Parte 2... Matteo — Eu tinha uns quinze para dezesseis anos, quando minha avó, Felícia, surgiu com alguns problemas de saúde que começaram do nada. Ela apenas estava bem uma noite e na manhã seguinte, mal conseguia sair da cama - recordei desse tempo e queria explicar a Ana. — Não tem que me contar isso, se for ruim para você, Matteo - sentei ao lado dela no sofá. — Não... Eu acho até bom colocar isso para fora. Nunca fui de falar com ninguém sobre minha vida particular - me esparramei ao lado dela e peguei sua mão, brincando com seus dedos finos — Sabe, é desagradável ver alguém que a gente ama, sofrendo em cima de uma cama, com dor. Ana deitou a cabeça em meu ombro. Eu gosto disso. — Foi um tempo de desafios para mim. Eu tinha muitas coisas a fazer, ajudava meu avô bastante, tinha meus estudos, cursos... E ainda assim, eu tirava tempo para ficar com ela. Fiquei muito apreensivo com relação a ela - enchi o peito de ar e entrelacei nossos dedos. — Eu imagino. — A doença era qu
Parte 3...Ana...Meu Deus! E agora? Eu sei bem onde isso pode parar, mas o que faço? Nem mesmo estou preparada para dar esse passo. E seu eu ceder agora, será que pode me trazer algo de ruim depois? Tenho tantas dúvidas sobre o depois.O durante eu posso me garantir. Não sou tonta como ele pensa, sei como funcionam essas coisas, apenas não tive a chance de ir até o final e sempre tive muito receio de me envolver e não ter estrutura depois de me garantir.Depois que fui morar com Acácia ficou mais fácil para mim, ter alguma experiência. Tive mais contatos, conheci mais pessoas, só que nunca tive alguém que pudesse me fazer ir até o final porque sempre pensei que sozinha eu não tenho estrutura para cuidar de mim, de Acácia e menos ainda de uma criança.Mas como eu posso resistir agora? Está em mim, aproveitar cada momento. Eu aprendi morando na rua, que tudo que surge deve ser aproveitado, porque não sabemos se no dia seguinte teremos outra chance. Mas tenho que deixar claro o que pens
Parte 1... Eu nem dormi direito ontem, pensando no que o Matteo havia dito. Agora estou ansiosa com o que ele vai aprontar. Eu sei um pouco sobre ele, pelo menos nas minhas observações de quando era sua secretária e sei que todas as vezes em que ele se sentia dasafiado, logo em seguida ele tinha uma atitude. Não sei o final delas, porque eram coisas pessoais, mas se tratando de trabalho, ele nunca deixava barato, sempre corria atrás e acabava saindo tudo como ele queria. Esse é o meu problema agora. E comigo? Sei que ele entendeu o meu receio de ontem como um desafio, mas não foi bem assim, eu nem estava pensando em entrar em uma disputa de quem pode mais. Foi só o medo normal que me deu uma cutucada quando a gente estava se beijando no sofá. Eu sei que se não tivesse parado ali, teria acabado na cama dele. Me assustei com as batidas constantes na porta do quarto. Claro, só pode ser Matteo com sua mania de querer tudo rápido. Levantei jogando o lençol de lado e abri a porta de vez
Parte 2... — O que é, Matteo? - falei baixo em un canto da loja — Recebi sua mensagem. Estou com Alexandre, esqueceu? Ele está me ensinando etiqueta. Você o pagou para isso. — Eu sei e não precisa falar assim comigo. — E como eu falei? — Parece que está aborrecida. Aconteceu algo? — Não... Desculpe, você tem razão - olhei para Alexandre ao lado de duas mulheres — Acho que é mais uma mania que adquiri de quando você vivia me chamando para tudo na empresa. — Sabe, você continua tendo a mesma visão de mim, mas eu já mudei a minha com relação a você. — Isso não é verdade. — É sim. — Ai, está bem... Desculpe, força do hábito. Vou mudar isso - soltei o ar de vez — Mas o que quer agora? — Preciso que ligue para Otávio. Ele vai precisar te levar até o aeroporto. — E para que? - franzi a testa. — Você tem que assinar seu passaporte. — O que? - eu ergui as sobrancelhas. Falei alto demais. Olhei de lado e as pessoas estavam me encarando. Fiquei morta de vergonha e pedi desculpas — M
Parte 1...Minha manhã foi corrida. Fiz a visita a Acácia e ela estava bem, apenas com a pressão baixa, mas de resto, estava bem, graças a Deus. Deixei avisado que eu estaria fora por uns dias, mas não dei certeza de volta porque com Matteo tudo é possível. Ela entendeu que eu faria a viagem para ter mais contato com ele e talvez desse início à minha vida íntima. Não falei muito, ainda sinto vergonha.Voltei para a cobertura e encontrei Patty na sala de tevê. Ela me disse que Matteo tinha mandado que separasse algumas peças de roupa pra mim e fizesse a mala. E eu nem sabia que tinha uma mala.— Nossa, nunca vi o Matteo dessa forma - ela disse pegando uma almofada para trocar — Falou tão rápido que eu quase nem peguei tudo. A viagem pelo jeito vai ser muito boa, pela animação dele.Eu sorri. Não faço ideia de para onde será. Mas, como disse Otávio, tenho que aproveitar a chance. Eu até já me sinto diferente em pouco tempo, só com o que estou aprendendo e com a mudança de visual. Parece
Parte 2... Ana... O sol da manhã iluminava o Aeroporto de Florença com uma luz dourada e suave. O céu azul sem nuvens dava um toque especial à cena. Matteo caminhava ao meu lado de mão dada comigo, o que me deixava mais tranquila. Era algo que nunca passaria por minha cabeça. Sei que pareço boba, mas me sinto empolgada e com um leve toque de ansiedade também, sem falar na curiosidade, é claro. É a primeira vez que eu viajo para fora do país, e a Itália estava prestes a conquistar meu coração. Pelo menos Matteo com sua atitude já estava na vantagem. Eu me sinto quase que uma princesa pelo modo como ele está me tratando e é muito adverso de tudo o que já aconteceu antes na empresa. Matteo sorriu pra mim e apertou minha mão. — Bem-vinda a Florença, Ana! Este é o aeroporto Peretola, nosso ponto de partida para uma aventura incrível - apertou de novo minha mão — Espero que goste daqui. Será por pouco tempo, mas depois poderemos retornar. Eu olhei ao redor, impressionada com a moderni
Parte 3...MatteoEu até já sinto meu coração disparar, só de me aproximar da casa. Sentia saudade daqui, mas voltar depois de tanto tempo me traz muitas recordações. Passei muito tempo querendo vir aqui e sempre deixava para depois. Agora me sinto errado. Deveria ter vindo antes e não ter que voltar para mostrar o lugar a Ana, para que ela me entenda nesse processo do testamento.E como sempre está tudo bonito, tudo verde em vários tons e as árvores centenárias de pé, balançando com o vento. Até as que eu plantei com meu avô já estão dando sombra. Isso é muito bom. Segui com o carro pela estrada ladeada de árvores e parei em frente ao casarão antigo.Na verdade, a propriedade tem três grandes casas centrais e mais duas de visitas, além das casas mais abaixo, onde vivem os funcionários. Alguns estão aqui há mais tempo até do que eu tenho de vida.Desci do carro e ouvi a porta grande se abrindo. Ajudei Ana a descer também. Dá para sentir o aroma das flores que estão plantadas no jardim
Parte 4... Ana Eu nem sei o que pensar dessa viagem e da noite que estou tendo com Matteo. O dia passou até rápido, entre a viagem de carro até aqui, conhecer os funcionários do lugar, o modo como eles tratam Matteo, que até parece outra pessoa aqui. Mais calmo, mais relaxado. A noite está muito gostosa. Uma brisa suave balança as folhas das oliveiras que Matteo me disse serem centenárias. Fiquei impressionada com os detalhes que ele me contou. Uma mesa de madeira antiga foi colocada no terraço de pedra e algumas lanternas de ferro forjado lançam sua luz dourada sobre nós, clareando os detalhes delicados da toalha e realçando os arranjos de flores silvestres que Maria arrumou com cuidado. Tudo eles que fizeram para que eu tivesse uma boa chegada aqui e estou gostando muito desse carinho deles. Realmente, pra mim é algo novo. Eu escolhi um lindo vestido vermelho que foi colocado em minha mala e que se destacava contra a paisagem toscana, cheia de verde e o piso claro. Acho que M