Parte 5... Ana Nossa, acho que começo a entender um pouco porque o Matteo está apelando até para uma mentira absurda, de estar apaixonadoo por alguém e ter que se casar. Esse irmão dele me parece bem cínico e a esposa é estranha. Até parece que a mulher quer me fritar com os olhos. E olha que eu nunca a vi antes. Ela deve ser do tipo que não gosta de outras mulheres. Não deve ser apenas porque supostamente eu sou a futura esposa de Matteo. Notei que ela quase não dá atenção para a outra mulher convidada. Lucas fala com os outros normalmente, mas essa Jules parece que está fazendo um esforço em se fingir educada. Eu, hein! Deus me livre de gente assim. Já tive minha cota de pessoas chatas e ruins pra vida toda. Uma coisa que morar nas ruas me ensinou, é que tem gente de todos os tipos e níveis e alguns podem até ser considerados verdadeiros demônios, de tão ruins que são e se fingem de bons. As pessoas adoram usar máscaras de gente de bem, se escondem atrás dos rótulos criados pe
Parte 6... A conversa mudou, graças a Deus. Os outros convidados participaram mais e o tempo foi passando, mas eu não conseguia relaxar de vez porque estava atenta ao que poderia vir, especialmente de Jules. E foi bom ficar atenta porque depois de um tempo, Lucas começou a me fazer perguntas diretas e mais íntimas. Apesar de Matteo responder algumas, eu mesma tive que ser mais firme pra não deixar que Lucas me intimidasse. E depois que eu entendi que ele só queria me aborrecer pra ver se eu soltava algo, também fui direta com ele. — Olha, se eu soubesse que faria uma entrevista de emprego, teria trazido os meus documentos e minha ficha de recomendação do meu antigo empregador - inclinei a cabeça com um sorriso cínico — E que por acaso é seu irmão - Matteo riu e os convidados também — Mas se você quer tanto saber sobre mim, podemos marcar a entrevista. Por agora eu gostaria apenas de aproveitar o jantar, que por sinal, está ótimo. Deu para ver que ele não gostou de meu corte, mas n
Parte 7...Quando entramos, Matteo ficou atrá de mim, me segurando pela cintura e me fazendo de barreira, para que niguém notasse o que havia acontecido lá fora na varanda. Otávio deu uma olhada para a gente e fez uma cara engraçada, mas eu só sorri de leve.Jules estava falando sobre a propriedade na Toscana e senti o aperto da mão de Matteo em minha cintura. Lucas então perguntou se ele já sabia o que seria feito com a propriedade.— Creio que o que todo mundo espera - ele deu de ombro — Que fique comigo. Afinal de contas, eu fiquei lá com nossos avós por muitos anos e você abandou tudo... E todos!Eu senti um certo rancor nessa frase e recostei o corpo contra o dele. Lucas bebeu devagar o líquido rosa em seu copo e encarou o irmão.— Essa não é a questão, Matteo. Você não tem que ficar com a propriedade só porque morou lá mais tempo do que eu - ele fez um gesto forte — Sabe que eu saí porque fui obrigado.— Não sei, não. — Ora, Matteo... - ele deu uma risadinha — Me poupe. Você sa
Parte 1... Ana Parece que as coisas se juntam para criar um ambiente estranho. Assim que entramos no carro para sair, começou uma chuva fina. O rosto de Matteo está tenso e mostra sua frustração pelo jantar. Até que depois de um tempo os convidados cosneguiram mudar o rumo da conversa e Matteo parou de enfrentar o irmão, ainda que ambos estivessem com as defesas de pé. Dava para perceber isso e até quase sentir a tensão entre eles. Coisa que Jules até ajudava a aumentar. A mulher parecia estar muito aborrecida e não acho que tenha a ver apenas com a questão de Matteo ter discutido brevemente com Lucas. Antes disso ela já mostrava que não estava muito à vontade, mesmo sendo a dona da casa e anfitriã. Quase nem falei com os convidados, fiquei mais ao lado de Sandro e Otávio, que são meus únicos conhecidos mesmo. O tal de Mark me deu a impressão de estar pisando em ovos. Não sei, mas acho que tem algo esquisito acontecendo com esse trio. Ele dirige rápido e isso me deixa nervosa.
Parte 2... Matteo — Eu tinha uns quinze para dezesseis anos, quando minha avó, Felícia, surgiu com alguns problemas de saúde que começaram do nada. Ela apenas estava bem uma noite e na manhã seguinte, mal conseguia sair da cama - recordei desse tempo e queria explicar a Ana. — Não tem que me contar isso, se for ruim para você, Matteo - sentei ao lado dela no sofá. — Não... Eu acho até bom colocar isso para fora. Nunca fui de falar com ninguém sobre minha vida particular - me esparramei ao lado dela e peguei sua mão, brincando com seus dedos finos — Sabe, é desagradável ver alguém que a gente ama, sofrendo em cima de uma cama, com dor. Ana deitou a cabeça em meu ombro. Eu gosto disso. — Foi um tempo de desafios para mim. Eu tinha muitas coisas a fazer, ajudava meu avô bastante, tinha meus estudos, cursos... E ainda assim, eu tirava tempo para ficar com ela. Fiquei muito apreensivo com relação a ela - enchi o peito de ar e entrelacei nossos dedos. — Eu imagino. — A doença era qu
Parte 3...Ana...Meu Deus! E agora? Eu sei bem onde isso pode parar, mas o que faço? Nem mesmo estou preparada para dar esse passo. E seu eu ceder agora, será que pode me trazer algo de ruim depois? Tenho tantas dúvidas sobre o depois.O durante eu posso me garantir. Não sou tonta como ele pensa, sei como funcionam essas coisas, apenas não tive a chance de ir até o final e sempre tive muito receio de me envolver e não ter estrutura depois de me garantir.Depois que fui morar com Acácia ficou mais fácil para mim, ter alguma experiência. Tive mais contatos, conheci mais pessoas, só que nunca tive alguém que pudesse me fazer ir até o final porque sempre pensei que sozinha eu não tenho estrutura para cuidar de mim, de Acácia e menos ainda de uma criança.Mas como eu posso resistir agora? Está em mim, aproveitar cada momento. Eu aprendi morando na rua, que tudo que surge deve ser aproveitado, porque não sabemos se no dia seguinte teremos outra chance. Mas tenho que deixar claro o que pens
Parte 1... Eu nem dormi direito ontem, pensando no que o Matteo havia dito. Agora estou ansiosa com o que ele vai aprontar. Eu sei um pouco sobre ele, pelo menos nas minhas observações de quando era sua secretária e sei que todas as vezes em que ele se sentia dasafiado, logo em seguida ele tinha uma atitude. Não sei o final delas, porque eram coisas pessoais, mas se tratando de trabalho, ele nunca deixava barato, sempre corria atrás e acabava saindo tudo como ele queria. Esse é o meu problema agora. E comigo? Sei que ele entendeu o meu receio de ontem como um desafio, mas não foi bem assim, eu nem estava pensando em entrar em uma disputa de quem pode mais. Foi só o medo normal que me deu uma cutucada quando a gente estava se beijando no sofá. Eu sei que se não tivesse parado ali, teria acabado na cama dele. Me assustei com as batidas constantes na porta do quarto. Claro, só pode ser Matteo com sua mania de querer tudo rápido. Levantei jogando o lençol de lado e abri a porta de vez
Parte 2... — O que é, Matteo? - falei baixo em un canto da loja — Recebi sua mensagem. Estou com Alexandre, esqueceu? Ele está me ensinando etiqueta. Você o pagou para isso. — Eu sei e não precisa falar assim comigo. — E como eu falei? — Parece que está aborrecida. Aconteceu algo? — Não... Desculpe, você tem razão - olhei para Alexandre ao lado de duas mulheres — Acho que é mais uma mania que adquiri de quando você vivia me chamando para tudo na empresa. — Sabe, você continua tendo a mesma visão de mim, mas eu já mudei a minha com relação a você. — Isso não é verdade. — É sim. — Ai, está bem... Desculpe, força do hábito. Vou mudar isso - soltei o ar de vez — Mas o que quer agora? — Preciso que ligue para Otávio. Ele vai precisar te levar até o aeroporto. — E para que? - franzi a testa. — Você tem que assinar seu passaporte. — O que? - eu ergui as sobrancelhas. Falei alto demais. Olhei de lado e as pessoas estavam me encarando. Fiquei morta de vergonha e pedi desculpas — M