O cheiro familiar do jantar recém-preparado preenchia o ar, e as vozes alegres de minha mãe e minha irmã, Evilyn, ecoavam pela sala enquanto brincavam com Sophia. A sala estava iluminada de forma suave, criando um ambiente aconchegante e acolhedor. Assim que a porta se fechou atrás de mim, Sophia, minha princesinha, olhou para mim com seus grandes olhos curiosos e sorriu. Ela largou os brinquedos que tinha nas mãos e correu para mim com os bracinhos estendidos.— Mamãe! — Chamou ela, com uma alegria que derretia qualquer resquício de tensão que eu ainda sentia. Abaixei-me e a abracei apertado, sentindo seu cheiro doce e sua pele macia.— Oi, meu amor — sussurrei, beijando o topo de sua cabeça. Minha mãe, que estava sentada no sofá, levantou-se e veio até nós, seguida por Evilyn. — Como foi o trabalho hoje, Emily? — Perguntou minha mãe, enquanto íamos para a cozinha. — Foi um dia agitado, mas nada fora do comum — respondi,
Carlos Eduardo:Após dois anos sem voltar a Gramado, finalmente retornei à cidade. O trabalho havia me consumido de forma implacável nos últimos meses; inauguramos mais dois hotéis em um curto espaço de tempo, e precisei estar presente em cada detalhe, supervisionando cada passo. Foi exaustivo, mas necessário. No entanto, mesmo com toda a correria e os compromissos inadiáveis, eu não poderia deixar de celebrar o Ano Novo ao lado da minha família. Minha mãe provavelmente me deserdaria se eu ousasse faltar mais um ano às festividades.Minha família morava no nosso hotel em Gramado, um lugar que, apesar de ser um dos nossos negócios, sempre considerei como lar. Ao entrar no hotel, fui recebido pelo cheiro familiar de pinho fresco e canela que impregnava o saguão. A decoração natalina ainda enfeitava cada canto, com guirlandas penduradas nas portas e luzes piscando suavemente ao redor da lareira da recepção, que permanecia acesa e estalando, aquecendo o ambiente contra o frio do inverno.
Hoje, o hotel estava ainda mais cheio do que de costume. Hóspedes circulavam pelo salão decorado com luzes cintilantes e fitas douradas, carregando taças de champanhe e sorrisos radiantes. O clima de festa era contagiante; risos, música e conversas animadas se misturavam, criando uma atmosfera acolhedora e festiva. Eu gostava dessa energia. Ao me aproximar do centro do salão, onde minha família estava reunida, avistei Marla, minha cunhada, com um sorriso caloroso e Carolina, minha sobrinha de 1 ano e 3 meses, que brincava em seus braços.— Ela está linda — elogiei, com alegria, enquanto me aproximava. — E muito esperta — Marla respondeu, os olhos brilhando de orgulho. — Não quer mais saber de colo. Mas assim que estendi os braços, Carolina esticou os dela para mim, o rostinho iluminado por um sorriso inocente. — Ainda bem que ela gosta do tio, né, princesa? O tio você deixa pegar — brinquei, sentindo o calorzinho de suas mãozinhas pequenas se agarrando ao meu pescoço.Marla riu. —
— Está nervosa? — perguntei, divertido, enquanto ela olhava ao redor, claramente desconfortável.— Surpresa — respondeu, sem conseguir me encarar.— Por que surpresa? Nos encontramos exatamente aqui, há dois anos — provoquei, inclinando-me um pouco mais perto. Ela suspirou e pareceu ficar ainda mais apreensiva.— O que acha de irmos para um lugar mais tranquilo? — sugeri, me aproximando ainda mais. Ela olhou para mim assustada, e eu senti que precisava ser mais direto. Passei a mão pela sua cintura e puxei-a levemente para mais perto, mantendo meu olhar fixo no dela.— Gostaria muito de relembrar o sabor dos seus lábios nos meus — murmurei, minha voz carregada de intenção.Ela se afastou imediatamente, o olhar sério e decidido. — Tenho namorado! — afirmou, sua voz firme.— Por que foi embora sem falar comigo? — perguntei, mudando de assunto rapidamente.— O quê? — ela respondeu, claramente confusa com a mudança.— Na noite em que ficamos, por que foi embora sem se despedir? — pergunte