Parte 9...
Matteo
A tarde estava quente, quase sufocante. O trânsito da cidade estava horrível e mesmo aqui de cima, está ecoando lá embaixo. Não encontrei Ana na sala ou cozinha, então ela só pode estar no nosso quarto. Entrei e fui direto para a varanda e lá estava ela.
Sentada em uma cadeira de vime, vestindo uma blusa leve de seda que realçava sua delicadeza. Eu não sei como nunca havia reparado nisso. Ela estava relaxada e balançava os pés descalços preguiçosamente, enquanto folheava um livro, que eu acho ser de poesias. E estava usando óculos de aro fino pendurados no pescoço.
Me aproxiei dela, o calor lá de baixo até contrastava com a fresca gostosa aqui em cima na varanda. Me abaixei e sorri, a pegando de surpresa. Lhe dei um beijo suave na testa e ainda bem que ela aceitou meu gesto com graça. Nossos olhares se encontraram.
— Eu não sabia que usava óculos - toquei na armação de plástico
Parte 10...AnaNossa, eu estou surpresa com o que vejo. O fim de tarde se desenhava no horizonte, pintando o céu com tons suaves de laranja e rosa, à medida que Matteo se aproximava da entrada do hotel que eu nem imaginava ser tão luxuoso assim.Eu nunca havia experimentado algo assim antes, e até sinto uma admiração diante da grandiosidade e beleza desse lugar. As palmeiras balançavam suavemente ao sabor da brisa marinha, criando uma atmosfera de tranquilidade que contrastava com a agitação que eu costumava enfrentar em minha vida.O hotel se erguia majestoso, a arquitetura moderna e elegante parecendo desafiar a própria natureza que o cercava. E o que eu mais gostei. À minha frente se estendia o mar, uma vastidão de azul profundo que se encontrava com o céu no horizonte. O som das ondas quebrando na praia era uma melodia suave que preenchia o ar.Nossa, eu me senti até mais leve, se é que isso é possível. Estava sorrindo de orelha a orelha, enquanto caminhava com Matteo de mãos dad
Parte 1...MatteoO dia hoje coeçou bem bonito e isso é bom para aliviar o pensamento sobre o que vem. Tinha duas mensagens de Lucas no celular, mas eu não quis ouvir. Não quero ter nada que me aborreça agora. Quero curtir esse dia lindo e sem responsabilidade nenhuma. Não é sempre que eu posso fazer isso.O sol estava brilhando intensamente sobre a praia, tingindo o céu de um azul profundo. As areias douradas estendiam-se até o mar, onde as ondas preguiçosas dançavam suavemente na costa. A água era morna e clara, me convidando a mergulhar em suas profundezas refrescantes. E eu vou fazer isso.Andei tão rápido que deixei a Ana um pouco para trás. Me virei para ela e agitei os braços a chamando com entusiasmo, para quem sabe assim, ela perder o receio de entrar na água.— Ana, você tem que vir para cá! A água está perfeita! Você não vai se arrepender! - eu gritei sorrindo.Ela me olhou meio de lado, fazendo uma cara de dúvida. Ana estava encantadora com um maiô azul escuro e mesmo com
Parte 2...AnaMeu Deus, eu ainda nem sei o que pensar sobre esse dia. Meu coração acelera só de recordar como Matteo está me tratando. Será que estou viajando na imaginação ou esse Matteo realmente confirma o motivo de tantas mulheres ficarem em cima dele?A única palavra que eu encontro agora para descrever o jeito dele, é apaixonante. É só o que me vem agora. A praia estava perfeita, mas a nossa volta ao quarto foi outra coisa muito melhor. O sol já estava se pondo sobre o horizonte, tingindo o céu com tons quentes e alaranjados. Eu nunca tinha parado para observar como isso era bonito. Também, eu nunca tive muito tempo para relaxar e ver essas coisas, embora eu goste muito.Agora com essa nova vida ao lado de Matteo, já posso observar essas coisas e mais. Assim como agora, que estamos deitados, abraçados, olhando o mar agitado à nossa frente. É muito bom. Uma brisa suave balançava as cortinas brancas, e o som das ondas quebrando contra a praia ecoava ao longe.Eu deitei a cabeça
Parte 3...MatteoEu achei esquisito o clima do escritório, quando cheguei com a Ana. Ainda falta meia hora para o encontro marcado com Tim. Pelo menos Sandro e Otávio estãoa qui. A sala deles é bem ao lado.— O que foi, Matteo? - Ana aperta minha mão e fala baixinho.— Não sei... - torci a boca — Vamos para a sala do Otávio enquanto esperamos.Falei com a secretária da recepção e pedi que avisasse a Otávio. Não demorou e ele abriu a porta e veio até nós.— Ana, como está corada - ele sorriu — Foi bom o hotel?— Está sendo ainda - eu comentei — Ainda não deixamos o hotel, apenas viemos para o encontro com o Tim. Depois nós vamos voltar - percebi a cara de ironia que ele fez — O que foi agora, Otávio?— Não, nada... - ele sorriu e pegou a mão dela — Vem, Ana. Hoje está muito quente. Minha sala é ótima.— Otávio, eu já ia até sua sala - o empurrei de leve e ele riu — Larga dela!A cara dele foi até engraçada. Mas eu faço ideia do que ele está pensando, já nos conehcemos há um bom tempo,
Parte 4... Ana Quando entramos na sala do advogado responsável pela leitura, Tim, ele foi muito simpático comigo e me mostrou o lugar onde deveria sentar. Matteo e Lucas ficaram lado a lado, bem de frente para ele. Atrás deles, Jules e eu. Otávio e Sandro estavam sentados na lateral e meio sem jeito, Mark perguntou onde seria o seu lugar. Deu pra perceber que ele estava incomodado por não ter sido levado em consideração para participar da leitura. — Não esperava sua presença também, Mark - disse Tim, olhando com dúvida para ele — Este é um momento particular dos herdeiros. — Mas, então porque ela também está? - ele apontou para mim. — Porque Ana faz parte da família - Matteo respondeu — Ela é minha esposa. Lucas pelo jeito não sabia que nós já éramos marido e mulher. Mas a cara dele, apesar de surpresa, não foi ruim. Ele até sorriu e me olhou como se estivesse de acordo. — Você não me disse que tinham se casado, Matteo. Que novidade boa. — Boa? - a cara que Jules fez foi de
Parte 5...Quando Tim encerrou a leitura e nada mais havia a ser dito sobre o testamento, até fiquei surpresa que Lucas não questionou sobre a propriedade ter ficado apenas para Matteo, mas, isso é algo que não me cabe julgar. Até porque eu não o conheço mesmo para ter uma ideia de como seria seu comportamente. Tudo o que sei sobre ele veio do que Matteo me contou.E eu sei bem que cada história tem mais de uma versão, depende muito de quem a conta. Já passei muito sufoco antes, quando inventaram mentiras sobre mim e eu não podia me defender. E vejo isso em tudo hoje em dia, por isso prefiro me manter mais quieta, na minha.Depois de um tempo, a gente aprende a se afastar pra não ficar levando pancada da vida e mais ainda, de pessoas que poderiam apenas não fazer o mal, mas que fazem assim mesmo, pelo prazer de ter poder de causar um estrago na vida alheia.Por isso tenho poucos amigos. E de verdade, são mais colegas que passaram por minha vida do que amigos mesmo. Quem eu sei que pos
Parte 6...AnaApesar de nós termos deixado que eles saíssem na frente e esperamos mais um pouco ainda na sala, conversando com Sandro e Otávio, tão logo colocamos os pés na recepção do escritório, já ouvimos as vozes acaloradas dos dois e tabém Mark estava presente agora.A recepção estava fria pelo ar-condicionado forte, mas achei que a frieza de Jules e Mark com relação a Lucas era ainda maior. A cara dela não deixava dúvidas de que estava inconformada com a leitura final do testamento.Acho que começo a entender Matteo, em seu jeito mais frio de tratar as pessoas. Como ele poderia confiar em alguém de verdade, até mesmo seu irmão queria algo dele? Nesse ponto fico até feliz de não ser rica antes. Se eu já levei tudo o que levei, imagine se eu tivesse algo que as pessoas quisessem tomar de mim?As aparências realmente enganam. Ter muito dinheiro nem sempre é sinal de felicidade. A gente nunca sabe quem está ao nosso lado de verdade, por gostar de nós, ou apenas por interesse. Olhei
Parte 1...MatteoO quarto de hotel está banhado pela luz suave da noite, criando uma atmosfera mais íntima, enquanto espero Ana sair do banheiro, sentado na beira da cama, olhando para fora pelas portas abertas da varanda. Está tão bonito lá fora que me deu vontade de caminhar um pouco na areia da praia.Ana rompe meu silêncio com um suspiro suave. Me virei para ela.— Porque esse suspiro?— Ai, Matteo... Estava pensando no que aconteceu lá no escritório do seu amigo - ela suspirou de novo e sentou ao meu lado na cama — Eu ainda estou meio chocada com tudo isso. Ganhar a propriedade do seu avô é incrível, era o que você tanto queria... Mas a forma como sua cunhada agiu... Nossa, isso foi além.Ela tem razão, mas eu esperava por algo assim. — Eu sei, Ana. Concordo com você... - soltei o ar devagar, esfregando a testa — Não imaginava que Jules fosse capaz de tanta frieza. Eu já tinha ideia que ela era aproveitadora - torci a boca pensando — Mas é muito cínica e mais abusada do que pe